149) GOIANÉSIA DO NANICO W. LIRA De repente baixa a inspiração poética em Wendell que o induz a marcar um gol antológico, o mais bonito do mundo em 2015 e, por isso, premiado pela FiFa. Tanto o jogador quanto o clube eram desconhecidíssimos do cenário do futebol mundial. Ambos são de Goiás, no Planalto Central brasileiro. O time usa camisa azul escuro, calção branco e meias brancas. Goianésia dista 174 km da capital Goiânia (GO). Denominado Azulão do Vale, atende também pelo apelido “Galo”. Dia 11/3/2015 jogavam no Estádio Serra Dourada, pelo campeonato Goiano, Goianésia E.C. e Atlético Goianiense (2x1), com o estádio quase vazio. O jogo era válido pela quarta rodada do segundo turno e teve a presença de 389 torcedores apenas. O gol que viria a se tornar internacionalmente famoso aconteceu assim: na linha intermediária do ataque W. Lira toca a bola para Nonato e a recebe de volta, já perto da grande área, se virou magicamente, e de primeira chuta no lado esquerdo do arqueiro Márcio. Foi denominado gol malabarista ou gol voleio- karatê. Simples assim! Mas encheu os olhos dos torcedores e dos julgadores (técnicos e capitães de clubes nas redes sociais). Com esse feito Wendell concorreu ao Prêmio Puskas de gol mais bonito FiFa em 2015. Como num conto de fada, o goiano vive um dia de sonhos e desbanca, ninguém menos, que o midiático argentino Messi do Barcelona (ESP) e A. Florenzi da Roma (ITA), seus concorrentes diretos à premiação, para ser o segundo brasileiro a faturar a referida honraria ( o 1º foi Neymar em 2004). A votação técnica e popular foi favorável a W. Lira em 46,7% dos votos (Messi levou 33,3% e Alessandro Florenzi 7,1%). Entretanto, o meia revelado pelo Goiás E.C nunca se firmou como jogador devido uma série de lesões e chegou a pensar em parar com o futebol. Jogava pelada quando recebeu a notícia de que concorreria à honraria. Em Zurique (SUI), já no local da premiação, após anúncio feito por Nakata (jogador japonês), Wendell fechou os olhos, respirou fundo, beijou a mulher Ludmila e foi ao palco receber o troféu. “Estou ao lado de jogadores que só conhecia de videogame. Quero agradecer a minha família e ao Brasil que votou em mim” – disse. Como se fosse um gol do Brasil, em frente da telinha, os 200 garotos do Instituto Neymar festejaram ruidosamente a conquista, bem como seus companheiros de Vila Nova (GO), atual clube com o qual assinou contrato para a temporada de 2016, que somente depois foram para o treino. No salão de festas do condomínio da família, parentes e amigos explodiram em choro, alegria e com punhos cerrados comemoraram a proeza. Seguro, feliz com a festa e pronto para a nova fase da vida, o “craque” fechou seu discurso. “Quando Golias apareceu, todos pensaram: Ele é grande, Davi. Não tem como vencê-lo. Bem, Davi venceu”. Teve satisfação dupla: prêmio em espécie de R$ 320 mil (que veio em boa hora) e derrota de Messi no quesito gol mais bonito de 2015 – este simplesmente o melhor jogador de futebol do mundo. Não faltaram abraços e elogios, como este do megacraque Neymar. “Já ganhei este Prêmio Puskas e me emocionei muito. Imagino agora como está sendo a emoção dele. Só que a história de vida dele foi muito mais difícil que a minha. Só posso dizer que ele mereceu. E que Deus não dá um prêmio desses à toa. Apenas para um grande cara. E espero que ele consiga se dar muito bem na carreira” – disse na frente do companheiro premiado. E este, emocionado retruca: “Escutar as palavras de Neymar foi fantástico, um cara humilde, vencedor e que está no topo. Na próxima vez ele vem para ganhar o prêmio de melhor jogador do mundo. Uma hora olhei para ver quem estava ao meu lado e lá estava o Messi. Deu até uma coisa! Mas todos os jogadores foram gentis demais comigo e fizeram parte da realização de um sonho. Se eu venci foi por causa dos votos dos brasileiros. Foram todos vocês que fizeram esse sonho virar realidade” – concluiu. Segundo um observador, esse aparato de mulheres lindas, tapete vermelho, ternos espalhafatosos, luzes e cores, o brasileiro de Goiânia só pôde sentir pela primeira vez, e talvez a única vez na vida, eis que “como uma Cinderela tupiniquim, o atacante teve direito de entrar na festança dos bacanas para representar mais de 90% do mundo do futebol. Os outros 5% estava todo lá com seus carrões, mulherões e sorrisos. Pelo menos por um dia, que se dane o cabelo de Cristiano Ronaldo, os números assombrosos de Messi ou a habilidade e talento de Neymar. Foi o dia em que W. Lira mostrou que existe um mundo real na bolha de ‘excelência’ em que foi transformado o futebol. A premiação da FiFa é mais midiática e menos técnica. Os votos dos treinadores e capitães muitas vezes são corporativistas. Em uma eleição com um páreo mais equilibrado, as distorções apareceriam” (E. Tironi, colunista). W. Lira viveu um dia de astro sem sê-lo e teve fama por um dia. E mesmo assim vai ganhar estátua em sua cidade-natal Goianésia (GO). Com outras letras: mesmo Messi tem derrotas. Seu golaço perdeu para o voleio-karatê de W. Lira, embora fosse mais próximo de uma obra- prima entre os três finalistas do Prêmio Puskas. Mas o brazuca foi eficaz no pedido de votos nas redes sociais e sua façanha é digna de uma luta Davi contra Golias. E o Brasil acampou a briga do mais fraco, se emocionou com a história de luta do jogador goiano, garantiu 800 mil votos, fazendo o meia viver seu conto de fadas. Mesmo como um estranho no ninho, W. Lira subiu no palco dos deuses na condição de mortal e provou o gosto fugaz, já que o futebol é, em essência, um jogo de mortais. Em face do lúdico que envolve os torcedores! W. Lira, lírico no cognome, conseguiu que o sonho virasse realidade; e valeu muito a pena. Todavia, o jogador receberá estas homenagens: 1) estátua em frente do Estádio Valdeir José de Oliveira, em Goianésia (GO); 2) título de cidadão honorário da Câmara Municipal da mesma cidade; 3) uma série especial de selos com a imagem do histórico gol; 4) uma camisa em sua homenagem celebrando o gol diante do Atlético (GO), que será utilizada contra o Itumbiara (GO), na primeira rodada do Campeonato Goiano; 5) W. Lira terá uma placa no Estádio Serra Dourada, palco do gol mais bonito de 2015; 6) pelo feito alcançado, ganhará outra estátua da Federação Goiana de Futebol (FGF). Em termos de promessa, bem a caráter tupiniquim sempre disposto a condecorar o falático e o lúdico. Premiação FiFa aos melhores atletas de 2015. Seleção FiFa: Neur, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Iniesta, Modric e Pogba; Cristiano Ronaldo, Messi e Neymar. Prêmio “Fair Play”: Asamoah, ganês, naturalizado alemão e que defendeu a seleção germânica; representou as entidades que ajudaram os refugiados sírios. Prêmio Puskas do gol mais bonito de 2015: Wendell Lira. Melhor jogador do mundo de 2015: Messi (1º), 2009, 2010, 2011, 2012 e 2015. Teve 41,33% dos votos. Recebeu a Bola de Ouro das mãos do jogador Kaká. 2º Cristiano Ronaldo: teve 47,7% dos votos. 3º Neymar: teve 7,86% dos votos. Melhor técnico: Luís Henrique, Barcelona (ESP). Melhor jogadora: Carli Lloyd, norte-americana do Houston Dash. Pela primeira vez a brasileira Marta, em onze anos, não esteve na disputa pelo prêmio. Melhor técnica do feminino: Jill Ellis (EUA), conduziu o país ao título mundial em 2014. Enfim, parabéns à FiFa e a todos os premiados em 2015, especialmente ao brasileiro e goiano Wendell Lira pelo gol mundialmente mais bonito da temporada passada. (in L! nºs 6615 a 6621; Mini-Enc. Do Fut. Bras/2004). Escrita por: Martins Sebastião Kreusch Autor dos livros: Oh, Morena! - Melhores e Piores Crônicas do dr. Kreusch - Historíolas Sem Retoque de Photoshop. Idealizador do site: www.narrativasdabola.com.br Wendell Lira é o detentor do Prêmio Puskas da FiFa pelo gol mais bonito em 2015 .
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