Alberto Santos Dumont (*Santos Dumont -MG, 20/7/1873 – Guarujá-SP, 23/7/1932), patrono da aviação brasileira. OS MEUS BALÕES .............. SENADO FEDERAL.............. Mesa Diretora Biênio 2015/2016 Senador Renan Calheiros Presidente Senador Jorge Viana Senador Romero Jucá 1º Vice-Presidente 2º Vice-Presidente Senador Vicentinho Alves Senador Zezé Perrella 1º Secretário 2º Secretário Senador Gladson Cameli Senadora Angela Portela 3º Secretário 4ª Secretária Suplentes de Secretário Senador Sérgio Petecão Senador João Alberto Souza Senador Elmano Férrer Senador Douglas Cintra Conselho Editorial Senador Edison Lobão Joaquim Campelo Marques Presidente Vice-presidente Conselheiros Carlos Henrique Cardim Wilson Roberto Theodoro Ewandro de Carvalho Sobrinho . Edições do Senado Federal – Vol. 198 OS MEUS BALÕES DANS L AIR (“ ’ ”) TRADUÇÃO DO ORIGINAL FRANCÊS POR A. DE MIRANDA SANTOS A. Santos-Dumont .............. SENADO FEDERAL.............. Brasília – 2016 EDIÇÕES DO SENADO FEDERAL Vol. 198 O Conselho Editorial do Senado Federal, criado pela Mesa Diretora em 31 de janeiro de 1997, buscará editar, sempre, obras de valor histórico e cultural e de importância relevante para a compreensão da história política, econômica e social do Brasil e reflexão sobre os destinos do país. Projeto gráfico: Achilles Milan Neto © Senado Federal, 2016 Congresso Nacional Praça dos Três Poderes s/nº – CEP 70165-900 – DF [email protected] Http://www.senado.gov.br/publicacoes/conselho Todos os direitos reservados ISBN: 978-85-7018-541-9 . Santos-Dumont, Alberto, 1873-1932. Os meus balões (“dans l’ air”) / Alberto Santos-Dumont ; tradução do original francês por A. de Miranda Santos. – 2. ed. – Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2016. 348 p. : il. – (Edições do Senado Federal) ; v. 198) 1. Aviação, história. 2. Aviação, construção. 3. Santos-Dumont, Alberto, 1873-1932, memórias. I Título. II. Série. CDD 629.13 . Sumário PREFÁCIO DA 2ª EDIÇÃO por A. de Miranda Basto pág. 11 Introdução em forma de fábula Raciocínios infantis pág. 17 CAPÍTULO I Uma plantação de café no Brasil pág. 25 CAPÍTULO II Os aeronautas profissionais pág. 34 CAPÍTULO III Minha primeira ascensão pág. 39 CAPÍTULO IV Meu Brasil, o menor balão esférico pág. 45 CAPÍTULO V Perigos reais e perigos imaginários da aerostação pág. 51 CAPÍTULO VI Entrego-me à ideia do balão dirigível pág. 57 CAPÍTULO VII Meus primeiros cruzeiros em aeronave (1898) pág. 63 CAPÍTULO VIII Sensações da navegação aérea pág. 69 CAPÍTULO IX Máquinas explosivas e gases inflamáveis pág. 75 CAPÍTULO X Construindo dirigíveis pág. 84 CAPÍTULO XI O verão da Exposição pág. 93 CAPÍTULO XII O Prêmio Deutsch pág. 102 CAPÍTULO XIII Uma queda antes de uma subida pág. 109 CAPÍTULO XIV A construção do Nº 6 pág. 121 CAPÍTULO XV Ganho o Prêmio Deutsch pág. 127 CAPÍTULO XVI Um olhar sobre o passado e o futuro pág. 136 CAPÍTULO XVII Mônaco e o cabo-pendente marítimo pág. 142 CAPÍTULO XVIII Aos ventos do Mediterrâneo pág. 153 CAPÍTULO XIX Velocidade pág. 162 CAPÍTULO XX Um acidente e sua moral pág. 168 CAPÍTULO XXI A primeira estação de aeronaves do mundo pág. 173 CAPÍTULO XXII O Nº 9, o carrinho-ambulante aéreo pág. 183 CAPÍTULO XXIII A aeronave em tempo de guerra pág. 193 CAPÍTULO XXIV Paris, centro de experiências aeronáuticas pág. 201 FÁBULA À maneira de conclusão – Sempre os raciocínios infantis pág. 208 ADENDO Introdução A família Dumont pág. 213 Alberto Santos-Dumont pág. 218 Quem voou primeiro A pretensão de Ader pág. 227 O La France, aparelho apenas de demonstração pág. 238 As provas dos Wright pág. 240 Santos Dumont e a Cartofilia por Antônio Miranda pág. 245 ÍNDICE ONOMÁSTICO pág. 345 . Prefácio da 2ª edição EUS CONHECIMENTOS sobre Santos-Dumont eram pu- Mramente superficiais, quando um dia, por obra do acaso, me veio às mãos um exemplar de Dans l’Air, o livro que ele publicara em Paris em 19041, para contar os principais episódios da sua vida, desde a infância na fazenda paterna, em São Paulo, até as emoções das grandes provas que o levaram à conquista da dirigibilidade em balão, em 1901. Essa esplêndida autobiografia, clara, suavemente nar- rada, era-me completamente desconhecida, tanto quanto sua tra- dução em inglês, My Airships2, aparecida pela mesma data. 1 A. Santos-Dumont, Dans l’Air – Librairie Charpentier et Fasquelle, Eugène Fasquel- le, éditeur. 1, Rue de Grenelle, 11 – Paris, 1904. 2 A. Santos-Dumont, My Airships – New York, The Century Co., 1904 (Published March 1904). Copyright 1903, 1904. The De Vince Press. 12 A. Santos-Dumont Ignoravam-na também quase todos os amigos a quem a mostrei, todos acordes, no entanto, em que se tratava de uma obra do mais alto mérito documentativo, pela minúcia com que o maior dos nossos inventores nela descreve a formação da sua mentalidade aeronáutica, a evolução dos seus projetos, a realização dos seus sonhos. Essas as razões que me levaram a lançar em 1930, por ocasião da Semana da Asa, esta tradução do valioso volume, sob o título Os Meus Balões, acrescida de algumas notas explicativas e de certos informes acerca da ascendência do “Pai da Aviação”, sua personalidade, controvérsias sobre a prioridade dos seus fei- tos. Na elaboração da honrosa tarefa, foi-me de preciosa valia o concurso dos principais parentes de Santos-Dumont. Localizei o seu escritório na Rua Boavista, em São Paulo. E na data aprazada estava eu na sala de espera do mesmo perguntando pelo Dr. Ricar- do Severo. Alto, forte, uma severa barba grisalha a enfeitar-lhe o ros- to moreno, com uma pronúncia tão caracteristicamente brasileira que custava crer se tratasse de um português, o Dr. Severo Vilares fora casado em primeiras núpcias com uma das irmãs de Santos- -Dumont, D. Francisca. Era um doublé admirável de historiador e homem de negócios, como membro que era do grande escritório de engenharia e construções que possuía com seus dois cunhados, os irmãos Jorge e Arnaldo Dumont Vilares. Pôs-me à vontade desde o primeiro momento, dizendo: – Temos sido procurados, de vez em quanto, por jornalis- tas que nos pedem dados sobre a vida de Santos-Dumont. Sempre os convidamos para irem à nossa casa, onde temos a documenta- ção (em 1927 todo o material depois oferecido para constituir o Os meus balões 13 Museu de Santos-Dumont estava ainda com a família). Prome- tem ir, mas nunca aparecem, contentando-se com as informações superficiais que lhes damos por telefone. O senhor é o primeiro que demonstra um interesse maior, vindo até aqui desde o Rio. Va- mos levá-lo diretamente à melhor fonte histórica, minha cunhada Virgínia Dumont Vilares, viúva do Dr. Guilherme de Andrade Vilares. Foi ela quem ensinou meu tio Alberto, sete anos mais novo que ela, a ler e escrever. Tem uma memória admirável, já está prevenida da sua visita, amanhã à tarde. Só lhe recomenda- mos que não esqueça que ela está com 71 anos e que tem o coração muito delicado. Conversamos ainda algum tempo, presentes, também, os Drs. Jorge e Arnaldo Vilares, filhos de D. Virgínia, os sobrinhos que com carinhosa dedicação se haviam incumbido de arrecadar na Eu- ropa, muitas vezes adquirindo-as, peças relativas aos trabalhos de Santos-Dumont. No dia seguinte, à hora aprazada, estava eu diante de D. Virgínia, que, com um sorriso doce, que mal escondia a fadiga que lhe ia no corpo e na alma, se prontificou a responder ao que eu lhe perguntasse. Um questionário ordenado estava no meu caderninho. Fui esgotando-o aos poucos, sem precipitação, antes digredindo de quando em vez, para não fatigar a nobre anciã. O Dr. Ricardo Severo, os Drs. Arnaldo e Jorge Vilares, bem como D. Margarida, irmã destes dois últimos, ajudaram-me nas anotações, assim como no trabalho de impedir que a minha principal informante se como- vesse com tantas evocações. O que escrevi então foi posteriormente revisto pelos dois Vilares e pelo Dr. Severo. É o que apareceu como prefácio da pri- meira edição de Os Meus Balões. É o que se lerá nas próximas 14 A. Santos-Dumont páginas, acrescentado de novos elementos, na maioria também colhidos nas mesmas fontes, a respeito da individualidade do “Pai da Aviação”. Rio, outubro de 1956. A. de Miranda Bastos OS MEUS BALÕES . Introdução em forma de fábula RACIOCÍNIOS INFANTIS OIS MENINOS BRASILEIROS, dois ingênuos meninos do in- Dterior, que nada mais conheciam a não ser o movimento das lavouras primitivas, desprovidas de qualquer dessas invenções feitas para aliviar o esforço do trabalho humano, passeavam pelo campo, conversando. Tal era a sua ignorância a respeito de máquinas que jamais sequer haviam visto uma carroça ou um carrinho de mão. Cavalos e bois é que carregavam as coisas necessárias à vida da propriedade, que os tardos lavradores indígenas valorizavam com a enxada e a pá. Eram garotos refletidos, mas os assuntos que discutiam no momento excediam, em muito, tudo quanto eles tinham podido ver ou ouvir. – Por que não se arranja um meio de transporte melhor que o lombo dos animais? – dizia Luís. – No verão passado atrelei cavalos a uma velha porta e sobre esta carreguei sacos de milho; assim, transportei de uma só vez mais do que dez cavalos poderiam 18 A. Santos-Dumont transportar. É verdade que foram precisos sete cavalos para arrastar a carga, além de dois homens ao lado, para impedi-la de escorregar. – Que quer você? – ponderou Pedro. – Tudo se compensa na natureza. Não se pode tirar alguma coisa do nada, nem muito pouco. – Coloque rolos debaixo desse trenó e uma pequena força de tração chegará. – Ora!... Os rolos se deslocarão; será indispensável pô-los sempre nos lugares, e perderemos neste trabalho o que houvermos ga- nho em força. – Mas – observou Luís –, fazendo um furo no centro dos rolos, você poderá fixá-los ao trenó em pontos fixos.
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