Ana Rita Conde Dias Repertórios Interpretativos Sobre O Amor

Ana Rita Conde Dias Repertórios Interpretativos Sobre O Amor

Universidade do Minho Escola de Psicologia as. Ana Rita Conde Dias : ativos sobre o amor t Repertórios interpretativos sobre o amor: Das narrativas culturais às conjugalidades as culturais às conjugalidades violent violentas. tórios interpre eper R Das narrativ Ana Rita Conde Dias 2 1 UMinho|20 Fevereiro de 2012 Universidade do Minho Escola de Psicologia Ana Rita Conde Dias Repertórios interpretativos sobre o amor: Das narrativas culturais às conjugalidades violentas. Tese de Doutoramento em Psicologia Especialidade de Psicologia da Justiça Trabalho realizado sob a orientação da Professora Doutora Carla Machado do Professor Doutor Rui Abrunhosa Gonçalves e da Professora Doutora Celina Manita Fevereiro de 2012 É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA TESE APE NAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE; Universidade do Minho, ___/___/______ Assinatura: ________________________________________________ ii AGRADECIMENTOS A presente dissertação traduz um processo de co-construção, para o qual o contributo de vários e diferentes intervenientes foi essencial. Destaco, particularmente, a professora Carla Machado, orientadora científica, a quem, qualquer agradecimento que lhe dirija ficará, sempre, muito aquém e soar-me-á a pouco – porque a professora Carla não cabe em palavras. No entanto, consciente desta limitação, teço um agradecimento muito especial à Professora Carla, que “sonhou”, semeou, alimentou e fez crescer o presente trabalho. Acima de tudo, agradeço o facto de constituir, na minha história de vida académica, o ponto de viragem, a personagem central e a figura de referência. Por me ter proporcionado a oportunidade de descobrir a área da Psicologia da Justiça, com quem dei os primeiros passos e quem norteou todo o meu percurso académico. Por me ter incitado a pensar, a investigar, a querer saber mais, a melhorar continuamente e a crescer. Por me ter confrontado com uma vasta multiplicidade de experiências e de grelhas de significação alternativas, permitindo desenvolver o espírito crítico, a autonomia, o rigor e a exigência. Considerando sempre estas noções, associadas às da construção e, principalmente, da desconstrução, com a Professora Carla Machado aprendi que a mudança social (e individual) é possível e que, enquanto investigadoras, temos responsabilidades acrescidas e não nos podemos demitir, mostrando-me a dimensão aberta, multifacetada e inacabada da existência e da condição humana e social. Obrigado por me permitir fazer parte do seu espaço relacional, de modo que, hoje (e sempre), sinto que a forma como sou/estou, vejo e lido com o mundo e com os fenómenos humanos e sociais está/é intimamente interdependente do processo de co- construção que fizemos. Não negligenciando as várias audiências, nesta arena onde atuamos e no diálogo que estabelecemos, a Professora Carla é (e será continuamente), interna e imageticamente, a minha primeira interlocutora e a minha principal audiência. Como referi, podia escrever centenas de páginas, que seriam insuficientes: há pessoas, raras, que as palavras não comportam; há pessoas, únicas pela sua excecionalidade, discursivamente inenarráveis… À Professora Celina Manita e ao Professor Rui Abrunhosa Gonçalves, também, orientadores científicos, pelo apoio e orientação ao longo dos últimos meses, cujo contributo foi crucial para a finalização do trabalho. Agradeço a sua exigência e rigor científicos, o seu questionamento crítico e o seu feedback. iii Ao Professor Miguel Gonçalves e à Professora Marlene Matos, pela revisão e análise crítica de componentes importantes do presente trabalho. Às minhas colegas da equipa de investigação da Professora Carla Machado, nomeadamente à Sónia Martins, à Sónia Caridade, à Rosa Saavedra, à Olga Cruz, à Helena Granjeia, à Carla Antunes e à Mariana Barbosa. Um especial agradecimento à Cláudia Coelho, não só pela sincera amizade, mas também pela sua colaboração ativa em momentos cruciais da tese e pela disponibilidade em refletir comigo e, recorrentemente, me questionar, criticar construtivamente e reforçar. À Unidade de Justiça do Serviço de Consulta da Escola de Psicologia da Universidade do Minho, à Junta de Freguesia de Loriga e à Psicosan de Guimarães, por me proporcionarem condições para aceder a muitos dos que participaram no estudo e condições para realizar as entrevistas. Agradeço a todos os que participaram no estudo, por partilharem as suas histórias de forma genuína. Sem a sua colaboração e contributo este trabalho não seria passível de concretização. Ao Nuno Miguel, pela ajuda ao longo de uma parte substancial deste processo, principalmente na tarefa de proteger e armazenar informação. Ao meu mano, Carlitos, por me fazer companhia nos longos serões de trabalho. Ao Tó Pereira e ao Rodrigo Amaro, pela amizade, pelo apoio e pelo encorajamento. Ao Dr. Paulo Almeida, por me ajudar a reunir condições suficientes para reencontrar o meu caminho. À Maria do Carmo Palula, ao Rui Neves e à Helena Martins, também pela amizade e pelo apoio, constituindo uma rede de suporte essencial numa fase particularmente difícil. Agradeço, finalmente, à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) pela atribuição da Bolsa de Doutoramento com a referência SFRH/BD/28753/2006, que permitiu a realização desta dissertação. iv A PRESENTE DISSERTAÇÃO ENGLOBA ESTUDOS CONDUZIDOS NO ÂMBITO DO PROJETO "VIOLÊNCIA NAS RELAÇÕES JUVENIS DE INTIMIDADE “(PTDC/PSI/65852/2006) E ESTUDOS CONDUZIDOS NO ÂMBITO DO PROJETO “VITIMAÇÃO MÚLTIPLA DE MULHERES SOCIALMENTE EXCLUÍDAS: INTERSECÇÃO DE SIGNIFICADOS E TRAJETÓRIAS PARA A MUDANÇA” (PTDC/PSI-APL/113885/2009) FINANCIADO PELA FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA. v vi REPERTÓRIOS INTERPRETATIVOS SOBRE O AMOR: DAS NARRATIVAS CULTURAIS ÀS CONJUGALIDADES VIOLENTAS RESUMO No presente estudo, adotando uma perspetiva sociocultural assente nos pressupostos construcionistas sociais, procuramos analisar e compreender o fenómeno do amor, mais precisamente, a sua articulação com as práticas relacionais amorosas, entre as quais, as que se caracterizam pela violência. No percurso teórico que desenvolvemos, encontramos fundamentos que nos permitem sustentar o argumento de que o amor e a violência na intimidade são fenómenos intimamente dependentes das práticas e discursos socioculturais, pelo que defendemos a interligação dos fenómenos e a adoção de uma perspetiva sociocultural na sua análise. No que diz respeito à violência na intimidade, procedeu-se à revisão das teorias e da investigação que integram a dimensão cultural, concluindo-se que há fatores socioculturais que fornecem racionais e justificações para a violência. No que diz respeito ao amor, realizamos uma revisão exaustiva das diferentes abordagens teóricas e estudos sobre o fenómeno, constatando o reconhecimento consensual da existência de variações culturais na experiência do amor e concluindo que esta é constrangida pelos padrões culturais vigentes num dado tempo/espaço, incluindo a experiência “violenta” do fenómeno. Utilizando uma metodologia qualitativa da análise do discurso e recorrendo ao conceito de “repertório interpretativo”, procuramos compreender quais as grelhas interpretativas culturais disponíveis para significar o amor e analisar de que forma essas grelhas/repertórios são apropriadas e transformadas no discurso e nas práticas dos diferentes sujeitos. Mais especificamente, de que forma estas grelhas interpretativas podem influenciar as relações de intimidade e o recurso a práticas violentas ou abusivas. No primeiro estudo empírico analisámos o discurso dos sujeitos sem historial de violência e com diferentes backgrounds geracionais (adultos de diferentes faixas etárias e jovens). Concluiu-se que existe de uma continuidade discursiva transgeracional mas identificaram-se algumas especificidades geracionais, discutidas à luz do contexto sociocultural. No segundo estudo empírico, realizou-se uma análise comparativa entre os sujeitos com historial de violência e os sujeitos sem historial de violência, tanto da população juvenil como da população adulta. Além dos aspetos consensuais, discutem- vii se as especificidades que distinguem os sujeitos com historial de violência dos sujeitos sem historial de violência e, mais especificamente, discutem-se as particularidades que distinguem o discurso dos jovens. No terceiro e no quarto estudo empíricos analisou-se o discurso dos agressores e o discurso das vítimas. No estudo com os agressores, verificou-se que o tema da conflitualidade/violência é central no seu discurso, havendo uma tentativa de integrar na sua história a perpetração de violência contra a parceira. Identificam-se diferenças entre os agressores juvenis e os agressores adultos, bem como diferenças decorrentes da situação relacional dos sujeitos. No estudo desenvolvido com as vítimas, identificaram- se tentativas de conciliar a experiência da vitimação com a componente amorosa mas, também, a experiência de perpetração no feminino. Identificaram-se, também, diferenças entre as vítimas jovens e as adultas, bem como algumas especificidades decorrentes da situação relacional das mulheres. Face aos resultados destes dois estudos, são analisados os discursos socioculturais mais alargados sobre o amor e explorados tópicos de intervenção. Reflete-se, ainda, sobre a forma como os discursos do amor constrangem, diferenciadamente, a experiência da vitimação e a experiência da perpetração no feminino. Por fim, na conclusão, debatemos as implicações dos resultados a três níveis: (i) o que traduzem quanto aos processos históricos,

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