CLÁUDIO ROBERTO DUARTE Esaú E Jacob, De Machado De Assis

CLÁUDIO ROBERTO DUARTE Esaú E Jacob, De Machado De Assis

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE TEORIA LITERÁRIA E LITERATURA COMPARADA CLÁUDIO ROBERTO DUARTE NADA EM CIMA DE INVISÍVEL: Esaú e Jacob, de Machado de Assis. As aventuras do dinheiro na transição do Império à República. Versão Corrigida De Acordo: SÃO PAULO 2018 CLÁUDIO ROBERTO DUARTE NADA EM CIMA DE INVISÍVEL: Esaú e Jacob, de Machado de Assis. As aventuras do dinheiro na transição do Império à República. Tese apresentada à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada. Orientador: Prof. Dr. Edu Teruki Otsuka. SÃO PAULO 2018 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Duarte, Cláudio Roberto Dn Nada em cima de invisível: Esaú e Jacob, de Machado de Assis - As aventuras do dinheiro na transição do Império à República. / Cláudio Roberto Duarte ; orientador Edu Teruki Otsuka. - São Paulo, 2018. 237 f. Tese (Doutorado)- Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada. Área de concentração: Teoria Literária e Literatura Comparada. 1. Machado de Assis.. 2. Esaú e Jacó.. 3. Teoria da ironia.. 4. Narrador.. 5. Forma literária e processo social.. I. Otsuka, Edu Teruki, orient. II. Título. Nome: Cláudio Roberto Duarte Título: NADA EM CIMA DE INVISÍVEL. Esaú e Jacob, de Machado de Assis: As aventuras do dinheiro na transição do Império à República. 2017. Tese apresentada à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada. Aprovado em:________________________ Banca Examinadora Prof. Dr. ________________________________________________________________________ Instituição: ______________________________________________________________________ Julgamento: _____________________________________________________________________ Prof. Dr. ________________________________________________________________________ Instituição: ______________________________________________________________________ Julgamento: _____________________________________________________________________ Prof. Dr. ________________________________________________________________________ Instituição: ______________________________________________________________________ Julgamento: _____________________________________________________________________ Prof. Dr. ________________________________________________________________________ Instituição: ______________________________________________________________________ Julgamento: _____________________________________________________________________ Prof. Dr. ________________________________________________________________________ Instituição: ______________________________________________________________________ Julgamento: _____________________________________________________________________ À Sueli, com amor e reconhecimento. À Stella, minha razão de escrever. AGRADECIMENTOS À Sueli, este trabalho é também seu. E à Stella, a menina que um dia compreenderá Machado melhor do que eu e o motivo das longas ausências do pai. Ao Edu T. Otsuka, pelo apoio e o diálogo sereno. Um orientador que viu esta tese dar um giro quase completo e ser reconstruída em quatro meses – sem susto, sem desespero, ao contrário, mantendo a calma e o grande apoio quando mais precisei. Os equívocos deste trabalho, incluindo os defeitos e as peculiaridades da exposição, é claro, são assumidos inteiramente por mim. Aos Professores da banca de qualificação e da pós-graduação destes últimos anos, seja pela arguição na banca, seja sempre pela instrução precisa e rigorosa: Ivone Rabello, Marcelo Pen Parreira, Anderson Gonçalves da Silva, Vladimir Safatle, Betina Bischof, Cleusa Rios P. Passos. Ao Raphael F. Alvarenga, grande companheiro de discussões para quem devo, desde o trabalho anterior, as aberturas para o mundo de Conrad e agora Joyce. E que se reúne a Daniel Cunha e Joelton Nascimento, companheiros “editoriais” à distância, sustentando a longa conversa e a esperança ativa em meio às ruínas. Aos companheiros de trabalho, Caio Sarack, Márcio Noseda, Michael Filardi, Cecília Bergamin, José Ruy Lozano, Guilherme Braun, André Cezarretto, pela troca e a escuta paciente do doutorando. Aos meus alunos das escolas em que leciono, mais um motivo para lermos Machado de Assis. A todos os professores e funcionários da Faculdade, pelo apoio material. “Todos os oráculos têm o falar dobrado, mas entendem-se.” (Esaú e Jacob, II, “Melhor de descer que de subir”). “Quem não viu aquilo não viu nada. Cascatas de ideias, de invenções, de concessões rolavam todos os dias (...). Cada acção trazia a vida intensa e liberal, alguma vez imortal, que se multiplicava daquela outra vida com que a alma acolhe as religiões novas. Nasciam as acções a preço alto, mais numerosas que as antigas crias da escravidão, e com dividendos infinitos.” (EJ, LXXIII, “Um El-Dorado”). “O salto é grande, mas o tempo é um tecido invisível em que se pode bordar tudo, uma flor, um pássaro, uma dama, um castelo, um túmulo. Também se pode bordar nada. Nada em cima de invisível é a mais subtil obra deste mundo, e acaso do outro.” (EJ, XXII, “Agora um salto”). “Ao piano, entregue a si mesma, era capaz de não comer um dia inteiro. Há aí o seu tanto de exagerado, mas a hipérbole é deste mundo, e as orelhas da gente andam já tão entupidas que só à força de muita retórica se pode meter por elas um sopro de verdade.” (EJ, XXXI, “Flora”). “— Também concordo. — E por que há de o senhor concordar sempre? perguntou ela sorrindo. — Posso concordar com a senhora, porque é uma delícia ir com as suas opiniões, e seria mau gosto rebatê-las; mas, em verdade, não há cálculo. Com os mais, se concordo, é porque eles só dizem o que eu penso. — Já o tenho achado em contradicção.” (EJ, LXXXVII, “Entre Ayres e Flora”). “E nada, nada, nada, absolutamente nada, uma simples recusa, uma recusa atrevida, por que enfim quem era ela, apesar da beleza? Uma criatura sem vintém, modestamente vestida, sem brincos, nunca lhe vira brincos às orelhas, duas perolazinhas que fossem.” (EJ, CIV, “A resposta”). “Também não bastam esperanças, a realidade é sempre urgente.” (EJ, CVI, “Ambos quais”?). DUARTE, Cláudio R. Nada em cima de invisível: Esaú e Jacob, de Machado de Assis. As aventuras do dinheiro na transição do Império à República. 2017. 237f. Tese (Doutorado) FFLCH/Universidade de São Paulo, 2017. RESUMO A tese estuda a composição de Esaú e Jacob, o penúltimo romance de Machado de Assis, publicado em 1904. Para isso concentra-se, inicialmente, no mapeamento de sua fortuna crítica. Em seguida, constrói um panorama histórico da lógica do duplo e da duplicidade estruturante de sua forma e estilo, desdobrados pelas figuras da ironia, da alusão e da alegoria, antes de poder colocar em questão o narrador e sua frenética oscilação de perspectivas. A reavaliação crítica do ponto de vista desse narrador irônico – com “um pensamento interior e único” –, aqui identificados ao conselheiro Ayres e à ideia de “nada em cima de invisível”, reconstrói o entendimento de vários episódios e movimentos da obra, fornecendo uma outra visão de personagens como Flora e de toda a composição. Um narrador que posto em seu contexto revela-se como faccioso ou como um verdadeiro impostor, a ponto de poder encobrir e liquidar toda esfera da alteridade, dando sinal exato, através da fantasia literária, da forma das relações sociais no país. O título e o subtítulo deste trabalho referem-se tanto à violência da representação tecida por esse narrador quanto à invisibilidade estrutural das práticas reificadas de uma sociedade cindida e completamente desigual, numa formação capitalista periférica, ainda fortemente marcada pelo escravismo e o paternalismo. O objetivo maior do trabalho é compreender como seu princípio construtivo deita raízes profundas, totalmente inaparentes à primeira vista, no solo desta formação social malograda, na longa transição do Império à República. Palavras-chave: 1. Machado de Assis; 2. Esaú e Jacó; 3. Teorias da ironia, da alusão e da alegoria; 4. Forma literária e processo social; 5. Transição do Império à República. DUARTE, Cláudio R. Nothing, on the top of the invisible: Esaú e Jacob, by Machado de Assis. The adventures of the money in the transition from Empire to Republic. 2017. 237f. Tese (Doutorado) FFLCH/Universidade de São Paulo, 2017. ABSTRACT This thesis studies the composition of Esau and Jacob, Machado de Assis’s next-to-last novel, published in 1904. In order to pursue this goal, the study concentrates initially on the mapping of the work’s critical fortune. Before questioning the narrator and his frenetic oscillation of viewpoints, a historical panorama is constructed of the logic of the double and of the duplicity structuring its form and style, which are unfolded by the figures of irony, allusion and allegory. Critical reappraisal of this ironic narrator’s perspective – of “a unique interior thought” –, here identified with counselor Ayres and with the idea of the “nothing, on the top of the invisible” reconstructs the understanding of various episodes and movements of the work, providing a new view of characters

View Full Text

Details

  • File Type
    pdf
  • Upload Time
    -
  • Content Languages
    English
  • Upload User
    Anonymous/Not logged-in
  • File Pages
    237 Page
  • File Size
    -

Download

Channel Download Status
Express Download Enable

Copyright

We respect the copyrights and intellectual property rights of all users. All uploaded documents are either original works of the uploader or authorized works of the rightful owners.

  • Not to be reproduced or distributed without explicit permission.
  • Not used for commercial purposes outside of approved use cases.
  • Not used to infringe on the rights of the original creators.
  • If you believe any content infringes your copyright, please contact us immediately.

Support

For help with questions, suggestions, or problems, please contact us