'Linha-Dura' No Cenário Político Brasileiro (1964-1969)

'Linha-Dura' No Cenário Político Brasileiro (1964-1969)

TIAGO CAVALCANTE GUERRA A práxis e as representações ideológicas do General Jayme Portella: a ‘linha-dura’ no cenário político brasileiro (1964-1969) Mestrado em História Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 2008 TIAGO CAVALCANTE GUERRA 1 A práxis e as representações ideológicas do General Jayme Portella: a ‘linha-dura’ no cenário político brasileiro (1964-1969) Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de Estudos Pós-graduados em História, como requisito Parcial para a obtenção do título de MESTRE em História, sob orientação do Prof.º.Dr.º Antonio Rago Filho. Mestrado em História Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 2008 2 Comissão Julgadora __________________________________________ __________________________________________ __________________________________________ 3 AGRADECIMENTOS Aos professores da graduação e da pós-graduação que nas discussões e debates contribuíram para a minha formação intelectual e política. Em especial ao professor Antonio Rago pelas aulas que incentivaram o projeto de pesquisa e a orientação durante o processo de dissertação, a professora Vera Lúcia Vieira, lado a lado, em muitas batalhas na universidade, sem contar a sua contribuição no Exame de Qualificação. Por fim, agradeço a professora Lívia Cotrim, também leitora na Qualificação. Aos diversos colegas e muitos amigos na gr aduação e no mestrado que sempre estavam dispostos a muita discussão, estudos e farra. Aos amigos que tiveram presente durante a elaboração dessa dissertação, compartilhando medos, dúvidas e incertezas, sempre com muito carinho, atenção e amizade: Adilson, César, Valdemar, Marcelo (companheiro de luta), Toninho, Daniel, Salvador, Luis Felipe, João Paulo, Patrícia, Elaine, Cris, Marta e Vitor. A todos, obrigado. Não posso deixar de mencionar três amigos incríveis que mais do que compartilhar e ouvir, foram sempre um porto seguro quando nada parecia dar certo: Eder e Rafaela, e o grande Antonio. Ao André pela leitura atenta e sempre disposta a um bom papo. A minha irmã, Nayara, e sua generosidade em me ouvir nos momentos difíceis e corrigir os erros de português. A toda a minha família, com especial atenção ao carinho das eternas avós Izabel e Isaura. Não posso deixar de citar os responsáveis diretos por tudo isso: ao meu PAI, Ivo, incentivador dessa pesquisa e muitas vezes um auxiliar de primeira grand eza, e minha querida MÃE, Sandra, ao amor incondicional e minha eterna gratidão. A minha adorável esposa, Joice, que a tudo acompanhou de muito perto, sempre com a mão estendida, o ombro calejado e o amor verdadeiro. Por fim, a inestimável ajuda financei ra do CNPq, bem empregada no percurso desse trabalho. 4 RESUMO Esta pesquisa visa analisar uma figura central na ditadura militar no Brasil e “engenheiro” da candidatura e do governo Costa e Silva, o general Jayme Portella. A partir do estudo imanente de seus escritos, observando as condições históricas e sociais da sua produção, pretendemos compreender a práxis política do general, desvelando a função social de sua ideologia na realidade vivida. Tratado como um dos maiores expoentes da “linha-dura”, a investigação pretende explicar as nuances históricas desta corrente militar que tem no “castelismo” o seu principal contraponto e o golpe de estado de 1964, como mito fundador. Investigamos as ideações do general quanto à conspiração militar e à consolidação da autocracia bonapartista no Brasil, estabelecendo os vínculos concretos de sua ideologia no quadro histórico desnudado. Palavra-Chave: Ditadura Militar, Ideologia de 1964, Forças Armadas do Brasil 5 ABSTRACT This research aims to examine a central figure in the military dictatorship in Brazil and "engineer" of the candidacy and the government by Costa e Silva: the general Jayme Portella. From the study of his writings, noting the historical and social conditions of production, we wa nt to understand the policy of general practices, and showing the social function of his actually ideology. Jayme Portella is considered as one of the greatest exponents of the "linha -dura” (hard-line) , the research seeks to explain details about this historical current military, which has in "castelismo" the counterpoint’s main and coup d'état of 1964, as founding myth. Investigated the way that general conceives his conception about the conspiracy and consolidation of military autocracy in Brazil and e stablishing the links from their concrete ideology under history. Key Words: Military Dictatorship, Ideology of 1964, Armed Force of Brazil 6 LISTA DE ABREVIATURAS AMFORP – American and Foreing Power Company BNDE – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico CAMDE. – Campanha da Mulher pela Democracia CCC – Comando de Caça aos Comunistas CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina CNI – Confederação Nacional de Indústria CONTEL – Conselho Nacional de Telecomunicações CSN – Conselho de Segurança Nacional ECEME – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército EMFA – Estado-Maior das Forças Armadas ESG – Escola Superior de Guerra FGTS – Fundo de Garantia de Tempo de Serviço FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo IBAD – Instituto Brasileiro de Ação Democrática IPES – Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais IPM – Inquérito Policial Militar LIDER – Liga Democrática Radical MAC – Movimento Anticomunista MDB – Movimento Democrático Brasileiro MEC – Ministério da Educação e Cultura PAEG – Plano de Ação Econômica do Governo PCB – Partido Comunista Brasileiro PUA – Pacto de Unidade e Ação SFICI – Serviço Federal de Informações e Contra -Informações 7 SNI – Serviço Nacional de Informações SUDAM – Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste SUMOC – Superintendência da Moeda e do Crédito UNE – União Nacional dos Estudantes USAID – United States Interamerican Council 8 SUMÁRIO Introdução................................................................................. ......................................... 10 Capítulo I: O “teimoso” Jayme Portella: do Tamandaré à articulação do golpe (1955 - 1964)....................................................... .............................................................................43 Portella: o “curinga” na arquitetura do golpe ...................................................................... 44 O grito truculento dos militares: os motivos do golpe ........................................................ 57 A “Revolução de 1964”..................................................................................... ..................79 Capítulo II: Os militares: a “linha-dura” e a Sorbonne.................................................91 Segurança e Desenvolvimento: formulações da ESG......................................................... 91 A “linha-dura”: quem são?....................................................................... ........................... 96 O início da linha-dura através da crônica política.............................................................112 A acepção do termo “linha-dura”: uma análise historiográfica ...........................................125 Capítulo III: O governo Castelo Branco sob fogo: a candidatura Costa e Silva (1964-1967) ............................................................................................................................................. 135 A conciliação autocrática............................................................................ ......................... 136 Os furos do governo Castelo Branco: a ação de Portel la..................................................... 159 Capítulo IV - O “super-ministro” do Governo Costa e Silva (1967 -1969) ..................186 A crise na autocracia burguesa...................................................................... ...................... 187 1968: a ‘primavera’ dos militares ................................................................ ........................200 Portella: o super-ministro de Costa e Silva.......................................................................... 209 Portella em 1969: do comando nas cassações ao afastamento de Costa e Silva..................242 Considerações Gerais........................................................................................................ 274 Referências Bibliográficas................................................................................................. 277 9 Anexo I: Tabelas ............................................................................................................... 283 Anexo II: Decreto Lei Nº 63.282, de 25 de Setembro de 1968 ...................................... 284 10 INTRODUÇÃO “A ditadura, como constelação social de um bloco histórico de estratos militares e civis, não se dissolveu.” Florestan Fernandes. Os vinte e um anos de ditadura militar no Brasil (1964 -1985) ainda produzem alguns medos e respingos na socied ade brasileira. Como mortos que custam a ser sepultados. O início da crise aérea, ainda no ano de 2006, a qual não foi surpresa assistir estupefato não só a queda do avião da empresa aérea Gol (Outubro de 2006), como a reivindicação trabalhista dos control adores aéreos (diminuição de horas de trabalho, aprimoramento nos equipamentos e melhoria de logística na organização de rotas aéreas) foram vistas como caso de insubordinação, quebra de hierarquia e disciplina. O atual Presidente Luis Inácio Lula da Silva , buscando uma saída para a incompetência do seu governo em impedir tal crise, procurou

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