Universidade Federal Fluminense Centro de Estudos Gerais Instituto de Ciências Humanas e Filosofia Programa de Pós-Graduação em História MARIANA ALBUQUERQUE DANTAS DIMENSÕES DA PARTICIPAÇÃO POLÍTICA INDÍGENA NA FORMAÇÃO DO ESTADO NACIONAL BRASILEIRO: REVOLTAS EM PERNAMBUCO E ALAGOAS (1817-1848) NITERÓI, 2015 MARIANA ALBUQUERQUE DANTAS DIMENSÕES DA PARTICIPAÇÃO POLÍTICA INDÍGENA NA FORMAÇÃO DO ESTADO NACIONAL BRASILEIRO: REVOLTAS EM PERNAMBUCO E ALAGOAS (1817-1848) Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do título de doutor em História NITERÓI, 2015 Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá D192 DANTAS, MARIANA ALBUQUERQUE. Dimensões da participação política indígena na formação do Estado nacional brasileiro : revoltas em Pernambuco e Alagoas (1817-1848) / Mariana Albuquerque Dantas. – 2015. 321 f. ; il. Orientadora: Maria Regina Celestino de Almeida. Tese (Doutorado) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, 2015. Bibliografia: f. 311-321. 1. Índio do Brasil. 2. Participação política. 3. Identidade nacional. 4. Violência política. 5. Revolta. 6. Cidadania. I. Almeida, Maria Regina Celestino de. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto III de Ciências Humanas e Filosofia. III. Título. CDD 305.89838 Para meus pais, Bernadete e Wellington, com profunda gratidão IV AGRADECIMENTOS Sou grande devedora da generosidade de pessoas que contribuíram, das mais variadas formas, para a escrita da tese e a realização do doutorado. Por isso agradeço a todos abaixo nomeados, os quais representam também aqueles que, por minha desatenção, não estão nessa lista. À minha orientadora, Maria Regina Celestino de Almeida, pelo carinhoso incentivo ao meu trabalho, pelas orientações precisas e perspicazes, pela leitura atenta de meus muitos textos e pela confiança em me enviar por novos caminhos. Ao meu co-orientador, João Pacheco de Oliveira, por acompanhar meu trabalho desde a graduação, indicando diferentes possibilidades e percepções sobre o desenvolvimento do meu tema. Agradeço as suas sugestões argutas e valiosas. À supervisora do período sanduíche no Consejo Superior de Investigaciones Cientificas (CSIC) em Madri, Marta Irurozqui Victoriano, por sua simpatia em me receber e pelas indicações cuidadosas e entusiasmadas, que deram um importante impulso para a definição de muitas ideias contidas nesse trabalho. Estendo a minha gratidão aos outros pesquisadores do Grupo de Estudios Americanos do CSIC, em especial a Victor Peralta, Jesús Bustamante, Sol Lanterrí, Daniela Marino, Manuel e Emílio. Aos professores que participaram das bancas de qualificação e defesa, Vânia Moreira e Marcus Carvalho, pelo interesse e pelas sugestões imprescindíveis para repensar os caminhos adotados na tese. A Vânia agradeço também a disposição em conversar informalmente sobre as conclusões da minha pesquisa, os livros emprestados e as valiosas indicações. Ao Marcus agradeço duplamente por ter oferecido importante apoio no Departamento de História da UFPE. A Hebe Mattos e Elisa Garcia por acompanharem de perto o meu trabalho e por terem aceito o convite para participar da banca de defesa. À Capes pelo financiamento da pesquisa, tanto no Brasil, quanto no período sanduíche realizado em Madri, Espanha. A Edson Silva, interlocutor central em minha trajetória, cuja amizade me presenteou com o acesso a uma vasta bibliografia e a documentos preciosos. Aos professores do PPGH/UFF, que, com ótimos debates em sala de aula, me ajudaram a pensar meu objeto a partir de novos pontos de vista. Principalmente Charlotte Castelnau L’Estoile e Mariza Soares. Agradeço também aos coordenadores do PPGH, Carlos Gabriel Guimarães e Samantha Quadrat. Aos funcionários da secretaria do PPGH/UFF que com tanta dedicação e presteza me orientaram com a burocracia, diminuindo as distâncias. Em especial, agradeço à Silvana Damasceno. Aos funcionários dos Arquivos e Bibliotecas onde realizei minhas pesquisas. No Apeje, agradeço a Hildo Leal da Rosa, André e Emerson, cujas companhias V simpáticas me ajudaram frente à aridez da documentação analisada. No Arquivo Nacional, a Cláudio, que me apresentou séries imprescindíveis à realização desse trabalho. Aos amigos que fiz no doutorado, com quem tive muitas e boas discussões e também compartilhei incertezas e felicidades: Ticiana, Marcelo, Lívia, Kalna e Nathália. À María Rossi pelas ótimas aulas de espanhol e pelas muitas dicas sobre Madri. A Lígio Maia e Rafael Ale Rocha, que compartilharam comigo seus diversos trabalhos e me ajudaram a cumprir as exigências do doutorado. Aos meus amigos queridos de vários anos, que torceram, me acompanharam nesse trajeto e me ajudaram de várias formas. Veloso, Salviano, Anna Luiza, Thaís, Milena, Albino, Augusto, Michel, Karl. À Karol, além da amizade de longa data, agradeço também as várias traduções de textos. À Rita Santos, amiga sempre presente, agradeço por ter sido parte essencial das andanças entre o Rio e o Recife. À família Spíndola Tôrres, aqui representada por Josias, Valnice, Rômulo e Andréa, cujos estímulo e torcida foram essenciais. A Pablo Spíndola, companheiro e primeiro leitor das minhas ideias ainda inconclusas e tortas. Importante interlocutor criativo que me ajudou a caminhar entre a poeira e a nuvem. À minha família, apoio sem o qual não teria conseguido, em especial aos meus pais, Bernadete e Wellington. Também devo agradecimentos sinceros à Reveca, Vera e D. Beila, que vibraram muito com cada conquista. A Laércio e Marília pelo apoio. E aos pequenos Maurício, Bárbara, Helloise e Lavínia, que trouxeram leveza e risadas nessa jornada. VI RESUMO O presente trabalho tem por objetivo central analisar as diferentes dimensões da participação de indígenas nas quatro principais revoltas ocorridas em Pernambuco e Alagoas na primeira metade do século XIX, que foram a Insurreição de 1817, a Confederação do Equador (1824), a Guerra dos Cabanos ou Cabanada (1832-1835) e a Praieira (1848). Embora grupos indígenas de várias aldeias tenham se envolvido nos conflitos armados, os aldeados em Jacuípe, Barreiros e Cimbres tiveram participação mais intensa. Essas revoltas são entendidas como momentos cruciais do processo de formação do Estado nacional brasileiro, pois nelas estavam sendo discutidos os diversos projetos políticos defendidos por diferentes segmentos das elites. Mesmo tendo sido iniciadas por membros das elites provinciais, as revoltas se constituíram enquanto espaços de participação política dos indígenas envolvidos pois, na maioria das vezes, conseguiam atrelar suas necessidades e expectativas mais específicas aos interesses mais amplos tantos de líderes rebeldes, quanto dos da repressão. As motivações dos indígenas, em grande parte dos casos, estavam relacionadas à manutenção do território das aldeias e à defesa da administração desses espaços da maneira que melhor lhes conviesse. Em outras situações, os índios foram coagidos a participar dos conflitos por meio de recrutamentos forçados realizados tanto por potentados locais não indígenas, quanto por um líder indígena, cujo objetivo era defender seus interesses particulares. Apesar dessas situações de participação forçada, o envolvimento de índios nas revoltas ocorreu em torno de conflitos entre índios e não índios pelas terras das aldeias. Esses espaços tinham papel central da vida dos indígenas aqui estudados, pois neles, durante o período colonial, vivenciaram o primeiro processo de territorialização e reelaboraram suas identidades e culturas. Nesse sentido, as aldeias foram constituídas enquanto espaços apropriados pelos indígenas, onde protagonizaram sua ressocialização diante do contexto colonial. No século XIX, a partir das aldeias, os indígenas elaboraram suas redes de relacionamentos com não índios, baseadas em alianças ou inimizades que se transformavam a depender das circunstâncias políticas, e construíram espaços informais e formais de participação política na formação do Estado nacional brasileiro. VII ABSTRACT As central purpose, this work aims at analyzing different dimensions of indigenous groups participation from four major revolts occurred in Pernambuco and Alagoas in the first half of the Nineteenth Century, which were: Insurreição de 1817, Confederação do Equador (1824), Guerra dos Cabanos or Cabanada (1832-1835) and Praieira (1848). Although indigenous groups from many villages have been involved in armed conflicts, villagers from Jacuípe, Barreiros and Cimbres had a more intense participation. These conflicts are seen as crucial moments in the process of the Brazilian National State consolidation, because at that time were being discussed several political projects supported by different segments of the elite. Despite the uprisings were initiated by members of the provincial elite, they also constituted a space of political participation for those indigenous groups and in most cases, the groups could align their specific needs and expectations with the interests of many rebel leaders and repression’s purpose. The native’s motivations, in most cases, were related to the maintenance of the villagers territory and to the defense in keeping the administration of these spaces in ways that could best suit the indigenous groups. In other situations, Indians were compelled to participate in the dispute through forced recruitment carried out by non-indigenous local leaders, as by an indigenous leader, whose goal was to defend their particular aspirations.
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