Embiruçu (Pseudobombax Grandiflorum)1

Embiruçu (Pseudobombax Grandiflorum)1

ISSN 1517-5278 Embiruçu (Pseudobombax grandiflorum)1 Taxonomia e Nomenclatura 155 De acordo com o sistema de classificação baseado no The Angiosperm Phylogeny Group (APG) II, a posição taxonômica de Pseudobombax grandiflorum obedece à seguinte hierarquia: Divisão: Angiospermae Clado: Eurosídeas II Ordem: Malvales Família: Malvaceae (Cronquist classifica em Bombacaceae) Gênero: Pseudobombax Espécie: Pseudobombax grandiflorum (Cavanilles) A. Robyns Colombo, PR Publicação: in Bull. Jard. Bot. Brux. 33, 1: 50. 1963. Outubro, 2008 Sinonímia botânica: Bombax grandiflorum Cav. Autor Nota: o sinônimo acima é o mais encontrado na literatura, mas essa espécie tem outros sinonimos. Paulo Ernani Ramalho Carvalho Engenheiro Florestal, Doutor, Pesquisador da Embrapa Florestas. [email protected] Embiruçu. Fotos: Paulo Ernani Ramalho Carvalho 1Extraído de: CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Colombo: Embrapa Florestas, 2006. v. 2. 2 Embiruçu (Pseudobombax grandiflorum) Nomes vulgares por Unidades da Federação: na Bahia, Possuem lâmina foliar elíptica, oval, oboval, oval- buruçu e imbiruçi e imbiruçu; no Espírito Santo, elíptica ou elíptico-oblonga, com ápice obtuso, agudo paineira-rosa; em Minas Gerais, embiruçu-da-mata, ou acuminado, margem inteira, glabra na face superior imbiruçu, paina-do-campo, paineira-branca, paneira-do- e glabra ou esparsamente lepidota na face inferior, campo, paineira-do-cerrado e paineira-lisa; no Paraná, medindo de 5,5 cm a 28 cm de comprimento e 2,5 cm cedro-de-água, paina-amarela e paineira-amarela; no a 10,5 cm de largura, com 10 a 32 nervuras laterais. Rio Grande do Sul, cedro-d’água e embiriçu; no Estado do Rio de Janeiro, imbiruçu, paina-de-arpoador e paina- Inflorescências: em cimeiras bifloras subterminais e do-brejo; em Santa Catarina, embiruçu e no Estado de pedunculadas. São Paulo, imbiruçu, imbiruçu-do-cerrado e paina-do- campo. Flores: são hermafroditas, vistosas e grandes, brancas, solitárias, terminais, actinomorfas, pentâmeras, com Etimologia: o nome genérico Pseudobombax significa cálice cupuliforme, truncado ou cinco-lobulado, “falso” Bombax (paina); o epíteto específico externamente lepidoto e internamente dourado-viloso. grandiflorum refere-se ao tamanho das flores. As pétalas são carnosas e pilosas. O odor das flores é fortemente adocicado e desagradável, e sua O nome vulgar embiruçu vem do tupi mbira-assu, que intensidade varia com o estágio de antese. significa “embira grande”. Fruto: é uma cápsula cheia de sementes pretas, Descrição Botânica munidas de pêlo ou paina. Forma biológica e estacionalidade: é arbórea (árvore), Sementes: de coloração marrom-clara, são pequenas, de caráter decíduo. As árvores maiores atingem achatadas, redondas, envoltas por pêlos branco- dimensões próximas a 25 m de altura e 90 cm de DAP amarelados (paina), muito leves, elásticos e lustrosos. (diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta. Biologia Reprodutiva e Eventos Fenológicos Foi observado que, ao se desenvolvem diretamente sobre afloramentos calcários, plantas dessa espécie Sistema sexual: essa espécie é hermafrodita. apresentam padrões de caducifolia e de brotamento mais precoces que aquelas presentes no entorno dos Vetor de polinização: essencialmente morcegos da afloramentos, indicando mecanismos eficientes de família Phyllostomidae – Anoura caudifer e A. economia hídrica. geoffroyi e abelhas silvestres, principalmente as irapuá. Tronco: é liso e comprido, reto a levemente tortuoso e inerme. A mariposa da família Sphingidae Cocytius antaeus pode ser considerada um polinizador eventual dessa Ramificação: é racemosa, com esgalhamento ralo e espécie. irregular. Floração: de março a julho, em Minas Gerais, de abril a Casca: com espessura de até 10 mm. A casca externa agosto, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina; de ou ritidoma é cinzento-clara, profundamente fendida maio a julho no Paraná e de maio a setembro, no em sentido vertical. A casca interna é vermelha. Estado de São Paulo. Folhas: são compostas, pecioladas, digitadas, com 4 a Frutificação: os frutos amadurecem de junho a 11 folíolos e apresentam estípulas caducas. Os setembro, em Minas; de agosto a setembro, no Paraná pecíolos são longitudinalmente estriados, medindo de e de setembro a novembro, no Estado de São Paulo. 7 cm a 35 cm de comprimento. Apresentam folíolos não articulados, sésseis ou com pecíolos de 0,3 cm a Dispersão de frutos e sementes: anemocórica (pelo 1 cm de comprimento (raramente medem 2 cm). vento). Embiruçu (Pseudobombax grandiflorum) 3 Ocorrência Natural · Bahia; · Espírito Santo; Latitudes: de 13º 15’ S, na Bahia a 29º 40’ S, no Rio · Minas Gerais; Grande do Sul. · Paraná; Variação altitudinal: de 10 m, no litoral das regiões Sul · Estado do Rio de Janeiro; e Sudeste a 1.000 m de altitude, no Paraná e no · Rio Grande do Sul; Estado de São Paulo. · Santa Catarina; Distribuição geográfica: Pseudobombax grandiflorum · Estado de São Paulo. ocorre, de forma natural, no Brasil, nas seguintes Unidades da Federação (Fig. 1): Fig. 1. Locais identificados de ocorrência natural de embiruçu no Brasil. 4 Embiruçu (Pseudobombax grandiflorum) Aspectos Ecológicos Clima Grupo ecológico ou sucessional: essa espécie é Precipitação pluvial média anual: de 830 mm, na pioneira a secundária inicial. Bahia, a 2.700 mm, no Estado de São Paulo. O embiruçu é uma espécie fotoblástica positiva, com Regimes de precipitação: chuvas uniformemente padrões considerados típicos de espécie secundária e distribuídas, na Região Sul (excetuando-se o norte do colonizadora de clareiras. Paraná) e no litoral do Estado de São Paulo. Periódicas, nas demais regiões. Importância sociológica: essa espécie é encontrada no interior da floresta primária e principalmente em Deficiência hídrica: nula, na Região Sul (excetuando-se formações secundárias (capoeiras e capoeirões). o norte do Paraná) e no litoral do Estado de São Paulo. De pequena a moderada, no inverno, no centro e no Biomas / Tipos de Vegetação e leste do Estado de São Paulo, no sul de Minas Gerais e Outras Formações Vegetacionais no sudoeste do Espírito Santo. Moderada, no inverno, no nordeste do Estado do Rio de Janeiro. De moderada Bioma Mata Atlântica a forte, no inverno, no oeste de Minas Gerais. · Floresta Estacional Semidecidual (Floresta Tropical Temperatura média anual: 19,3 ºC (São Paulo, SP) a Subcaducifólia), nas formações Submontana e 25,3 ºC (Bom Jesus da Lapa, BA). Montana, em Minas Gerais, com freqüência de até 17 indivíduos por hectare; Temperatura média do mês mais frio: 15,8 ºC (São Paulo, SP) a 23,7 ºC (Bom Jesus da Lapa, BA). · Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical Pluvial Atlântica), nas formações das Terras Baixas, Temperatura média do mês mais quente: 22,4 ºC (São Submontana e Montana, nos estados do Espírito Santo, Paulo, SP) a 26,8 ºC (Bom Jesus da Lapa, BA). Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo; Temperatura mínima absoluta: - 5 ºC (Telêmaco Borba, · Vegetação com Influência Marinha (Restinga), nos PR). estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Geadas: ausentes, a raras nos planaltos do centro e do Bioma Cerrado leste do Estado de São Paulo, sul de Minas Gerais, no sudoeste do Espírito Santo e no norte do Paraná. · Savana ou Cerrado stricto sensu, em Minas Gerais. Média de 0 a 10, com máxima absoluta de 18 geadas, no Paraná. · Savana Florestada ou Cerradão, em Minas Gerais. Classificação Climática de Koeppen: Af (tropical úmido Outras formações vegetacionais ou superúmido), no litoral da Bahia, do Paraná e do Estado de São Paulo. Aw (tropical chuvoso, de savana, · Ambiente fluvial ou ripário, no Paraná, Minas Gerais megatérmico, quente, com inverno seco), no Espírito e Estado de São Paulo. Santo, em Minas Gerais e no nordeste do Estado do Rio de Janeiro. Cfa (subtropical mesotérmico, quente e · Áreas erodidas de calcário Bambuí, na Bahia. úmido, podendo haver estiagem e geadas pouco freqüentes), no Paraná e no Estado de São Paulo. Cwa · Floresta de brejo, no Estado de São Paulo. (subtropical mesotérmico, de inverno seco e verão quente e moderadamente chuvoso, com geadas nos · Vegetação sobre afloramentos calcários, em Minas trechos mais elevados), em Minas Gerais e no Estado Gerais. de São Paulo. Cwb (temperado suave, caracterizado por invernos secos e verões amenos), no sul de Minas Gerais e no Estado de São Paulo. Embiruçu (Pseudobombax grandiflorum) 5 Solos Características Silviculturais Ocorre, naturalmente, em solos úmidos, tanto em O embiruçu é uma espécie heliófila, que não tolera terrenos de fertilidade média a alta. baixas temperaturas. Tecnologia de Sementes Hábito: apresenta crescimento monopodial, com distribuição dos galhos em pseudo verticilos. Colheita e beneficiamento: anualmente, essa espécie produz grande quantidade de sementes. Recomenda-se Métodos de regeneração: o embiruçu pode ser colher os frutos diretamente da árvore, quando plantado a pleno sol, em pequenos plantios puros ou iniciarem a abertura espontânea, o que é facilmente em plantio misto, associado com espécies pioneiras. notado pela presença de flocos de plumas de cor Essa espécie brota da touça ou cepa. creme no lugar dos frutos. Depois de colhidos, os frutos devem ser levados ao sol, para completar a Crescimento e Produção abertura, quando se procede à retirada manual das sementes, envoltas pelas plumas. O desenvolvimento das plantas no campo é rápido (Tabela 1), alcançando de 3 m a 4 m de altura aos 2 Número de sementes por quilo: 10.000 a 15.000. anos. Tratamento pré-germinativo: não é necessário. Tabela 1. Crescimento de Pseudobombax grandiflorum, em plantios mistos, no Paraná. Longevidade e armazenamento: as sementes dessa Plantas Altura DAP espécie apresentam viabilidade de até 6 meses em Idade Espaçamento Classe de Lo cal vivas média médio (anos) (m x m) solo (a) armazenamento. (%) (m) (cm) Adrianópolis(1) 2 4 x 3 80,0 2,50 6,0 PVAd Foz do Iguaçu(2) 4 4 x 3 100,0 5,53 13,6 LVdf Germinação em laboratório: Pseudobombax Rolândia(3) 4 5 x 5 100,0 4,70 10,0 LVdf grandiflorum é uma espécie fotoblástica positiva. (a) PVAd = Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico; LVdf = Latossolo Constatou-se tendência de maior resposta da Vermelho distroférrico.

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