Universidade De São Paulo Escola De Comunicação E Artes Departamento De Música

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES DEPARTAMENTO DE MÚSICA ROBERTO NUNES CORRÊA Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte São Paulo 2014 ROBERTO NUNES CORRÊA Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte Tese apresentada ao Programa de Pós- graduação em Música da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Musicologia Orientador: Prof. Dr. Rubens Russomanno Ricciardi São Paulo 2014 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo Dados fornecidos pelo(a) autor(a) Corrêa, Roberto Nunes Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte / Roberto Nunes Corrêa. -- São Paulo: R. Corrêa, 2014. 283 p.: il. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Música - Escola de Comunicações e Artes / Universidade de São Paulo. Orientador: Rubens Russomano Ricciardi Bibliografia 1. Viola caipira 2. Música caipira 3. Práticas populares 4. Notação musical 5. Preconceito I. Ricciardi, Rubens Russomano II. Título. CDD 21.ed. - 780 Nome: CORRÊA, Roberto Nunes Título: Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte Tese apresentada ao Programa de Pós- graduação em Música da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Musicologia Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr. _____________________________ Instituição: ____________________________ Julgamento: __________________________ Assinatura: _____________________________ Prof. Dr. _____________________________ Instituição: ____________________________ Julgamento: __________________________ Assinatura: _____________________________ Prof. Dr. _____________________________ Instituição: ____________________________ Julgamento: __________________________ Assinatura: _____________________________ Prof. Dr. _____________________________ Instituição: ____________________________ Julgamento: __________________________ Assinatura: _____________________________ Prof. Dr. _____________________________ Instituição: ____________________________ Julgamento: __________________________ Assinatura: _____________________________ A Juliana Saenger, minha esposa. A Nara e Ramiro, meus filhos. AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, Prof. Dr. Rubens Russomanno Ricciardi, por compreender os caminhos da práxis da viola caipira em suas relações com a poíesis e a theoria e por sua orientação segura. Ao Prof. Dr. Diósnio Machado Neto, por sua orientação numa das etapas do caminho desta tese. À Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal pelo programa EAPE – Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação. Ao CEP/EMB – Escola de Música de Brasília. À Prof. Dra. Andréa Borghi, pela leitura e sugestões. Ao Prof. Dr. Ricardo Dourado Freire, pelo diálogo. Ao meu pai, Avaí Damião Corrêa, pela constante presença. À Biaggio Baccarin, por sua dedicada atenção. Aos artistas, pesquisadores e produtores que, generosamente, responderam perguntas relativas à tese: Benedito Seviero, Prof. Dr. Carlos Rodrigues Brandão, Chico Lobo, Prof. Dr. Edelton Gloeden, Eustáquio Grilo, Fábio Zanon, Gilberto Rezende, Heraldo do Monte, Jairo Severiano, J. L. Ferrete, Inezita Barroso, Juliana Andrade (Juliana & Jucimara), Leu (Liu & Leu), Lucas Magalhães, Luiz Faria (Luiz Faria & Silva Neto), Maestro Itapuã Ferrarezi, Marcos Negraes, Prof. Dra. Martha Tupinambá de Ulhôa, Miguel A. Azevedo (Nirez), Prof. Dr. Nicolas de Souza Barros, Prof. Dr. Paulo Castagna, Paulo Freire, Passoca, Prof. Dr. Romildo Sant’Anna, Rui Torneze, Prof. Dr. Saulo Sandro Alves Dias, Théo de Barros, Vergílio Artur de Lima, Volmi Batista, Prof. Dr. Walter de Souza, Tárik de Souza, Zeca (Zico & Zeca), Zuza Homem de Mello. Obrigado pela confiança. Às pessoas queridas que fazem parte da história deste trabalho: Aloisio Milani, Antônio José Madureira, Arthur de Faria, Badia Medeiros, Bohumil Med, Cacai Nunes, Carlos Galvão (in memoriam), Cláudio Alexandrino, Conceição Zotta Lopes, Prof. Dr. Eduardo Vicente, Giulianna Corrêa Bampa, Joana Mendonça, J. C. Botezzeli (Pelão), João Egashira, João Vicente Saenger, Prof. Dr. Jorge Antunes, Hermínio Bello de Carvalho, Leandro Carvalho, Marcelo Barbosa, Marco Pereira, Maurício Carrilho, Nivaldo Otavani, Oswaldo Luiz Saenger, Patrícia Colmenero, Paulo Bellinati, Samuel Silva, Prof. Dr. Sérgio de Vasconcellos- Corrêa, Siba, Sidney Marques, Ricardo Teixeira, Vanice Carvalho, Valdir Verona, Prof. Dra. Wania Storolli, Zé do Rancho, Zé Coco do Riachão (in memoriam), Zé da Conceição (in memoriam), Zé Mulato & Cassiano. Meu agradecimento especial àqueles que, aqui já citados, mais que informantes, se tornaram aliados do trabalho, trazendo dados e reflexões para a história que aqui se conta. Mais uma vez: obrigado pela confiança. À minha querida família pela compreensão, pelo apoio e pelo carinho. RESUMO CORRÊA, R. N. Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte. 2014. 283 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-graduação em Música, Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. A viola chegou ao Brasil com os portugueses e desde então é citada em documentos históricos, mas sem uma descrição detalhada de modo a permitir uma identificação precisa, já que a palavra viola é empregada para inúmeros instrumentos. No entanto, podemos constatar características semelhantes nas violas brasileiras colhidas em campo, na primeira década do século XX, e nas violas portuguesas colhidas em campo, nesta mesma época, e destas com violas portuguesas do século XVI e do século XVIII que chegaram até nós. Na região Centro- Sul do Brasil, a viola caipira, principal instrumento das práticas musicais tradicionais desta região, é adotado para outros estilos de música e sofre significativas modificações provindas da luteria violonística. Neste sentido, iremos mostrar que, na década de 1960, uma série de acontecimentos musicais envolvendo este instrumento, uns isolados, uns derivando de outros, vão construindo o estabelecimento da viola como importante instrumento da música brasileira atual. Dentro desta perspectiva, tivemos de nos defrontar com o preconceito, ainda existente, à palavra caipira e, para tal, buscamos reflexões de importantes estudiosos sobre o que diz respeito ao mundo do caipira: sua fala, seus costumes, sua música; seu passado e seu presente. No caso específico da música, para termos uma visão crítica atual, enviamos a pergunta “música caipira – o que é e o que não é?” a pessoas de diferentes áreas culturais ligadas ao universo caipira. Na análise das respostas, verifica-se o quão diverso é o entendimento sobre a música caipira. Retomando o tema central de nossa tese, o avivamento da viola caipira só foi possível graças ao interesse de um público consumidor de arte, da mídia radiofônica e da indústria da cultura. Para analisarmos este fato, mostramos as estratégias e o papel de diretores e produtores artísticos em levar ao disco as práticas musicais ligadas à viola. Com as condições primordiais estabelecidas, música, público e mídia, a partir da década de 1980 verifica-se o processo de consolidação da viola caipira em um cenário que envolve a escritura da arte, recitais e concertos de violeiros solistas, gravações de discos e vídeos, a viola nos conservatórios e escolas de ensino, pesquisas de campo, Festivais e Seminários por toda a região caipira, publicações de livros e métodos de ensino, teses acadêmicas, a viola na música concertante e, por fim, a viola na universidade, consolidando de forma definitiva a viola caipira na música brasileira da atualidade, colocando-a em um outro patamar artístico. Finalmente, em meados da segunda década do século XXI, podemos dizer de um cenário bastante consolidado. A viola, definitivamente, se estabelece como importante instrumento da música brasileira e a amplidão de seu uso é facilmente verificada – dos lundus de mestres violeiros às composições para viola e orquestra sinfônica. Palavras-chave: Viola. Caipira. Música. Avivamento. Preconceito. Identidade. ABSTRACT CORRÊA, R. N. Viola caipira: from popular practices to the writing of art. 2014. 283 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-graduação em Música, Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. The viola caipira came to Brazil with the Portuguese and has since been cited in historical documents, but without a detailed description to enable accurate identification, since the word is used to numerous instruments. However, we can see similar characteristics in Brazilian violas harvested in the first decade of the twentieth century and in the Portuguese violas harvested at this same time, and of those with Portuguese violas from the sixteenth and the eighteenth century that have survived to this date. In the Center-South region of Brazil, the viola caipira, the main instrument of traditional musical practices in the region, is adopted for other styles of music and undergoes significant changes stemmed from guitar making. In this sense, we will show that in the 1960s a series of musical events involving this instrument, some isolated, some deriving from others, are building the establishment of the viola as an important instrument of contemporary Brazilian music. Within this perspective, we had to cope with the prejudice that still exists regarding the word caipira, and for that we

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