ANUÁRIO 2009 DIOCESES DE BISSAU E BAFATÁ _____________________________________________________ ANUÁRIO - 2009 Evangelização na Guiné-Bissau, ontem e hoje Embora em linhas muito sumárias, começamos por apresentar aos leitores deste Anuário alguns tópicos significativos sobre o passado, o presente e o futuro próximo desta Igreja da Guiné-Bissau. Isso os ajudará seguramente a compreender melhor os elementos de informação que a seguir se apresentam e a entender o porquê do muito que se vem tentando fazer e sobretudo daquilo que ainda falta realizar nestas terras de missão. 1. Marcos históricos da Igreja na Guiné-Bissau : A criação da Diocese de Bafatá, em 13-03-2001 (pela bula “Cum ad fovendam”), culminou um longo esforço de evangelização, que vem já pelo menos desde o séc. XVI. As etapas mais significativas dessa evangelização foram as seguintes: 1533 - Criação da Diocese de Cabo Verde, onde a "terra firme de Guiné” estava também incluída. 1867 - Criação do Vicariato Geral da Guiné, dependente da Diocese de Cabo Verde, mas já com certa autonomia. 1940 - Criação da Missão “sui iuris” da Guiné: independente da Diocese de Cabo Verde. 1955 - Criação da Prefeitura Apostólica da Guiné. 1977 - Criação da Diocese de Bissau, em 21-03-1977, tendo como primeiro Bispo o Franciscano italiano, Dom Settimio Arturo Ferrazzetta. 2000 - Ordenação episcopal do primeiro Bispo guineense, Dom José Câmnate na Bissign, em 12-02-2000. 2001 - Criação da Diocese de Bafatá, em 13-03-2001, tendo como primeiro Bispo o sacerdote brasileiro do PIME, D. Pedro Carlos Zilli. 2001 – Inauguração do Seminário Maior de Bissau, em 13 de Outubro. 2. A evangelização até à Independência da Guiné-Bissau (1533-1974): Embora desde 1533 esteja criada a Diocese de Cabo Verde, que incluía também a "terra firme de Guiné”(apelidada também de "rios de Guiné”), deverá dizer-se no entanto que é sobretudo a partir de 1660 (fixação dos Franciscanos portugueses em Cacheu, e posteriormente em Bissau) que a evangelização da Guiné se começa a processar com carácter de suficiente regularidade. Essa evangelização desenvolveu-se em estilo notoriamente itinerante , ou seja, com alguns poucos pontos de fixação (sobretudo nos hospícios de Cacheu e Bissau), e daí irradiando depois para diferentes pontos do território, com a agravante de que, até meados do séc. XVIII, a itinerância dos frades se espalhava muito para lá da Guiné-Bissau actual, atingindo a sul as costas da Serra Leoa e a norte as do Senegal. Os inícios da 2 ___________________ DIOCESES DE BISSAU E BAFATÁ ____________________ _____________________________________________________ ANUÁRIO - 2009 Evangelização no Senegal, Guiné-Conakry, Serra Leoa, etc., devem bastante a estes primeiros missionários itinerantes, partindo da actual Guiné-Bissau. O número dos missionários franciscanos da primeira missão franciscana (l660-1834) foi sempre reduzido embora permanente, raramente ultrapassando a dezena de frades, espalhados por Cacheu, Farim, Geba, Bissau, Ziguinchor. Papel também de certa importância deve ser dado aos Padres seculares , sobretudo no séc. XIX. Enviados por Portugal, alguns deles eram naturais de Cabo Verde e de Goa. Naturais da actual Guiné-Bissau foram bastante poucos e quase todos do séc. XIX. Para a história, retenham-se os nomes dos seguintes sacerdotes Guineenses: dois filhos do rei Becampolo Có de Bissau (fins do séc. XVII), um deles chamado Francisco Costa; João Pereira Barreto; António Sanches da Gama; Filipe da Silva Pinto; Valentim da Costa Barradas; Manuel Nicolau de Pina Araújo; e sobretudo Marcelino Marques de Barros e Henrique Lopes Cardoso. Em 1932 regressaram à Guiné os Franciscanos Portugueses, em sua Segunda Missão nestas terras, que ainda prossegue. Depois deles, entraram os Padres do P.I.M.E. (1947) e os Franciscanos da Província italiana de Veneza (1955). Também as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras Portuguesas regressaram (porque já tinham estado em Bolama de 1893 a 1900, voltando em 1933), e igualmente as Irmãs do Santo Nome de Deus (1969) vieram dar o seu contributo, bem como as Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria (1970). Desde 1940 foi entregue à Igreja a responsabilidade das Escolas Primárias Não- Oficiais ("Rudimentares", “Indígenas”). A evangelização passou a fazer-se fundamentalmente através dessa Escola: o professor primário das Escolas Missionárias era também o catequista da Missão, e a própria Escola era aproveitada como local privilegiado para o ensino da catequese. Esta fase do professor-catequista era seguramente uma fase melhor que a fase antes de 1940, mas a catequese não ficava ainda suficientemente autonomizada, nem era dada nas condições mais convenientes, deixando praticamente de fora a catequese dos Adultos (que naturalmente não frequentavam a Escola). Além da evangelização através da Escola, as Missões Católicas tiveram desde 1932 em diante um papel notável no campo da Assistência e da Promoção Social . Bastará recordar o papel da leprosaria de Cumura (desde 1955) e de tantos pequenos centros de saúde, praticamente em todas as Missões onde estavam Religiosas. Igualmente variados internatos dirigidos pelas missões, onde sobressaiu (e de que maneira!) o Internato de Bor. Igualmente é de salientar a fundação e duração do jornal “0 Arauto", que chegou a ser diário e durou 25 anos seguidos. Na respectiva "Tipografia das Missões” se valorizaram vários trabalhadores guineenses. O mesmo se diga de algumas Escolas-Carpintarias, a melhor das quais terá sido provavelmente a da missão de Cumura. ___________________ DIOCESES DE BISSAU E BAFATÁ ____________________ 3 _____________________________________________________ ANUÁRIO - 2009 3. Evangelização após a Independência da Guiné-Bissau, criação das Dioceses de Bissau (1977) e Bafatá (2001), e Jubileu da Diocese de Bissau (2007) : A seguir à Independência (proclamada unilateralmente pela Guiné em 24 de Setembro de 1973 e reconhecida oficialmente por Portugal um ano depois), as Escolas são nacionalizadas e consequentemente não poderão continuar a ser o veículo preferencial da evangelização, já que o Estado da Guiné-Bissau se apresentou como um Estado “laico”, que não quer dizer necessariamente hostil à Religião, mas sim alheio a ela e não devendo privilegiar nenhuma das Religiões existentes. A evangelização passa então a autonomizar-se completamente em relação à Escola, e alarga seus horizontes. Poderemos caracterizar a Igreja Guineense nestes anos após a Independência: a) - Maior irradiação pelo interior do País: Após a criação da Diocese, abriram-se Missões novas fora das praças principais, nomeadamente: Bedanda, Tite, Catió, Ingoré, Bajob, Empada, Buba, Bigene, Gabú etc. Estas Missões novas, bem como as mais antigas já existentes em várias praças do País, estenderam-se por variadas tabancas à volta do centro da Missão, o que alarga em muito o seu real campo de acção. Os Adultos foram agora atingidos duma maneira muito mais visível e altamente promissora para o enraizamento da fé nestas paragens. b)- Maior número de Institutos Religiosos: Em 1974 os Institutos Religiosos masculinos na Guiné eram três, e os Femininos também. Hoje, os masculinos são já seis e os Femininos são dezanove, embora cada um deles tenha um número reduzido de membros! c)- Esforço por linhas comuns de pastoral: Dada a variedade de Institutos, provenientes de diferentes países e culturas, tem vindo a fazer-se um esforço considerável para um caminho diocesano em comum. Nesse sentido, foi possível em 1988 aprovar as primeiras linhas pastorais comuns, embora ainda em aspectos parcelares. Na segunda Assembleia do Pessoal Missionário (Junho de 1991) foi possível assentar- se num objectivo comum a curto prazo (formação de comunidades vivas), bem como na escolha de duas prioridades a curto prazo (formação dos agentes de pastoral e valorização do caminho catecumenal), para mais rápida e seguramente se poder caminhar para o dito objectivo comum. Na Primeira Assembleia Diocesana de Pastoral, em Junho de 1996, foi possível assentar num Objectivo geral (estabelecimento gradual da "Igreja-Família") e em quatro objectivos específicos (formação de pequenas comunidades vivas, inculturação, formação de todos os agentes de pastoral, pastoral familiar). A partir de 1998, começou a fazer-se 4 ___________________ DIOCESES DE BISSAU E BAFATÁ ____________________ _____________________________________________________ ANUÁRIO - 2009 regularmente, com delegados representativos de toda a Diocese, a avaliação do ano pastoral cessante e a programação atempada do ano pastoral seguinte. E, na Assembleia Diocesana de Outubro de 2001, os objectivos específicos foram elevados para seis (acrescentando aos quatro de 1996 mais dois, a saber: pastoral da Juventude e Adolescência, e Diálogo inter-religioso e inter-étnico para a Justiça, Paz e Reconciliação na Guiné-Bissau. A 1 de Novembro de 2001 o Bispo D.José Câmnate promulgou o “Projecto Diocesano. Objectivos e Acções” E em 12 de Outubro de 2002, em celebração litúrgica comemorativa do 25º aniversário da criação da Diocese de Bissau, foi dado solenemente início à execução desse Projecto Diocesano (que se estenderá por um período de seis anos), difundindo igualmente nessa altura os “Estatutos dos órgãos diocesanos de pastoral não contemplados no Código de Direito Canónico”, bem como o Organigrama da Diocese. É uma nova etapa que se iniciou. d)- Intensificação do trabalho vocacional: No momento da Independência havia apenas um Seminário Menor Diocesano. Neste momento existem já dois Seminários menores (actualmente o Diocesano conta com
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