Justiça Desportiva: O Estado Novo Entra Em Campo (1941–1945)

Justiça Desportiva: O Estado Novo Entra Em Campo (1941–1945)

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Jorge Miguel Acosta Soares Justiça desportiva: o Estado Novo entra em campo (1941–1945) Doutorado em História Social São Paulo 2015 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Jorge Miguel Acosta Soares Justiça desportiva: o Estado Novo entra em campo (1941–1945) Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em História Social sob a orientação da Profª. Drª. Estefânia Knotz Canguçu Fraga. São Paulo 2015 Errata Pg. 6: onde se lê “entre 1942 e 1945”, leia-se “entre 1941 e 1945”. Pg. 7: onde se lê “between 1942 and 1945”, leia-se “between 1941 and 1945”. Pg. 8: onde se lê “entre 1942 e 1945”, leia-se “entre 1941 e 1945”. Pg. 21: onde se lê “Donaldo Alchorne de Souza”, leia-se “Denaldo Alchorne de Souza”. Pg. 47: onde se lê “MALAIA, 2013, internet”, leia-se “MALAIA, 2013, sem paginação”. Pg. 145: onde se lê “ao lateral do Flamengo ‘Zizinho’”, leia-se “ao meia direita do Flamengo ‘Zizinho’”. BANCA EXAMINADORA ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 2 Para Maria Clara e Maria Laura, minhas filhas, também apaixonadas por História. 3 Esta página é destinada ao registro de meus agradecimentos a algumas pessoas que muito colaboraram para a realização deste trabalho. Inicialmente à Profª. Drª. Estefânia Knotz Canguçu Fraga, pela atenção, gentileza e carinho que sempre me dedicou, e cuja orientação foi fundamental para a conclusão deste trabalho. Também agradeço aos Profs. Drs. Flávio de Campos e Antonio Rago Filho, cujas observações e críticas permitiram corrigir vários problemas, melhorando em muito o resultado final. É preciso registrar o trabalho realizado pelo LUDENS – Núcleo interdisciplinar de pesquisas sobre futebol e modalidades lúdicas da FFLCH/USP, que vem contribuindo para o avanço nas pesquisas sobre os esportes em geral, e sobre o futebol em particular. Por fim, um agradecimento à equipe da Biblioteca Nacional, cuja Hemeroteca Digital possibilitou a realização da pesquisa. 4 “A imáginária comunidade de milhões parece mais real na forma de um time de onze pessoas com um nome.” Eric Hobsbawm, Nações e nacionalismo. 5 Resumo O trabalho tem como foco central o processo de disciplinarização do futebol no Estado Novo, entre 1942 e 1945, que buscou enquadrar as práticas desportivas às formulações ideológicas oficiais. Os ídolos das massas torcedoras não se encaixavam no modelo varguista de homem: ordeiro e disciplinado, cumpridor das regras e das leis, e membro do coletivo, da Nação. A prática desportiva resistia ao projeto. Ante a incapacidade de o sistema esportivo dar respostas eficazes para a chamada indisciplina em campo, recorreu-se à construção de um sistema jurídico, que reproduzia para o futebol as bases, os princípios ideológicos e estruturais do Direito Penal. Aos olhos do regime, as regras internacionais do esporte não bastavam para conter a violência e a indisciplina dentro de campo. Para os dirigentes do esporte, afinados com o regime, o jogador, pobre, ignorante e analfabeto, assim como o criminoso, somente entenderia a pedagogia do castigo. O código disciplinar de 1945, baseado em normas repressivas similares às do Código Penal, trazia em si a crença de que os procedimentos punitivos eram necessários e suficientes. Necessários para corrigir os instintos dos jogadores, que, segundo seus ideólogos, beiravam a marginalidade, e suficientes para adequar o futebol aos modelos governamentais. Palavras-Chave: Futebol; Disciplina; Justiça Desportiva; Direito Penal; Estado Novo. 6 Abstract The article‟s main focus is to analyze football‟s regulatory process during the Estado Novo, between 1942 and 1945, aimed at conforming the sport to the official ideology. Football icons didn‟t fit to the traditional Vargas‟s model which defined man as a disciplined, law-abiding member of the Nation. Sports offered resistance to the project. Facing the inability to effectively control insubordination during the matches, the sports system resorted to the implementation of a legal system that brought into the sport Criminal Law‟s main ideologies and basic structural principles. According to the government, international rules were not enough to contain violence and indiscipline inside the football field. For the sport‟s leaders, supporters of the regime, the football player – poor, ignorant and illiterate, and the criminal alike, would only understand the language of punishment. The 1945‟s Disciplinary Code, based on oppressive norms similar to the ones in the Penal Code, was imbued with the notion that a punitive strategy was necessary and sufficient – necessary to correct the players‟ instincts, which, according to its ideologists, were almost criminal; and sufficient to suit football to government models. Key-words: Football, Soccer; Discipline, Sports Justice; Criminal Law; Estado Novo. 7 Resumen El trabajo tiene como foco principal el proceso para disciplinar el fútbol del “Estado Novo” entre 1942 e 1945, que buscó someter las prácticas deportivas a los postulados ideológicos oficiales. Los ídolos de las masas seguidoras no se encajaban en el modelo “varguista” de hombre, ordenado y disciplinado, cumplidor de las reglas y las leyes y miembro del colectivo, de la nación. La práctica deportiva se resistía al proyecto. Frente a la incapacidad del sistema deportivo para dar respuestas eficaces a la llamada indisciplina en campo, se recurrió a la construcción de un sistema jurídico, que reproducía para el fútbol las bases, los principios ideológicos y estructurales del Derecho Penal. A la vista del régimen, las reglas internacionales del deporte no bastaban para contener la violencia y la indisciplina dentro del campo. Para los dirigentes del deporte, alineados con el régimen, el jugador, pobre, ignorante y analfabeto, así como el delincuente, solamente entenderían la pedagogía del castigo. El código disciplinario de 1945, basado en normas represoras similares a las del Código Penal, traía en si la creencia de que los procedimientos punitivos eran necesarios y suficientes. Necesarios para corregir los instintos de los jugadores, que, según sus ideólogos, rozaban la marginalidad, y suficientes para adecuar el fútbol a los modelos gubernamentales. Palabras clave: Fútbol; Disciplina; Justicia Desportiva; Derecho Penal, Estado Novo. 8 Sumário Abreviações ................................................................................................................. 10 Introdução .................................................................................................................... 13 Capítulo 1 – A criação do futebol e sua chegada ao Brasil............................ 30 As regras internacionais ................................................................................................ 30 Disputa pela hegemonia no futebol nacional ........................................................... 40 Popularização e profissionalismo ............................................................................... 46 Capítulo 2 – O Estado e o futebol .......................................................................... 64 O dissídio e a pacificação .............................................................................................. 64 A oficialização dos esportes ......................................................................................... 81 Capítulo 3 – A busca pela disciplina .................................................................. 109 A crítica à indisciplina e o preconceito social ......................................................... 109 Leônidas da Silva: o ídolo divergente ........................................................................ 124 Os tribunais de penas ..................................................................................................... 131 Um código e uma justiça para disciplinar o futebol ............................................... 170 O sistema jurídico na Constituição e a justiça desportiva ................................... 180 Código Penal e código desportivo, semelhanças ideológicas e estruturais .......................................................................................................................... 188 O CBFut e o contrato de atleta ..................................................................................... 200 A justiça desportiva e seus tribunais ......................................................................... 211 As penas no CBFut e sua aplicação ........................................................................... 224 A imprensa e o sindicato perante a justiça desportiva ......................................... 243 Conclusão .................................................................................................................. 266 Anexo: Histórico dos códigos desportivos ...................................................... 270 Fontes ......................................................................................................................... 272 Periódicos .......................................................................................................................... 272 Internet................................................................................................................................ 274 Referências .......................................................................................................................

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