Dossiê Comunicação E Cultura Vozes E Diálogo ISSN: 2237-4531 Volume 14 - Número 01 Janeiro a Junho De 2015

Dossiê Comunicação E Cultura Vozes E Diálogo ISSN: 2237-4531 Volume 14 - Número 01 Janeiro a Junho De 2015

ISSN: 2237-4531 Itajaí, v. 14, n. 01, jan-jun 2015 Dossiê Comunicação e Cultura Vozes e Diálogo ISSN: 2237-4531 Volume 14 - número 01 janeiro a junho de 2015 Editoras Laura Seligman [email protected] Valquíria Michela John [email protected] Editor Associado Felipe da Costa [email protected] Conselho Editorial Susana Herrera Damas - Universidad Carlos III de Madrid - Espanha [email protected] Nelia Del Bianco - UnB [email protected] Rogério Christofoletti – UFSC Rogé[email protected] Adriana Amaral – Unisinos [email protected] Margarida Kunsch – USP [email protected] Manuel Pinto - Universidade do Minho - Portugal [email protected] Rudimar Baldissera – UFRGS [email protected] Fernando O. Paulino – UnB [email protected] Pareceristas desta edição: Alberto Marques (UCB)) - Alessandra de Carvalho (UFRRJ) – Alzimar Rodrigues Ramalho (IESB) – Ana Lúcia Migowski da Silva (Unisinos) - Ana Lúcia Prado (Unama) - Andreia da Silva Santos (UEPB) – Branco Di Fátima (IUL - Portugal) - Bruno Leites (UFRGS) - Bruno Soares Ferreira (UFRJ) – Carina Pascotto Garroti (FMU) - Carla Daniela Rebelo Rodrigues (USP) – Carlos Borges Silva Júnior (UFSC) – Catarine Moscato Sturza (UFMS) - Cristiane Parente (UMinho - Portugal) – Daiane Ber- tasso Ribeiro (UFSC) - Daira Renata Martins Botelho (Unesp) – Daniela Schmitz (UFRGS) - Daniele Gross (USP) – Dinair Vel- leda Teixeira (UFRGS) – Douglas Junio Fernandes Assumpção (UTP) - Eloisa Beling Loose (UFPR) - Elza Aparecida Oliveira Filha (UP) - Fabiana Piccinin (Unisc) – Fábio Henrique Pereira (UnB) - Hans Peder Behling (Univali) - Israel de Jesus Rocha (Unifacs) - Ivan Bomfim (UFRGS) - Juliana Bulhões Alberto Dantas (UnB) – Juliana Campos Lobo (UA – Portugal) – Juliano Rodrigues Pimentel (UFRGS) - Lucia Santa Cruz (ESPM-RJ) - Maíra de Cássia Evangelista de Sousa (UFRGS) – Mariana do Amaral Antunes (UFJF) - Marilia Schramm Regio (PUC-RS) – Marta Eymael Garcia Scherer – Maurício Guilherme Silva Júnior (UniBH) – Melina de la Barrera Ayres (UFSC) - Michele Negrini (UFPel) – Miriam Quadros (UFSM) - Mônica Panis Kaseker (PUC-PR) – Rafael Foletto (Unisinos) - Rafael José Bona (Univali/Furb) – Rafael Tassi Teixeira (FAP/UTP) - Reges Schwaab (UFSM-FW) - Renata Cardias Kawaguchi (UMESP) – Robson Souza dos Santos (Unifebe) - Rochele Tonello Zago Corrêa (UFRGS) – Rosália Maria Netto Prados (UMC) – Soraya Venegas Ferreira (Unesa) - Tainan Pauli Tomazetti (UFRGS) - Talita Rampazzo Diniz (UFPE) - Thaiane Moreira de Oliveira (UFF) – Toni Andre Scharlau Vieira (UFPR) - Wellington Teixeira Lisboa (Unisantos) – Wesley Grijó (Unipampa). Projeto gráfico e diagramação Felipe da Costa Tradução e revisão Jefferson Jacques Harbs Endereço para Correspondência: Rua Uruguai, 458 – Bloco 12 – sala 205 CEP 88302-202 Itajaí-SC Endereço eletrônico: http://www6.univali.br/seer/index.php/vd/index Itajaí, v. 14, n. 01, jan./jun. 2015 Comunicação, cultura e pesquisa na universidade As relações que pesquisadores estabelecem entre Comunicação e Cultura são frequentes e na maior parte das vezes, inquietantes. Esses conceitos nômades, instá- veis, de permanente debate, se entrelaçam uma vez que as definições sobre o Campo de Comunicação pisam firme em muitas áreas de interface – a Cultura sempre está presente em um leque muito amplo de abordagens. Mediações culturais, suas interações, as identidades culturais, o jornalismo cultural. São tantas possibilidades que esta edição de Vozes e Diálogo vem um pouco maior, com seis trabalhos no dossiê temático e outros 14 na seção de artigos em geral. Esse pequeno apanhado da produção brasileira sobre o tema central e ainda sobre os demais que se enquadram no campo da Comunicação Social compõe a primeira edição de 2015. Desejamos a todos uma boa leitura. Equipe editorial Vozes e Diálogo Editorial 3 Dossiê Comunicação e cultura Itajaí, v. 14, n. 01, jan./jun. 2015 Comunicação, Cultura e Pesquisa Empírica: O uso da História Oral em contexto étnico Wesley Pereira Grijó1 Resumo: O artigo aborda a experiência de trabalho com o método da História Oral na pesqui- sa realizada na comunidade quilombola da Família Silva, com ênfase na recepção de telenovelas. Na pesquisa, o objetivo é verificar as apropriações dos sujeitos sobre as narrativas audiovisuais e compreender inferências feitas a partir daquele contexto. Nos trabalhos de campo, três técnicas de pesquisa foram acionadas: História de Fa- mília, Observação Participante e Entrevista Semi-Estruturada. Com a conclusão das entrevistas e do processo de transcrição e leitura flutuante, os dados foram discuti- dos a partir das seguintes categorias: História do quilombo, Violência, Preconceito, Cidadania, História do negro, Cotidiano, Relação com o outro, Relações de classe, Re- lações de gênero e Relações étnicas. Palavras-chave: História Oral; Telenovela; Comunidade quilombola. Abstract: This article treats of the experience of working with the method of Oral History re- search in the community of quilombola da Família Silva, with emphasis on reception of Brazilian telenovelas. In the research, the objective is to verify the appropriation of subjects in audio-visual narratives and understand inferences from that context. In the field work, three research techniques were triggered: Family History, Partici- pant Observation and Semi-Structured Interview. With the completion of the inter- views and the transcription process and initial reading, the data were discussed ac- cording to the following categories: History of the community quilombola, Violence, Prejudice, Citizenship, black History, Everyday Life, Relationship with others, Class relations, Gender relations and Ethnic relations. Keywords: Oral History; Brazilian telenovela; Community quilombola. Artigo recebido em: 23/03/2015 Aceito em: 06/05/2015 Dossiê 1 Doutor em Comunicação e Informação pela UFRGS. Professor na Universidade Federal do Pampa. Integrante do Grupo de pesquisa Comunicação e práticas culturais; Integrante do Observatório Ibero-Americano de Ficção Televisiva (Obitel). E-mail: [email protected]. 5 Itajaí, v. 14, n. 01, jan./jun. 2015 Introdução Neste artigo, expomos a experiência de trabalho com o método da História Oral em pesquisa realizada sobre recepção de telenovelas em uma comunidade quilom- bola no Estado do Rio Grande do Sul: o quilombo da Família Silva, primeiro desta natureza reconhecido pelo Governo Federal, cuja gênese remonta todo o processo histórico vivido pelos negros gaúchos2. A singularidade do quilombo urbano e a relação dos moradores com a televisão a priori já poderia ser motivo para uma pesquisa na área da comunicação, mas ob- servamos que outras questões entram nessa relação. No contexto mais amplo, a famí- lia Silva está situada num grupo minoritário da população gaúcha, e não desprovida dos bens de produção da economia do Estado. Ao longo da história do Rio Grande do Sul, a etnia negra foi colocada em segundo plano na formação étnica do Estado, ou seja, houve o que autores denominam de “invisibilidade do negro gaúcho” (OLIVEN, 1996). Essa contextualização é importante para pensarmos a família Silva como um “grupo socialmente marginalizado” ou “subalterno”, através da noção de Antonio Gramsci. A partir de um contexto de luta de classes na Europa, na obra Cadernos do Cárcere, Gramsci (2007) passou a utilizar a expressão “classes subalternas” e “grupos subalternos”, que posteriormente foi ampliado para abarcar outras realidades fora do contexto europeu. Assim, com o uso da História Oral, trazemos para a discussão acadêmica o pon- to de vista dos quilombolas, sujeitos subalternos numa cultura hegemonicamente branca, e as relações que estes mantêm com a produção midiática. Com isso, nesta abordagem sobre as apropriações e percepções dos sujeitos com as narrativas das te- lenovelas, tomamos como objetivo, neste momento, compreender como os membros do quilombo da Família Silva dão sentido aos textos das telenovelas e quais inferên- cias fazem a partir de seus contextos. História Oral e comunidade quilombola Historicamente, por terem sido submetidas à marginalização ou ao isolamento, as comunidades negras utilizaram a tradição oral como forma de fazer a atualização, manutenção e resistência dos saberes e conhecimentos de suas etnias. Vários traba- lhos acadêmicos sobre comunidades desta natureza, quando fazem essa relação com o Campo da Comunicação, tangenciam a questão da oralidade nas comunidades como um fator importante para compreender aqueles contextos culturais. Hipoteticamente, pensamos que uma das razões para esse cenário é a falta de acesso ao sistema formal de ensino a que os membros dos quilombos foram submetidos, sendo uma questão comum tanto aos de natureza rural quanto aos urbanos, assim como a outros gru- Dossiê 2 Com a finalidade de respeitar o anonimato dos entrevistados, seus nomes foram trocados pelo de personagens de telenovelas. Além disso, nas falas dos entrevistados, respeitamos a forma como as frases foram construídas, sem qualquer edição ou correção gramatical nos trechos das entrevistas utilizados. 6 Itajaí, v. 14, n. 01, jan./jun. 2015 pos marginalizados da sociedade brasileira. Apesar de não focarem exclusivamente na tradição oral, várias pesquisas abordam o contexto da oralidade em comunidades quilombolas contemporânea, enfatizando as relações com os meios de comunicação. Ao utilizarmos essa noção de oralidade como inerente às comunidades quilom- bolas, não fazemos isso para vinculá-las exclusivamente a um momento remoto ou pensar seu conhecimento como resquícios de um passado sedimentado, visto que nem

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