
0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS TEORIA DA LITERATURA OS ABISMOS DA POETICIDADE EM JOMARD MUNIZ DE BRITTO DO ESCREVIVENDO AOS ATENTADOS POÉTICOS RECIFE 2011 1 MOISÉS MONTEIRO DE MELO NETO OS ABISMOS DA POETICIDADE EM JOMARD MUNIZ DE BRITTO DO ESCREVIVENDO AOS ATENTADOS POÉTICOS Tese de doutorado em Teoria da Literatura, da Linha de Pesquisa Literatura, Memória e Sociedade, apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras (PPG-Letras) como requisito para a obtenção do título de Doutor. Orientadora: Professora Dra. Lucila Nogueira Rodrigues RECIFE 2011 2 Catalogação na fonte Bibliotecária Gláucia Cândida da Silva, CRB4-1662 M528a Melo Neto, Moisés Monteiro de. Os Abismos da poeticidade em Jomard Muniz de Brito do Escrevivendo aos Atentados poéticos / Moisés Monteiro de Melo Neto. – Recife: O autor, 2011. 330p. : il. Orientador: Lucila Nogueira Rodrigues. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco, CAC. Letras, 2011. Inclui bibliografia, apêndices e anexo. 1. Literatura- Pernambuco. 2. Poesia. 3. Tropicalismo (literatura). 4. Intertextualidade. 5. Filosofia. I. Rodrigues, Lucila Nogueira (Orientador). II. Titulo. 800 CDD (22.ed.) UFPE (CAC2012-03) 3 4 “A Pernambucália desvairada do tropicano independente Jomard Muniz de Britto legou à cidade do Recife, nos últimos anos, um estilo denominado Abismos”. (João Denys Araújo Leite) “Fora da luta não há descanso merecido, não existe despertar”. (Alberto Cunha Melo) 5 AGRADECIMENTOS A história só terminará com o fim da nossa espécie e não há uma moral sobre a história, ela flui sem cessar e não se sabe sob que desígnio. A poesia também reconstitui o pensamento histórico-político. Ela, nas palavras de Octavio Paz, é a outra voz, a risada e o suspiro, a voz do abraço dos amantes e a de Hamlet diante do crânio, a voz do silêncio e a do tumulto, louca sabedoria, sensata loucura, sussurro de confidência na alcova e cheiro de multidão na praça. Ouvir esta voz é ouvir o próprio tempo. Ao meu objeto de estudo, JMB, ao CNPQ e a todos que compõem o PPG-Letras da UFPE, em especial à minha orientadora Lucila Nogueira, aos professores Roland Walter, Sônia Ramalho, Sebastien Joachim, Anco Márcio Tenório Vieira e Lourival Holanda. Simone Figueiredo, Fátima Amaral e outros que sempre acreditaram na arte como força transformadora da sociedade e me ajudaram a estudar esta outra voz... 6 RESUMO Na psicanálise selvagem da cultura brasileira, reaproximando arte e vida, cidade e cosmos, economia libidinal e economia política, intuição e rigor, crítica cultural e poeticidade, encontra-se a produção literária do pensador Jomard Muniz de Britto: a desmitificar, através do “veneno do novo”, a fazer crítica da alienação, sugerir estratégias para uma nova visão do fazer cultural, do ser e estar no mundo. Trata-se, em alguns momentos, de uma negação positiva por uma existência melhor. É uma poeticidade-experiência cristalizando no mesmo texto humor e horror em voz cosmopolita, de constituição firme, político-humanista, verso em crise, invenção constante que não coloca em primeiro plano rigorosas concepções racionais de estrutura, mas aposta em plurivalência semântica, estrutura poemática de linha construtiva. O sujeito-objeto assim não quer ser sozinho, não quer simplesmente produzir sentido, mas o traço de união, o registro múltiplo de tempo e espaço, buscando o sentido seguinte e não objetivando a última palavra. O óbvio e o abismo enfrentam-se numa linguagem sem garantias, onde se encontra o dessujeitamento em relação à opressão promovida pelos discursos do poder. A transformação do que se é: eis o que esta produção literária solicita como condição para o ser verdadeiro; não a morte do sujeito, mas o seu desaparecimento diante de singularidades plurais. Palavras-chave: Poeticidade, Mise-en-abyme, Tropicalismo, Brasilidade, Intertextualidade. 7 ABSTRACT In wild psychoanalysis of Brazilian culture, reconnecting art and life, city and cosmos, libidinal economy and political economy, intuition and rigor, cultural criticism and poetry, that´s the literary production of JMB: to demystify, through the “poison of new”, making the critique of alienation. This is a positive denial of a better existence. It is a poetic experience- crystallizing in the same text aloud humor and horror in cosmopolitan constitution of firm political and humanist, back in crisis, not constant invention foregrounds stringent conceptions of rational structure, but bet on semantic variety, poetic structure of constructive line. The subject-object just does not want to be alone, not to make sense, he wants the hyphen, the multiple record of time and space, seeking the following sense and not the ultimate objective. The obvious gap and facing each other in a language with no guarantees fighting against the oppression promoted by the discourses of power.The transformation of what it is: this is the condition to be true, not the subject's death, but his disappearance before plural singularities. Keywords: Poetryness, Mise-en-abyme, Tropicalismo, Brazilianness, Intertextuality. 8 RESUME En psicoanálisis salvaje, la cultura brasileña, volver a conectar el arte y la vida, de la ciudad y el cosmos, la economía libidinal y la economía política, la intuición y el rigor, la crítica cultural y la poesía, es la producción literaria de JMB: desmitificar, a través del “veneno del nuevo”, hacer la crítica de la alienación. Esta es una negación positiva de una existencia mejor. Se trata de una experiencia poética, que cristalizan en el mismo texto en voz alta el humor y el establecimiento cosmopolita horror de la empresa pone en primer plano constante política y humanista, de nuevo en crisis, no invención conceptos estrictos de la estructura racional, sino apostar por plurivalência estructura semántica, poética línea de construcción. El sujeto-objeto, simplemente no quiere estar solo, tiene sentido, él quiere que el guión, el tiempo de grabación de múltiples y el espácio, buscando el siguiente sentido y no el objetivo final. La diferencia obvia y uno frente al otro en un idioma no garantiza que el dessujeitamento de la opresión promovida por los discursos del poder. La transformación de lo que es: esta es la condición para ser verdad, no la muerte del sujeto, pero su desaparición antes de singularidades plurales. Palabras clave: Poeticidad, Mise-en-abyme, Tropicalismo, brasilidad, intertextualidad. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 11 CAPÍTULO 1 OS ANOS1970-1980: O ESCREVIVENDO, O INVENTÁRIO E A AQUARELA ........... 24 1.1 Uma certa poesia ensaística ............................................................................................. 24 1.2 Pernambucália, uma introdução ...................................................................................... 36 1.3 Raízes existencialistas, desbunde e peculiaridade ........................................................... 40 1.4 Escrevivendo (1973): livro- processo e a linguagem performática ................................ 52 1.4.1 Verbivocovisual ............................................................................................................ 61 1.4.2 O corpo na Tropicália ................................................................................................... 68 1.4.3 O medo e o riso ............................................................................................................. 82 1.5 Inventário de um feudalismo cultural (1979) .................................................................. 84 1.5.1 As figurações do leitor jomardiano .............................................................................. 92 1.5.2 O lugar do sujeito ......................................................................................................... 98 1.6 Terceira aquarela do Brasil (1982) .................................................................................. 107 1.6.1 Pop-filosofia ou Antifilosofia? ..................................................................................... 129 1.6.2 Menipeia e antilira: mito ou mentira?........................................................................... 134 1.6.3 Os questionamentos do sujeito-poético na obra de JMB .............................................. 140 CAPÍTULO 2 OS ANOS 1990 BORDEL BRASILírico BORDEL (1992) ................................................. 144 2.1 Um país enquanto linguagem: Panis et circenses ............................................................ 147 2.1.1 Críticas e manifestos: afinidades do coração tropicalista: O lugar de JMB ................. 154 2.1.2 Discursos superpostos em anticlímax lírico: Se Corisco fosse veado ......................... 161 2.1.3 Da theoria para a ação ................................................................................................. 167 2.1.4 Deslocando fronteiras: proezia ensaística .....................................................................171 2.1.5 Pop-filosofia, o CD ...................................................................................................... 182 2.2 Arrecife de desejo (1994) ............................................................................................... 185 2. 2.1 Dialogando com Haroldo de Campos ......................................................................... 199 2.3 Outros Orf‟eus (1995) .................................................................................................... 209
Details
-
File Typepdf
-
Upload Time-
-
Content LanguagesEnglish
-
Upload UserAnonymous/Not logged-in
-
File Pages330 Page
-
File Size-