Leonor Teles, Uma Mulher De Poder?

Leonor Teles, Uma Mulher De Poder?

Universidade de Lisboa Faculdade de Letras Departamento de História LEONOR TELES, UMA MULHER DE PODER? Isabel Maria Garcia de Pina N. Baleiras S. Campos Mestrado em História Medieval de Portugal 2008 Universidade de Lisboa Faculdade de Letras Departamento de História LEONOR TELES, UMA MULHER DE PODER? I Volume Isabel Maria Garcia de Pina N. Baleiras S. Campos Dissertação orientada pela Professora Doutora Manuela Santos Silva Mestrado em História Medieval de Portugal 2008 1 LEONOR TELES, UMA MULHER DE PODER Resumo (cinco expressões chave : rainha, papel político, graça régia, diplomacia internacional, sucessão do reino) Estudar o papel político da Rainha D. Leonor Teles, mulher do Rei D. Fernando de Portugal, foi o objectivo deste trabalho. Avaliar a veracidade do retrato que Fernão Lopes construiu, da Rainha, nas suas crónicas, foi o desafio que espoletou a investigação. O confronto dos seus escritos com a chancelaria activa e passiva do Rei D. Fernando e com outras crónicas (como as de Pero Lopez de Ayala, de Jean Foissart, de Jerónimo Zurara e a Crónica do Condestável …) representou a metodologia pela qual optámos. Apesar do número de doações dadas aos familiares, amigos e criados da Rainha ser 150, num total de 1691 actos de chancelaria, ou seja, 8,87%, Leonor Teles influenciou o governo do marido, nos domínios da graça régia, da diplomacia internacional e da sucessão do Reino, como provam as várias mercês que o Rei emitiu, em conjunto, com a Rainha e, às vezes também com a Infanta, D. Beatriz, e a participação de Leonor nos tratados de casamento da filha com Castela. Esta presença deve ser compreendida tendo em conta, não só o perfil psicológico e emocional do casal, mas, também, a noção de governo conjunto que o Rei defendeu dever ter com a Rainha, por ele achar que ela tinha direito a uma parte desse regimento. O Monarca, porém, não abandonou as prerrogativas de Rei “absoluto”, pois, mesmo nas terras da Rainha não se coibiu de interferir, apesar dos amplos poderes e liberdades que a carta de “arras” atribuía a Leonor. A comparação das chancelarias da Rainha, enquanto Consorte e, depois enquanto Regente revelou, que, nesta última e ao contrário da anterior, os privilégios atribuídos foram parcos e precários e que os agraciados passaram a ser os estratos mais baixos da nobreza, do clero e a burguesia. Leonor Teles morreu, provavelmente entre 1390 e 1405/6, em Valladolid. Segundo Antolínez de Burgos, um historiador seiscentista desta cidade, a sepultura da Rainha foi encontrada no claustro do Mosteiro de La Merced de Valladolid, em 1626, quando aí se procediam a obras de restauração. 2 LEONOR TELES, QUEEN OF PORTUGAL (1372-1383): A POWERFUL WOMAN? Abstract (Five key expressions : queen, political role, royal grace, international diplomacy, realm’s succession) The goal of this work is the study of the political role Queen Leonor Teles of Portugal played in her time. The challenge for our research was to assess the veracity of the portrait which Fernão Lopes made up of the Queen in his Chronicles. The methodology we followed consisted of comparing Fernão Lopes Chronicles with the active and passive chancellery of King Fernando and with Chronicles by other authors (say Pero Lopez de Ayala, Jean Froissart, Jerónimo Zurara, Crónica do Condestável by an anonymous authour…). Queen Leonor Teles was the wife of King Fernando of Portugal, who ruled between 1367/1383. When he died, on the 22nd October1383, she became Regent of the Kingdom, as the King had decided in his testament (1378) and in the marriage treaty of their daughter, Beatriz to King Juan I of Castela (1382/1383). Her Regency only wearied until January 1384, when she renounced in favour of her son-in-law, Juan I of Castela. A few months after that date, King Juan I accused her of conspiring against him and obliged Queen Leonor Teles to leave the country and enter the Tordesilhas Monastery. She lived in Castela until the end of her days. As a Queen-Consort, she had participated in her husband’s government in the domains of royal grace, international diplomacy and realm’s succession. The various donations that King Fernando has made together with her, especially to the higher nobility, and the presence and the influence that Leonor Teles gained in the Beatriz marriage negotiations, as the treaties concerned can prove, show us a strong and different Medieval Queen. Furthermore, Queen Leonor Teles had an enormous quantity of lands offered by her husband, when they got married, in 1372. In those territories, the King gave her, for the whole of her life, supreme power, included death penalty, a situation that was unique until that time: supreme justice was something considered as belonging to the strict King’s prerogatives and before Queen Leonor Teles only some Queen-Consorts had got it in their lands, otherwise for a very short time. To understand her political role and the influence she had in her husband, we must not forget that in 3 King Fernando’s mind Queen Leonor Teles had the right to participate in political royal affairs, as he thought that part of the Kingdom government belonged to her. As a Queen-Consort, Leonor Teles favoured gently the clergy and the nobility, as we can see in the donations she made together with the King and in the administration of her own lands. On the contrary, as a Regent, Leonor Teles was much more sober with the gifts she gave. Her beneficiaries were essentially the lower nobility, the lower clergy and the merchant class. This change of recipients and the quality of mercies in her Regency is directly related to the insecurity that Leonor Teles felt and represented for the highest social classes, during the period of 1383-1385. She died, in the exile, probably between 1390 and 1405/6. According to Antolínez de Burgos, a historical researcher in the seventeen-century, her tomb was found, in 1626, in the Monastery de La Merced, at Valladolid, when some reconstruction’s works were being made in the cloister. 4 ÍNDICE I Volume Capítulos Páginas Introdução ……………………………………………………………………….... 8 Agradecimentos ………………………………………………………………….. 14 Tabela de Siglas e de Abreviaturas ………………………………………………. 15 Brasão dos Teles de Meneses …………………………………...……………….. s.p. I – A LINHAGEM DOS TELES DE MENESES E CO-RELAÇÕES ….….......... 16 1. Descendência de Rodrigo Eanes……………………………………………….. 17 2. Descendência de Gonçalo Eanes Raposo …………………………………….... 19 3. Descendência de Martim Afonso Telo, pai de Leonor Teles ………………….. 20 4. Descendência de João Afonso Telo, tio de Leonor Teles ……………....……... 22 II – LEONOR TELES, NA CHANCELARIA DE D. FERNANDO …. ……. ……. 27 1. A Chancelaria de D. Fernando ………………………………………. ……..... 27 2. A Regulação dos Privilegiados e o Reforço do Poder da Coroa …................... 33 2.1. A lei de 1372 ……………………………………………………. …………... 36 2.2. Entre 1372 e 1375……………………………………………………. …….... 39 2.3. A lei de 1375 …………………………………………………………. …. …. 41 2.4. Repercursões das Leis de 1372 e de 1375 ..…………………..…………….... 46 3. A Rainha, na Chancelaria do Rei …………………………………. …...….…. 50 3.1. As Doações à Rainha………………………………………………. ……. …. 50 3.2. As Terras da Rainha e os Outros Lugares que a Referenciam……………. … 53 3.3. A Clientela da Rainha, na Chancelaria de D. Fernando , e o Confronto com Fernão Lopes……………………………………………………...…………. 58 3.3.1.Familiares da Rainha …………………………………………..................… 71 3.3.2. A Generosidade e a Contenção: duas Faces da mesma Política ………...… 82 3.3.3. A Participação ou a Implicação mais Directa da Rainha ………….….…… 90 4. Reflexão de Final de Capítulo ……………………………………….…….…. 107 5 III – TRATADOS DE CASAMENTO DE BEATRIZ COM CASTELA ………110 Preâmbulo……………………………………………………………………..... 110 1. A Análise dos Tratados ………………………………………………...……. 116 2. Os Embaixadores Portugueses ……………………………………...……...... 120 3.A Sucessão de Portugal …………………………………………...…….……. 127 4. A Regência e as Garantias dadas a Leonor Teles, nos Eventuais Governos dos Reis de Castela, em Portugal ………………………………………….……. 135 5. A Indemnização …………………………………………………………...... 141 6. O Casamento de Beatriz e Juan I ………………...…………………………. 144 7. Leonor Teles, Juan I e uma Possível Leitura do Casamento de 1383 ……… 150 IV – REFLEXÕES SUGERIDAS PELOS TRATADOS E PELA CHANCELARIA DO REI: O PODER POLÍTICO DE LEONOR TELES, NO SEIO DO “PODER ABSOLUTO” DO REI ……………………………………………………. …… 159 V – A CHANCELARIA DA RAINHA …………………...…………….……… 169 1. Chancelaria da Rainha Consorte ………………………………………..……. 172 1.1 Reflexão sobre a Chancelaria da Rainha Consorte ………………….……… 181 2. Chancelaria da Rainha Regente ……………………………………………… 184 2.1. A Regência de Leonor Teles. Breve Abordagem……………………………187 2.1.1.Reunião com os Homens Bons de Lisboa …………………………………187 2.1.2. A Morte de Juan Fernández de Andeiro …………………………………. 191 2.1.3. O Princípio do Fim ………………………………………………………. 195 2.1.4. A Abdicação ……………………………………………………………… 197 2.1.5. O Arrependimento e a Prisão………………………………………...…… 201 3. Análise da Documentação da Chancelaria da Regência …………………...… 203 4. Reflexão de Final de Capítulo ……………………...………………………… 213 VI – LEONOR TELES EM CASTELA …………………………. ……………. 220 Conclusão ………………………………………………………………………. 234 Fontes e bibliografia ……………………………………………………………. 240 6 PLANO II Volume (Apêndice: suporte textual e suporte digital) INTRODUÇÃO AO APÊNDICE – SUPORTE TEXTUAL 1.TABELAS GENEALÓGICAS Tabela Genealógica dos Teles de Meneses Tabela Genealógica dos Castros Tabela Genealógica dos Albuquerques Tabela Genealógica da Família Real Portuguesa de D. Afonso IV a D. Fernando Genealogia da Primeira Dinastia Árvore de Costados da Rainha D. Leonor

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