Livro: Palácio Itamaraty

Livro: Palácio Itamaraty

ITAMARATY A ARQUITETURA DA DIPLOMACIA 2 COLEÇÃO MEMÓRIA PALÁCIO ITAMARATY A ARQUITETURA DA DIPLOMACIA textos Eduardo Pierrotti ROSSETTI e Graça RAMOS fotografia Graça SELIGMAN COLEÇÃO MEMÓRIA BRASÍLIA, 2017 realização: PALÁCIO ITAMARATY ISBN A ARQUITETURA DA DIPLOMACIA patrocínio: textos Eduardo Pierrotti ROSSETTI e Graça RAMOS fotografia Graça SELIGMAN COLEÇÃO MEMÓRIA 6 COLEÇÃO MEMÓRIA PALÁCIO ITAMARATY A ARQUitETUra DA DIPLOmaCia Ao longo de sua história de 155 anos, a CAIXA consolidou uma imagem de empresa de sucesso estando presente em todos os municípios brasileiros com mais de 60 mil pontos de atendimento. A participação efetiva da CAIXA no desenvolvimento das nossas cidades e sua presença na vida de cada cidadão deste país consolidam-se por meio de projetos de financiamento da infraestrutura e do saneamento básico dos municípios brasileiros; da execução e administração de programas sociais do Governo Federal; da concessão de créditos a juros acessíveis a todos e do financiamento habitacional a sociedade. Atuar na promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável do país como instituição financeira, agente de políticas públicas e parceira estratégica do estado brasileiro, é também a missão desta empresa pública cuja história visita três séculos da vida brasileira. Foi no transcurso desta vitoriosa existência que a CAIXA consolidou sua imagem de grande apoiadora da nossa cultura com seus espaços culturais que, atualmente, impulsionam a vida cultural de sete capitais brasileiras, promovendo e fomentando a produção artística do país e contribuindo de maneira decisiva para a difusão e valorização da cultura brasileira. Com o patrocínio desta publicação da Coleção Memória, a CAIXA reafirma sua política cultural e sua vocação social com o fortalecimento artístico brasileiro e a ampliação das oportunidades de desenvolvimento cultural do nosso povo e de manutenção de suas instituições públicas. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 7 8 COLEÇÃO MEMÓRIA PALÁCIO ITAMARATY A ARQUitETUra DA DIPLOmaCia Índice 11 A memória em primeiro plano 13 Introdução 19 I Parte – ARQUITETURA 21 Itamaraty: a arquitetura da diplomacia1 83 II Parte – ACERVO DE ARTE 85 Escolhas do esteta pragmático 167 Linha do Tempo – Rio de Janeiro e Brasília 172 Itamaraty – The architecture of diplomacy 9 10 COLEÇÃO MEMÓRIA PALÁCIO ITAMARATY A ARQUitETUra DA DIPLOmaCia A memória em primeiro plano O Instituto Terceiro Setor - ITS, organização não governamental sediada em Brasília, vem apresentar ao público a Coleção Memória, de registro histórico, iconográfico, material e imaterial, do patrimônio arquitetônico de Brasília. Por mais que se tenha publicado documentos, análises, ensaios, livros e revistas, há ainda esta lacuna, especialmente para as novas gerações: o inventário dos espaços arquitetônicos da nova cidade moderna concebida por Lucio Costa e Oscar Niemeyer nos anos em que o presidente Juscelino Kubitschek mobiliza toda a nação para sua criação e construção. A salvaguarda de bens culturais, tangíveis e intangíveis, hoje tem a mesma dimensão e representa um único e plural desafio. Com esta Coleção Memória, o ITS vem estrategicamente mapear os principais prédios monumentais, simbolicamente políticos, arquitetonicamente surpreendentes, culturalmente vivos. O primeiro dos livros saiu em 2004. Em 2011, reeditamos os três primeiros volumes e acrescentamos os que tratam da história do Palácio do Planalto e do Palácio da Alvorada. Hoje prosseguimos com a série editando o livro Palácio Itamaraty. Os livros da Coleção Memória são para estudiosos, estudantes, pesquisadores, moradores de Brasília e visitantes que buscam detalhes sobre a paisagem urbana. Novos sentidos para o pensamento e a descoberta, apresentando às novas gerações o sentido de localização e conhecimento concreto da memória. ITS - Instituto Terceiro Setor 11 INTRODUÇÃO EDUARDO PIERROTTI ROSSETTI e GRAÇA RAMOS 14 COLEÇÃO MEMÓRIA PALÁCIO ITAMARATY A ARQUitETUra DA DIPLOmaCia “...quando o nosso palácio fica pronto?” (Wladimir Murtinho) A indagação do embaixador Wladimir Murtinho ao arquiteto Oscar Niemeyer revela em parte o interesse do Ministério das Relações Exteriores em ter seu novo Palácio Itamaraty projetado e construído em Brasília. Mais do que um novo ministério na Esplanada, a nova sede do Itamaraty deveria desempenhar suas funções simbólicas e representativas na nova Capital Federal a fim de legitimar sua existência plena, consagrando o longo processo de sua consolidação. Dentro da chancelaria brasileira, os debates em torno de Brasília como nova capital eram um assunto constante, especialmente após a contribuição do diplomata José Osvaldo de Meira Penna com a publicação do livro “Quando mudam as capitais”, em 1958. E a mudança do Itamaraty demandaria tanto empenho, logística e vontades políticas quanto à da própria capital da beira do Oceano Atlântico para o cerrado do planalto central do Brasil. É certo que, em razão da elevada organização da carreira diplomática, houve uma preparação prévia dessa mudança, desde a constituição da Comissão de Estudos e Planejamento para tratar da transferência do Ministério. Contudo, entre 1960 e 1970, ou seja, entre a inauguração de Brasília e a inauguração definitiva do Palácio Itamaraty, longos dez anos transcorrem, com muitas estórias, acontecimentos e percalços. Hoje, tomados a distância, tais fatos podem parecer menores, contudo uma verdadeira cruzada foi exercitada no dinâmico tabuleiro diplomático do Itamaraty para cumprir essa missão. A presença do Itamaraty no Rio de Janeiro remonta aos tempos do Império, quando o atual palácio foi usado para uma recepção do Conde D’Eu, sendo finalmente transformado em sede do Ministério no início da República, já em 1897. Por 70 anos, o mesmo edifício que recebeu o Imperador D. Pedro II foi o palco para a atuação extraordinária do Barão do Rio Branco, para festas e recepções de presidentes, autoridades estrangeiras e muitos eventos sociais que movimentavam a vida social da capital. Este é um dos aspectos marcantes e amplamente difundidos sobre a atuação do Ministério. Ao mesmo tempo, seus diplomatas devem saber negociar e exercitar o amplo conhecimento 15 16 COLEÇÃO MEMÓRIA PALÁCIO ITAMARATY A ARQUitETUra DA DIPLOmaCia sobre geopolítica, economia, história e cultura para representar o Brasil. Para a crescente atividade do Itamaraty, o conjunto arquitetônico que hoje define o palácio no Rio de Janeiro foi sendo ampliando, reconstruído e acrescido de novos edifícios ao longo deste período em que ele foi sede da chancelaria. Assim, diante da possibilidade de construção de uma nova sede, na nova Capital Federal, o Palácio Itamaraty em Brasília se configurou como uma oportunidade única de modernização institucional, bem como de revigorar a atuação do Brasil no mundo. A nova sede poderia ser um palácio a mais na Esplanada, mas seria pouco para uma instituição secular que integra todo o processo histórico de construção da nação. Ao elevado caráter simbólico da nova sede não poderia deixar de haver uma extraordinária capacidade de operação, uma enorme agilidade em promover acontecimentos e fatos históricos novos, diante da perspectiva generosa e emancipadora que se abria com a inauguração de Brasília. Por tudo isso, a preocupação do embaixador Wladimir Murtinho é bastante justificável. Além de um edifício de arquitetura espetacular, que pudesse se destacar na Esplanada e se integrar ao conjunto de palácios extraordinários já construídos, o novo Itamaraty deveria funcionar ainda melhor que a sede carioca. Para tanto, o novo palácio deveria ser equipado com o melhor do mobiliário brasileiro e dotado de obras de arte da maior qualidade, a fim de fazer com que a chancelaria instalada em Brasília fosse notória em sua qualidade espacial e institucional. É certo que muitas histórias podem vir a ser narradas sobre esse palácio em Brasília, mas aqui nos interessa contar sobre como a arquitetura do Itamaraty foi sendo elaborada, como arquitetos, artistas e diplomatas colaboraram com esse processo. Os fatos da dinâmica política nacional definiram a existência de Brasília e também permeiam a existência do atual complexo arquitetônico do Itamaraty em Brasília, com suas obras de arte, seus jardins, os tapetes e o mobiliário de design moderno ou as peças históricas, criando uma atmosfera palaciana magistral e arrebatadora para consolidar as relações externas do Brasil com o mundo. Afinal, o Itamaraty sabe o que faz! Eduardo Pierrotti Rossetti Graça Ramos 17 ARQUITETURA EDUARDO PIERROTTI ROSSETTI 20 COLEÇÃO MEMÓRIA PALÁCIO ITAMARATY A ARQUitETUra DA DIPLOmaCia Itamaraty: a arquitetura da diplomacia1 “Brasília foi, sem dúvida, grande oportunidade na minha vida profissional...” (Oscar Niemeyer) Brasília é sempre lembrada por seus eixos viários generosos, por seus setores, pelo imenso céu e por sua arquitetura monumental. Com imagens difundidas há décadas, a cidade sempre é mostrada por meio dos espaços amplos do gramado da Esplanada, pelo edifício do Congresso Nacional e por outros palácios: o Planalto, o Supremo e o Alvorada. Mas dentre os edifícios de caráter representativo, o Itamaraty se destaca como o palácio que se insere na paisagem monumental da Esplanada com carga simbólica e expressiva. A nova sede do Ministério das Relações Exteriores em Brasília começa a ser notável desde a predefinição do lugar do palácio nos desenhos de Lucio Costa para o Plano Piloto, que em 1957 ganhou o concurso do plano urbano para a nova capital. Aquele singelo quadrado no limite da Esplanada passou a ser um problema de muitas pranchetas, num longo processo

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