![“Pequena África” De Tia Ciata (1890-1930)](https://data.docslib.org/img/3a60ab92a6e30910dab9bd827208bcff-1.webp)
“PRAÇAS NEGRAS”: TERRITÓRIOS E FRONTEIRAS NAS MARGENS DA “PEQUENA ÁFRICA” DE TIA CIATA (1890-1930) Wallace Lopes Silva Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Relações Etnicorraciais do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, CEFET/RJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Relações Etnicorraciais. Orientadores: Sergio Luiz de Souza Costa, Dr Tamara Tania Cohen Egler, Dr.(Co-orientadora) Rio de Janeiro Dezembro / 2014 ii “PRAÇAS NEGRAS”: TERRITÓRIOS E FRONTEIRAS NAS MARGENS DA “PEQUENA ÁFRICA” DE TIA CIATA (1890-1930) Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Relações Etnicorraciais do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, CEFET/RJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre. Wallace Lopes Silva Aprovado por: ______________________________________________ Presidente, Prof. Sergio Luiz de Souza Costa, Doutor, (orientador) ___________________________________________ Prof.ª Tamara Tania Cohen Egler, Doutora, (co-orientadora-UFRJ) ___________________________________________ Prof.ª Tânia Mara Pedroso Müller , Doutora ___________________________________________ Prof. Renato Nogueira dos Santos Junior, Doutor (UFRRJ) Rio de Janeiro Dezembro / 2014 iii Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do CEFET/RJ S586 Silva, Wallace Lopes “Praças negras”: territórios e fronteiras nas margens da “pequena África” de Tia Ciata (1890-1930) / Wallace Lopes Silva.—2014. ix, 107f. + apêndices: il. (algumas color.) ; enc. Dissertação (Mestrado) Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, 2014. Bibliografia : f. 103-107 Orientador : Sergio Luiz de Souza Costa Coorientadora : Tamara Tania Cohen Egler 1. Samba – Rio de Janeiro (RJ) – História e crítica. 2. Fronteiras. 3. Ciata, Tia, 1854-1924. 4. Negros – Rio de Janeiro (RJ) . I. Costa, Sergio Luiz de Souza (Orient.). iv Caí o pano: A farsa está posta. Salve as crianças do morro do São Carlos, pois bastava sol lá fora e o resto se resolvia. Ao acaso e ao insuportável. Aos afectos da música. v RESUMO “PRAÇAS NEGRAS”: TERRITÓRIOS E FRONTEIRASNAS MARGENS DA “PEQUENA ÁFRICA” DE TIA CIATA (1890-1930). Wallace Lopes Silva Orientadores: Sergio Luiz de Souza Costa ,Doutor Tamara Tania Cohen Egler, Doutora (Co-orientadora) Resumo da dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós- graduação em Relações Etnicorraciais do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, CEFET/RJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre. O que move este trabalho é a tentativa de articular e problematizar as diversas invenções do samba na cidade do Rio de Janeiro. Nosso objetivo teve como foco pensar o samba nas fronteiras e brechas da então conhecida pequena África de Tia Ciata presente na literatura histórica dos anos oitenta. Com isso é possível pensar em um único “nascimento do samba urbano” durante a conjuntura de 1890 a 1930, ocorrendo em lugar fixo e cristalizado? Tal expressividade possui uma delimitação geográfica concreta, sólida e acaba? Uma vez que suas representações giram em torno de reinvenções numa rede simbólica presente nas praças negras da cidade do Rio. O samba proveniente das “praças negras” na cidade do Rio de Janeiro incorporou algumas características urbanas, constitui um elemento marcante da história da cidade, com profundas implicações na compreensão de seu processo de urbanização e conformação de novas espacialidades. Nestes bairros, a convivência entre segmentos raciais, étnicos, híbridos e heterogêneos foi a base para a organização de praças negras que concentravam uma multiplicidade étnica de estilos musicais. As invenções do samba e de suas batucadas mostram a cidade e suas multiplicidades étnicas e geográficas. Palavras-chave: Fronteiras, Praças Negras, Redes, Territórios e Samba. Rio de Janeiro December / 2014 vi ABSTRACT "BLACK SQUARES": TERRITORIES AND BORDERS IN THE EDGE OF TIA CIATA'S "LITTLE AFRICA" (1890-1930). Wallace Lopes Silva Advisor (s): Sergio Luiz de Souza Costa, Doctor : Tania Tamara Cohen Egler, Doctor Abstract of the dissertation submitted to the Graduate Program in Ethnic and Racial Relations of the Federal Center for Technological Education Celso Suckow da Fonseca, CEFET / RJ as part of the requirements needed to obtain the title of Master. What motivates this work is an attempt to articulate and discuss the various inventions of samba in the city of Rio de Janeiro. Our goal was to focus thinking of samba in the borders and in the then known loopholes of Tia Ciata's little Africa present in the historical literature of the eighties. This makes it possible to think of a single "birth of the urban samba" juncture during 1890-1930, occurring crystallized and fixed in place? This expression has a concrete, solid and just geographical boundaries? Since its representations revolve around reinventions a symbolic network present in the black squares of the city of Rio. Samba from the "black squares" in the city of Rio de Janeiro incorporated some urban characteristics, is a striking feature of the history of the city, with profound implications for the understanding of the process of urbanization and configuration of new spatiality. In these neighborhoods, the coexistence between racial, ethnic, hybrid and heterogeneous segments was the basis for the organization of black squares that concentrated ethnic multiplicity of musical styles. The inventions of samba and its drumming show the city and its geographic and ethnic multiplicity. Keywords: Borders, Black squares, Networks, Territories and Samba. Rio de Janeiro December / 2014 vii Sumário Introdução 1 I “Us homi mandô” derrubar: Pereira Passos Vem aí e Atmosfera Urbana (1890-1930) 4 I.1 - Rio de Janeiro da Primeira República: Prelúdios, Arquitetura, Cidade e Contradições 4 I.2 - Atmosfera e a Cidade 7 I.3 - Cenário do Pós-Abolição: Controle e Temor na Cidade 14 I.4 – As Luzes e Sombras no Drama dos Bastidores da Cidade: as Margens da Reforma Urbana 18 I.5 - Teorias Raciais: Ordem, Progresso e Higiene Urbana sobre os Negados da Cidade 19 I.6 - (Des)africanização: Pós-Abolição e o Medo Negro no Cenário do Bota-Abaixo 27 II Transbordamentos nas Margens de Tia Ciata: Outras Vozes na Fronteira da Cidade 35 II.1 - Primeiro Ato: O Fazer Poético do Samba – “Forças Plásticas da Arte” 35 II.2 - Paleta de Cores: Luzes e Sombras do Teatro da Criação 38 II.3 - Afinando os Instrumentos: Segundo Tomo 46 II.4 - As Vozes do Teatro: Barítonos e Tenores do Debate Histórico da Pequena África de Tia Ciata 48 II.5 - Ranchos e Festividades Religiosas: Margens da Pequena África 51 III Multiplicidade Cultural da Casa de Tia Ciata: Casa, Rua e Cidade 64 III.1 - Ato 1: História e o Teatro da Cidade 64 III.2 - Outras Vozes e Cenas dos Bastidores da Cidade 67 III.3 - Praças Negras: Transbordamentos dos Limites Geográficos viii da Pequena África 72 III.4 - Tia Ciata - Mulheres, Casa e Rua: Papéis na Cidade 78 III.5 - Casa de Ciata: Lugar dos Múltiplos e Labirintos 85 Conclusão: a Pausa Musical 91 Referências Bibliográficas 103 Apêndice I 108 Apêndice II 119 ix Lista de Figuras FIG. I.1 O Malho em 1904 23 FIG. I.2 O Malho, Rio de Janeiro, ano III, nº89, 28/5/1904 31 FIG. II.1 Modelo de mapa centralizado na ideia de origem do samba na Pequena África de Tia Ciata 44 FIG. II.2 Modelo de mapa rizomático com diversas origens do samba e ausência de centralidade na Pequena África de Tia Ciata 45 FIG. II.3 Quadro comparativo 46 FIG. III.1 O Malho de 1908 – Recorte moldurado pelo mais requintado e moderno estilo Art Nouveau (Fonte: Fundação Casa de Rui Barbosa) 66 FIG. III.2 Foto de Augusto Malta, ACGRJ. 72 FIG. III.3 Mapa 1 – Demarcações cartográficas do processo de reforma urbana no século XX. 74 FIG. III.4 Mapa 2 -Fonte: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, manuscritos (ver referências bibliográficas) e CECULT- Centro 75 FIG. III.5 Mapa 3 – Projeções espaciais 77 FIG. III.6 MOURA, Roberto, (FUNARTE, 1983) 81 FIG. III.7 MOURA, Roberto, (FUNARTE, 1983) 82 1 Introdução Mostre-me um homem que não seja escravo das suas paixões. William Shakespeare Sentimentos em meu peito eu tenho demais Sentimentos/ Paulinho da Viola Não decore passos, aprenda o caminho”. Klauss Vianna Estabelecendo vizinhanças entre samba e pensamento com a ajuda da filosofia nômade de Deleuze e Guattari, a presente dissertação propõe-se a produzir um exercício de experimentação ou uma zona de tensões e de criação com outras arenas e experiências do pensar. Com isso o samba pode ser experimentado de diversas maneiras e modos, assim como ato de fazer um bolo de fubá por uma dona de casa estaria também encharcado de pensamento, arte e a vida. Ambos elementos não estão separados de uma experiência estética e poética do pensar. O samba, por sua vez, não é uma representação identitária, apenas. De certa forma, são maneirismos 1 de experimentar o mundo com relações estéticas. Vida, arte e sambista não se separam, pois experimentam a criação no seu estado epifânico e estético. Nesse sentido criar conceitos que partam do estético e das relações com o poético, talvez seja o único e grande propósito da filosofia, fazendo do filósofo o experimentador do mundo ao invés do contemplador deste mesmo mundo. O filósofo como aquele que não mais reflete passivamente, mas aquele que se envereda pelo mundo, que se expõe aos contágios e contaminações, fazendo desta experiência o substrato para aquilo que possui de mais intenso enquanto atividade: a criação de conceitos. Isto é o que nos propõem os filósofos franceses Gilles Deleuze e Félix Guattari, levando-nos a pensar numa outra relação com a vida. Esse ensaio por sua vez não escapou do perigo de tal exercício de articular o samba em outras fronteiras do pensamento com a necessidade de esquivar, driblar, atravessar, criar linhas de fuga e saídas estratégicas dos determinismos históricos, geográficos, das ontologias e ethos .
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