
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA WALLACE ANDRIOLI GUEDES POLÍTICA COMO PRODUTO: PRA FRENTE BRASIL E O CINEMA DE ROBERTO FARIAS NITERÓI 2016 WALLACE ANDRIOLI GUEDES POLÍTICA COMO PRODUTO: PRA FRENTE BRASIL E O CINEMA DE ROBERTO FARIAS Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em História. Área de concentração: História social Orientadora: Profª Drª Denise Rollemberg Cruz Niterói, RJ 2016 Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá G924Guedes, Wallace Andrioli. Política como produto: Pra frente Brasil e o cinema de Roberto Farias / Wallace Andrioli Guedes. – 2016. 317f.; il. Orientador: Denise Rollemberg Cruz. Tese (Doutorado) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Departamento de História, 2016. Bibliografia: f. 277-286. 1.Pra frente Brasil (Filme).2. Farias, Roberto, 1932. 3. Embrafilme.4. Ditadura Militar, 1964-1979.5. Brasil.6. Resistência ao governo.I. Cruz, Denise Rollemberg.II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. III. Título. WALLACE ANDRIOLI GUEDES POLÍTICA COMO PRODUTO: PRA FRENTE BRASIL E O CINEMA DE ROBERTO FARIAS Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em História. Área de concentração: História social Aprovada em 12 de maio de 2016 BANCA EXAMINADORA Profª Drª Denise Rollemberg Cruz – UFF Orientadora Prof. Dr. Paulo Knauss de Mendonça – UFF Profª Drª Ana Lúcia Andrade – UFMG Profª Drª Beatriz Kushnir – AGCRJ Prof. Dr. Igor Sacramento – FIOCRUZ Niterói 2016 Ao Zé, que, na ausência, me apresentou a saudade. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente ao Programa de Pós-Graduação em História da UFF, pela oportunidade de desenvolver minha pesquisa. À professora Denise Rollemberg, orientadora impecável, exemplo intelectual e profissional, incentivadora constante dos meus planos, responsável direta pelo êxito da pesquisa. Aos professores Igor Sacramento e Beatriz Kushnir, que muito contribuíram com os avanços do meu trabalho no exame de qualificação. À professora Kushnir, especificamente, agradeço também pelas muitas indicações de bibliografia e fontes que foram incorporadas ao texto, qualificando-o consideravelmente. Aos professores Paulo Knauss, meu orientador no mestrado, e Ana Lúcia Andrade, que aceitaram participar da banca de defesa, enriquecendo ainda mais os debates em torno da minha tese. Aos funcionários da Universidade de São Paulo e da Cinemateca Brasileira, que me ajudaram com o acesso a filmes e outros materiais utilizados na pesquisa. Aos meus generosos alunos da UFJF que, nos últimos dois anos, fizeram parte do processo de reflexão sobre as complexidades da ditadura militar brasileira. A Roberto Farias, que gentilmente me recebeu em sua casa, numa manhã chuvosa de dezembro, para conversar sobre sua paixão maior: o cinema. Aos meus pais Beto e Liessi, irmã Larissa, avós José Maurício (em memória) e Gertrudes, sogros Eduardo e Amélia e cunhada Láisa, pelo apoio incondicional. A Yandara, meu amor, pelo sorriso que inspira, pelo abraço que conforta e por acreditar em mim do início ao fim. Meus filmes são filmes, e não diários ou confissões que me esforcei para passar em linguagem cifrada para a tela. Meus filmes não são “cinéma”, mas entretenimento. (Billy Wilder) Qual o sentido da coerência? (Paulo, personagem do filme Terra em transe) RESUMO Este estudo busca compreender a trajetória do cineasta Roberto Farias em suas múltiplas complexidades, com especial enfoque no filme Pra frente Brasil (1982). Realizado nos anos finais da ditadura militar brasileira (1964-1985), momento em que o próprio Farias voltava a exercer o ofício de diretor de cinema, após bem-sucedida atuação no comando da estatal Embrafilme durante o governo do general Ernesto Geisel (1974-1979), Pra frente Brasil foi censurado por razões políticas. A partir dessa aparente contradição, de um profissional que fez parte do aparato estatal durante o regime ditatorial ter uma obra sua vetada por esse mesmo regime – e num contexto de abertura política –, busca-se, primeiramente, analisar a fundo o filme em questão, seus aspectos estéticos, narrativos e políticos, para compreender sua inserção e impacto no Brasil de 1982/1983 (capítulo 1); em seguida, discute-se em detalhes seu longo e controverso processo censório, em diálogo com as transformações por que passava também a Censura naqueles anos de transição (capítulo 2); num terceiro momento, abre-se o leque analítico para a trajetória profissional de Farias, destacando os filmes que dirigiu (capítulo 3) e sua atuação à frente da Embrafilme (capítulo 4). É importante destacar que, mesmo com esse movimento de ampliação do olhar, Pra frente Brasil permanece no horizonte: propõe-se aqui um diálogo constante e complexo entre o filme e os elementos externos a ele, que permita compreender até que ponto sua realização significou de fato uma ruptura na carreira de Roberto Farias. Palavras-chave: Pra frente Brasil, Roberto Farias, Embrafilme, ditadura militar brasileira, resistência. ABSTRACT This study aims to comprehend the trajectory of the movie director Roberto Farias in its multiple complexities, focusing specifically in the movie Pra frente Brasil (1982). Made in the final years of the Brazilian military dictatorship (1964-1085), a moment in which Farias himself was restarting to work as a movie director after his successful role as the chief of the state company Embrafilme during General Ernest Geisel’s government (1974-1979), the movie Pra frente Brasil was censored due to political reasons. From this apparent contradiction of a professional who was part of the state tool during the dictatorial regime having his work vetted by the same regime – and in a context of political opening – this study tries, first of all, to analyze in depth the movie, its aesthetic, narrative, and political aspects to understand its part and impact in Brazil from 1982 to 1983 (chapter 1); after that, this work discusses its long and controversial censoring process in details, in connection with the transformations which the Censorship itself was going through in the years of transition (chapter 2); in a later moment, the analysis is widened to Farias’s professional trajectory, contrasting the movies directed by him and his work as the head of Embrafilme (chapter 4). It is important to mention that even making this widening movement in the present analysis, Pra frente Brasil is still the main point of this work: what is proposed here is the constant and complex dialogue between the movie and external elements which make possible the comprehension of how much its production meant as a rupture in Roberto Farias’s career. KEYWORDS: Pra frente Brasil, Roberto Farias, Embrafilme, Brazilian military dictatorship, resistance. SUMÁRIO Introdução................................................................................................................................ 11 1. Pra frente Brasil: exegese de um filme............................................................................... 29 1.1. A narrativa de Pra frente Brasil........................................................................................ 30 1.2. Os diálogos cinematográficos de Pra frente Brasil.......................................................... 35 1.3. As representações cinematográficas da ditadura e seus diálogos com Pra frente Brasil .................................................................................................................................................. 54 1.4. Pra frente Brasil: um filme da abertura.......................................................................... 105 2. Pra frente Brasil e a censura cinematográfica................................................................... 116 2.1. A normalidade da censura às diversões públicas no Brasil............................................ 118 2.2. A legislação censória da ditadura e a Divisão de Censura de Diversões Públicas......... 122 2.3. Pra frente Brasil interditado: permanência da censura política...................................... 130 3. O cinema de Roberto Farias............................................................................................... 149 3.1. Roberto Farias e o cinema policial.................................................................................. 154 3.2. Roberto Farias em outros gêneros cinematográficos...................................................... 173 4. Roberto Farias e a Embrafilme.......................................................................................... 226 4.1. A gestão de Roberto Farias na Embrafilme (1974-1979) e as relações entre Estado, cinema e mercado no Brasil durante a ditadura..................................................................... 237 4.2. Roberto Farias e o Cinema Novo entre a resistência e a colaboração............................ 268 Conclusão............................................................................................................................... 276 Bibliografia............................................................................................................................ 283 Matérias de jornais e revistas................................................................................................. 291 Legislação.............................................................................................................................
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