Retratos Do Exílio: Experiências, Solidariedade E Militância Política De Esquerda Na Fronteira Livramento - Rivera (1964-1974)

Retratos Do Exílio: Experiências, Solidariedade E Militância Política De Esquerda Na Fronteira Livramento - Rivera (1964-1974)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA Retratos do exílio: experiências, solidariedade e militância política de esquerda na fronteira Livramento - Rivera (1964-1974). Marlon Gonsales Aseff Florianópolis, dezembro de 2008 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA Retratos do exílio: experiências, solidariedade e militância política de esquerda na fronteira Livramento - Rivera (1964-1974). Marlon Gonsales Aseff Dissertação orientada pelo Professor Dr. Paulo Pinheiro Machado e apresentada a Banca Examinadora Como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em História 2 Florianópolis, Dezembro de 2008 Retratos do exílio: experiências, solidariedade e militância política de esquerda na fronteira Livramento - Rivera (1964-1974). MARLON GONSALES ASEFF Esta disssertação foi julgada e aprova em sua forma final para obtenção do título de MESTRE EM HISTÒRIA SOCIAL BANCA EXAMINADORA: ________________________________________________________________ Prof. Dr. Paulo Pinheiro Machado - Orientador (HST/UFSC) ___________________________________________________________________ Dr. Ricardo Virgilino da Silva (CSO - UFSC) ___________________________________________________________________ Dr. Luiz Felipe Falcão (HST - UDESC) ____________________________________________________________________ Dr. Henrique Espada Rodrigues Lima Filho (Suplente HST - UFSC) 3 SIGLAS: ALN – Ação Libertadora Nacional ANL – Aliança Nacional Libertadora AP – Ação Popular ARENA – Ação Renovadora Nacional CENIMAR – Centro de Informações da Marinha CIE – Centro de Informações do Exército CIEX – Centro de Informações do Exterior DOPS – Departamento de Ordem Política e Social FRENTE AMPLA – Oficializada em 19 de novembro de 1966, grupo político que reuniu Carlos Lacerda, Juscelino Kubitscheck e João Goulart contra o regime militar. FRENTE AMPLA – O mesmo que Frente Amplio FRENTE AMPLIO – Coalizão de centro esquerda uruguaia FUG – Frente Única Gaúcha MDB – Movimento Democrático Brasileiro MNR – Movimento Nacional Revolucionário MLN-T – Movimiento de Liberación Nacional - Tupamaros M3G – Marx, Mao, Marighella e Guevara OLAS – Organização Latinoamericana de Solidariedade PCB – Partido Comunista Brasileiro PCBR – Partido Comunista Brasileiro Revolucionário PC do B – Partido Comunista do Brasil 4 PCU – Partido Comunista Uruguaio PSD – Partido Social Democrático PTB – Partido Trabalhista Brasileiro SNI – Serviço Nacional de Informações SUPRA – Superintendência da Reforma Agrária UNE – União Nacional de Estudantes VAR-PALMARES – Vanguarda Armada Revolucionária Palmares VPR – Vanguarda Popular Revolucionária 5 RESUMO Esta pesquisa aborda as experiências de militantes políticos, exilados na cidade de Rivera, e sua cidade gêmea, Santana do Livramento, na fronteira Brasil-Uruguai. Trata dos modos de sobrevivência e de solidariedade vivenciados por esse grupo, bem como as negociações com o poder ditatorial estabelecido a partir de 1964, e a militância política de resistência constituida a partir daquele território. Para tanto, utilizou-se da História Oral e de embasamentos da Micro-História na reconstituição do cotidiano daquela região em um período de 10 anos a partir de 1964. Por esta fronteira passaram militantes de expressão política naquele momento e que viriam a consolidar suas lideranças posteriormente, com a redemocratização do país. Ali se estabeleceu um território permeado pela solidariedade, onde ativistas e a população local trocaram experiências e partilharam momentos de tensão e esperança. Palavras-chave: exílio, ditadura, memória, fronteira, solidariedade. ABSTRACT This investigation explores the experiences of political militants, exiled on the city of Rivera, and its twin, the city of Santana do Livramento, on the border Brasil-Uruguai. Approach the ways of survival and solidarity, as well the negociations that this group developed with the brazilian dictatorship, in a period that begins in 1964 and for the next ten years. The people from these cities lived in the two past centuries a series of common fights and political activisms that exceed the limits of the simple instititucional line that separate both nations. Revolutions and political fights that are conspired at those places influenced the political destiny of the borders of South America. In 1964, with the coup d` état that shake the political structures in Brazil, this unusual border play the part of a decisive turn, one more time, in the history of South America political fights. Key-Words: exile, dictatorship, border, solidarity, memory. 6 Sumário Agradecimentos............................................................................................................8 Apresentação.................................................................................................................9 CAPÍTULO I De Fronteira e exílios: um cotidiano diferente. 1.1. Uma cidade diferente............................................................................................. 17 1.2. Entre combates e exílios........................................................................................ 22 1.3. A fronteira através da literatura............................................................................. 27 1.4. Excludente através das décadas..............................................................................31 1.5. A FUG conspira em Rivera.....................................................................................35 1.6. A chacina dos comunistas.......................................................................................38 CAPÍTULO II Do outro lado da fronteira: Os caminhos da solidariedade. 2.1. “Todos para Rivera”................................................................................................47 2.2. Homens de fronteira, ratos! ....................................................................................59 2.3. A imprensa na linha de fogo....................................................................................68 2.4. Rota natural de fuga.................................................................................................76 2.5. Rumo a Montevidéu, passando pela fronteira..........................................................81 2.6. Os Lares da acolhida................................................................................................85 2.6.1. Orlando Burmann: recepção e passagem..............................................................87 2.6.2. Calle Molles 534 - O esquema de fronteira .........................................................98 2.6.3. Tentativa de Seqüestro em Rivera.......................................................................106 2.7. Romeu Figueiredo de Mello: resistência possível..................................................111 2.8. A família Santana: combatentes da desigualdade...................................................121 2.8.1. A chácara do Castelhano .....................................................................................122 2.8.2. A casa da Calle Paysandu....................................................................................124 2.9. “Antônio Almafuerte”, desafiando o arbítrio.........................................................127 2.10. O “Hotel” de Nery Medeiros................................................................................138 2.11. Família Penalvo: com Jango no exílio..................................................................142 CAPÍTULO III Trabalho, experiências e solidariedade no exílio 3.1 Mallharia Burmann, êxitos, fracassos e sobrevivência ............................................154 3.2 Sobrevivência e militância, uma difícil opção..........................................................160 3.3 Espaço de contato e solidariedade, a Confeitaria Metropolitana..............................163. 3.3.1 Um guerrilheiro na Metro.......................................................................................167 3.4.Adán Fajardo luta pela dignidade..............................................................................171 3.5 Redes de amizade, parentesco, negociações .............................................................182 Considerações Finais......................................................................................................191 Fontes Bibliográficas......................................................................................................195 7 AGRADECIMENTOS Esta pesquisa não poderia ser realizada sem a confiança em mim depositada pelos membros do Programa de Pós-graduação em História (PPGH), que aceitaram a tarefa proposta, incentivando e estimulando na absorção de uma carga teórica fundamental para a conclusão do desafio que foi estudar esse período ainda delicado na história recente do país, e particularmente na fronteira do Brasil e Uruguai. Agradeço ao CNPQ, por ter proporcionado uma bolsa de estudos, que foi fundamental para a realização da pesquisa, bem como a FAPEU, que possibilitou viagens e auxílio para a conclusão deste trabalho. Agradeço a colaboração fundamental de Liane Chipollino Aseff, que sugeriu novas perspectivas de abordagem, indicou fontes e compartilhou de muitas incursões de campo em sua fase inicial. Também o apoio de minha família, nas pessoas de Maria Helena e Jesus Aseff, sempre prestativos e prontos para auxiliar. Agradeço

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