Provedor Do Ouvinte Relatório De Actividade 2018

Provedor Do Ouvinte Relatório De Actividade 2018

Provedor do Ouvinte Relatório de Actividade 2018 João Paulo Guerra Provedor do Ouvinte Lisboa, Janeiro 2019 Relatório de Actividade do Provedor do Ouvinte 2018 No uso da competência prevista na alínea f) do n.º 1 do artigo 37.º dos Estatutos da Rádio e Televisão de Portugal, S.A., aprovados pela Lei n.º 39/2014, de 9 de Julho, apresenta-se este relatório de actividade relativo ao ano de 2018, durante o qual o signatário exerceu a função de Provedor do Ouvinte. Na capa: o técnico Sérgio Rodrigues na torre do Centro Emissor do Mendro. © Direitos Reservados 2 Índice Introdução ……………………………………………………………………………............... 5 Gente feliz com rádio ……………………………………………………………………................ 5 I – 2018: Recordar para não esquecer ……………………………………............. 9 1. Ouvintes, Técnicos e Provedor, a mesma causa ……………………………….. 13 2. Desinvestimentos em várias frentes………………………………...……….......... 17 3. Multimédias ……………………………………………………………………….………...... 21 4. Cronologia de uma crise técnica …………………………………………..………..... 28 5. Discriminação positiva ………………………………………………………..………...... 32 II – Crises dentro da crise ………………………………………………………………………... 35 1. – Activos descartados ……………………………………………………….………........ 35 2. – Em busca da marca perdida …………………………………………………………... 39 3. – Em defesa do Serviço Público ………………………………………………………... 43 III – A Rádio e os Ouvintes através do Provedor ……………………………………... 47 1. Informação e comentário na agenda dos Ouvintes ………………………...... 48 a) Um caso exemplar: um mau exemplo ………………………….………..... 49 b) O sentido das palavras ………………………………………………………..... 53 2. – Futebol e outros jogos …………………………………………………………………... 54 3. – Outros campos ……………………………………………………………………………... 58 IV – Em Nome dos Ouvintes …………………………………………………………..………... 61 V – Concluindo… …………………………………………………………………………………….... 65 VI – Anexos …………………………………………………………………………………………….... 67 1. Análise estatística das mensagens recebidas ……………………………...…… 69 2. Ouvintes questionam – Provedor responde ……………………………………….. 77 3. Em Nome do Ouvinte – guiões do programa …………………………………...... 145 Notas de fim ……………………………………………………………………………….................. 358 3 4 Introdução Gente Feliz com Rádio Na Rádio é que eu me sinto Feliz. António Macedo, entrevista ao Provedor, Em Nome do Ouvinte, 11 Maio 2018 O meu sonho é passar um mês sem ouvir falar que há avarias na rádio. Já fico feliz. Confissão do Director Técnico ao Provedor do Ouvinte, 20 Outubro 2018 No ano de 2018 expôs-se em toda a sua dimensão a crise técnica latente no funcionamento de instalações e equipamentos desadequados, fora de prazo, de regeneração sempre adiada, sempre postergada para próxima oportunidade, para futuro orçamento, talvez para um milagre, numa estação de Rádio subalterna e discriminada no seio da empresa mãe. A crise técnica da Rádio bateu de tal maneira no fundo que se pensou que não haveria mais fundo e que, a partir de então, teria forçosamente que se iniciar a ascensão. E aí começou a raiar alguma esperança e alguma alegria. Nos últimos dias de Julho e nos primeiros de Agosto, quando se ergueu nova torre no Centro de Emissores de Monsanto, havia felicidade nos rostos do grupo que se juntou para colocar e para testemunhar a colocação dos dipolos na nova torre da Marinha Portuguesa, pelos técnicos trepadores da Rádio do Serviço Público. Estava para acabar uma crise que os ouvintes tinham sinalizado e cujos efeitos o programa do Provedor tinha divulgado intensamente. 5 A felicidade durou pouco tempo. Em consequência dos critérios contabilísticos da Administração da RTP, que determinaram que se instalassem novas antenas mas não, para já, um novo quadriplexer, que recebesse e redistribuísse os sinais, a incompatibilidade entre equipamentos novos e velhos deu mau resultado e levou a que um esforço enorme resultasse em novo abaixamento forçado de potência. Poucos dias antes ainda reinava a confiança reinstaurada na Rádio com a colocação das novas antenas em Monsanto. E até o novo Director de Engenharia da RTP, Carlos Barrocas, se permitia manifestar tímidos e prudentes sonhos de felicidade: «O meu maior sonho é passar um mês sem ouvir falar de avarias na Rádio. Já fico feliz.» i Foi uma desilusão para os ouvintes. Mal comparado foi como em Maio, quando António Macedo, a caminho da recuperação de um acidente nas instalações da RTP, anunciou no programa do Provedor de 11 desse mês: «Segunda-feira, se tudo correr bem, volto a estar em programa». ii E voltou. Voltou na segunda-feira, 14 de Maio, para fazer felizes todos os ouvintes que acompanharam com desvelo o seu estado clínico. Voltou em Maio, maduro Maio, para sair de vez em Junho. Ninguém queria acreditar, menos ainda os ouvintes que fizeram votos pelo seu regresso à antena do Serviço Público. A RTP e a Rádio do Serviço Público – a célebre Rádio, meio de comunicação de maior credibilidade na Europa e em Portugal iii – viveram de crise em crise neste ano de 2018. E os ouvintes foram dando pelas incidências dos períodos críticos ao longo do ano. Em 2018, o Provedor recebeu e respondeu a 623 mensagens de ouvintes, menos do que as mensagens recebidas em 2017 e 2015, mais do que em 2016, 2014 e 2013. Esta é a trave mestra da intervenção do Provedor, a correspondência dos ouvintes. O Provedor reúne a informação necessária para responder aos ouvintes e responde com frequência até a perguntas subsequentes que resultam dos esclarecimentos iniciais. Depois condensa dúvidas e respostas, ideias e propostas, no programa semanal “Em Nome do Ouvinte”. 6 As mensagens dos ouvintes vão servindo de barómetro sobre a situação da Rádio. Como seria de esperar, as questões técnicas foram as principais razões de queixa dos ouvintes no ano de 2018. A crise técnica ameaçou a execução do contrato de serviço público, pois o primeiro dever do Serviço Público de Rádio e de Televisão, nos termos do contrato de concessão em vigor, celebrado entre o Estado e a empresa Rádio e Televisão de Portugal (RTP), em 6 de Março de 2015, é o de garantir a acessibilidade dos cidadãos aos serviços difundidos. A sucessão de outras crises que assolaram a RTP em 2018 em nada ajudaram a empresa a cumprir com honra o contrato do serviço público. E esse foi também o papel nefasto da crise de confiança que se declarou com o desinvestimento da Rádio em alguns dos seus activos humanos mais valiosos. Em Junho, quando a crise técnica parecia a caminho de resolução mas se abriu a crise de confiança com o afastamento de António Macedo, deu-se um encontro de vontades não previsto nem agendado. Por sugestão de Adelino Gomes e José Nuno Martins, aos quais se juntou Mário Figueiredo, reuniram-se o actual e antigos Provedores do Ouvinte originários da radiodifusão. Uma conversa franca, rigorosa e profunda: o actual Provedor informou os seus pares sobre a situação técnica da Rádio e o desperdício de activos, cotejando todos a situação com anteriores crises da Rádio. «O que nos contaste foi duríssimo de ouvir», desabafou Adelino Gomes, declarando, com José Nuno Martins e Mário Figueiredo, todo o apoio às posições que o Provedor tomara ou viesse a tomar. E a simples força e firmeza daqueles apertos de mão na tarde de 22 de Junho de 2018 fortaleceu a certeza no futuro da Rádio e na felicidade dos que a amam. 7 8 I. 2018: Recordar para não esquecer O primeiro dever do Serviço Público de Rádio e de Televisão, nos termos do contrato de concessão em vigor, celebrado entre o Estado e a Rádio e Televisão de Portugal em 6 de Março de 2015, é o de garantir a acessibilidade dos cidadãos aos serviços difundidos. Sem difusão segura e cobertura eficiente do território de nada servem os conteúdos que sem condições de irradiação não chegam ou mal chegam aos respectivos destinatários, os ouvintes. Durante mais de metade do ano de 2018, as condições de distribuição dos sinais de radiodifusão do serviço público estiveram altamente condicionadas na região da Grande Lisboa, onde se encontra a maior concentração de ouvintes do país. Assim, cerca de 30% da população ouvinte, a que acresce um universo de potenciais ouvintes, foram afectados pela capacidade diminuída de difusão de rádio. Com efeito, os emissores da Antena1, Antena2, Antena3 e RDP África localizados na Estação Emissora da Serra de Monsanto, concelho de Lisboa, estiveram a funcionar, segundo um plano de contingência, com redução de potência de 10 KW para 2 KW, afectando a cobertura de Lisboa, algumas localidades das áreas limítrofes e a populosa margem sul do Tejo. Em Agosto, depois de erguida nova torre e ali instaladas as antenas do serviço público de rádio, registou-se nova avaria, originada por incompatibilidade entre equipamentos novos e antigos, o que impôs novo período de emissão de contingência, embora sem afectar desta vez de forma mensurável a cobertura, conforme reportado pela direção técnica. A par das avarias persistentes de maior dimensão, como a de Monsanto, registaram-se igualmente, em 2018, frequentes avarias nos estúdios, por efeito de mesas obsoletas e de deficiências no funcionamento do gestor e distribuidor de conteúdos – o “famigerado Dalet”, nas palavras do Director Técnico da Rádio, Carlos Barrocas iv –, bem como falhas constantes no material de transmissões exteriores, as quais fizeram da Rádio da RTP um mórbido serviço público. 9 Neste cenário, as vulnerabilidades existentes só não tiveram consequências mais catastróficas porque a Rádio, que não tem santo padroeiro, descobriu os seus patronos nos homens e mulheres que fazem no dia-a-dia o milagre de manter no ar a transmissão das ondas electromagnéticas, com coragem e competência e, por vezes, com risco físico: a renovação das antenas da Foia foi executada à altura de 22 andares, em Março de 2018; a emissão da A1, A2 e A3 a partir da Estação Emissora da Serra do Muro, também em Março, foi reposta no cimo das antenas sob forte nevão. A crise vivida na Rádio em 2018, e que já se encontrava iminente, devido à falta de investimento como oportunamente reportado pelo Provedor do Ouvinte, detonou no fim- de-semana de 10 e 11 de Dezembro de 2017, quando a Tempestade “Ana” passou por Lisboa. A Antena1 deu a notícia, reduzida a meia dúzia de linhas por efeito do formato “piloto automático” das madrugadas e fins-de-semana das emissões e mesmo dos noticiários.

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