MANUAL DE DESASTRES VOLUME I DESASTRES NATURAIS Brasília - 2003 1 MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL Ministro da Integração Nacional CIRO GOMES Secretário Nacional de Defesa Civil JORGE DO CARMO PIMENTEL 2 Autor ANTÔNIO LUIZ COIMBRA DE CASTRO Co-Autores LELIO BRINGEL CALHEIROS MARIA INÊZ RESENDE CUNHA MARIA LUIZA NOVA DA COSTA BRINGEL Revisão ANA ZAYRA BITENCOURT MOURA Colaboração FRANCISCO QUIXABA FILHO RAIMUNDO BORGES Montagem MARIA HOSANA BEZERRA ANDRE MARIA INÊZ RESENDE CUNHA MARIA LUIZA NOVA DA COSTA BRINGEL Capa e Digitação MARCO AURÉLIO ANDRADE LEITAO 3 SUMÁRIO CAPITULO I - DESASTRES NATURAIS DE ORIGEM SIDERAL TÍTULO I - IMPACTO DE CORPOS SIDERAIS 1 - Impacto de Meteorito CAPITULO II - DESASTRES NATURAIS RELACIONADOS COM A GEODINÂMICA TERRESTRE EXTERNA TITULO I - DESASTRES NATURAIS DE CAUSA EÓLICA 1 - Vendavais ou Tempestades 2- Vendavais Muito Intensos ou Ciclones Extratropicais 3-Vendavais Extremamente Intensos, Furacões, Tufões ou Ciclones Tropicais 4 - Tornados e Trombas d’Água . TITULO II - DESASTRES NATURAIS RELACIONADOS COM TEMPERATURAS EXTREMAS 1 - Ondas de Frio Intenso 2 - Nevadas 3 - Nevascas ou Tempestades de Neve 4 - Aludes ou Avalanches de Neve 5 - Granizos 6 - Geadas 7 - Ondas de Calor 8 - Ventos Quentes e Secos . TITULO III - DESASTRES NATURAIS RELACIONADOS COM O INCREMENTO DAS PRECIPITAÇOES HÍDRICAS E COM AS INUNDAÇÕES 1 - Enchentes ou Inundações Graduais 2 - Enxurradas ou Inundações Bruscas 3 - Alagamentos 4 - Inundações Litorâneas Provocadas pela Brusca Invasão do Mar TITULO IV - DESASTRES NATURAIS RELACIONADOS COM A INTENSA REDUÇÃO DAS PRECIPITAÇÕES HÍDRICAS . 1 - Estiagens 2 - Seca 3 - Queda Intensa da Umidade Relativa do Ar 4 - Incêndios Florestais CAPÍTULO III - DESASTRES NATURAIS RELACIONADOS COM A GEODINÂMICA TERRESTRE INTERNA 4 TITULO I - DESASTRES NATURAIS RELACIONADOS COM A SISMOLOGIA 1 - Terremotos, Sismos e/ou Abalos Sísmicos 2 - Maremotos e Tsunamis. TITULO II - DESASTRES NATURAIS RELACIONADOS COM A VULCANOLOGIA 1 - Erupções Vulcânicas TITULO III - DESASTRES NATURAIS RELACIONADOS COM A GEOMORFOLOGIA, O INTEMPERISMO, A EROSÃO E A ACOMODAÇÃO DO SOLO 1 - Escorregamentos ou Deslizamentos 2 - Corridas de Massa 3 - Rastejos 4 - Quedas, Tombamentos e/ou Rolamentos CAPITULO IV - DESASTRES NATURAIS RELACIONADOS COM DESEQUÍLIBRIOS NA BIOCENOSE TITULO I - PRAGAS ANIMAIS 1 - Ratos Domésticos 2 - Morcegos Hematófagos 3 - Ofídios Peçonhentos 4 - Gafanhotos 5 - Formigas Saúvas 6 - Bicudos 7- Nematóides TITULO II - PRAGAS VEGETAIS 1- Fragas Vegetais Prejudiciais à Pecuária 2 - Pragas Vegetais Prejudiciais à Agricultura 3 - Maré Vermelha REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 5 Apresentação Há uma vasta bibliografia sobre desastres, mas poucos trabalhos, especialmente no Brasil, permitem uma visão geral. No presente Manual, procurou-se agregar um volume significativo de informações sobre os desastres provocados por fenômenos e desequilíbrios da natureza, de ocorrência no Brasil e nos outros países. Os demais tipos de desastres, ou seja, aqueles provocados pela ação ou omissão do homem e os mistos serão assunto de outros volumes, já em fase final de elaboração. O Manual de Desastres Naturais - Volume I, ora apresentado pela Defesa Civil, foi elaborado com base na Classificação Geral dos Desastres e na Codificação de Desastres, Ameaças e Riscos - CODAR, aprovadas pela Resolução nº 2, do Conselho Nacional de Defesa Civil, e aborda cada desastre utilizando a seguinte sistemática: - Características; - Causas; - Ocorrência; - Principais Efeitos Adversos: - Monitorização. Alerta e Alarme; - Medidas Preventivas. O tema deste Manual foi desenvolvido em 4 capítulos, detalhando os desastres naturais relacionados com: - o impacto de corpos oriundos do espaço sideral sobre a superfície da Terra; - os fenômenos atmosféricos, meteorológicos e/ou hidrológicos que ocorrem na atmosfera terrestre; - as forças atuantes nas camadas superficiais e profundas da litosfera; - a ruptura do equilíbrio dinâmico entre os biótopos e a biocenose dos ecossistemas e na própria biocenose. Neste Manual, não se pretende esgotar o assunto, e, por se tratar de versão preliminar, é de grande importância a contribuição de técnicos das áreas setoriais, das Defesas Civis estaduais e municipais e dos órgãos de apoio do Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC, para o enriquecimento deste trabalho. Deseja-se, portanto, que este Manual sirva de referencial técnico para o estudo e o gerenciamento dos desastres, em todo o território nacional. 6 CAPÍTULO I – DESASTRES NATURAIS DE ORIGEM SIDERAL CODAR:NS/CODAR: 11 TÍTULO I - IMPACTO DE CORPOS SIDERAIS 1 - Impacto de Meteoritos 7 TÍTULO I – IMPACTO DE CORPOS SIDERAIS CODAR: NS.Q/CODAR: 11.1 Introdução Desastres naturais de origem sideral podem ocorrer como conseqüência do impacto de corpos oriundos do espaço sideral sobre a superfície da Terra. Os corpos siderais têm atingido a Terra e outros planetas do sistema solar, bem como seus satélites, desde sua remota formação, há mais de 4,5 bilhões de anos. 8 Impacto de Meteoritos CODAR: NS.QMT/CODAR: 11.101 Caracterização Qualquer corpo sideral que impacte contra a Terra é denominado de meteorito, independentemente de sua origem. Ao penetrar na atmosfera terrestre, sua velocidade inicial aproxima-se de 75 km/s, sendo freada pelo atrito com os fluidos gasosos da atmosfera, atingindo uma velocidade terminal superior a 25 km/s. O atrito torna os meteoritos incandescentes e luminosos. Os meteoritos podem ser subdivididos em: - carbonáticos, que são extremamente friáveis e queimam com tal intensidade na fase incandescente, que dificilmente atingem a superfície da Terra; - assideritos ou aerólitos, os quais podem ser constituídos principalmente por silicato de alumínio, de composição semelhante à do SIAL, camada mais externa da crosta terrestre, ou por silicato de magnésio, de composição semelhante à do SIMA, camada intermediária do globo terrestre; - sideritos, constituídos por uma liga de ferro (92%) e níquel (8%), de composição semelhante à do NIFE, que constitui o núcleo externo do globo terrestre; - litossideritos, quando constituídos por porções rochosas e metálicas; - fragmentos gelados dos cometas, que podem provocar grandes explosões ao atingirem as camadas mais adensadas da atmosfera. Dependendo do tamanho do fragmento, essa explosão pode provocar um impacto superior ao de numerosas bombas de hidrogênio. Meteoritos são corpos siderais cujas massas variam entre centigramas e várias toneladas. Originados no espaço interplanetário, ao entrarem na atmosfera, tornam-se incandescentes em função do atrito e acabam por impactar sobre a superfície da Terra. Esses corpos siderais têm duas origens principais: - asteróides; - fragmentos de cometas. Asteróides Os asteróides foram identificados a partir de 1801 e, ao longo dos anos, registrou-se mais de 1.560 deles, gravitando em torno do Sol, numa órbita intermediária entre Marte e Júpiter. Para alguns cientistas, esses asteróides, também chamados de objetos Apollo, são restos de um planeta que primitivamente orbitava entre Marte e Júpiter. Esse planeta, que tinha aproximadamente um terço da massa da Terra, por algum motivo fragmentou- se, dando origem ao atual cinturão de asteróides, que continua ocupando sua órbita primitiva. Para outros cientistas, o processo de consolidação desse planeta hipotético foi interrompido pela ação interativa das forças de gravidade do planeta Júpiter e do Sol, e os asteróides seriam os corpos resultantes da interrupção do processo. Dentre os asteróides mais volumosos, destacam-se o Hephaistos, com 8 km de diâmetro e o Nereus, com 4 km. Cometas Os cometas são corpos siderais que desenvolvem longas órbitas excêntricas entre Plutão e o Sol. São constituídos por aglomerados de gelo e de outras partículas cósmicas e, morfologicamente, formados por um núcleo condensado, uma aura mais luminosa denominada cabeleira ou coma e uma cauda que sempre se distribui em sentido oposto ao do Sol. O astrônomo holandês Jan Oort, falecido em 1992, descobriu, além de Plutão, nos confins do sistema solar, uma nuvem repleta de partículas de gases congelados e de detritos do espaço cósmico. Essa nuvem é conhecida como Nuvem de Oort, em homenagem ao seu descobridor. Segundo os cientistas atuais, os cometas são gerados na Nuvem de Oort e, ao receberem um “chute gravitacional” provocados pela passagem de um conglomerado de poeira e gás, iniciam sua derrota em direção ao Sol. Na medida em que os cometas aproximam-se do Sol, ganham velocidade, e o calor solar transforma os gases congelados em vapor que, juntamente com partículas ionizadas do espaço sideral, formam a coma e a cauda do cometa. As órbitas dos cometas em princípio são elípticas, mas, algumas vezes, a excentricidade pode aproximar-se da unidade, caracterizando órbitas parabólicas, tendentes a hiperbólicas. Aproximadamente 514 cometas, com órbitas conhecidas, já foram catalogados. Desses, aproximadamente 216 possuem órbitas nitidamente elípticas e 67 têm períodos inferiores a 10 anos, dos quais 31 retornam às proximidades da Terra a intervalos regulares. Os cometas mais citados, inclusive pela imprensa, são os de: HalIey, Encke, Biella, Brooks, Swift-Tuttle e, recentemente, o Shoemaker-Levy 9. O cometa Halley tem uma órbita periódica de 76 anos. Sua última aproximação ocorreu em 1986 e provavelmente retornará em 2.062. O cometa Swift-Tuttle, detectado em 1862, retornou no dia 07 de novembro de 1992, passando a 177 milhões de quilometro da Terra. Esse cometa é responsável pelas tempestades de meteoritos Posseidon, que ocorrem anualmente em agosto, quando a Terra
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