O Corpo, O Pensamento E a Palavra Na Poesia De Arnaldo Antunes

O Corpo, O Pensamento E a Palavra Na Poesia De Arnaldo Antunes

1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LITERÁRIOS MARINA VALESQUINO AFFONSO DOS SANTOS O CORPO, O PENSAMENTO E A PALAVRA NA POESIA DE ARNALDO ANTUNES UBERLÂNDIA 2018 1 MARINA VALESQUINO AFFONSO DOS SANTOS O CORPO, O PENSAMENTO E A PALAVRA NA POESIA DE ARNALDO ANTUNES Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-graduação em Estudos Literários, Curso de Mestrado em Estudos Literários do Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Estudos Literários Linha de pesquisa: Literatura, Outras Artes e Mídias. Orientador (a): Professor Dr. Leonardo Francisco Soares UBERLÂNDIA 2018 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil. S237c Santos, Marina Valesquino Affonso dos, 1965- 2018 O corpo, o pensamento e a palavra na poesia de Arnaldo Antunes / Marina Valesquino Affonso dos Santos. - 2018. 124 f. : il. Orientador: Leonardo Francisco Soares. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários. Disponível em: http://dx.doi.org/10.14393/ufu.di.2018.215 Inclui bibliografia. 1. Literatura - Teses. 2. Literatura brasileira - História e crítica - Teses. 3. Antunes, Arnaldo, 1960- - Crítica e interpretação - Teses. I. Soares, Leonardo Francisco. II. Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários. III. Título. CDU: 82 Gerlaine Araújo Silva – CRB-6/1408 MARINA VALESQUINO AFFONSO DOS SANTOS o coRPon o PENSAMENTO E A PALAVRA NA POESIA DE ARNALDO ANTTINES Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Literiirios - Curso de Mestrado em Estudos Litenírios do Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia, como parte dos requisitos necessarios à obtenção do título de Mestre em Letras, área de concentração: Estudos Literiírios. Uberlândia,28 de Fevereiro de 2018. Banca Examinadora: Prof. Dr. Leonardo Francisco Soares/ UFU (Presidente) t ''í'2'- u Dra. Georgia Cristina Amitrano/ UFU 3 Ao simples fato de poder escolher Como se deseja conhecer. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço, À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) que financiou integralmente esta pesquisa. Ao professor Dr. Leonardo Francisco Soares por sua postura profissional, por eleger meu projeto para orientar e por todas as suas observações sensatas, que trouxeram, ao longo desse período, ao mestrado, segurança e tranquilidade. Ao Instituto de Letras e Linguística através do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários pelo compromisso, atenção e responsabilidade com todas as formalidades técnicas. Aos membros da Banca Examinadora do Exame de qualificação, Profa. Dra. Georgia Cristina Amitrano e Prof. Dr. Sérgio Guilherme Cabral Bento, que contribuíram imensamente para aprimorar o raciocínio e, consequentemente, a reflexão sobre a redação desta pesquisa. À minha família, que me viu por perto, sempre longe... Obrigada pela compreensão. 5 “A tarefa do artista é tornar o ser humano desconfortável, e contudo somos conduzidos a uma grande obra através de uma química involuntária, como um cão a farejar; ele não é livre, não sabe fazer de outra forma, fareja, e o instinto faz o resto.” (Lucian Freud – Lucian Freud por Sebastian Smee) 6 RESUMO Os poemas de Arnaldo Antunes existem como faces de um conjunto definidas pelas palavras, nas quais as fixações gráficas da linguagem recebem contornos na extensão do papel, desenham-se na tela do computador, na animação em vídeo e são constantemente retomadas e redesenhadas em forte vínculo performativo. A presença do corpo faz parte do itinerário temático do poeta e recebe dimensões categóricas que contribuem para que a existência espacial se concentre em acomodações que fogem ao simples pestanejar de um único suporte. A panorâmica dessas atitudes poéticas está presente no livro Como é que se chama o nome disso: antologia, publicado em 2006, pela Publifolha. A coletânea de poemas, letras de músicas, ensaios, caligrafias, entrevistas e uma parte de inéditos recepcionam uma realidade comprometida com o percurso dos procedimentos do artista que prioriza tanto o ato da escrita quanto a possibilidade de projetar-se em expressões que se reescrevem em outras modalidades de leituras, em outras plataformas. O lugar comum que prende a atenção diante dos poemas de Arnaldo Antunes reside em uma dinâmica que ocupa racionalmente a observação sem, no entanto, desocupar-se de sua complexidade introspectiva. As linhas traçadas, o desenho do corpo do poema, o corpo da pessoa-artista em atitude de performance, envolvem um universo imbricado que resguarda o vocábulo, amplifica o substantivo, substantiva o verbo e verbaliza o substantivo: são as coisas que estão aí – na consciência, na comunicação, no fazer, na existência – com autonomia e que são regidas como pontos de concentração, como organismos que demarcam a estrutura instrumental filosófica, artística e literária em toda sua corporeidade. A palavra: porto seguro para o poeta, unidade mínima que o possibilita se aventurar para outras linguagens, fonte originária da interação entre os homens, caractere responsável por descrições sobre resultados das atividades científicas, é ponderada sobre seus usos pelos filósofos pré-socráticos, perpassa pela Semiologia de Ferdinand de Saussure e Roland Barthes, pela Semiótica de Charles S. Pierce, pela consideração tonal da voz durante o ato performático desenvolvida por Paul Zumthor, concentra-se em alguns pontos-chave da Filosofia Contemporânea e encontra o eixo central, intencional, movente deste estudo: o sentido, o sensível e a sensibilidade, inerente à poesia de Arnaldo Antunes, vistos pela ótica fenomenológica de Maurice Merleau-Ponty, que se desdobra como toque da poeticidade, como rastro das imagens e com o mundo percebido segundo a sensação-percepção-conhecimento. Palavras-chave: Arnaldo Antunes; Palavra; Pensamento: Corpo; Linguagem Poética 7 ABSTRACT The poems of Arnaldo Antunes exist as a set of words defined in which the graphical fixations of the language receive contours in the extension of the paper, they are drawn on the screen of the computer, in the video animation and are constantly retaken and redesigned in strong performative bond. The presence of the body is part of the thematic itinerary of the poet and receives categorical dimensions that contribute to the spatial existence concentrating in accommodations that escape the simple blink of a single support. The panorama of these poetic attitudes is present in the book Como é que se chama o nome disso: antologia, published in 2006, by Publifolha. The collection of poems, song lyrics, essays, calligraphy, interviews and a part of unpublished ones welcome a reality committed to the course of the artist's procedures that prioritizes both the act of writing and the possibility of projecting itself into expressions that are rewritten in readings on other platforms. The common place that holds attention to the poems of Arnaldo Antunes lies in a dynamics that occupies rationally the observation without, however, vacate its introspective complexity. The lines drawn, the design of the body of the poem, the body of the person-artist in performance attitude, involve an imbricated universe that protects the vocable, amplifies the noun, nouns the verb and verbalizes the noun: it is the things that are there – in consciousness, in communication, in doing, in existence – with autonomy and which are governed as points of concentration, as organisms that demarcate the instrumental philosophical, artistic and literary structure in all its corporeality. The word: safe harbor for the poet, a minimum unit that allows him to venture into other languages, a source that originated from the interaction between men, character responsible for descriptions of the results of scientific activities, is pondered on its uses by the pre-Socratic philosophers, by the Semiology of Ferdinand de Saussure and Roland Barthes, by the Semiotics of Charles S. Pierce, by the tonal consideration of the voice during the performance act developed by Paul Zumthor, concentrates in some key points of the Contemporary Philosophy and finds the central axis, intentional, moving from this study: sense, sensible and sensitivity, inherent in the poetry of Arnaldo Antunes, seen from the phenomenological optics of Maurice Merleau-Ponty, which unfolds as a touch of poeticity, as a trace of images and with the world perceived according to sensation-perception-knowledge. Keywords: Arnaldo Antunes; Word; Thought; Body; Poetic Language. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 “vôo” (detalhe) 19 Figura 2 “vôo” (detalhe) 20 Figura 3 “o que” 22 Figura 4 “silêncio” 34 Figura 5 “as palavras” 36 Figura 6 “as palavras” (ilustração – Rosa Moreau Antunes) 37 Figura 7 “bocas” 41 Figura 8 “dentro” 49 Figura 9 “o que foi” 52 Figura 10 “hand made 6” 58 Figura 11 “hand made 5” 59 Figura 12 “armazém” 65 Figura 13 Videopoema “armazém” 67 Figura 14 “pessoa” 69 Figura 15 Videopoema “pessoa” 74 Figura 16 “olho boca” 80 Figura 17 Arnaldo Antunes – Jackson Pollock 84 Figura 18 “céu hell” 85 Figura 19 “pé” 87 Figura 20 “Figura” (escultura em bronze: Alberto Giacometti) 87 Figura 21 “quero” 90 Figura 22 “quero” 91 Figura 23 “música para baixar o santo” 92 Figura 24 “pé ante pé” (Arnaldo Antunes/Márcia Xavier) 101 Figura 25 Performance da Poesia (trechos) 111 Figura 26 Performance da Poesia: “pé

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