De Partituras a Aplicativos Móveis Novas Convenções Do Formato “Álbum De Música” Na Cultura Digital

De Partituras a Aplicativos Móveis Novas Convenções Do Formato “Álbum De Música” Na Cultura Digital

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO Lucas Laender Waltenberg De partituras a aplicativos móveis novas convenções do formato “álbum de música” na cultura digital Niterói, RJ 2016 Lucas Laender Waltenberg De partituras a aplicativos móveis novas convenções do formato “álbum de música” na cultura digital Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Comunicação. Orientadora: Profª. Drª. Simone Pereira de Sá Niterói, RJ 2016 Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá W231 Waltenberg, Lucas Laender. De partituras a aplicativos móveis: novas convenções do formato "álbum de música" na cultura digital / Lucas Laender Waltenberg. – 2016. 201 f. : il. Orientadora: Simone Pereira de Sá. Tese (Doutorado em Comunicação) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Arte e Comunicação Social, 2016. Bibliografia: f. 188-201. 1. Álbum de música. 2. Convenção simbólico-material. 3. Formato de gravação. 4. Cultura digital. I. Sá, Simone Pereira de. I. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Arte e Comunicação Social. III. Título. LUCAS LAENDER WALTENBERG De partituras a aplicativos móveis novas convenções do formato “álbum de música” na cultura digital Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Comunicação. Vinte de abril de dois mil e dezesseis. BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Profª. Drª. Beatriz Brandão Polivanov – Presidente Universidade Federal Fluminense (UFF) _____________________________________________ Prof. Dr. Felipe da Costa Trotta Universidade Federal Fluminense (UFF) _____________________________________________ Profª. Drª. Martha Tupinambá de Ulhôa Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) _____________________________________________ Profª. Drª. Marcia Regina Tosta Dias Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) _____________________________________________ Prof. Dr. José Cláudio Siqueira Castanheira Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Niterói, RJ 2016 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente aos meus pais, Paulo e Cinara, pelo apoio incondicional, por acreditarem nas minhas escolhas e torcerem por mim. Obrigado também, Alfredo, pelo amor, pela confiança e pela paciência de sempre. Valeu Thiago, meu irmão gêmeo querido, que me deu de presente uma cunhada e uma sobrinha maravilhosas. À Simone Pereira de Sá pela orientação (em todos os sentidos da palavra), gentileza e dedicação nessa parceria de dez anos. Todas as questões trabalhadas aqui surgiram a partir dessas trocas e eu não poderia estar mais agradecido. Ao Keir Keightley por ter me recebido no doutorado-sanduíche – realizado na University of Western Ontario – pelas reuniões valiosas, pelas aulas inspiradoras, pela indicação de textos e dedicação exemplar. Obrigado pelas conversas. Agradeço também aos amigos de lá que compartilharam esses momentos comigo. Aos professores Felipe Trotta, Martha Ulhôa, Marcia Tosta Dias e José Cláudio Castanheira por terem aceitado participar da banca. Tenho certeza que os comentários de vocês farão este trabalho crescer. A todos os professores do curso de Estudos de Mídia e do PPGCOM da UFF, especialmente Ana Enne e Marildo Nercolini pela amizade e pela inspiração. Agradeço também a Afonso Albuquerque por ter feito despertar em mim, ainda em 2005, uma vontade que eu nem sabia que tinha em seguir a carreira acadêmica. Obrigado também, Marco Roxo, pelas sugestões e pela paciência. Aos amigos do PPGCOM da UFF e do LabCULT por compartilharem conversas valiosas e risadas, mesmo em momentos de desespero e prazos apertados. Agradeço especialmente a Melina Santos e Diego Brotas pelo companheirismo. Obrigado também Pedro Curi, Diego Paleólogo, Isabela Lachtermacher, Daniel Rainho, Aline Siqueira e Tiago Elídio, pelas conversas e pela amizade, acompanhando este trabalho desde o início. Beatriz Polivanov, obrigado por tudo. Obrigado por ser uma amiga incrível e uma inspiração para mim. Marina Damin, agradeço a parceria profissional e pessoal. Obrigado por acreditar e confiar em mim, por me dar calma quando eu preciso e força pra seguir em frente. Obrigado aos atenciosos funcionários do PPGCOM da UFF, especialmente Luciana, pelo apoio sempre necessário. Finalmente, agradeço também aos alunos, aos colegas e aos professores que encontrei ao longo desses quatro anos de doutorado. Todos vocês, de uma forma ou outra, fazem parte desse trabalho. “This is Major Tom to Ground Control I’m stepping through the door And I’m floating in the most peculiar way And the stars look very different today For here am I sitting in my tin can Far above the world Planet Earth is blue And there’s nothing I can do” Space Oddity; David Bowie RESUMO A cultura digital vem apresentando uma série de desafios para o formato cultural “álbum de música”. A introdução de suportes digitais como o CD e, principalmente, o MP3 abre caminhos para outras práticas de escuta e possibilidades de comunicar o produto musical, não mais centradas no álbum, entendido como um produto fechado, coerente temática e sonoramente, pré-estruturado através da disposição das faixas em ordem específica e consumido também em termos materiais, tácteis e visuais. Através de dados que apontam a queda na circulação dos formatos físicos e o crescimento do consumo de música de forma unitária, aposta-se no “fim” do álbum ou, pelo menos, em uma forte desvalorização. Em direção contrária, o argumento desta tese sustenta que, mesmo nesse cenário, o álbum de música não somente continua a estruturar grande parte da experiência musical em diferentes esferas – produção, circulação e consumo – como a cultura digital oferece possibilidades de ampliação de nosso entendimento do formato, onde a materialidade permanece cumprindo papel central. Pergunta-se, então: como as convenções simbólico-materiais do álbum são reorganizadas na cultura digital? O primeiro passo para construir o argumento é entender que o que se convencionou chamar de álbum é entendido através da articulação de três categorias: protocolo de escuta do álbum, que lida com questões relativas aos aspectos “artístico- culturais” e temáticos de determinada produção fonográfica registrada em um álbum; protocolo de escuta do suporte, que considera a materialidade do suporte como central nas práticas de escuta e entendimento do formato e o protocolo de usos dos paratextos, o qual diz respeito aos paratextos do álbum, tais como título do álbum, nomes das faixas, imagens, encarte, letras impressas, textos de apresentação, agradecimentos, ficha técnica etc. Na segunda parte, dois estudos de caso – o livro de partitura Song Reader, de Beck, e o álbum Biophilia, lançado por Björk como um aplicativo para dispositivos móveis – discutem as categorias problematizando as convenções do álbum na cultura digital. PALAVRAS-CHAVE álbum de música; convenções simbólico-materiais, formatos de gravação; cultura digital ABSTRACT Digital culture has been presenting a number of challenges towards the cultural form “music album”. The introduction of digital carriers such as the CD and, mainly, the MP3, open paths for other listening practices and possibilities in communicating the musical product, no more centered in the album, which we understand as a closed product, thematic and sonically coherent, where the tracks provide a structure, and consumed in a material, tactile, and visual manner as well. Through data that points to the fall in the circulation of physical formats and the increasing of unitary music consumption, the “end” of the album is to be expected, or at least a great devalorization. In opposite direction, this thesis arguments that, even in this context, the music album persists not only structuring a significant part of musical experience accross different areas – production, circulation, and consumptinon – but also that digital culture offers possibilities to amplify our understanding of the format, where materiality still fulfills a central role. So we ask: how the album’s symbolic-material conventions are reorganized in digital culture? The first step to build the argument is to understand that what was conventionally named album is better understood through the articulation of three categories: listening protocol of the album, that deals with artistic, cultural and thematic layers of a given phonographic production registered in an album; listening protocol of the carrier, that considers the carrier’s materiality as a fundamental instance of listening practices and the usage protocol of paratexts, that covers the album’s paratexts, such as the album title, track names, images, booklet, printed lyrics, liner notes, acknowledgments, production credits, and so on. In the second part, two case studies – Beck’s sheet music album Song Reader, and Biophilia, launched by Björk as an app for mobile devices – discuss the categories posing new questions for the album’s conventions in digital culture. KEYWORDS music album; symbolic-material conventions; recording formats; digital culture LISTA DE FIGURAS FIG. 1: CAPA DE VELVET UNDERGROUND & NICO. ARTISTA: THE VELVET UNDERGROUND. ANO: 1967 .......................................................................................................................................... 56 FIG. 2: CAPA DE STICKY FINGERS. ARTISTA: THE ROLLING STONES. ANO: 1971 .....................

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