Os Presidentes De Futebol Entre Práticas E Representações

Os Presidentes De Futebol Entre Práticas E Representações

1 LUIZ GUILHERME BURLAMAQUI SOARES PORTO ROCHA A OUTRA RAZÃO: OS PRESIDENTES DE FUTEBOL ENTRE PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em História da Universidade Federal Fluminense (PPGH/UFF), como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Marcos Alvito Pereira de Souza (UFF) Banca de avaliação: Prof. Dr. Edison Luís Gastaldo (UFRRJ) Prof.Dra Simoni Lahud Guedes (UFF) Suplentes: Prof. Dr. Bernardo Borges Buarque de Hollanda (CPDOC- FGV) Prof. Dr. Luiz Fernando Rojo (UFF) Niterói 2013 2 Universidade de Federal Fluminense Luiz Guilherme Burlamaqui Soares Porto Rocha A outra razão: os presidentes de futebol entre práticas e representações Dissertação de Mestrado apresentada como exigência parcial para obtenção do título de Mestre à Banca Examinadora do Programa de Pós-Graduação em História Social Orientador: Marcos Alvito Pereira de Souza Niterói 2013 3 Às Marias, no plural: Luiza, mãe, três letras, que, como céu, traduzem o [amor] infinito; Clara, meu momento de eternidade, melhor amiga desde antes de nascer o mundo; E também à Fátima Gouvêa, [in memoriam], mestra querida, porque saudade é maldade. 4 Agradecimentos: Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à minha casa, a Universidade Federal Fluminense, em particular, o Programa de Pós-Graduação em História Social e o Departamento de História, lugar em que me sinto acolhido, em que aprendi tudo o que sei e que me forneceu o suporte institucional-afetivo para a escrita dessa dissertação. Nele, gostaria de destacar duas figuras: a de Silvana Damasceno, funcionária dedicada e exemplar como raras vezes se encontra, e a de Fernanda Bicalho, prestativa coordenadora do curso enquanto lá estive. A Fernanda, aliás, um agradecimento mais do que institucional, mas com sabor de humanidade, por ter me dado suporte necessário no momento mais delicado da escrita dessa dissertação. Aproveito para agradecer ao Programa pelas duas bolsas concedidas: no primeiro ano, a do CNPq; e, no segundo ano, a Bolsa Nota 10 da FAPERJ. Seguindo nos espaços institucionais, agradeço a todos os meus companheiros do Núcleo de Estudo e Pesquisas em Esporte e Sociedade (NEPESS) e da Revista Esporte e Sociedade, não há como não citá-los nominalmente: Martin Curi, Leda Costa, Simoni, Luiz Rojo, Francisco “Chico” Rodrigues, Marina Mattos, André Gil, Bernardo, Fernanda Haag, Carlus Augustus. Não há como negar que as reuniões mensais do grupo foram mais do que fundamentais para que eu me formasse como pesquisador e, acima de tudo, como estudante. Agradeço, em particular, ao Bernardo Borges Buarque de Hollanda, pelo exemplo intelectual e de pesquisador que ele sempre foi para mim. Forte abraço a todos. Ao meu orientador Marcos Alvito, pela calma, paciência e presteza com que leu as diversas versões do trabalho que agora (ufa! alvíssaras!) apresento. Além disso, foi ele também que, ao longo do tempo, apontou boa parte das linhas mestras que doravante serão defendidas. Aos meus professores, quero registrar meu abraço fraterno e manifestar meu reconhecimento pelos valorosos ensinamentos. Durante o primeiro ano do mestrado, fui aluno oficialmente de cinco em quatro disciplinas obrigatórias: Marcelo Badaró Mattos (UFF), Márcia Maria Menendes Motta (UFF), Marieta de Morais Ferreira (UFRJ) e, por fim, o dueto composto por André Botelho (UFRJ) e Bernardo Ricupero (USP). Ocioso dizer que muitos dos seus ensinamentos estão aqui presentes. Entre eles, o professor 5 Marcelo Badaró aceitou gentilmente participar do exame de qualificação, fornecendo sugestões preciosas para o prosseguimento da pesquisa. Aqui, gostaria ainda de registrar também meu abraço a professores de outros carnavais que deixaram cicatrizes no meu modo de ver o mundo: Hebe Mattos, Mário Grynszpan, Hério Saboga, João Marcelo Maia, Martha Abreu, Cecília Azevedo, Marcos Alvito, Maurício Martins, Badaró, Fátima Gouvêa. Ainda na Faculdade de Comunicação (ECO-UFRJ), conheci o professor Eduardo Coutinho, cuja amizade cultivo até hoje, em almoços (mais intermitentes do que eu gostaria), quando debatemos Marx, Gramsci, Lênin, Lukács, além de outras coisas mundanas. Agora que serei mestre, espero, enfim, pagar o almoço. Entre os professores, destaco mui especialmente Simoni Lahud Guedes, cujo curso frequentava como ouvinte, porque com ela aprendi tudo o que sei sobre etnologia, etnografia e antropologia. Numa memorável disciplina sobre a “dádiva na modernidade”, que redirecionou os rumos da pesquisa, fui introduzido à obra (ou deveria dizer: fortuna?) de Marcel Mauss. Agradeço a Simoni também institucionalmente por ter aceitado participar tanto da banca de qualificação quanto da defesa desta dissertação. Durante a pesquisa, contei com auxílios preciosos de funcionários de clubes e dirigentes sempre dispostos a colaborar. Duas funcionárias foram de extrema valia: Cristina, do Fluminense Futebol Clube, e Chiquinha, do Clube de Regatas do Flamengo, me forneceram telefones, contatos e me abriram as portas do clube quando precisei. A todos os meus entrevistados que me cederam seu precioso tempo para conversar com um “menino” tão ignorante quanto interessado, muito obrigado. Confesso que acabei criando um vínculo de afetividade com boa parte deles que ultrapassavam e muito os sentidos da pesquisa: Ângelo Chaves, Dunshee de Abranches, Gil Carneiro de Mendonça, Márcio Braga, Francisco Horta, George Helal, Luís Augusto Velloso, Kléber Leite, Eurico Miranda, Hélio Barroso, Joel Teppet, Fábio Egypto, Sílvio Kelly, João Havelange. Ao Ângelo, meu agradecimento fraternal por ter me recebido numa tarde tão agradável quanto instrutiva em Friburgo. Ao George Helal, é tamanha a gratidão que não cabe no papel. 6 Nessa nau que alguém resolveu batizar mestrado, agradeço a três companheiros de viagem tão sábios quanto espirituosos: meu timoneiro, Mateus Donato, que leu algumas versões preliminares do trabalho, colaborando sempre com sugestões precisas e preciosas no work in progress da dissertação; o capitão Thiago Moreira,amizade surpreendente de um carnaval que ficou; e o comandante Carlus Augustus que há tanto tempo me acompanha. À minha família, constelação de tudo que faço: mãe, padrasto, irmãs. Ao José e a Maria [a Maria original e primeira], esses personagens do gênesis bíblico, foram os personagens de uma gênese muito particular: a minha. No aspecto simbólico, emocional e material, foram eles que forneceram todo o suporte que eu precisava para me formar como individuo. Obrigado também por liberarem a sala durante (quase) o tempo todo de escrita. À presença de Annita e a Natália (minha margaridinha), minhas irmãs amadas, pela paciência e pelo convíviodurante este tempo todo. A Natália, aliás, o agradecimento é pelo avesso: por nunca me aturar, o que não deixa de ser interessante também. A Maria Clara, a segunda das Marias, minha melhor amiga,para quem já falei tanto, sempre incapaz de retraduzir o sentimento essencial, posso apenas insistir na tese de que nos conhecemos num tempo mítico bem antes do nascer do mundo. A Julia, que veio no pacote [“Duas por uma”], talvez não tenha ideia do quanto é importante para mim: só posso dizer que junto ao teu peito meu coração (nada gelado) se derrete completamente. Posso dizer também, para arrancar os cabelos do Doutor Alan Edgar, que os Arquivos JL começam a se avolumar. A Maria de Fátima da Silva Gouvêa, a última das Marias, porque foi graças a ela que eu me decidi pela História, com “H” maiúsculo, quando ainda titubeava sobre qual profissão escolher: jornalista ou professor? Por motivos da ordem do imponderável, desses atribuídos ao sobrenatural de Almeida (ou seria o Gravatinha?), ela acreditou em mim quando nem eu mesmo o fazia, convidando-me para uma bolsa de Iniciação Científica. Seus ensinamentos, ainda que de forma aleatória e inconsciente, estão dispersos aqui e acolá, nessas páginas que se seguem. Ah, saudade é maldade. 7 8 RESUMO: Esta dissertação tem um objetivo de natureza modesta: o de iluminar determinadas práticas e certas representações de uma fração do campo esportivo ainda pouco estudada: a dos presidentes de futebol. Tendo em vista o crescimento exponencial da bibliografia sociológica, antropológica e a historiografia na temática futebolística, observou-se que pouco havia sido dito acerca dos presidentes de futebol. Nesse sentido, tomando como pedra angular a metodologia da história oral, realizei um conjunto de doze entrevistas com presidentes do Clube de Regatas do Flamengo e do Fluminense Futebol Clube [entre 1975-1997] para tentar depreender as categorias fundamentais a partir das quais estes elaboravam seus discursos e construíam determinadas ideias sobre o poder e a política. Dialogando com questões nodais da antropologia política e econômica, a hipótese central construída era de que o ideário da honra e da dádiva fornecia sentido e substância às maneiras de narrar sua ascensão ao poder e de gerir os clubes. Sendo assim, esta dissertação foi dividida numa estrutura tripartite: a primeira parte destinada ao estudo das duas agremiações clubísticas aqui em questão numa perspectiva diacrônica e da formação dos grupos dirigentes enquanto entidade à parte do futebol-espetáculo; a segunda parte pretendia mergulhar nas categorias sincrônicas das entrevistas que apareciam nos discursos como constantes, a independer do tempo, do lugar e do clube; a terceira parte indagava, por sua vez, sobre as possíveis diferenças de “estilo de gestão” a partir da análise dos lugares de memória dos clubes estudados e de dois mandatos de dois presidentes-tipo ideais – Francisco

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