PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP Rita de Cássia Curvo Leite Direito à Prevenção Especial da Criança na Classificação Indicativa DOUTORADO EM DIREITO São Paulo 2016 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP Rita de Cássia Curvo Leite Direito à Prevenção Especial da Criança na Classificação Indicativa DOUTORADO EM DIREITO Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Direito, sob a orientação do Professor Doutor Sérgio Seiji Shimura São Paulo 2016 Banca Examinadora ____________________________ ____________________________ ____________________________ ____________________________ ____________________________ DEDICATÓRIA O elo que liga crianças e adultos a seus pais é perene e se estende mesmo quando a presença física é substituída pela espiritual. À minha eterna e amada mãe que, num suspiro, deixou a vida terrena, mas, cujas lições de coragem, de disciplina e de bondade continuam norteando meu caminho. A meu pai, amigo e Mestre por me ensinar a percorrer as trilhas do Direito e da Justiça, concedendo-me hoje a enorme felicidade de compartilhar comigo mais essa conquista. AGRADECIMENTOS Sou feliz hoje por ter tanto a agradecer e muito pouco a pedir. Agradeço por ter uma família unida, verdadeiro refúgio para os momentos de aflição e dúvida e o faço em nome de meu pai, Nicola, irmãos, Rosângela e Cássio, cunhada, Cecília e sobrinhas, Rebeca, Paloma e Izabela. Agradeço as orientações, sugestões e toda a compreensão e apoio. Agradeço às minhas irmãs de coração, que conheci nos bancos desta Universidade, e que, desde então, acompanham minha trajetória sempre com tanto estímulo e carinho, mui especialmente, Miriam Endo, Lucinéia Rosa dos Santos e Lia Mara Orlando que me ajudaram com as pesquisas para concretizar este trabalho, foram ouvidos atentos às minhas palavras e mão segura na hora das mais árduas decisões. Agradeço às orientações e a paciência com que meu orientador, Professor Doutor Sérgio Seiji Shimura, auxiliou-me na condução deste trabalho, e as muitas horas em que ele, diante de meu desânimo e angústia, ajudou-me a recobrar minhas forças e seguir adiante. Agradeço por ter conquistado tantos amigos que, com seu carinho fraterno, tanto contribuíram para que esse trabalho fosse concretizado, em especial, Adriano Ferriani, Cintia Antonelo Andrade, Arlete Inês Aurelli e Anselmo Prieto Alvarez. Agradeço aos meus Mestres, que com simplicidade e elegância, conseguiram não só construir boa parte do meu pensamento jurídico como instigar-me à reflexão séria e pertinente do Direito, em particular os Professores Doutores Paulo de Barros Carvalho e Nelson Nery Júnior, bem assim seus respectivos assistentes, tenazes na condução das aulas do curso de Doutorado na PUC/SP, Professores Doutores Robson Maia Lins e Georges Abboud. Obrigada por tudo “A criança é a nossa mais rica matéria-prima. Abandoná-la à sua própria sorte ou desassisti-la em suas necessidades de proteção e amparo é crime de lesa-pátria”. (Tancredo Neves – Frase inaugural da exposição de motivos do ECA). RESUMO LEITE, Rita de Cássia Curvo. Direito à Prevenção Especial da Criança na Classificação Indicativa. 2016. Tese de Doutorado em Direito – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – São Paulo, 2016. No presente estudo, defende-se, fundamentalmente, que o sistema de classificação indicativa é um eficiente interlocutor do princípio da prevenção especial consagrado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90, artigos 74 a 80), evitando a exposição infantil a conteúdos audiovisuais inapropriados. Regulado por Portarias do Ministério da Justiça e da Secretaria Nacional de Justiça, o sistema classificatório caminhou a passos largos para se aproximar do modelo de corregulação, por meio do qual a sociedade, no exercício regular da cidadania, é convidada a participar da classificação das obras, dando maior transparência e liberdade ao sistema. A fim de identificar os impactos negativos no desenvolvimento infantil decorrentes do consumo inadequado à sua faixa etária, especialmente no ambiente da cultura, do lazer e do entretenimento, discorrer-se-á, em primeiro plano, acerca dos princípios que norteiam a legislação infantojuvenil, partindo-se da doutrina (ou, como se adotará neste trabalho), do sobreprincípio da proteção integral. Ao se reconhecer que a criança é uma pessoa (sujeito de direitos), a quem deve o Estado, a família e a sociedade dedicar cuidado, zelo e atenção, fundada na reconhecida vulnerabilidade e hipossuficiência de que é portadora, prima-se por valores como o da dignidade da pessoa humana que, inegavelmente, protege em particular a criança, a fim de garantir-lhe a preservação de seu bem-estar, respeitar-lhe sua integridade física, mental e moral e atender, enfim, a seu melhor interesse. Examinar-se-á, a partir daí, o cerne (a ratio e a prospecção) da prevenção especial, a qual será considerada, em nossa hipótese, subclasse da prevenção geral. A indústria do entretenimento infantil (como sói acontecer com os programas televisivos e espetáculos públicos em geral, incluindo-se os cinematográficos), a publicidade, o uso de mídias eletrônicas, a disponibilização de jogos (inclusive de interpretação – RPG) estão a merecer atenção redobrada dos adultos, principalmente diante da velocidade com que as informações provenientes desses meios atingem a criança. Nesse sentido, as reflexões contidas neste estudo não escaparão ao enfrentamento de temas polêmicos e correlatos à matéria central, tais como o aparente conflito entre a liberdade de expressão e a manifestação do pensamento e o controle destes por meio do sistema de classificação indicativa. Para tanto, serão examinadas algumas decisões pretorianas, sem se olvidar a apreciação técnica da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 2404, que tramita desde 2001 no Supremo Tribunal Federal (STF). Por fim, examinar-se-á a extensão do sistema de classificação indicativa, ousando-se sugerir possa ele ser estendido a outras formas de comunicação hoje não catalogadas pelo modelo classificatório em vigor. Palavras-chave: Criança. Prevenção Geral e Especial. Princípios e Sobreprincípios em destaque no Estatuto da Criança e do Adolescente. Consumo infantil no ambiente do entretenimento, da publicidade, das mídias eletrônicas, jogos e RPG. Classificação indicativa. Liberdade de expressão. Censura. ABSTRACT LEITE, Rita de Cássia Curvo. Right to Special Prevention of Child in the Rating System. 2016. Doctoral Thesis in Law - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – São Paulo, 2016. In this study, we intend to ascertain, essentially, that the indicative rating system is an effective interlocutor of the principle of special prevention enshrined in the Statute of Children and Adolescents (Law no 8.069/90, articles 74-80), avoiding exposure children to inappropriate audiovisual content. Regulated by Ordinance of the Ministry of Justice and the National Secretariat of Justice, the classificatory system strode to approach the co-regulation model, through which the society in the regular exercise of citizenship, is invited to participate in the classification of works giving greater transparency and freedom to the system. In order to identify the negative impacts on child development arising from inadequate intake for their age group especially in the cultural environment, leisure and entertainment, discourse shall be in the foreground, on the principles that guide the novel juvenile law, starting the doctrine (or, as it will adopt in this paper), the overprinciple of full protection. Recognizing that the child is a person (subject of rights), to whom should the state, the family and society devote attention, care and zeal, based on recognized vulnerability and underpriviledge, one could end up excelling by values, such as dignity of the human person undeniably serves in particular the child, in order to ensure to preserve his/her well-being, respect his physical, mental and moral integrity and meet at last, at its best interest. Shall be to examine, from there, the heart (the ratio and prospecting) of special prevention, which will be considered, in our case, subclass of general prevention. The children's entertainment industry (as often happens with television and public spectacles in general, including cinematograph), advertising, the use of electronic media, the availability of games (including interpretation - RPG) are that deserve increased attention from adults, especially given the speed with which information from these means reach the child. In this sense, the reflections contained in our study did not escape the confrontation of controversial and related issues to the central area, such as the apparent conflict between freedom of speech and the expression of thought and control these through the parental rating system regulated by Justice Ministry. To this end, some praetorian decisions will be examined, without forgetting the technical assessment of the ADI (direct action of unconstitutionality) 2404 which is being processed since 2001 in the Supreme Court. Finally, it will examine the extent of the indicative classification system, daring to suggest it can be extended to other forms of communication today not cataloged by the classification model in place. Keywords: Child. General and Special Prevention. Principles and overprinciple highlighted the Statute of Children and Adolescents. Children's consumption in the entertainment environment, the advertising, the electronic
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