Estado actual dos conhecimentos sobre as rochas ígneas de Angola Autor(es): Andrade, M. Montenegro Publicado por: Museu Mineralógico e Geológico URL persistente: http://hdl.handle.net/10316.2/37967 Accessed : 8-Oct-2021 02:27:50 A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. 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Il faudrait donc lire ces nombreux ouvrages d’un bout à l’autre pour être certain d’avoir recueilli tous ces renseignements» (18). Verdadeiramente os primeiros estudos geológicos sobre Angola e, com estes, as primeiras referências às suas rochas ígneas come­ çaram com a vinda a este território do célebre explorador e botâ­ nico austríaco, Dr. Frederico Welwitsch, encarregado pelo governo português de estudar a flora sertaneja. Tudo quanto até então se havia publicado sobre este assunto não passava de simples referências, com carácter anódino, em rela­ tos de viajantes que, acidentalmente, estiveram em Angola. Estas mesmas careciam ainda, quase sempre, de dados informativos con­ cretos ou de merecida confiança. Como naturalista apaixonado que era, o Dr. Welwitsch sen­ tiu-se compelido a alargar os domínios da sua actividade, dedicando às coisas geológicas parte do seu interesse e do seu saber. 36 Para um apóstolo da Ciência como ele não poderiam passar des­ percebidos os ineditismos dos acidentes geológicos na sua grandio­ sidade empolgante das escarpas de Pungo Andongo ou na monotonia das infindáveis peneplanícies angolanas. Welwitsch foi, porém, mais longe do que a sua admiração religiosa pelo grandioso ou do que a atitude meditativa perante o segredo das coisas inanimadas. Tentou compreender-lhes a origem, seguir-lhes a evolução, traçar- -lhes, em suma, toda a sua história geológica. E, deste modo, durante as suas excursões científicas pelo interior ia colectando amostras, traçando cortes geológicos e anotando-lhes pormenores. Parte desta actividade de Welwitsch foi-nos dada a conhecer por Choffat (19), interessando-nos por agora apenas as referências às rochas ígneas. E, assim, na explicação dos cortes geológicos, em número de dois, de Luanda a Quissonde e de Moçâmedes ao lago Ivantala, Welwitsch menciona algumas das formações vulcâni­ cas litorais («éruption de trapp près de Giraul», «marnes injectées de trapp») bem como as «éruptions ignées comme le temoigment les trapp du district d’Icolo et Bengo et les dépôts ferrugineuses du district de Zenza, qui peuvent être attribués à la décomposition de cette roche*. Como se vê, o termo trapp engloba desde os basaltos litorais até às rochas alcalinas de Zenza do Itombe, cujos depósitos ferrugino­ sos não são mais do que brechas fonolíticas superficial mente lateri- tizadas. A designação trapp vem a encontrar-se posteriormente genera­ lizada por outros autores, especialmente era relação aos denominados basaltos do litoral de Moçâmedes, Benguela e Lobito. Welwitsch cita ainda a presença de rochas sieníticas e graníti­ cas nas regiões do Bumbo e da Huila. Um outro explorador que percorreu Angola pela mesma altura que o Dr. Welwitsch foi o português Joachim John Monteiro (37), antigo aluno da «Royal School of Mines» O referido africanista dedicou alguns anos da sua carreira à exploração de Angola, publi­ cando o resultado das suas investigaçães em 1875, numa obra, em dois volumes, intitulada «Angola and the River Congo». Uma colecção de rochas, comportando basaltos profiríticos, tra­ quitos, nefelinitos e andesitos augíticos, colectada por John Monteiro em 1860, veio a ser posteriormente estudada pelo professor Hol­ mes (31). 37 Segando Welwitsch, com quem John Monteiro havia entabolado relações em África, este era autor de uma carta geológica da região entre o Ambriz e o Bembe, cujo paradeiro se desconhece. Na obra de John Monteiro encontram se referências a alguns dos afloramentos ígneos de Angola, como pode ver-se, por exemplo, nas págs. 68-70 do segundo volume: «A very interesting excur­ sion was one I made about thirty miles in a northerly direction, where I passed through most beautiful mountain scenery, the for­ mation of the country being trachyte .. The only other example of volcanic rock I have met with in Angola is the narrow belt strip of basalt found at Mossamedes, and on the shore to the north of it for about thirty ou forty miles... This trachyte of part of Cambambe is no doubt connected with the trap-rocks noticed in my journey overland from Loand to that district,» A referência às trap-rocks consta da página 65 do u volume e está redigida nos seguintes termos: «at Calunguembe trap-rock occurs, wich gives a most picturesque peaky appearence to the country». O basalto do Giraúl é caracterizado por Monteiro (pág. 220, ii vol) como um «massive basalt, containing in places small quan­ tities of double refracting calespar and heulandite». Segundo Monteiro «this narrow belt or strip of basalt is folowed farther inland by a highly quartzoze schistose rock with much iron and hornblende. This insensibly changes to a quartzoze granite, then to more schist, and in some places to a fine-graind por­ phyry». Na página 221, do vol. n, pode ler-se também: «About twenty or thirty miles from Mossamedes the granite country is very peculiar... Pedra Grande is a huge rounded mass of granite rising out of the granitic sandy plain». Monteiro referiu-se ainda à «fine range of granite mountains ending south at Pungo Andongo» e ao granito da Musserra acerca do qual escreveu (pág. 145, vol. I): «About four or fives miles inland of Musserra, on a ridge of low hille, stands the remarkable granite pillar marked on the charts, and forming a capital landmark to ships at sea». O geólogo inglês Gregory (28) refere-se a uma publicação saída a lume em 1877, da autoria dum expedicionário britânico, Lovett 38 Cameron, na qual se dá a conhecer a grande dispersão do granito no interior de Angola. No último quartel do século xix a exploração do Continente Negro atraía súbitamente a atenção política da Europa. Das dife­ rentes expedições que as nações lhe enviaram, movidas pela fama das suas apregoadas riquezas, interessam-nos as chefiadas pelos exploradores portugueses Serpa Pinto, H. Capello e R. Ivens e pelo escocês Levingston. Uns e outros preocuparam-se em dar aos rela­ tórios das suas viagens um cunho científico. Todavia, nas partes que se referem à geologia e, em particular, à petrografía, das regiões atravessadas, muito pouco se tira da leitura das suas narrações. «Levingston ne dit que fort peu de chose sur la géologie de la province d’Angola, qu’il travesse de Loanda vers l’est. Il cite à Icolo et Bengo um tuf marneux avec coquilles marines récentes; plus à l’est, du trappe ... (1). Serpa Pinto encontrou (50) granito em nove localidades do ter­ ritorio angolano, na sua travessia de África, de Benguela à costa de Moçambique. Também no livro «De Angola à Contra Costa» dos celebrados exploradores Capello e Ivens (16) se encontram, por diversas vezes, referências a afloramentos graníticos. Relacionadas com investigações geológicas de especialistas ale­ mães no Sudoeste Africano encontram-se algumas referências à geo­ logia de Angola. Entre os vários autores mencionaremos Oscar Lenz (35), autor de uma carta geológica da costa ocidental da África (36), o Dr. Max Buchner (46), em cujas observações geoló­ gicas, no paralelo de Luanda, se cita o granito de Cambambe, testemunho, segundo ele, do «plateau» africano, e ainda o Dr. Hoep- fner (29) que faz ligeiras referências aos basaltos do litoral. Foi o português José Anchieta quem, de facto, iniciou a fase dos estudos com carácter exclusivamente geológico em Angola, onde viveu por muitos anos, dedicando-se em especial à geologia das regiões do sul-litoral que visitou detalhadamente, com vista ao seu reconhecimento geológico-mineiro. Deve-se-lhe também em artigo saído a lume em 1885, sobre a geologia do litoral entre Benguela e Moçâmedes (2), a primeira des­ crição óptica de uma rocha de Angola, um anfibolito da região de 39 Caconda, que a seguir transcrevemos a título de mera curiosidade para avaliarmos da forma ainda arcaica como nos é apresentada: «Uma parte de uma lámina conservada vinte e quatro horas em acido chlorydrico, lavada e seca, não difere ao microscopio da outra não tratada pelo ácido.
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