![Danos Em Instalações Escolares Da Ilha Do Faial. Uma Análise Retrospectiva E Prospectiva Damage Inflicted to the School Facilities in the Faial Island](https://data.docslib.org/img/3a60ab92a6e30910dab9bd827208bcff-1.webp)
Danos Ocorridos e Acções Implementadas Capítulo 24 Danos em instalações escolares da ilha do Faial. Uma análise retrospectiva e prospectiva Damage inflicted to the school facilities in the Faial island. A retrospective and prospective analysis Jorge Miguel Proença, Mónica Amaral Ferreira Instituto Superior Técnico, UTL Jorge Miguel Proença, Mónica Amaral Abstract regularity, number of storeys, conservation condition, Ferreira short columns and insufficient seismic joint widths. Earthquake safety in educational buildings is a Different versions of earthquake-resistant design fundamental requirement to be considered at design, codes were also considered in the model by compa- conservation, rehabilitation and strengthening stages. ring the building date of construction with the dates Increased potential earthquake risk in these buildings that these codes were enforced. School damage results from the combination of high human occu- computed through this modified methodology was pancy, particular suitability to accommodate post- favourably compared to observed damage in the 9 th earthquake emergency and lodging operations and of July, 1998, Faial earthquake. extreme social value. As a consequence of these More recently, in 2007, a complete survey was considerations, in July of 2005, the Council of OECD performed in the Faial Island, leading to a new school issued a set of recommendations concerning guide- inventory that is also presented. The modified earth- lines on earthquake safety in schools. quake damage assessment methodology was then This study herein presented starts with a retros- applied considering the maximum intensity (EMS) pective of damage distribution in 21 educational buil- observed in the 20 th century and the current inven- dings as a consequence of the 1998 Faial earthquake. tory of school buildings in Faial. Results, expressed Damage distribution has shown a strong dependence in terms of the expected MDG (mean damage grade) on the existing structural solution (building material are presented, and some conclusions are drawn. and structural typology) and a consistent pattern of non-structural damage was clearly identified - such as dislocated roof tiles and damage to earth-retaining 1. Introdução walls –. A segurança sísmica das instalações escolares é An existing earthquake damage assessment reconhecidamente um requisito fundamental a ter methodology, based on the European Macroseismic em conta nas acções de construção, conservação Scale (EMS-98), is briefly presented. This metho- e reabilitação/reforço dessas instalações. Para tal dology was modified introducing aggravating and concorre um risco sísmico potencial acrescido nes- de-aggravating factors to take into account structural 286 Jorge Miguel Proença, Mónica Amaral Ferreira sas instalações, fundamentalmente resultante dos concordância entre os danos observados e os danos seguintes factores: estimados com base nessa metodologia. – Tratam-se de edifícios em que o nível de ocu- Recentemente foi feito um novo inventário pação é particularmente elevado (acresce a das instalações escolares da ilha do Faial, tendo esta constatação o facto dos ocupantes serem sido possível identificar as escolas que terão sido maioritariamente crianças e jovens). desactivadas/demolidas na sequência do sismo do – Os recintos escolares apresentam-se – quer pela Faial, assim como as escolas que foram construídas sua capacidade quer pela distribuição geográ- posteriormente. Face a este novo inventário foi feita fica consonante com a demografia – como locais uma análise prospectiva dos danos considerando a privilegiados para a centralização de operações metodologia baseada na escala EMS-98 e as inten- de emergência pós-sismo e de albergue tem- sidades máximas registadas historicamente na ilha porário de desalojados. do Faial. – Danos generalizados na rede de instalações escolares alteram profundamente o tecido 2. Danos nas escolas da ilha do Faial no sismo social, prolongando e amplificando no tempo de 9 de Julho de 1998 as perturbações resultantes de uma ocorrência Os resultados que se apresentam de seguida sísmica. referem-se ao levantamento dos danos em instalações Foi na sequência deste tipo de considerações que escolares da ilha do Faial, realizado em Julho de 1998 o Conselho da OCDE – Organização para a Coope- pelo ICIST (Azevedo et al. , 1998), complementados ração Económica e Desenvolvimento – aprovou em pelo relatório elaborado com um propósito análogo 21 de Julho de 2005 uma recomendação para que os a pedido da Norma-Açores (Cymbron, 1998). No caso Estados-Membros iniciem ou prossigam programas do ICIST, o levantamento foi realizado em colaboração de segurança sísmica nas escolas de acordo com um com os então Serviço Nacional de Protecção Civil e 1 conjunto de princípios então enunciados . Serviço Regional de Protecção Civil, assim como com Apresenta-se no presente artigo uma retrospectiva a Secretaria Regional da Habitação e Equipamento. sobre os danos observados em 21 instalações esco- Constituía um dos propósitos do estudo realizado lares da ilha do Faial resultantes do sismo de 9 de pelo ICIST o levantamento dos danos nas escolas, de Julho de 1998, doravante identificado por sismo do que resultaram recomendações referentes ao seu uso Faial. Dessa retrospectiva ressalta a forte influência da – imediato ou após diferentes níveis de intervenções solução estrutural – material e tipologia estrutural – de reabilitação – ou mesmo, num número limitado de assim como a reincidência de determinadas situações situações, a sua desactivação/demolição. Foram no de danos. total inspeccionados 21 recintos escolares distribuídos Uma metodologia de avaliação de danos baseada geograficamente na ilha do Faial. Paralelamente ao na escala macrosísmica europeia (EMS-98) foi revista levantamento realizado, os edifícios escolares foram e calibrada tendo em conta os danos observados agrupados num número limitado de casos, tendo em no sismo de 9 de Julho de 1998. Apresenta-se a conta a sua tipologia estrutural (solução estrutural, número de pisos e qualidade da construção) e estado aparente de conservação. Apresentam-se nas Figuras 1 http://webdomino1.oecd.org/horizontal/oecdacts.nsf/Display/ 1 a 6 alguns dos danos observados. ECF63A9E82E58A83C12572970032F215?OpenDocument, con- sultado em Abril de 2008. Danos em instalações escolares da ilha do Faial. Uma análise retrospectiva e prospectiva 287 1 2A Figura 1 Escola de Espalhafatos. Vista geral dos danos. Danos em muros. Posteriormente, num estudo realizado para a 2B Figuras 2A e 2B OCDE (Proença, 2004) procedeu-se a um agru- Escola de Espalhafatos. Vis- tas particulares dos danos. pamento dos danos observados nas seguintes Separação entre colunas de categorias: danos estruturais (danos em elementos betão armado e paredes de estruturais portantes de cargas verticais e/ou hori- alvenaria e fendilhação geral zontais); danos não estruturais (danos em elementos das paredes de alvenaria interiores. não estruturais ou estruturais secundários); e outros danos (em instalações e estruturas de contenção de terras). No mesmo estudo procedeu-se à classificação sistemática das condições de uso, prevendo-se as seguintes situações: uso imediato (danos inexistentes ou desprezáveis); uso após pequenas reparações (correspondente a danos ligeiros a médios em ele- mentos não estruturais); uso após reparações médias (danos médios em elementos não estruturais e/ou 3 Figura 3 Escola da Ribeirinha. Vista danos ligeiros em elementos estruturais); e exclusão geral. Danos em muros definitiva do uso (mudança de uso ou demolição). de contenção de terras e Esta última categoria poderia ainda ser classificada fendilhação/descasque de como uso após grandes reparações. Apresenta-se vigas de cobertura. no Quadro I a síntese do estudo realizado para a OCDE. 288 Jorge Miguel Proença, Mónica Amaral Ferreira Figura 4 Da análise da distribuição dos danos ressalta a Colapso de Jardim de observação de que a sua extensão e o tipo de danos Infância da Escola de Salão. Estrutura de paredes de apresentavam uma forte dependência da solução alvenaria de pedra solta. estrutural adoptada. Nas estruturas de paredes de alvenaria os danos foram mais acentuados, manifestando-se em fendi- lhação extensa nas paredes interiores e exteriores. O comportamento foi manifestamente pior quando as paredes de alvenaria eram constituídas por blocos irregulares de pedra solta com pouco ligante e/ou com ligante de pior qualidade. No caso dos edifícios, mais recentes, com estrutura em betão armado, observaram-se, em poucos casos, situações de fendilhação em elementos estruturais, Figura 5 nomeadamente pilares, assim como indícios de mar- Escola Coronel Silva Leal (Horta). Danos não estrutu- telamento entre edifícios contíguos e início do desen- rais em tectos e na ligação volvimento de mecanismos de coluna curta resultantes entre paredes e tectos. do preenchimento parcial dos painéis de alvenaria ou da restrição parcial conferida por estes painéis em consequência da fendilhação nesses painéis. Nas estruturas mais antigas de betão armado – em que as paredes de alvenaria apresentam uma função resistente mais acentuada – os danos observados indiciam alguma semelhança com os danos da estru- tura de paredes de alvenaria, conjuntamente com a separação entre os elementos de betão armado (colunas) e as paredes existentes. Resumindo, a extensão dos danos dependeu natu- Figura 6 Escola de Castelo Branco ralmente da intensidade MMI do sítio, dependendo (Carreira). Telhas desloca- também da solução estrutural e da qualidade da das. construção.
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