Berta Maria Oliveira Jacob A Toponímia de Luanda Das memórias coloniais às pós - coloniais LISBOA 2011 UNIVERSIDADE ABERTA A Toponímia de Luanda - Das memórias coloniais às pós - coloniais Por Berta Maria Oliveira Jacob Dissertação de Mestrado em Estudos do Património Orientadora: Prof. Doutora Maria Isabel João LISBOA 2011 2 Agradecimentos Dar corpo a um trabalho como este que aqui se apresenta exigiu o esforço da sua autora, mas tal não teria sido possível sem o concurso de um conjunto de pessoas que se disponibilizaram, das mais variadas formas, a prestar o seu desinteressado apoio. A família é, em todos os momentos da nossa vida, um pilar sem o qual a realização de um qualquer projecto se torna difícil, se não mesmo impossível de levar a bom porto. Família, sempre presente e disposta a ajudar, com um sorriso e uma palavra de incentivo, suportando, às vezes, uma palavra menos feliz motivada pelo cansaço e o desânimo. Família tributária de um agradecimento muito especial. Ao avançar para um projecto deste teor, a pessoa da orientadora tem de merecer um lugar muito especial, pois, desde a fase de definição dos primeiros passos a dar, os seus conselhos sábios, conselhos de alguém já experiente, são fundamentais para conseguirmos percorrer o caminho sem nos perdermos. E a orientadora, Professora Maria Isabel João, desde a primeira hora definiu uma metodologia conducente à correcta realização deste projecto, sendo, assim, merecedora do nosso agradecimento. Por fim, resta-nos agradecer a um conjunto de pessoas, algumas delas com quem não privámos pessoalmente, cuja colaboração foi indispensável à pesquisa realizada. Estamos a referir-nos aos funcionários de instituições como o Arquivo Histórico Ultramarino/Instituto de Investigação Científica Tropical, do Instituto Superior de Educação Jean Piaget, em Almada, da Biblioteca Municipal de Coimbra, da Biblioteca da Ajuda. É forçoso agradecer os telefonemas e os envios, sempre prontos, por correio e correio electrónico da documentação ponto de partida para o nosso trabalho. Um agradecimento que não poderia faltar é aquele que vai para a arquitecta Susana Ferraz, pelo apoio dado desde a primeira hora, quando este projecto, ainda, era um sonho. Como trabalho dedicado a uma terra (geograficamente) distante de nós, a colaboração de portugueses e angolanos aí residentes na actualidade foi imprescindível. Para eles, Irmã Bernardete Gaspar, Engenheiro Afonso Loureiro e Doutor Júlio Mendes, a nossa gratidão. Uma vez que a partilha de saberes de experiências é valiosa contribuição, não podemos esquecer uma palavra de agradecimento aos colegas de mestrado. 3 Resumo Neste trabalho propomo-nos estudar a toponímia da cidade de Luanda enquanto lugar de memória. Lugar de memória “construído” por uma população de africanos e europeus e que atravessa séculos e contextos históricos, desde a sua fundação, no século XVI, ao século XX; do domínio colonial português à soberania angolana, a partir de 11 de Novembro de 1975. Procuramos na toponímia desta cidade as memórias dos portugueses e as memórias dos angolanos, num processo que não se apresenta linear, mas eivado de rupturas, coexistências e retorno de designações. Um processo complexo que, ainda está em curso. As explicações de natureza político-ideológica não esgotam o tema e temos que procurar outra sorte de justificações para o abandono de algumas designações toponímicas e a manutenção de outras, quer durante o período da colonização portuguesa, quer após a mudança de estatuto político de Angola. No período que vai até 1975, constatamos o progressivo abandono das designações na língua das populações nativas – o quimbundo - a favor das designações na língua do colonizador e conhecemos quem são as figuras com direito à memória histórica. Após a independência de Angola, analisamos a nova toponímia para percebermos o que muda, os nomes que são eliminados, os que “ganham” o seu lugar e aqueles que permanecem para lá do novo contexto político, como manifestações de uma assimilação cultural, conseguida ao longo de séculos de dominação portuguesa. Entendemos que as memórias coloniais não foram totalmente expurgadas da toponímia de Luanda, em 1977, embora os angolanos, agora senhores do seu destino, tenham posto em marcha um processo pelo qual afirmam o direito à sua memória histórica. Abstract Writting this work we have the purpose to study Luanda‟s toponymy as a Place of Memory. A Place of Memory built by an African and European population who cross centuries and historic contexts, since it‟s foundation, in the 16th century to the 20th century, since the Portuguese colonial supremacy to the national liberation, from the 11th November 1975. 4 We search in this city‟s toponimy the Portuguese memories and the Angolan memories, in a way not always linear, full of breakdowns, co-existence and designation returns in a lived process. A complex process which is now in progress. Political and ideological explanations don‟t exhaust the subject, and we have to surch for other justifications. Explanations for the destitution of some toponymic designations, subsistence of others, not only during the Portuguese colonization, but also after the change of Angola‟s political power. Until 1975, we acertain the progressive desertion of designations in the native population‟ language – quimbundo- behalf of designations in the settler language and we notice who are the figures with the right to historical memory. After Angola‟s independency, we analyze the new toponymy to understand what changed, the eliminated names, the ones who “win” their place and the ones who continue beyond the new political context, as demonstration from a cultural assimilation, obtained through centuries of Portuguese rule. We understand that the colonial memories weren´t totally eliminated from Luanda‟s toponimy, in 1977, although the Angolan people, now master of his own destiny, have been carry a process whereby they affirm the right to his own historical memory. 5 ÍNDICE AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................ 3 RESUMO ................................................................................................................................................ 4 ABSTRACT .............................................................................................................................................. 4 ÍNDICE .................................................................................................................................................... 6 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................... 7 CAPÍTULO I- BREVE HISTÓRIA DA CIDADE DE LUANDA ......................................................................... 15 A CIDADE COLONIAL .............................................................................................................................. 15 A fundação de Luanda .................................................................................................................. 15 A expansão urbana ...................................................................................................................... 17 As plantas da cidade e as suas artérias ......................................................................................... 26 A CIDADE PÓS COLONIAL ......................................................................................................................... 35 A independência de Angola e o novo contexto político-ideológico ................................................. 35 CAPÍTULO II - A TOPONÍMIA COMO LUGAR DE MEMÓRIA ................................................................... 39 A TOPONÍMIA NO PERÍODO COLONIAL ........................................................................................................ 40 As designações na língua nativa – o quimbundo - e as designações em português......................... 40 O período seiscentista .................................................................................................................. 40 No século XVIII ............................................................................................................................. 42 As mudanças no período Oitocentista ........................................................................................... 47 No século XX ................................................................................................................................ 52 O Regulamento de 1965 ............................................................................................................... 57 Após 1965 .................................................................................................................................... 58 A TOPONÍMIA APÓS A INDEPENDÊNCIA ....................................................................................................... 72 As figuras da toponímia – o que mudou ........................................................................................ 72 As designações coloniais que permanecem na toponímia.............................................................. 80 CONCLUSÃO......................................................................................................................................... 87 FONTES E BIBLIOGRAFIA: ....................................................................................................................
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