A Nobreza Cristã De Kyûshû. Redes De Parentesco E Acção Jesuítica

A Nobreza Cristã De Kyûshû. Redes De Parentesco E Acção Jesuítica

UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS A NOBREZA CRISTÃ DE KYÛSHÛ. REDES DE PARENTESCO E ACÇÃO JESUÍTICA Dissertação de Mestrado em História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa (séculos XV-XVIII) Madalena Teotónio Pereira Bourbon Ribeiro Orientador: Prof. Doutor João Paulo Oliveira e Costa Lisboa 2006 Índice Índice 2 Siglas e abreviaturas 4 Introdução 6 Mapa da ilha de Kyûshû 14 Cap. I – Redes de parentesco, comércio e política interna 15 Cap. II – Koteda 35 Cap. II.1 – O baptismo dos irmãos Koteda 37 Cap. II.2 – A linhagem Koteda 39 Cap. II.3 – Expansão para Ichibu 45 Cap. II.4 – O exílio dos Koteda e Ichibu 46 Extra-texto 1 – Genealogia Cap. III – Ômura 51 Cap. III.1 – Os primeiros contactos e a conversão de Ômura Sumitada 52 Cap. III.2 – A família e vassalos de Bartolomeu 55 Cap. III.3 – De Ômura para Saga e Hirado 60 Cap. III.4 – Ligações aos Arima 65 Cap. III.5 – O volte-face de Ômura Yoshiaki 68 Extra-texto 2 – Genealogia Cap. IV – Arima 73 Cap. IV.1 – A conversão dos dáimios de Arima 76 Cap. IV.2 – Chijiwa e Saigô, vassalos dos Arima 83 Cap. IV.3 – Arima e Shimazu 88 Cap. IV.4 – Arima pós-edito de Hakata 91 Cap. IV.5 – Ligação aos Konishi 93 Cap. IV.6 – A apostasia de Arima Naozumi 96 Extra-texto 3 – Genealogias Cap. V – Amakusa 98 Cap. V.1 – De Arima para Shiki: uma primeira tentativa 98 Cap. V.2 – O primeiro sucesso em Amakusa 101 Cap. V.3 – O fim da evangelização do arquipélago 103 Cap. V.4 – O definhar da missão 111 Extra-texto 4 – Genealogias Cap. VI – Ôtomo 113 Cap. VI.1 – Os inícios da missão 114 Cap. VI.2 – Ôtomo e Ôuchi 116 Cap. VI.3 – Os filhos segundos do dáimio de Bungo 120 Cap. VI.4 – A conversão de Ôtomo Yoshishige 124 Cap. VI.5 – De Bungo para Tosa e Hyûga 130 Cap. VI.6 – Expansão para Chikugo 135 2 Cap. VI.7 – Ôtomo Yoshimune e os missionários 136 Extra-texto 5 – Genealogias Cap. VII – Konishi 141 Cap. VII.1 – Expansão em Higo 145 Cap. VII.2 – De Higo para Tsushima 149 Cap. VII.3 – A morte de Konishi Yukinaga 150 Extra-texto 6 – Genealogias Balanço Final 153 Bibliografia 168 3 Siglas e Abreviaturas Arquivos e Bibliotecas IAN/TT – Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Lisboa ARSI – Archivum Romanum Societatis Iesu, Roma BA – Biblioteca da Ajuda, Lisboa Fontes, Estudos e Periódicos A Concordance – Masaharu Anesaki, A Concordance to the History of Kirishitan Missions (Catholic Missions in Japan in the Sixteenth and Seventeenth Centuries), Tóquio, 1930. AHSI – Archivum Historicum Societatis Iesu, Roma, 1932-... BPJS – Bulletin of Portuguese-Japanese Studies, Lisboa, 2000-… CE – Iesvs. Cartas qve os padres e irmãos da Companhia de Iesus escreverão dos Reynos de Iapão & China aos da mesma Companhia da India, & Europa, des do anno de 1549. atè o de 1580. Primeiro tomo. Nellas se conta o principio, socesso, & bondade da Christandade daquellas partes, & varios costumes, & idolatrias da gentilidade. Impressas por mandado do Reverendissimo em Christo Padre dom Theotonio de Bragança Arcebispo d’ Evora... (edição fac-similada da edição de Évora, 1598) [1º vol.: 1549-1580, 2º vol.: 1580-1588], Maia, 1997. CHJ – The Cambridge History of Japan, vol. 4, Early Modern Japan, ed. John Whitney Hall e James L. McClain, Cambridge, 1991. Christian Century – C. R. Boxer, The Christian Century in Japan (1549-1650), Manchester, 1993. De algumas cousas – P. Afonso de Lucena SJ, Erinnerungen aus der Christenheit von Ômura. De algumas cousas que ainda se alembra o Pe. Afonso de Lucena que pertencem à christandade de Ômura [1578-1614], ed. Josef Franz Schütte SJ, Roma, 1972. DHJ – Dictionnaire Historique du Japon, 2 vols., Tóquio – Paris, 2002. DI – Documenta Indica, dir. José Wicki SJ, 18 vols., Roma, 1948-1988. DJ – Documentos del Japón (1547-1562), ed. Juan Ruiz-de-Medina SJ, 2 vols., Roma, 1990-1995 [1º vol.: 1547-1557, 2º vol.: 1558-1562]. El Martirologio – Juan Ruiz-de-Medina, El Martirologio del Japón 1558-1873, Roma, 1999. 4 Francisco Javier – Georg Schurhammer SJ, Francisco Javier su vida y su tiempo, 4 vols., Pamplona, 1992. HGDJ – Papinot, Historical and Geographical Dictionary of Japan, Rutland, Vermont e Tóquio, 1990. HJ – Luis Fróis SJ, Historia de Japam, ed. José Wicki SJ, 5 vols., Lisboa, 1976-1984. Introductio – Josef Franz Schütte SJ, Introductio ad Historiam Societatis Iesu in Japonia (1549-1650)…, Roma, 1968. Jap-Sin – colecção Japonica-Sinica. KEJ – Kodansha Encyclopedia of Japan, 9 vols., Tóquio, 1983. La Compagnie – Léon Bourdon, La Compagnie de Jésus et le Japon…, Lisboa – Paris, 1993. MHJ – Monumenta Historica Japoniae…, ed. Josef Franz Schütte SJ, Roma, 1975. MN – Monumenta Nipponica, Tóquio, 1938-... O Grande Navio – Charles Ralph Boxer, O Grande Navio de Amacau, Macau, 1989. O Século Cristão – O Século Cristão do Japão. Actas do Colóquio Internacional Comemorativo dos 450 anos de Amizade Portugal-Japão (1543-1993), ed. Roberto Carneiro e A. Teodoro de Matos, Lisboa, 1994. Princípio – Alessandro Valignano SJ, Historia del Principio y Progresso de la Compañía de Jesús en las Indias Orientales (1542-1562), ed. José Wicki SJ, Roma, 1944. Relação – Fernão Guerreiro, Relação Anual das Coisas que fizeram os Padres da Companhia de Jesus nas suas Missões Do Japão, China [...] nos Anos de 1600 a 1609, ed. António Viegas, 3 tomos, Coimbra, 1930-1942. Sumário – Alexandre Valignano, Sumario de las cosas de Japón (1583), ed. José Luis Alvarez-Taladriz, Tóquio, 1954. 5 Introdução A presente dissertação tem por objectivo analisar um aspecto específico das multi-facetadas relações luso-nipónicas dos séculos XVI e XVII. Foi intenção do trabalho estudar, à luz da documentação jesuítica, a nobreza cristã de Kyûshû, a par do relacionamento que estas linhagens mantiveram com o Cristianismo e os seus agentes, durante o período em que os missionários europeus foram autorizados a permanecer no Japão. O nosso ponto de partida consistiu no estudo daquelas que sabemos terem sido, durante uma parte significativa da segunda metade do século XVI e os primeiros anos do século seguinte, as principais linhagens cristãs de Kyûshû, a saber, os Koteda, os Ômura, os Arima, os Ôtomo, os senhores do arquipélago de Amakusa e, numa fase já tardia, os Konishi. A importância destas estirpes no contexto político-social e militar japonês não era evidentemente a mesma. Os líderes das casas Koteda, Ômura e os vários senhores do arquipélago de Amakusa, denominados kokujin, pertenciam a linhagens de menor protagonismo político-militar. Os primeiros eram vassalos de uma linhagem de dáimios, os Matsuura de Hirado; os últimos senhoreavam um pequeno arquipélago que, durante o período em estudo, passou pelas mãos de várias estirpes, Ôtomo, Shimazu e Konishi. Numa escala diametralmente oposta temos os Ôtomo e os Konishi, dáimios de Bungo e de Higo, respectivamente, que, em períodos distintos, foram as linhagens cristãs mais proeminentes da ilha. Foi nos domínios pertencentes a estas estirpes que o grosso do investimento jesuíta foi realizado. Na verdade, de uma forma geral, em nenhuma outra zona do arquipélago houve um investimento análogo, pelo menos com a continuidade e a dimensão daquele que foi realizado em algumas destas zonas de Kyûshû. No entanto, o trabalho missionário desenvolvido nos diferentes domínios destes guerreiros foi desigual e, à data de expulsão dos religiosos do Japão (1614), eram as populações do Noroeste da ilha aquelas que tinham sofrido uma influência mais duradoura e sólida da parte dos missionários. Deste modo, o Cristianismo acabou por conhecer uma implantação maior em áreas como Ômura, a vizinha península de Takaku ou as ilhas sob jurisdição dos Koteda, locais onde mais tarde, e como resposta às crescentes pressões do xogunato Tokugawa (1603-1867) para extirpar o Cristianismo do Japão, surgiram várias comunidades distintas e isoladas de kakure kirishitan. Deste modo, no que respeita aos limites geográficos cingimos a nossa análise às casas nobiliárquicas cristãs de Kyûshû acima citadas. Os limites cronológicos do 6 trabalho abarcam o período em que os padres actuaram livremente no Japão, de 1549 a 1614. Para o tema em estudo tornou-se essencial analisar as circunstâncias que envolveram o baptismo dos dirigentes destas casas assim como a relação, nem sempre isenta de tensões e desentendimentos, mantida com os agentes da nova religião. Naturalmente que deste relacionamento dependia a própria postura dos guerreiros face ao Cristianismo. O processo de conversão da família mais próxima e das linhagens destes guerreiros era, regra geral, o passo seguinte, mas neste ponto as informações disponíveis nas missivas são, por vezes, parcas ou contraditórias. Outro tema importante que mereceu a nossa atenção foi a forma como os jesuítas beneficiaram (ou não) das redes de parentesco e ligações de vassalagem dos guerreiros japoneses. A expansão do Cristianismo para novas linhagens e territórios passou várias vezes pelo conhecimento e aproveitamento destas redes familiares e de vassalagem. À conversão das autoridades locais seguia-se o efectivo arranque da missão com a fixação dos padres nas terras dos guerreiros – nomeadamente nas principais áreas dos seus domínios, como eram as imediações dos seus castelos, jôkaku –, a criação de estruturas de apoio à missão e o início das conversões em massa. Por último, procurámos analisar a forma como estas missões lograram crescer, estagnar ou sobreviver, em face das diversas conjunturas. O impacto do primeiro édito anti-cristão, em 1587, nas missões e na relação dos jesuítas com os membros destas linhagens bem como as causas da expulsão dos seus domínios mereceram uma especial atenção. Por tudo isto, de modo a simplificar a explanação do tema, optámos por tratar cada linhagem em capítulo autónomo. * * * Como já foi referido, este trabalho foi realizado tendo por base a variada documentação jesuítica produzida na época – cartas, relatórios, memórias, crónicas e histórias.

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