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Mestre em Geografiapela Universidade Federal de Pernambuco. Professor Assistente do Curso de Aprovado em 11/12/2002 Geografia da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA-CE). E-mail: [email protected] 118 Turismo em Análise, v. H, n. 1, p. 117-130, maio 2003 lenilton Francisco de Assis 119 �'"�:_-------- Introdução Representando o Objeto de Estudo As ilhas são arquétipos do imaginário coletivo humano que evocam diver­ Localizada ao norte, cerca de 50 quilômetros da cidade do Recife, a Ilha de sas representações e remetem a idéias de aventuras, paraísos, prisões e até riscos. Itamaracá é ligada ao continente através da ponte Getúlio Vargas (375 metros). A peculiaridade geográfica de serem porções de terra menores que os continentes Município integrante da Região Metropolitana do Recife (RMR), a Ilha de e cercadas de água por todos os lados confere às ilhas status de um mundo exóti­ Itamaracá tem 65,4 quilômetros quadrados de extensão, representando 0,07% do co, diferente de qualquer lugar. território pernambucano. Sua porção leste é banhada pelo Oceano Atlântico, en­ As ilhas tropicais e subtropicais exercem um peculiar fascínio às represen­ quanto o Canal de Santa Cruz, braço de mar de 22 quilômetros de extensão apro­ tações dos continentais, integrando as principais rotas do turismo internacional, ximada e com uma área estuarina de cerca de 5.292 hectares, banha o norte, o modelo 5555: sea, sand, sun and sex - mar, areia, sol e sexo. oeste e o sul da ilha. Em muitos casos, o turismo intensifica a urbanização das ilhas tropicais, Segundo o Censo Demográfico2000, a população de Itamaracá é de 15.854 transformando-as, principalmente, em balneários de veraneio. Por outro lado, habitantes, estando 12.930 na zona urbana e 2.924 na zona rural. Apesar de ter a esse processo também resulta em modificações na paisagem natural, assim como segunda menor população da RMR, durante o período de alta estação (de setem­ nos gêneros de vida e no espaço vivido da população "nativa3 ", que cada vez mais bro a março), que contempla as férias escolares, a população flutuante da Ilha expropriada do espaço, confere às representações o sentido de uma dimensão e de chega, aproximadamente, a 50 mil habitantes, ocasionando uma sobrecarga da uma relação perdidas. Vale ressaltar que, neste trabalho, consideram-se represen­ infra-estrutura existente, que já é deficiente em relação à demanda básica. tações na perspectiva de Moscovici (1978), ou seja, representação social como A Ilha de Itamaracá se configura, no contexto metropolitano, como uma "um corpus organizado de conhecimentos e uma das atividades psíquicas graças "zona periférica de lazer" que atrai os fluxos polarizados da área central (Recife) e às quais os homens tornam inteligível a realidade física e social, inserem-se num das suas adjacências. Sua singularidade insular e a proximidade do núcleo metro­ grupo ou numa ligação cotidiana de trocas, e liberam os poderes de sua imagina­ politano tornaram-na um destino privilegiado para os mais diferentes tipos e clas­ ses sociais, que se vinculam ao turismo de segunda residência4 e ao pendular ção". Assim, a representação social corresponde ao conhecimento particular, às comercial, assim como ao "turismo" de massa, dos excursionistas de finais de se­ imagens, idéias e valores construídos pelos indivíduos na vida coletiva que lhes mana, pejorativamente conhecidos como "farofeiros". permitem se comunicar, "interpretar e reinterpretar" o espaço em que vivem. "Ilha da Ciranda", "Ilha do Amor", "Ilha da Fantasia" são alguns dos slogans Sendo assim, este artigo objetiva analisar, por meio das representações do atribuídos a Itamaracá para comercializar suas paisagens. O turismo que se baseava, espaço vivido, as mudanças acarretadas pelo turismo na Ilha de Itamaracá-PE. principalmente, na venda de terrenos para segundas residências, tinha nas músi­ Para tanto, ele está dividido em duas partes: na primeira, há uma breve apresenta­ cas de Lia da Ciranda e Reginaldo Rossi seus principais Ícones de divulgação. ção dos principais elementos recorrentes nas representações do presente objeto Maria Madalena Correia do Nascimento, popularmente conhecida como de estudo; e na segunda, uma análise, com o aporte da história oral, das represen­ Lia da Ciranda, é a filha mais ilustre de Itamaracá, e quem até hoje divulga, com tações do espaço vivido de cinco moradores "nativos". sua música, a Ilha para o Brasil e para o mundo. Estava na beira da praia ouvindo as pancadas das ondas do mar. Esta ciranda quem me deu foi Lia, que mora na Ilha de ltamaracá [ . ] 3. Ao utilizar neste trabalho os termos "nativo'; "ilhéu", faz-se necessário esclarecer que não conside­ radas apenas as pessoas que nasceram na Ilha, mas também os imigrantes que nasceram em outras cidades e Estados e que fixaram uma moradia permanente em Itamaracá. Este enquadramento é 4. Segunda residência ou residência secundária "é um alojamento turístico particular, utilizado tem­ justificado pelo fato de muitos imigrantes já terem filhos que nasceram no território insular, de­ porariamente, nos momentos de lazer, por pessoas que têm seu domicílio permanente num outro monstrando o "amplo espectro do termo nativo" (Fantin, 2000). lugar" (Tulik, 1995). 120 Turismo em Análise, v. 14, n. 1, p. 117-130, maio 2003 lenilton Francisco de Assis 121 Estes versos antológicos cantados por Lia desde a década de 1960 integram estava associada à idéia de prisão, de isolamento (Diegues, 1998). Porém, o cresci­ as principais representações aludidas pelos turistas que visitam Itamaracá ou que mento do turismo aliado a outros fatores conjunturais como violência, desem­ têm interesse em conhecê-la. Desde a década de 1970, quando começou a divul­ prego, etc., tem desencadeado diversos processos de tentativas de expulsão e gar sua ciranda, Lia é a maior fomentadora da cultura da Ilha. "Nas minhas via­ retirada das penitenciárias de Itamaracá. gens, digo que Itamaracá é encantada. Eu saio para divulgar minha cultura, mas Nas últimas três décadas, a venda de terrenos para as segundas residências sempre volto", afirma Lia em entrevista. Apesar da sua importância, ela se ressente foi o principal produto turístico de ltamaracá. A especulação imobiliária ditou o da falta de apoio para uma maior divulgação do seu trabalho e da Ilha. parcelamento do solo para a abertura dos loteamentos, resultando numa alta den­ O cantor Reginaldo Rossi, um antigo turista de segunda residência, tam­ sidade de ocupação do espaço litorâneo.
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