Universidade de São Paulo Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI Museu de Zoologia - MZ Artigos e Materiais de Revistas Científicas - MZ 2010 Novas espécies de Callia Audinet-Serville da América do Sul (Cerambycidae, Lamiinae, Calliini) Papéis Avulsos de Zoologia (São Paulo), v.50, n.6, p.77-82, 2010 http://producao.usp.br/handle/BDPI/12505 Downloaded from: Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI, Universidade de São Paulo Volume 50(6):77‑82, 2010 Novas espécies de Callia audiNet-serville da américa do sul (cerambycidae, lamiiNae, calliiNi) ubirajara r. martiNs1,4 maria HeleNa m. Galileo2,4 luís josé joly3 AbstrAct New species of Callia described from Venezuela: C. bordoni sp. nov. (Zulia); C. apyra sp. nov. and C. pallida sp. nov., both from Mérida; C. terminata (Falcón), C. variabilis (Táchira, Mérida); from Brazil: C. catuaba (Minas Gerais); C. oby (Paraná). Keywords: Brazil; New species; Taxonomy; Venezuela. Introdução Bates (1872), ao tratar dos Cerambycidae de Chontales, Nicarágua, descreveu C. minuta e am- O gênero Callia foi criado por Audinet-Serville pliou a distribuição de C. fulvocincta para o México (1835) para C. azurea com a nota de Lacordaire “Les e Nicarágua. O mesmo autor (1881, 1885) figurou espèces de ce genre se trouvant sur le tronc des arbres”. C. fulvocincta e ampliou a distribuição; descreveu Dalman (1823) descreveu Lamia axillaris transferida C. albicornis, C. ambigua e C. calopterona (esta foi para Callia por Germar (1839). Gistel (1848) acrescen- posteriormente transferida para Mimolaia). tou C. purpureipennis, do Brasil e Redtenbacher (1867) Belon (1903) descreveu espécies novas da Bo- descreveu C. xanthomera (Brasil, Rio de Janeiro). Galileo lívia: C. argodi e C. boliviana. Já em 1930 e 1931, & Martins (1991) aventaram a hipótese de sinonímia Melzer adicionou espécies da Mata Atlântica: C. mi- entre estas últimas, mas não chegaram a formalizá-la. nuta, C. comitessa, C. cyanea e C. pulchra. Zajciw Pascoe (1859) descreveu C. chrysomelina do (1958) apresentou chave para espécies ocorrentes Pará. Bates (1866), no estudo sobre os cerambicídeos no Brasil e descreveu C. flavipes do Brasil (Rio de da Amazônia, chamou atenção para o mimetismo das Janeiro). espécies de Callia e adicionou ao gênero seis espécies: Lane (1973) inseriu em Callia, C. leucozonata e C. fulvocincta, C. chrysomelina, C. criocerina, C. halti- C. lineatula, respectivamente, do Equador e da Guia- coides, C. lycoides, C. cleroides e C. lampyroides. Estas na Francesa. duas últimas foram transferidas respectivamente, para Galileo & Martins (1991) apresentaram chave Mimolaia Bates, 1881 e Anapsicomus Galileo & Mar- provisória para as espécies e acrescentaram C. galle- tins, 1988. goi da Colômbia e C. simplex do Pará. Os mesmos 1. Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, Caixa Postal 42.494, 04218-970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected]. 2. Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Caixa Postal 1.188, 90001-970, Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: [email protected]. 3. Museo del Instituto de Zoologia Agrícola, Universidad Central, Maracay, Venezuela. E-mail: [email protected]. 4. Pesquisador do CNPq. 78 Martins, U.R. et al.: Novas espécies de Callia autores (2002) publicaram nova chave para as espé- Distingue-se pela cabeça, protórax e escutelo, cies e descreveram: C. marginata (Peru), C. punctata amarelados; pelo escapo preto; pelos élitros violáceos (Colômbia), C. annulata (Equador), C. tristis (Bolí- com reflexos azuis e pelos fêmures amarelados com a via), C. divisa (Brasil, Mato Grosso), C. lissonota (Bra- ponta preta. Em C. rubristerna a cabeça, o protórax e sil, Rondônia), C. tomentosa (Brasil, Mato Grosso) e o escutelo, são avermelhados; os pro- e mesofêmures C. paraguaya (Paraguai). Em 2008, os mesmos autores são avermelhados com a ponta preta; os metafêmures acrescentaram C. metallica (Equador). são pretos; o escapo é avermelhado com a ponta preta Na presente contribuição incluímos mais cinco e os élitros são azulados. espécies da Venezuela e duas do Brasil (Paraná e Minas Gerais). As siglas citadas no texto correspondem a MIZA, Callia apyra sp. nov. do Museo del Instituto de Zoologia Agrícola, Univer- (Fig. 2) sidad Central, Maracay, Venezuela; MZUSP, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, Etimologia: Tupi, apyra = ápice, belo; alusivo a região Brasil. apical dos élitros preta. Cabeça, protórax e esternos mesotorácicos ala- resultAdos e Discussão ranjados. Antenômeros I a VIII pretos, IX e X ama- relados, XI amarelado com a ponta preta. Escutelo Callia bordoni sp. nov. acastanhado. Élitros com tegumento amarelado nos (Fig. 1) dois terços basais e preto no terço apical. Esternos e urosternitos preto-avermelhados. Pró- e mesofêmu- Etimologia: O nome específico é uma homenagem a res amarelados com ápice acastanhado. Metafêmures Carlos Bordón que muito contribuiu para o conheci- com a metade basal amarelada e a apical acastanhada. mento da fauna de cerambicídeos da Venezuela. Tíbias e tarsos acastanhados. Cabeça brilhante com pubescência esbranquiçada muito esparsa. Cabeça, protórax, escutelo, fêmures (menos a Escapo subcilíndrico. Espinhos laterais do pro- ponta) e esternos torácicos com tegumento amarela- tórax discretos. Pronoto com pontos profundos e es- do; antenas, tíbias, tarsos e urosternitos, pretos; élitros parsos; pubescência branco-amarelada pouco evidente violáceos com reflexos azulados. no terço da base. Pontuação dos élitros organizada em Cabeça com pubescência amarelada esparsa. Es- fileiras longitudinais. Mesosterno e urosternitos com capo subcilíndrico, gradualmente e pouco engrossado pubescência esbranquiçada. para o ápice. Protórax com espinho lateral pouco projetado. Dimensões em mm, holótipo fêmea: Comprimento to- Pronoto com pubescência amarelada esparsa. Escutelo tal, 4,7; comprimento do protórax, 0,8; maior largura com pubescência branco-amarelada pouco densa. Éli- do protórax, 1,1; comprimento do élitro, 3,5; largura tros com pontuação esparsa até o quarto apical. umeral, 1,4. Face ventral com pubescência esbranquiçada muito esparsa. Material-tipo: Holótipo fêmea, VENEZUELA, Méri- da: La Azulita (1.000 m), 11.III.1978, Bordón col. Dimensões em mm, holótipo fêmea: Comprimento to- (MIZA). tal, 5,0; comprimento do protórax, 0,9; maior largura do protórax, 1,3; comprimento do élitro, 3,6, largura Discussão: Callia apyra sp. nov. é discriminada na chave umeral, 1,6. para as espécies de Callia (Galileo & Martins, 2002) no item 5 com C. divisa Galileo & Martins, 2002, pe- Material-tipo: Holótipo fêmea, VENEZUELA, Zulia: los élitros bicolores. Difere pelos antenômeros II a VII Machiques (El Tucuco, 400 m), 22.XI.1984, Bordón pretos; pelo escutelo acastanhado; pelo protórax pra- col. (MIZA). ticamente glabro; pelos élitros com terço apical preto; pelo metasterno preto-avermelhado e pelos fêmures Discussão: Pelo metasterno amarelado, Callia bor- com o ápice ou a metade apical escurecida. doni sp. nov. pode ser comparada com C. rubrister- na Galileo & Martins, 1992 que tem metasterno Em C. divisa os antenômeros II a VII são ane- avermelhado. lados de amarelo na base, o escutelo é alaranjado, o Papéis Avulsos de Zoologia, 50(6), 2010 79 protórax tem densa pubescência branco-amarelada, apyra a cabeça é alaranjada, o antenômero IX é bran- a metade apical dos élitros é preta, o metasterno é co, o pronoto é praticamente glabro, a declividade ba- amarelo-alaranjado e os fêmures são inteiramente sal dos élitros é amarelada e o terço apical dos élitros amarelados. tem pubescência muito esparsa. Callia terminata sp. nov. Callia pallida sp. nov. (Fig. 3) (Fig. 4) Etimologia: Latim, terminatus = terminado; alusivo ao Etimologia: Latim, pallidus = pálido, descorado; alusi- colorido dos élitros com ponta preta. vo ao colorido das antenas. Cabeça preta com fronte e faixa longitudinal Cabeça amarelo-alaranjada menos atrás dos no vértice, alaranjadas. Antenômeros I-VIII pretos; olhos, acastanhada. Fronte com pontos diminutos IX e XI brancos com ápice preto; X inteiramente (40x). Escapo e pedicelo acastanhados. Flagelômeros branco. Protórax alaranjado. Esternos mesotoráci- amarelados. cos e fêmures, menos a ponta, avermelhados. Tíbias Protórax acastanhado com espinho lateral ma- e tarsos pretos. Esternos metatorácicos e urosternitos nifesto. Pronoto esparsamente pontuado com pubes- preto-avermelhados. cência esbranquiçada esparsa. Escutelo acastanhado. Escapo subcilíndrico. Pronoto com pubescência Élitros inteiramente amarelados, brilhantes, amarelo-dourada densa, mais concentrada numa faixa com pilosidade escassa; com pontos alinhados em fi- transversal no meio, prolongada em faixa pelo centro leiras longitudinais. do pronoto até a base. Élitros com estreita região basal Esternos meso- e metatorácicos castanhos cober- e quarto apical, pretos. Pubescência elitral amarelada tos por pubescência esparsa esbranquiçada. Fêmures e densa no terço apical. Fêmures fusiformes. Face ven- amarelados com o ápice castanho; tíbias e tarsos acas- tral com pubescência esbranquiçada. tanhados. Urosternitos castanho-avermelhados. Dimensões em mm, holótipo macho: Comprimento to- Dimensões em mm, holótipo macho: Comprimento to- tal, 5,5; comprimento do protórax, 1,0; maior largura tal, 5,1; comprimento do protórax, 0,9; maior largura do protórax, 1,4; comprimento do élitro, 3,8; largura do protórax, 1,3; comprimento do élitro, 4,7; largura umeral, 1,7. umeral, 1,5. Material-tipo: Holótipo macho, VENEZUELA, Fal- Material-tipo: Holótipo macho, VENEZUELA,
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