VEJA E a CRIMINALIZAÇÃO DA POLÍTICA Mídia E Direito Entre a Ideologia Do Consenso E O Estranhamento Do Mundo

VEJA E a CRIMINALIZAÇÃO DA POLÍTICA Mídia E Direito Entre a Ideologia Do Consenso E O Estranhamento Do Mundo

VEJA E A CRIMINALIZAÇÃO DA POLÍTICA Mídia e Direito entre a Ideologia do Consenso e o Estranhamento do Mundo Roberto Cordoville Efrem de Lima Filho Recife, 2009 2 Roberto Cordoville Efrem de Lima Filho VEJA E A CRIMINALIZAÇÃO DA POLÍTICA Mídia e Direito entre a Ideologia do Consenso e o Estranhamento do Mundo Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Direito do Centro de Ciências Jurídicas / Faculdade de Direito do Recife da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Direito. Área de concentração: Teoria do Direito e Decisão Jurídica. Linha de pesquisa: Eficácia do Direito e Decisão Jurídica. Orientador: Prof. Dr. Gustavo Ferreira Santos Recife, 2009 3 Lima Filho, Roberto Cordoville Efrem de Veja e a criminalização da política: mídia e direito entre a ideologia do consenso e o estranhamento do mundo / Roberto Cordoville Efrem de Lima Filho. – Recife : O Autor, 2009. 222 folhas. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade Federal de Pernambuco. CCJ. Direito, 2009. Inclui bibliografia. 1. Criminalização da política - Deslegitimação da política. 2. Mídia e Direito. 3. Crime - Espetaculariza ção midiática. 4. Veja (Revista) - Criminalização da política. 5. Corrupção - Crime - Meios de comunicação. 6. Ideologia - Neutralização - Forma de legitimação. 7. Imprensa e criminalidade - Brasil. 8. Análise do discurso. 9. Meios de comunicação - Responsabilidade civil - Brasil. 10. Direito penal - Brasil. 1. Título. 343.2(81) CDU (2.ed.) UFPE 345.81 CDD (22.ed.) BSCCJ2009-011 4 5 À Via Campesina e ao Movimento dos(as) Trabalhadores(as) Rurais Sem-Terra. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço de início e desde sempre, a Roberto e Maria de Fátima Efrem, a estrutura afetiva de todas estas palavras, de quem as escreve e do amor que as movimenta. Agradeço a Rafael Efrem, parte fundante desse amor, quem, com esmero, revisou vírgula a vírgula, próclise a próclise deste texto. Agradeço a Maria José e a tanto sorriso. Agradeço ao Núcleo de Assessoria Jurídica Popular - Direito nas Ruas, meu elo fiel com a prática socialista nestes tempos tão estranhos ao companheirismo. Nele, agradeço, repleto de esperanças e certo de ter cumprido meu papel, a Manuela Abath, Felipo Bona, Karine Silva, Vítor Souza, Miguel Mendes, Camila Almeida, Gabriella Andrade, Vanessa Chalegre, Cláudia Mousinho, Natália Regina, Luís Gustavo Silva, Rodolfo Lopes, Glérger Sabiá, Carlos Vieira, Plínio Costa, Mariana Guedes, Filipe Spencer, Marcello Borba, Thiago Cavalcanti, André Barreto e Jackeline Florêncio. Dele, agradeço, por tudo o que lado a lado aprendemos e ainda estamos a aprender, a Bruna Falcão, Luaní Melo, Iara Galvão, Natáli Lacerda, João Gustavo Pereira e John Heinz. Agradeço ao Instituto PAPAI e à prática feminista do cuidado. Nele e entre seus/suas aliados(as), agradeço a Ana Carla Lemos, Thiago Rocha, Raquel Berenguer, Hemerson Moura, Suzana Libardi, Ana Roberta Oliveira, Nara Vieira, Luciana Souza Leão, Alexandre Franca, Karina Oliveira, Ricardo Castro, Diogo Stanley, Edna Granja, Sirley Vieira, Maristela Melo, Ana Luíza Fungheti, Rafael Ozana, Regina Souza, Daniel Lima, Benedito Medrado e Jorge Lyra. Agradeço aos/às companheiros(as) da Consulta Popular e/ou do Movimento dos(as) Trabalhadores(as) Rurais Sem- Terra, por toda a combatividade e toda a boniteza, Aristóteles Cardona, Rafael Diniz, Tatiane Nicéas, Gabriela Falcão, Cássia Bechara, Marcela de Ataíde, Dmitri Félix, Messilene Gorete, Thiago Gaúcho, Joba Alves, Ísis Campos e Ana Emília. Agradeço aos/às militantes da assessoria jurídica popular e/ou do Movimento de Direitos Humanos quem, em Recife ou soltos(as) neste país, servem-me sempre de exemplo e amparo, Hugo Belarmino, Amanda Soares, Diana Melo, Thiago Arruda, Thiago Menezes, Marcelo Cafrune, Rafael Lemes, Carolina Vestena, Diego Diehl, Thaís Bispo, Valéria Pinheiro, Felipe Rocha, Flávia Medeiros, Iagê Zendron, Micheli Iwazaki, Isabella Larissa, Ivan Moraes Filho, Gustavo Magnata, Ciani Sueli, Rebeca Duarte, Manoel Moraes, Jesus Moura, Wilma Melo, Severina Santana, Rivane Arantes, Mércia Alves, Marcelo Santa Cruz, Luciana Pivato e Fernando Prioste. Agradeço aos/às companheiros(as) e amigos(as) das mais diversas lutas que esses caminhos me trouxeram, Louise Caroline, Débora Marinho, Liana Queiroz, Pollyanne Poroca, João Chaves, Renata Tavares, Antônio Gueiros, Fábio Ramalho, Chico Montenegro, Patrícia do Amaral, Rafael Bezerra, André Carneiro, Thiago 7 Emmanuel, Fernando Gonçalves, Amanda Balvito, Cíntia Albuquerque, Turla Alquete, Líu Leal, Mariana Pires e Antônio David. Agradeço a Gustavo Santos, meu orientador já de tantos anos, em quem deposito mais admiração e carinho do que ele imagina e sem o apoio de quem um trabalho como este jamais teria lugar na Faculdade de Direito do Recife. Agradeço a Luciano Oliveira, pela leitura cuidadosa do texto e pelas conseqüentes indicações, mas sobretudo por ser um exemplo, um educador cujos passos quero honrar em minha trajetória. Agradeço a Bruno Galindo e Maria Eduarda Rocha pela presteza em compor a banca avaliadora deste trabalho, ao primeiro, pela disciplina no meu começo de mestrado, a segunda pela solidariedade em sugerir caminhos mesmo a um desconhecido. Agradeço aos/às amigos(as) e surpresas que estes anos de mestrado me deram ou reforçaram, Lúcia Barbosa, Wellida Valois, Amália Arruda, Joana Matos, Bruna Maciel, Jéssica Japiassu, Renata Celeste, Anderson Oliveira, Guilherme Jordão e Suênya Almeida. Do Programa de Pós-Graduação em Direito, agradeço ainda a Josina de Sá Leitão, por seu infindo carinho e sua inesgotável paciência, assim como a Carminha, por sua cotidiana alegria. Agradeço aos/às amigos(as) de sempre, cujos anos cá comigo já não se contam, Beatriz Monteiro, Manu Coelho, Luiz Fernando, Diogo Campos e Ana Raphaella Spencer. Agradeço aos/às amigos(as) que o último ano me concedeu ou resgatou, Anna Polistchuk, Bruno Franca, Jorge de Paula, Arilson Lopes, Conrado Falbo, Rebeca Flora, Ariane da Mota, Cristhiano Aguiar, Andréa Veruska e Heber Costa. Agradeço aos/às amigos(as) que os tempos iniciais de Faculdade de Direito me legaram e a vida tratou de conservar entre os/as melhores(as), Suzana Cortes, Mônica Costa, Henrique Carneiro, Mariana Durant, Rodrigo de Figueiredo, Marina Toffoli, Mara Oliveira, Dante Maia, Ana Elizabete Sá Barreto e Rodolfo Cabral. Agradeço a Ana Lia Almeida, responsável pelas primeiras opiniões acerca do primeiro capítulo e por aquele par de olhos cuja fé na luta alimenta a todos(as). Conseqüente e pressupostamente, agradeço a Flávio Boaventura, Ronaldo Monte, Glória Vanderlei, Luana Amaral, Manu de Paula, Iandê Almeida, Raija Almeida e à pequena Anita. Agradeço a Natália Paulino, Renata Costa, Marta Virgínia, Cecília Souto Maior e Mariana Azevedo, por tanto amor, tanta luta e tanto sonho compartilhados, por todo dia e sequer existirem palavras... Agradeço, por fim e para sempre, a Irandhir Santos, o homem que amo, aquele com quem, longe ou perto, eu compartilhei a escrita de cada página deste texto, a ansiedade e a fadiga, a força e o sonho, mas, sobretudo, aquele com quem comungo cada instante desta (nossa) vida. No amor, meu amor, há, inexoravelmente, história. 8 “A cultura do terror / 3 Sobre uma menina exemplar: Uma menina exemplar brinca com duas bonecas e briga com elas para que fiquem quietas. Ela também parece uma boneca porque é linda e boazinha e porque não incomoda ninguém . (Do livro Adelante , de J. H. Figueira, que foi livro escolar nas escolas do Uruguai até poucos anos atrás)”. Eduardo Galeano, O Livro dos Abraços 9 RESUMO LIMA FILHO, Roberto Cordoville Efrem de. Veja e a criminalização da política : mídia e direito entre a ideologia do consenso e o estranhamento do mundo, 2009. 222 f. Dissertação (Mestrado em Direito) - Programa de Pós-graduação em Direito, Centro de Ciências Jurídicas / Faculdade de Direito do Recife, Universidade Federal de Pernambuco, Recife. O que leva um ministro do Supremo Tribunal Federal a ser aclamado como um herói pela revista semanal de maior circulação do país? O presente trabalho intenta responder esta e outras perguntas a ela irmanadas e que dizem respeito à construção histórica de uma cumplicidade estrutural material e simbólica entre os meios de comunicação de massa e o Poder Judiciário, ou, em outros termos, entre o campo midiático e o campo jurídico. Em sua primeira parte, composta por três capítulos e intitulada “Ideologia do Consenso”, investiga-se a existência de uma homologia entre os campos em questão. São traçadas então as posições de seus/suas agentes, as correlações de força internas e externas, assim como os seus mecanismos de legitimação, de dominação e suas hegemonias homólogas. Na segunda parte, intitulada “Estranhamento do Mundo”, arquiteta-se o encadeamento entre a midiatização da corrupção e a do STF. Perquire-se a presença da corrupção nos meios de comunicação, em afinidade ao aparecimento do crime nos folhetins e ao processo de massificação da sociedade. Infere-se dos meandros entre a mídia e o crime, a constituição de um movimento simbólico que desloca a política daquilo convencionalmente delineado como campo político para o crime e a corrupção. A criminalização da política faz-se na deslegitimação da política e na imbricada legitimação das tomadas de decisão midiáticas e jurídicas, neutralizadas, engendrando um estranhamento dos sujeitos à política e, conseqüentemente, ao mundo. Palavras – chave: Veja, crime, ideologia, estranhamento. 10 ABSTRACT LIMA FILHO, Roberto Cordoville Efrem de. Veja and the politics criminalization: media and

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