A Identidade Cultural Do Município De Piraí Do Sul E O Tropeirismo

A Identidade Cultural Do Município De Piraí Do Sul E O Tropeirismo

Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL UNIDADE DIDÁTICA IDENTIDADE CULTURAL DO MUNICIPIO DE PIRAÍ DO SUL E O TROPEIRISMO Sônia Maria Nascimento PIRAÍ DO SUL - 2013 2 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTÊNDENCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Sônia Maria Nascimento IDENTIDADE CULTURAL DO MUNICÍPIO DE PIRAÍ DO SUL E O TROPEIRISMO Material Didático-Pedagógico elaborado para definir diretrizes de ação do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Secretaria de Estado da Educação – Paraná. Orientadora: Dra. Alessandra de Carvalho 3 PIRAÍ DO SUL – 2013 FICHA CATALOGRÁFICA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA PROFESSOR PDE/2013 Título: A identidade cultural do município de Piraí do Sul e o tropeirismo. Autor: Sônia Maria Nascimento dos Santos Escola de atuação: Colégio Leandro Manoel da Costa Avenida 5 de março, nº 170 Centro Núcleo Regional de Educação: Ponta Grossa Professor orientador: Dra. Alessandra de Carvalho Instituição de Ensino: Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Área do conhecimento: História Resumo: A Unidade Didática que ora se apresenta é uma produção didático-pedagógica exigida pelo Programa de Educação da Escola Pública do Paraná (PDE). A temática abordada é “A Identidade Cultural do Município de Piraí do Sul e o Tropeirismo”. Considerando os aspectos , históricos presentes na origem da cidade de Piraí do Sul, busca-se com o presente projeto analisar até que ponto o tropeirismo de fato faz parte da história e da identidade sociocultural do município, constatando-se e expondo ao final sua contribuição para surgimento e povoamento de Piraí do Sul, cidade integrante da Rota dos Tropeiros. Pedagogicamente, serão realizadas aulas dinâmicas com trabalhos em grupo e individuais, coleta de informações e visitas a marcos histórico, objetivando despertar a curiosidade e compreensão dos alunos sobre o tema em questão. Palavras-Chaves: Identidade Cultural – Piraí do Sul – Tropeirismo Formato do material didático: Unidade Didática Público alvo: O projeto destina-se aos alunos do 7° ano do Colégio Estadual Prof. Leandro Manoel da Costa, no município de Piraí do Sul. 4 VIDA DE TROPEIRO NA CONDUÇÃO DA TROPA, O DESTINO É INCERTO, VIAJANDO A CÉU ABERTO; PASSEANDO POR ERMOS CAMINHOS, NÃO SE SENTIAM SOZINHOS. ENFRENTAVAM CHUVA E GEADA, OU O ESTOURO DA BOAIDA. DORMINDO AO RELENTO, PORÉM SEMPRE ATENTO, NA VIGILÂNCIA À TROPA, QUE PRECISAVA CHEGAR INTACTA AS FEIRAS DE SOROCABA. SE NO CAMINHO, O INFORTÚNIO APARECESSE. E A DOENÇA ACOMETESSE, MÉDICOS NÃO HAVIA; E AS ERVAS O TROPEIRO RECORRIA. A NOITE CAIA, A TROPA INQUIETA SE AFLIGIA O POUSO ERA PREPARADO E A FOGUEIRA ACESSA ESPANTAVA A TRISTEZA NÃO DEMORAVA SAIR O CHIMARÃO, PASSANDO DE MÃO EM MÃO, AQUECENDO O CORAÇÂO A JANTA TÍPICA ERA PREPARADA; FEIJÃO E ARROZ TROPEIRA A FOME SACIAVA ENQUANTO A TROPA DESCANSAVA BOA NOITE COMPANHEIRO AMANHÃ É MAIS UM DIA NA VIDA DE UM TROPEIRO! ANA MAIRLENE M. RETKO 5 UNIDADE DIDÁTICA A IDENTIDADE CULTURAL DO MUNICÍPIO DE PIRAÍ DO SUL E O TROPEIRISMO Autora: Sônia Maria Nascimento dos Santos1 Orientadora: Dra. Alessandra de Carvalho.2 1 APRESENTAÇÃO Esta Unidade Didática tem por finalidade embasar e fomentar teoricamente a discussão acerca da identidade cultural do município de Piraí do Sul e o tropeirismo, movimento cuja contribuição foi fundamental para a formação e povoação de Piraí do Sul, bem como apresentar as diferentes representações afloradas nesse contexto sobre a figura do “tropeiro” como estilo de vida, preenchendo desta forma, a lacuna existente nos programas educacionais da região, que contemplam de forma superficial o assunto em seus livros didáticos. O ensino de história pautado apenas nos conteúdos disponibilizados nos livros didáticos proporciona aos alunos escasso conhecimento acerca do Tropeirismo, o que torna necessário despertar o interesse sobre as origens históricas da cidade de Piraí do Sul. Percebe-se que não há bibliografias, mídias, visitas aos marcos históricos do tropeirismo ou quaisquer outras atividades na região que incentivem os alunos das escolas públicas a aprofundar seus conhecimentos sobre um tema tão relevante para nossa cultura local, o tropeirismo. Despertar nos alunos a curiosidade sobre o passado da sua cidade e de seus habitantes, estimulando o estudo e conhecimento sobre aqueles que colonizaram e 1 Formada em História pela Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR. Especialização em Patrimônio Educacional pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Lotada no Colégio Estadual Leandro Manoel da Costa. 2 Prof. do Departamento de História UEPG.... 6 povoaram Piraí do Sul, é fundamental para resgatar as raízes culturais e despertar a consciência histórica nos alunos, tornando-os conscientes da importância da preservação de sua história. Como bem assevera Paulo Freire (1979), ao trabalhar com temas relacionados à realidade dos alunos, eles ganham a possibilidade de “ler o mundo” que os cerca, podendo assim decodificá-lo e compreende-lo não como uma realidade dada, mas como uma realidade construída pela ação dos homens. Segundo Isabel Barca, citada nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica (p. 57), a aprendizagem histórica se dá quando os professores e alunos investigam as ideias históricas, a partir delas, a aprendizagem histórica configura uma capacidade dos jovens se orientarem na vida e constituírem uma identidade a partir da alteridade. Pretende-se estimular a aprendizagem histórica nos alunos a partir de uma racionalidade histórica não linear e multitemporal, para que compreendam a História como experiência social de sujeitos que constroem e participam do processo de formação. O trabalho será destinado aos alunos da 7° série do Colégio Estadual Leandro Manoel da Costa de Piraí do Sul. A metodologia proposta está em consonância com as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, fundamentada nas correntes historiográficas a Nova História, Nova História Cultural e a Nova Esquerda Inglesa (DCE, 2008). Alguns objetivos específicos foram traçados, entre eles: discorrer sobre o tropeirismo e sua influência na história local de Piraí do Sul, despertar nos alunos a curiosidade e admiração pela cultura tropeira, proporcionar conhecimentos sobre o tropeirismo em atividades de investigação, análise e reflexões com os alunos, conhecer e valorizar o papel do tropeiro no desenvolvimento histórico e econômico em Piraí do Sul e nos Campos Gerais, discorrer sobre a figura do “tropeiro” e seu estilo de vida, estimular o respeito pelo patrimônio que testemunha o passado local. Para tanto, o trabalho pedagógico será organizado por meio do trabalho com vestígios e fontes históricas diversas, indo-se além dos documentos escritos, trabalhando-se também com testemunhos de história local, fotografias da época, visitas aos marcos histórico, documentários, entre outros. Serão levantadas hipóteses a cerca dos acontecimentos do passado, buscando-se estabelecer uma reflexão sobre as fontes históricas e sua relação com o presente, pois conforme bem assevera Cainelli & Schimidt, citado nas Diretrizes Curriculares da 7 Educação Básica (p. 72), ensinar história é construir um diálogo entre o presente e o passado, e não reproduzir conhecimentos neutros e acabados sobre fatos que ocorreram em outras sociedades e outras épocas. 2 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO Esta Unidade Didática Pedagógica será desenvolvida por meio da leitura de textos, vídeos, interpretação de imagens, mapas, construção de textos, poemas, visitas ao museu e aos marcos histórico da cidade, apresentação de trabalhos e exposição em mural e para finalizar um delicioso almoço tropeiro. 1º ENCONTRO Nesse primeiro encontro iniciaremos com um diálogo buscando auferir o conhecimento dos alunos sobre o tema, questionando o que eles sabem acerca do tropeirismo e da cultura tropeira de forma geral. Na sequência, a fim de demostrar a importância dos tropeiros na cultura e formação das civilizações paranaenses, bem como algumas características básicas do movimento tropeiro, faremos a leitura dos textos “O tropeirismo revisitado” de Moara Zuccherelli extraído da dissertação A Rota dos tropeiros – projeto turístico na região dos campos gerais: um olhar antropológico (UFPR, 2008) e “Início da ocidentalização” extraído do livro Cultura e Educação no Paraná de Etelvina Maria de Castro Trindade e de Maria Luiza Andreazza (SEED, 2001). TEXTO 01 O “TROPEIRISMO” REVISITADO: VERSÕES CONTEMPORÂNEAS De forma geral, a bibliografia relacionada ao assunto, descreve o “tropeiro” como os homens que transportavam, regularmente, manadas de gado vacum, cavalar ou muar - as tropas – do seu lugar de criação (região sul do Brasil) até os locais de 8 consumo (estados centrais do Brasil), além de variados produtos, mercadorias e informações. Diz-se que tropear era um “negócio” e um estilo de vida. “Tropeiros” eram aqueles indivíduos que selecionavam os homens para formar a comitiva - um grupo capaz de lidar com gado bovino e muar. Também escolhiam os animais - compravam, vendiam e negociavam preços -, além de controlar o dinheiro, cuidar da contabilidade e de, efetivamente, conduzir as tropas. Eram homens de negócio, empreendedores, tendo, muitos deles, juntado fortuna e ocupado cargos públicos de grande destaque na vida política regional e nacional. “O tropeiro propriamente dito era o dono do negócio, dos animais que ele punha em marcha com os seus camaradas. Podia não ser o único dono,

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