Supremo Tribunal Federal ttt Jurisprudência Criminal ttt AGRAVO REGIMENTAL NO INQUÉRITO Nº 3.158 / RONDÔNIA RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO REDATORA DO ACÓRDÃO: MIN. ROSA WEBER AGTE.(S): MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROC.(A/S) (ES): PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA AGDO.(A/S): IVO NARCISO CASSOL ADV.(A/S): NASCIMENTO ALVES PAULINO EMENTA INQUÉRITO. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA. DECLINAÇÃO DE COMPETÊNCIA. DETENTOR DE PRERROGATIVA DE FORO. ARQUIVAMENTO. COINVESTIGADOS. INQUÉRITO ORIUNDO DE INSTÂNCIA INFERIOR. PROCEDIMENTO. CONSTRUÇÃO JURISPRUDENCIAL. BALIZAS. REMESSA DOS AUTOS AO PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO. CÓPIA INTEGRAL ARQUIVADA NO STF. PRECEDENTES. 1. Presentes detentores e não detentores de prerrogativa de foro nesta Suprema Corte, à míngua de expressa disposição legal ou regimental, formatadas as balizas disciplinadoras do procedimento de desmembramento por construção jurisprudencial. 2. Declinada a competência a esta Suprema Corte e não reconhecido, posteriormente, detentor de prerrogativa implicado nos fatos, ou perdida a prerrogativa por motivo superveniente, viabiliza-se a remessa ao juízo de origem, tal como requerido pelo Ministério Público Federal, para, se o caso, prosseguir com a investigação, mantida, em arquivo, no âmbito do STF, cópia integral dos autos. 3. Agravo regimental provido. Revista do Ministério Público do Rio de Janeiro nº 66, out./dez. 2017 | 293 Supremo Tribunal Federal ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal em dar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Ministra Redatora para o acórdão e por maioria de votos, vencidos os Ministros Marco Aurélio, Presidente e Relator, e Luiz Fux, em sessão da Primeira Turma, na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas. Brasília, 07 de fevereiro de 2017. MINISTRA ROSA WEBER Redatora para o acórdão PRIMEIRA TURMA AG. REG. NO INQUÉRITO Nº 3.158 / RONDÔNIA RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO REDATORA DO ACÓRDÃO: MIN. ROSA WEBER AGTE.(S): MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROC.(A/S) (ES): PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA AGDO.(A/S): IVO NARCISO CASSOL ADV.(A/S): NASCIMENTO ALVES PAULINO RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – A assessora Dra. Mariana Madera Nunes prestou as seguintes informações: Às folhas 800 e 801, Vossa Excelência não acolheu o pleito de remessa dos autos à Terceira Vara Criminal de Porto Velho/RO, consignando que se referem, unicamente, ao investigado. Assentou nada impedir a instauração de inquérito para apurar a eventual responsabilidade penal de terceiros quanto ao alegado fato criminoso. Por meio da petição/STF nº 31.604, à folha 806 a 809, o Procurador-Geral da República busca a reconsideração da decisão, requerendo, sucessivamente, o recebimento da peça como agravo. Frisa que o indeferimento do envio dos autos à Terceira Vara Criminal de Porto Velho/RO acarretará prejuízo às investigações, porque, consoante argumenta, as diligências já realizadas seriam perdidas. Salienta, ainda, que, datando os fatos 294 | Revista do Ministério Público do Rio de Janeiro nº 66, out./dez. 2017 Jurisprudência Criminal – Agravo Regimental no Inquérito nº 3.158 / RO do ano de 2009, a instauração de inquérito implicaria recomeço das investigações e impossibilidade de êxito na apuração da materialidade e autoria delitivas. É o relatório. VOTO O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR): AUTOS – REMESSA A JUÍZO – DESCABIMENTO. Mostra-se inadequada a remessa dos autos do inquérito a Juízo, uma vez já arquivados, no que objetivavam apurar conduta delituosa atribuída, unicamente, a certo investigado, considerado o foro por prerrogativa de função. Atendeu-se aos pressupostos de recorribilidade. Os autos foram recebidos no Ministério Público Federal em 10 de junho de 2016, sendo protocolada a peça, subscrita pelo Procurador-Geral da República, no dia 15 seguinte, dentro do prazo legal. Conheço. Reitero o veiculado acerca da remessa dos autos para prosseguimento das investigações relativamente a terceiros: O inquérito refere-se, unicamente, ao investigado, considerado o foro por prerrogativa de função no Supremo, no qual foram os autos arquivados. Mostra-se descabida a remessa à Terceira Vara Criminal de Porto Velho/RO. Nada impede a instauração de inquérito para apurar a eventual responsabilidade penal de terceiros quanto ao alegado fato delitivo. Em Direito, o meio justifica o fim, e não este, aquele. Os autos do inquérito já arquivado devem permanecer no Supremo para efeito de documentação. De qualquer forma, está viabilizado o fornecimento de cópias de peças ao Ministério Público. Desprovejo o agravo. VOTO O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN – Senhor Presidente, peço vênia ao eminente Ministro-Relator para averbar que tenho entendido, em casos similares, numa direção relativamente diversa para a qual ponderaria a reflexão deste Colegiado. Por exemplo, no Inquérito 4.155 do Estado do Rio de Janeiro, decidi, monocraticamente, Revista do Ministério Público do Rio de Janeiro nº 66, out./dez. 2017 | 295 Supremo Tribunal Federal considerando tratar-se de inquérito que visava apurar a suposta conduta, inclusive dentre os investigados havia, portanto, um parlamentar, e o Ministério Público pede o arquivamento neste caso que estou a mencionar, cuja decisão é de 17 de fevereiro deste ano corrente. Neste caso, e peço licença para mencionar, entendi que: “o arquivamento deferido com fundamento na ausência de provas suficientes não impede o prosseguimento das investigações, caso futuramente surjam novas evidências.” Posto isso, naquela ocasião, deferi o pedido de arquivamento do inquérito – e cito aqui o fundamento legal – em relação ao parlamentar. Quanto aos demais investigados – assentei à época –, determino o retorno dos autos à origem na forma requerida pelo Procurador-Geral da República. É o que eu estou a me reportar, Senhor Presidente. E, portanto, nesse sentido, o entendimento que tenho acolhido vai ao encontro da irresignação manifestada, neste caso, pelo Ministério Público Federal. Desse modo, peço todas as vênias ao eminente Relator, apenas por uma questão de coerência, e manter a percepção que tenho adotado em casos similares. E, assim, estou procurando manter uma linha, mas trago isso à ponderação e à consideração do Colegiado para, quem sabe, ponderarmos juntos. O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) – O que ocorre quando, no âmbito do Supremo, procedemos ao desmembramento dos autos do inquérito? Mandamos, desde que haja outros investigados não detentores de prerrogativa de serem julgados pelo Supremo, formar autos apartados e encaminhá-los. Nesse caso concreto, não. Tivemos – não sei se o desmembramento ocorreu anteriormente, teria de pesquisar – a sequência do inquérito apenas contra o detentor; e houve o arquivamento, penso que até pela Turma. Simplesmente o Ministério Público – não sei por que não se contenta com a formação de autos suplementares – quer que o Supremo coloque em segundo plano a necessidade de possuir a documentação dos autos; que se remeta para a primeira instância. Por isso, entendo haver essa distinção. E, repito, embora não precisasse consignar, disse que nada impede o fornecimento de cópia integral dos autos. Apenas não cabe a remessa dos autos originais. VISTA A SENHORA MINISTRA ROSA WEBER – Eu penso que não compreendi bem a distinção, porque eu tenho agido na mesma linha proposta, ou pelo menos aventada pelo Ministro Fachin, no sentido de determinar a remessa dos autos, em função do desmembramento, autos à origem. Arquiva-se, com relação ao parlamentar, e, com relação aos demais, faz-se o encaminhamento. O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) – Poderia, não estaria longe. Mas, quando os autos foram arquivados, apenas havia um investigado. 296 | Revista do Ministério Público do Rio de Janeiro nº 66, out./dez. 2017 Jurisprudência Criminal – Agravo Regimental no Inquérito nº 3.158 / RO A SENHORA MINISTRA ROSA WEBER – Aí... O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) – Só havia um investigado: o Ivo Narciso Cassol. Não tínhamos outros, senão concluiria no sentido de arquivar, quanto ao detentor da prerrogativa, e remeter, em relação aos demais. Aqui, não. Neste caso, o que pretende o Ministério Público é contar com os documentos. Cabe indagar: por que não se contenta com a formação de autos? Qual motivo de querer que o Supremo abandone a necessidade de manter esses autos arquivados, no próprio recinto, e os remeta? Não sei. Certamente, não é uma quebra de braço comigo, pois não parto para quebra de braço com o Ministério Público, o Estado acusador. A SENHORA MINISTRA ROSA WEBER – A peculiaridade trazida pelo Ministro Marco Aurélio me sensibiliza. E a documentação dos autos? O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) – Aí é que está: não há prejuízo. A SENHORA MINISTRA ROSA WEBER – Agora, por que não tirar e determinar a remessa das cópias todas, diante do arquivamento relativo ao parlamentar? Vieram para cá, em litisconsórcio com um parlamentar, os casos de outros réus não detentores da prerrogativa de foro. Eu não compreendi bem esses aspectos, Presidente. E, se Vossa Excelência me dá a palavra para votar, eu vou ter que requerer vista regimental até pela sistemática que adoto no gabinete. O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (PRESIDENTE) – Pois não, Vossa Excelência tem vista. Eu também fiquei na dúvida. Meu primeiro sentimento foi: qual é o prejuízo de estar arquivado e mandarmos? Aí o Ministro Marco Aurélio diz: mas aí nós ficamos sem registro aqui. Eu também penso que gostaria de pensar um minutinho, porque, no fundo, mandar cópia, fac-símile integral ou original, para
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