A Interiorização Da Capital Pela Estrada De Ferro Sul Do Espírito Santo

A Interiorização Da Capital Pela Estrada De Ferro Sul Do Espírito Santo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL DAS RELAÇÕES POLÍTICAS LEANDRO DO CARMO QUINTÃO A INTERIORIZAÇÃO DA CAPITAL PELA ESTRADA DE FERRO SUL DO ESPÍRITO SANTO VITÓRIA 2008 5 LEANDRO DO CARMO QUINTÃO A INTERIORIZAÇÃO DA CAPITAL PELA ESTRADA DE FERRO SUL DO ESPÍRITO SANTO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social das Relações Políticas do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em História. Orientador: Prof. Dr. Valter Pires Pereira VITÓRIA 2008 6 LEANDRO DO CARMO QUINTÃO A INTERIORIZAÇÃO DA CAPITAL PELA ESTRADA DE FERRO SUL DO ESPÍRITO SANTO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social das Relações Políticas do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em História. Aprovada em _______de _____________ de 2008. COMISSÃO EXAMINADORA ____________________ Prof. Dr. Valter Pires Pereira Universidade Federal do Espírito Santo/ Orientador ____________________ Profª. Drª. Maria da Penha Smarzaro Siqueira Universidade Federal do Espírito Santo ____________________ Profª. Drª. Maria Teresa Toribio Brittes Lemos Universidade do Estado do Rio de Janeiro ____________________ Prof. Dr. Sebastião Pimentel Franco Universidade Federal do Espírito Santo 7 Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil) Quintão, Leandro do Carmo, 1983- Q7i A interiorização da capital pela Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo / Leandro do Carmo Quintão. – 2008. 150 f. : il. Orientador: Valter Pires Pereira. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Humanas e Naturais. 1. Ferrovias – História – Espírito Santo. 2. Café – Exportação – História. I. Pereira, Valter Pires. II. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Ciências Humanas e Naturais. III. Título. CDU: 93/99 8 A meus pais, Antonio e Varlene pelo carinho, apoio e paciência. 9 Resumo O objetivo desta dissertação de História Social das Relações Políticas é discutir a relevância da Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo para Vitória. Analisamos, em primeiro lugar, os principais caminhos do Espírito Santo no século XIX, através dos relatórios dos presidentes de província. Com isso, compreendemos a gênese do projeto de transformar Vitória numa importante praça comercial para a região através da ligação de seu porto com o interior capixaba e mineiro, as dificuldades na construção e manutenção das vias de comunicação da província e opção pela via férrea. Em seguida, buscamos compreender a significância e funcionalidade desse meio de transporte no ocidente, em especial, na Europa, América do Norte, América do Sul, discutindo o papel das ferrovias para suas respectivas economias. Apresentamos, também, os primórdios e as dificuldades da sua implantação a nível nacional e regional. Caracterizamos as principais zonas produtoras da província, com o objetivo de justificar a necessidade do estreitamento das comunicações com a mais destacada delas, a Região Sul. Por fim, narramos a história e as dificuldades de construção da ferrovia em questão, Justificando seu papel interiorizador a partir do estreitamento da ligação econômica entre a capital e o interior, tendo como parâmetro as exportações de café, principal fonte de receitas para a economia do estado. Palavras-chaves: Estrada de ferro. Espírito Santo. Café. 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................... 11 Capítulo 1 - Caminhos do Espírito Santo no século XIX ...................... 19 1.1. Estradas interprovinciais .................................................................. 23 1.2. Estradas vicinais ............................................................................... 37 Capítulo 2 - Estradas de ferro no século XIX ........................................ 48 2.1. Relevância das estradas de ferro no Ocidente .................................. 48 2.2. Implantação e relevância das estradas de ferro no Brasil ................ 54 2.3. Implantação das estradas de ferro no Espírito Santo ....................... 66 Capítulo 3 - Importância da Região Sul para o Espírito Santo ............... 73 Capítulo 4 - A Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo ........................... 88 4.1. Esforços para a construção: da gênese à alienação .......................... 88 4.2. Papel interiorizador .......................................................................... 118 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 128 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO ............................................... 135 ANEXOS ................................................................................................ 153 11 Introdução Entre a Primeira e a Segunda Revolução Industrial, destacou-se a revolução nos transportes de mercadorias, em que a navegação a vapor integrou-se ao sistema ferroviário, cujas estradas ou ferrovias eram os empreendimentos que mais demandavam ônus e tempo na sua construção. Por sua relevância, a temática ferroviária tem sido objeto de importantes estudos, quer por engenheiros, arquitetos, economistas, historiadores, entre outros. A bibliografia sobre a temática ferroviária, no Brasil, é vasta e diversificada. 1 E, quanto ao Espírito Santo, a maior ênfase nos estudos foi dedicada à Estrada de Ferro Vitória a Minas, dos quais destacamos a obra de Lea Brígida Rosa 2. Porém, são raros os textos dedicados à denominada Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo. Alguns textos chegam a mencioná-la, a exemplo de publicações sobre a história do Espírito Santo, sua economia, ou ainda seu sistema de transporte, com destaque às ferrovias 3, mas em nenhuma delas aparece como foco principal, mesmo no curto espaço de tempo em que 1 Para consultar livros sobre estradas de ferro no Brasil, entre outros, cf. COUTY, Louis. O Brasil em 1884. Esboços Sociológicos. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa. Brasília: Senado Federal, 1884; EL KAREH, Almir Chaiban. Filha branca de mãe preta. A Companhia da Estrada de Ferro D.Pedro II (1855-1865). Petrópolis: Vozes, 1982; FOOT HARDMAN, Francisco. Trem fantasma: a ferrovia Madeira-Mamoré e a modernidade na selva. 2.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2005; NATAL, Jorge Luís Alves. Transporte, ocupação do espaço e desenvolvimento capitalista no Brasil: História e perspectivas. 1991. Tese (Doutorado em Ciência Econômica) – Programa de Pós-Graduação do Instituto de Economia – Unicamp; ROSA, Lea Brígida Rocha de Alvarenga. Implantação de vias férreas no Brasil. Coleção Almeida Cousin. n.35. Vitória: IHGES, 1998; SIQUEIRA, Edmundo. Resumo histórico da The Leopoldina Railway Company Limited. Rio de Janeiro: Gráfica Editora Carioca, 1938. 2 ROSA, Lea Brígida Rocha de Alvarenga.Uma ferrovia em questão: a Vitória a Minas 1890/1940. Vitória: [s.n.], 1985. 3 Para consultar livros sobre a História do Espírito Santo, cf. BITTENCOURT, Gabriel. História geral e econômica do Espírito Santo. Do engenho colonial ao complexo fabril-portuário. Vitória: Multiplicidade, 2006; FRANCO, Sebastião Pimentel; HEES, Regina Rodrigues; A República no Espírito Santo. Vitória: Multiplicidade, 2003; NOVAES, Maria Stella de. História do Espírito Santo. Vitória: Imprensa Oficial, s/d.; OLIVEIRA, José Teixeira de. História do Estado do Espírito Santo. Rio de Janeiro: IBGE, 1951.; SUETH, José Cândido Rifan. Espírito Santo, um estado “satélite” na Primeira República: de Moniz Freire a Jerônimo Monteiro (1892-1912). Vitória: Flor & Cultura, 2006; livros sobre economia do Espírito Santo, cf. BITTENCOURT, Gabriel. A formação econômica do Espírito Santo: O Roteiro da Industrialização. Rio de Janeiro: Editora Cátedra, 1987; ROCHA, Haroldo Correa & COSSETI, Maria da Penha. Dinâmica cafeeira e constituição de indústrias no Espírito Santo – 1850/1930. Vitória: NEP - Departamento de Economia – UFES, 1983; e SIQUEIRA, Maria da Penha Smarzaro. O desenvolvimento do Porto de Vitória – 1870/1940. Vitória: CODESA/UFES, 1984; e livros sobre ferrovia no Espírito Santo cf. HERKENHOFF, Simone Lemos. Mauá e Moniz Freire: ferrovias e pioneirismo econômico do século XIX. Vitória: IHGES, 2000; ROSA, Léa Brígida Rocha de Alvarenga. Uma ferrovia em questão: a Vitória a Minas 1890/1940. Vitória, [s.n.], 1985. 12 pertenceu ao governo estadual (1892-1907), bem como no período subseqüente, quando passou ao controle da Leopoldina Railway. Mas não apenas por isso esse é o nosso objeto de estudo. Queremos entender sua efetiva importância para o Espírito Santo, no que tange a política e a economia. Por que foi construída? Qual ou quais grupos estavam por trás de sua construção? Como foi construída? Sem perder de vista esses questionamentos, nossa hipótese é de que ela teve um importante papel de interiorizar capital ao atrair, para que fossem exportadas por seu porto, parte da produção de importantes zonas, possibilitando o crescimento do comércio em nessa cidade. Para efetuar tal estudo, priorizamos o transporte de café, uma vez que este era o principal produto transportado pela ferrovia e exportado pelo porto de Vitória. Nosso recorte geográfico compreenderá a região circunscrita à ferrovia, no centro-sul do Espírito Santo, correspondente hoje aos municípios de Vila Velha, Cariacica, Viana, Domingos Martins, Marechal Floriano, Alfredo

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