Jurisprudência Do Tribunalsuperioreleitoral

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Jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral Tribunal Superior Eleitoral JUL./SET. 2007 – VOLUME 18 – NÚMERO 3 Jurisprudência do 0103-6793 JUL./SET. 2007 VOLUME 18 9 770103 679007 NÚMERO 3 TRIBUNAL SUPERIOR ISSN 0103-6793 ELEITORAL Volume 18 – Número 3 Julho/Setembro 2007 © 1990 Tribunal Superior Eleitoral Diretor-Geral da Secretaria Miguel Augusto Fonseca de Campos Secretaria de Gestão da Informação Coordenadoria de Jurisprudência Praça dos Tribunais Superiores, Bloco C, Ed. Sede, Térreo 70096-900 – Brasília/DF Telefone: (61) 3316-3507 Fac-símile: (61) 3316-3359 Editoração: Coordenadoria de Editoração e Publicações Jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral. – v. 1- n. 1- (1990)- . – Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 1990- Trimestral. Título anterior: Boletim Eleitoral (1951-jun. 1990). 1. Eleição – Jurisprudência – TSE-Brasil. I. Brasil. Tribunal Superior Eleitoral. CDD 340.605 Tribunal Superior Eleitoral Presidente Ministro Marco Aurélio Vice-Presidente Ministro Cezar Peluso Ministros Ministro Carlos Ayres Britto Ministro José Delgado Ministro Ari Pargendler Ministro Caputo Bastos Ministro Gerardo Grossi Procurador-Geral Eleitoral Dr. Antonio Fernando Souza Sumário JURISPRUDÊNCIA Acórdãos .................................................................................................. 6 Resoluções............................................................................................ 242 Decisão colegiada ................................................................................. 405 ÍNDICE DE ASSUNTOS ......................................................................... 412 ÍNDICE NUMÉRICO .............................................................................. 430 Jurisprudência Acórdãos REPRESENTAÇÃO No 1.005* Brasília – DF Relator: Ministro Marcelo Ribeiro. Representante: Coligação Por um Brasil Decente. Advogados: Dr. Antônio César Bueno Marra e outros. Representados: Luiz Inácio Lula da Silva e outra. Advogados: Dr. José Antônio Dias Toffoli e outros. Comparecimento de candidato à Presidência da República no horário destinado à propaganda para o cargo de governador de estado. Não se tratando de mero apoio ao candidato a que destinado o programa eleitoral, mas, em parte, de propaganda do próprio candidato ao cargo nacional, configura-se a chamada invasão, a ensejar a aplicação de penalidade prevista em resolução. Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por maioria, vencidos os Ministros Carlos Ayres Britto, Cesar Asfor Rocha e José Delgado, em julgar procedente o pedido inicial, nos termos das notas taquigráficas. Sala de Sessões do Tribunal Superior Eleitoral. Brasília, 22 de agosto de 2006. Ministro MARCO AURÉLIO, presidente – Ministro MARCELO RIBEIRO, relator. __________ Publicado em sessão, em 22.8.2006. RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO MARCELO RIBEIRO: Senhor Presidente, adoto o relatório do Ministério Público Eleitoral (fls. 47-49). Acrescente que o Parquet opinou pela improcedência da representação. ____________________ *Vide o acórdão de 5.9.2006 no AgRgAg no 1.054, publicado neste número: inaplicação do princípio da proporcionalidade em caso de reiteração. Jurisp. Trib. Sup. Eleit., v. 18, n. 3, p. 11-245, jul./set. 2007 7 VOTO O SENHOR MINISTRO MARCELO RIBEIRO (relator): Senhor Presidente, em primeiro lugar, rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva. A penalidade, no caso de procedência da representação, deverá ser suportada pelo candidato beneficiário, nos termos do art. 23 da Res.-TSE no 22.261/2006. Examino, pois, o mérito da representação. Quando da análise do pedido de liminar, averbei: “Em uma análise preliminar, penso que assiste, em parte, razão à representante. Assisti à fita de vídeo (DVD) anexada aos autos e verifiquei que, enquanto o presidente da República manifesta seu apoio ao candidato ao governo de São Paulo de seu partido, inclusive aludindo a uma parceria entre gestões — estadual e federal –, aparece imagem com a expressão: ‘Lula Presidente’. No ponto, a meu sentir, ocorre a chamada ‘invasão’ de horário destinado à propaganda para eleição estadual. A expressão ‘Lula presidente’ configura propaganda eleitoral do candidato à Presidência da República da Coligação Força do Povo. Quanto às demais alegações, não percebo, ao menos de início, a presença do fumus boni iuris, ressalvando, no entanto, que, no exame final da representação, aprofundarei a análise a respeito. Assim, defiro parcialmente a liminar para proibir a transmissão do programa gravado no DVD em anexo, no que se refere à imagem veiculando a expressão ‘Lula Presidente’. A meu sentir, quando a Lei no 9.504/97, em seu art. 47, define os horários da propaganda eleitoral gratuita, separando os relativos às candidaturas para presidente e vice, deputado federal, governador de estado, deputado estadual, distrital e federal e senador, quis, obviamente, limitar aos horários definidos a propaganda para cada um dos cargos aludidos. Assim, a meu ver, a vedação de “invasão” decorre não apenas da Res. no 22.261, art. 23, mas diretamente da lei. Se assim é, não se veda, tão-somente, a “invasão” de propagada relativa a cargos majoritários em horário destinado a proporcionais e vice-versa. Qualquer propaganda feita em horário diverso do destinado ao candidato pode, em tese, configurar “invasão”. Isso não significa que determinado candidato não possa comparecer, até mesmo fisicamente, no horário destinado a correligionário, que dispute outro cargo. Tal participação é possível, conforme se verifica do art. 54 da Lei no 9.504/97. A participação em questão, contudo, deve, obrigatoriamente, limitar-se a apoio ao candidato a que reservado o horário de propaganda eleitoral. Cito, a propósito, dois julgados da Corte, verbis: 8 Jurisp. Trib. Sup. Eleit., v. 18, n. 3, p. 11-245, jul./set. 2007 “Representação no 571. Classe 30 – Distrito Federal (Brasília). Relator: Ministro Gerardo Grossi. Representante: Coligação Grande Aliança (PSDB/ PMDB). Advogados: Dr. José Eduardo Rangel de Alckmin e outros. Representados: Anthony William Garotinho Matheus de Oliveira e outra. Advogados: Drs. José Rui Carneiro, Carlos Siqueira e outros. Representação. Tutela antecipada. Participação de candidato a presidente da República. Horário gratuito. Candidaturas estaduais e federais. É permitida a participação de candidato a presidente da República no horário de propaganda destinado a outras candidaturas, desde que limitada à manifestação de apoio aos titulares daquele espaço. Caracterizada a ‘Invasão’ do espaço e do tempo de propaganda que era do candidato a governador, é de ser deferida a tutela antecipada para, nos termos do § 99 do art. 26 da Res. no 20.988/2002, determinar a perda do tempo da propaganda do candidato à Presidência da República (precedente: Rp no 2.422). Tempo reduzido de 36 segundos, como pedido na inicial, para 10 segundos, em atendimento ao princípio da proporcionalidade”. “(Ac. no 557 30.9.2002.) Representação no 557 – Classe 30a – Distrito Federal (Brasília). Relator: Ministro Gerardo Grossi. Representante: Coligação Grande Aliança (PSDB/PMDB). Advogados: Dr. José Eduardo Rangel de Alckmin e outros. Representada: Coligação Frente Trabalhista (PDT/PPS/ PTB). Advogados: Dr. Torquato Jardim e outros. Representação. Participação. Candidato a presidente da República. Horário gratuito. Propaganda eleitoral. Candidaturas estaduais e federais. Possibilidade. Limitação. Apoio. É permitida a participação de candidato a presidente da República no horário de propaganda destinado a outras candidaturas, desde que limitada à manifestação de apoio aos titulares daquele espaço. Hipótese de invasão de candidato à Presidência da República, em espaço de candidato ao Senado Federal, que não ensejou mero apoiamento, mas intenção de arrecadar votos em espaço que não lhe era reservado. Representação julgada procedente”. No caso, consoante anotei na decisão relativa ao pedido de liminar, a exibição da imagem “Lula Presidente”, durante a fala do atual presidente da República configurou, a meu ver, propaganda eleitoral deste último. Argumentar-se-á que a resolução permite, no citado art. 23, “a utilização, durante a exibição do programa, de legendas e acessórios com referência a candidatos majoritários, ou, ao fundo, cartazes ou fotografias desses candidatos”. Na hipótese vertente, contudo, houve mais: enquanto o candidato à Presidência falava, foi inserida a legenda “Lula Presidente”, de modo a caracterizar, a meu sentir, propaganda eleitoral. Creio que, no caso, a sobreposição da legenda “Lula Presidente” à fala do candidato à reeleição, configurou clara “intenção de arrecadar Jurisp. Trib. Sup. Eleit., v. 18, n. 3, p. 11-245, jul./set. 2007 9 votos em espaço que não lhe era reservado”, consoante se anotou na ementa da Representação no 557. A referida sobreposição configurou, a meu ver, burla à resolução. Aparentemente, em uma primeira análise, pode-se sustentar a regularidade da propaganda. Examinando-a, contudo, com detalhe, verifica-se que, por se destinar a angariar votos ao candidato nacional, viola a Lei no 9.504/97. O tempo em que coexistiram, no vídeo, a legenda citada e a fala do atual presidente da República é de 8 (oito) segundos. Segundo afirma a inicial, sem contestação, no ponto, dos representados, quatro emissoras veicularam, até a propositura da representação, uma vez cada, a propaganda impugnada. Assim, são 32 (trinta e dois) segundos de propaganda irregular. Indefiro o pedido de requisição ao TRE/SP de mapa de mídia. O representante afirma que, até o ajuizamento, teriam sido 4 as veiculações. Após o ajuizamento,

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