Central and Mixed Venous Oxygen Saturation in Septic Shock: Is There a Clinically Relevant Difference?

Central and Mixed Venous Oxygen Saturation in Septic Shock: Is There a Clinically Relevant Difference?

398 ARTIGO ORIGINAL Flavia Ribeiro Machado1, Rosana Saturação venosa central e mista de Borges de Carvalho2, Flávio Geraldo Rezende Freitas2, Luciana Coelho oxigênio no choque séptico: existe Sanches2, Miriam Jackiu2, Bruno Franco Mazza2, Murillo Assunção2, diferença clinicamente relevante? Helio Penna Guimarães2, Jose Luiz Gomes do Amaral3 Central and mixed venous oxygen saturation in septic shock: is there a clinically relevant difference? 1. Professora Adjunta da Disciplina de RESUMO didas de 23 pacientes, mediana de ida- Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva de de 65,0 (49,0-75,0) anos, APACHE da Universidade Federal de São Paulo Introdução: A medida da saturação II médio de 27,7±6,3. Os valores mé- -UNIFESP, São Paulo (SP), Brasil. ± venosa central de oxigênio (SvcO2) tem dios encontrados foram 72,20 8,26%, 2. Médico do Setor de Terapia Intensiva sido proposta como alternativa a saturação 74,61±7,60% e 74,64±8,47% para da Disciplina de Anestesiologia, Dor venosa mista (SvO2), com grau de con- SvO2, SvcO2 e SvaO2. O teste de corre- e Terapia Intensiva da Universidade cordância variável nos dados atualmente lação linear mostrou baixa correlação Federal de São Paulo - UNIFESP, São disponíveis. Esse estudo objetivou avaliar tanto entre a SvO2 e a SvcO2 (r=0,61, Paulo (SP), Brasil. as possíveis diferenças entre a SvO2 e a p<0,0001) quanto entre a SvO2 e a 3. Professor Titular da Disciplina de SvcO2 ou saturação venosa atrial de oxigê- SvaO2 (r=0,70, p<0,0001). As concor- Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva nio (SvaO2), com ênfase na interferência dâncias entre SvcO2/SvO2 e SvaO2/SvO2 da Universidade Federal de São Paulo - do débito cardíaco, e o impacto delas no foram, respectivamente, de -2,40±1,96 UNIFESP, São Paulo (SP), Brasil. manejo clínico do paciente séptico. (-16,20 e 11,40) e -2,40±1,96 (-15,10 Métodos: Estudo prospectivo obser- e 10,20), sem diferença nos subgrupos vacional em pacientes com choque séptico de débito cardíaco. Não houve concor- monitorizados com cateter de artéria pul- dância na conduta clínica em 27,8% dos monar. Foi obtido sangue simultaneamente casos, tanto entre SvcO2/SvO2 como de para determinação da SvcO2, SvO2 e SvaO2. SvaO2/SvO2. Realizado testes de correlação linear (signifi- Conclusão: Esse estudo mostra que a cativos se p≤0,05) e análise de concordân- correlação e a concordância entre SvO2 e cia (Bland-Altman) entre as amostras e nos SvcO2 é baixa e pode levar a condutas clí- subgupos de débito cardíaco. Além disso, nicas diferentes. foi avaliada a concordância entre condutas clínicas baseadas nessas medidas. Descritores: Oximetria/métodos; Resultados: Foram obtidas 61 me- Oxigênio/sangue; Choque séptico/sangue Recebido da Disciplina de INTRODUÇÃO Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva Universidade Federal de São Paulo - A hipóxia tecidual é considerada um dos fatores preponderantes no desenvol- UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil. vimento da disfunção orgânica múltipla em pacientes sépticos.(1) Infelizmente, Autor para correspondência: achados clínicos, sinais vitais e medida do débito urinário não são suficientemente (2) Flavia Ribeiro Machado. precisos para detectá-la. A monitorização da saturação venosa mista de oxigênio Disciplina de Anestesiologia, Dor e (SVO2) tem sido usada como forma de se avaliar o balanço entre oferta e consumo Terapia Intensiva. de oxigênio a nível sistêmico. Embora estudos em pacientes com longo tempo de R. Napoleão de Barros, 715 - 5º andar instalação de disfunção orgânica tenham falhado em demonstrar sua importância CEP 04024 002 - São Paulo (SP), Brasil. como alvo terapêutico a ser atingido,(3) Rivers et al., em 2001, mostraram que Fone/Fax: (11) 5576-4069 nas primeiras horas de ressuscitação hemodinâmica da sepse grave deve-se pro- E-mail: [email protected] curar sua otimização, num protocolo conhecido com Early Goal Directed Therapy (EGDT).(4) Entretanto, esses autores utilizaram a saturação venosa central de oxi- Rev Bras Ter Intensiva. 2008; 20(4): 398-404 Saturação venosa central e mista de oxigênio 399 gênio (SvcO2), mensurada através de cateter de fibra ótica hospital universitário terciário com 16 leitos. O estudo foi locado em veia cava superior. aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da instituição e Devido aos riscos associados com a inserção do cate- todos os pacientes ou seus representantes legais concorda- ter de artéria pulmonar, custo e a dúvidas quanto a seu ram com sua participação, assinando termo de consenti- benefício, além do uso rotineiro do cateter venoso central mento livre e esclarecido. nas unidades de terapia intensiva, a medida da SvcO2 tem Foram incluídos pacientes com idade maior que 18 sido proposta como alternativa para se avaliar a relação anos e diagnóstico de choque séptico que estivessem com global entre oferta e consumo de oxigênio. Estudos em acesso venoso central e monitorização com cateter de arté- terapia intensiva mostram que a SvcO2 é em média 4% a ria pulmonar. Choque séptico foi definido como a presen- 7% maior que a SvO2 e que há uma boa correlação entre ça de hipotensão refratária a reposição volêmica segundo elas.(5-7) Porém, o grau de concordância não é satisfatório e o consenso de 1992.(8) Essa hipotensão deveria ser clara- os dados disponíveis ainda são inconclusivos quanto a sua mente secundária ao processo séptico, ou seja, a presença habilidade de retratar de forma adequada a SvO2. de um foco infeccioso. Essa diferença no conteúdo venoso de oxigênio seria Foram excluídos os sabidamente portadores de valvulo- possivelmente explicada pela mistura com o sangue drena- patia tricúspide associada à insuficiência valvar pulmonar, do pela veia cava inferior, bem como aquele advindo do seio comunicação interatrial ou interventricular, forame oval, coronariano e das veias tebesianas. Sabe-se que a taxa de persistência do canal arterial ou doenças que associadas a extração de oxigênio pelo miocárdio é bastante elevada e o shunt intracardíaco. sangue resultante pode conter níveis de saturação da ordem Dados demográficos e o índice Acute Physiological and de 30-40%. Alguns autores acreditam que essa mistura com Chronic Health Evaluation II (APACHE II) foram regis- o sangue advindo do seio coronariano seja a provável expli- trados.(9) Todos pacientes estavam monitorizados com ca- cação para a diferença.(5) O comportamento da diferença teter de artéria pulmonar de 7,5 F e 110cm de extensão ® entre a SvcO2 e a SvO2 em diferentes perfis de débito cardía- (Edwards Lifesciences ) inseridos através de veia jugular co não foi bem avaliado. O débito cardíaco no paciente sép- ou subclávia. A posição do cateter venoso central em veia tico pode variar bastante, com diminuição em decorrência cava superior era confirmada por radiografia de tórax. A de pré-carga inadequada ou depressão miocárdia secundária posição da via proximal do cateter de artéria pulmonar foi a sepse. Ao mesmo tempo, alguns pacientes podem apre- confirmada pela curva típica de pressão de átrio direito. sentar débito elevado, pela resposta natural à diminuição Cada paciente foi submetido a um máximo de 4 coletas de da resistência periférica. Isso faz com que seja interessante parâmetros hemodinâmicos e respiratórios, com intervalo analisar o comportamento das diferenças entre saturação mínimo de 4 horas. Cada coleta incluía análise gasimétrica venosa mista e central nessas situações clínicas. de sangue colhido simultaneamente das extremidades pro- Além disso, os estudos geralmente usam diferentes sí- ximal (SvaO2) e distal (SvO2) do cateter de artéria pulmo- tios, átrio direito (SvaO2) ou cava superior (SvcO2) para nar e amostra do cateter venoso central. Para evitar conta- determinação da saturação venosa de oxigênio, havendo minação com líquidos infundidos nos cateteres, antes de resultados controversos. cada amostra aspirou-se 5 ml de ambas as luzes do cateter Outro aspecto a ser considerado, além da correlação pulmonar bem como do cateter central. As amostras fo- ou concordância entre essas duas formas de mensuração ram enviadas imediatamente ao laboratório e processadas. do ponto de vista estatístico, é a concordância do ponto Anotaram-se os valores dos parâmetros hemodinâmicos de vista de conduta clínica. Nenhum dos autores citados imediatamente antes da coleta das amostras, com ênfase avaliou se as diferenças encontradas poderiam levar a re- no débito cardíaco, medido por termodiluição. percussões clinicas na conduta empregada. (5-7) Os conjuntos de dados hemodinâmicos e respiratórios, Assim, esse estudo objetivou avaliar as possíveis dife- assim como os diagnósticos e doses de drogas vasoativas renças entre a SvO2 e a SvcO2 ou SvaO2, com ênfase na em vigência foram apresentados sempre a um médico in- interferência do débito cardíaco, e o impacto delas no ma- tensivista titulado pela Associação de Medicina Intensiva nejo clínico do paciente séptico. Brasileira que, desconhecendo a procedência do sangue que originou cada conjunto de dados, definia, dentro de MÉTODOS um espectro de opções, a conduta a ser assumida. Essa conduta não era transmitida a equipe responsável pelo pa- Trata-se de estudo clínico, prospectivo e observacional ciente, não tendo nenhuma influência no tratamento. O realizado em unidade de terapia intensiva mista de um espectro de opções era composto pelas seguintes: manter a Rev Bras Ter Intensiva. 2008; 20(4): 398-404 400 Machado FR, Carvalho RB, Freitas FGR, Sanches LC, Jackiu M, Mazza BF et al. conduta, administrar volume, transfundir glóbulos verme- índice cardíaco abaixo e acima de 3,5 l/min/m2. lhos, aumentar ou reduzir a velocidade de infusão de no- radrenalina, iniciar, aumentar ou reduzir a velocidade de RESULTADOS infusão de dobutamina ou administrar diuréticos. Além disso, num segundo momento, o intensivista foi infor- Foram analisadas 61 medidas de 23 pacientes, sendo mado sobre qual das gasometrias advinha do ramo distal 10 homens (43,5%) e 13 mulheres (56,5%) com mediana do cateter da artéria pulmonar e solicitado a reavaliar sua de idade de 65,0 (49,0-75,0) anos e APACHE II médio de conduta considerando como apropriada uma saturação 27,7±6,3.

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