1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PAULO ROBERTO NEVES COSTA EMPRESARIADO E DEMOCRACIA NO BRASIL (1984 - 1994) Tese de Doutorado em Ciências Sociais apresentada ao Departamento de Ciência Política do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, sob orientação do Prof. Dr. Décio Azevedo Marques de Saes. Este exemplar corresponde à versão final da tese defendida e aprovada pela Comissão Julgadora em 28/07/2003. Banca Examinadora: Prof. Dr. Ary César Minella Prof. Dr. Décio Azevedo Marques de Saes Prof. Dr. Otávio Soares Dulci Prof. Dr. Sebastião Carlos Velasco e Cruz Prof. Dr. Shiguenoli Miyamoto Profa. Dra. Denise Barbosa Gros (Suplente) 2 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO IFCH - UNICAMP Costa, Paulo Roberto Neves C 823 e Empresariado e democracia no Brasil (1984-1994) / Paulo Roberto Neves Costa . - - Campinas, SP : [s. n.], 2003. Orientador: Décio Azevedo Marques de Saes. Tese (doutorado ) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. 1. Associação Comercial de São Paulo. 2. Federação do Comércio do Estado de São Paulo. 3. Empresários. 4. Classes sociais. 5. Democracia. 6. Brasil – Política e governo, 1984-1994. I. Saes, Décio Azevedo Marques. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. III.Título. 3 Ao Guigo, que deu um novo sentido para tudo. É claro que um biscoito recheado faria muito mais sucesso do que este monte de folhas escritas. 4 5 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todos aqueles cujo trabalho foi fundamental para a realização da pesquisa. Destaco entre eles os nomes de Luciana da Costa Camargo Pereira, Regiane de Andrade Fria Prete e Marcel Solimeo da Associação Comercial de São Paulo, entidade que sempre facultou e apoiou o meu trabalho de pesquisa. Antonio Carlos Borges, Rosana Maria Muzetti, Regina Aparecida Santezi, Márcia Aparecida da Silva e Salette de Cássia Vieira da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, foram sempre bastante solícitos e atenciosos, o que reforçou ainda mais o espírito de colaboração desta entidade e tornou o meu trabalho mais agradável e produtivo. A todos, o meu muito obrigado. A CAPES forneceu auxílio financeiro (PCIDT), fundamental para a realização da pesquisa. Os professores Sebastião Velasco e Cruz e Reginaldo Moraes merecem destaque pelas valiosas sugestões, já acumuladas ao longo de alguns anos de minha formação, em particular quando de meu exame de qualificação. Espero que tenha feito bom uso de suas observações, as quais em nada os torna responsáveis pelas deficiências que este trabalho possa apresentar. Ao professor Décio Saes também faço menção especial, já que neste ano completam-se nada menos que vinte anos de orientação e convivência acadêmica. Gostaria também de agradecer ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e à Universidade Estadual de Campinas, onde realizei toda a minha formação acadêmica. Vida longa ao IFCH e à UNICAMP. Adriano Nervo Codato e Renato Monseff Perissinotto tiveram presença importante em minha trajetória acadêmica e na produção deste texto. Ao Adriano, meu especial agradecimento pelos debates sobre questões teóricas e metodológicas e pelas sugestões bibliográficas. José Marcos Naime Novelli também merece o meu agradecimento. Mas, com estes colegas eu compartilho algo mais importante, que é a nossa grande amizade. Do Zé Carlos, grande amigo e irmão que perdi quando estava iniciando este trabalho, ficam a saudade e as boas lembranças. Como seria bom poder desfrutar de sua amizade, de sua inteligência, de sua presença e de seu sorriso neste e noutros tantos momentos. Mas, a vida continua, ... Minha família sempre esteve presente, apesar da distância. Agradeço aos meus pais, Antonio e Nair, e a todos os meus irmãos, em especial ao Totonho e à Maná pelo apoio fundamental durante a pesquisa em São Paulo e pela disposição em sempre ajudar o eterno caçula. Seu Costa e Dona Amélia também merecem a minha gratidão. Andréa foi com quem vivi nestes anos de tese e de muitas outras coisas. Espero que deste período tortuoso fiquem apenas as boas lembranças. Afinal, foi nestes anos que surgiu em nossas vidas a figura especial a quem dedico este trabalho. P.R.N.C. Curitiba, Junho de 2003. 6 RESUMO Neste trabalho analisamos a articulação entre os padrões de ação política do empresariado e o arranjo político-institucional, ou seja, o regime político, no contexto da democracia. Tomamos por referência o Brasil no período entre 1984 e 1994 e a Associação Comercial de São Paulo e a Federação do Comércio do Estado de São Paulo. Desta forma, analisamos a ação política do empresariado a partir de 1- seu processo de organização e representação política e 2- sua relação com o arranjo político-institucional vigente. Portanto, entendemos que a análise do comportamento político do empresariado frente às instituições políticas é fundamental para a compreensão das particularidades de sua ação coletiva e de sua constituição enquanto agente político. Nossa conclusão é que, apesar de algumas tentativas, as entidades em questão não conseguiram superar os obstáculos inerentes à situação econômica, social e política das classes sociais que atuavam através destas entidades, de forma que lhes permitissem enfrentar com mais intensidade e eficácia o problema da institucionalização da democracia e interferir decisivamente na constituição e nas formas de funcionamento das instituições políticas, no processo de retomada dos procedimentos democráticos. E é exatamente este aspecto que caracteriza a relação entre o empresariado aqui considerado e o regime político, ou seja, um certo tipo de presença e, principalmente, de ausência. 7 ABSTRACT In this work we analyze the relationship between the pattern of political action of entrepreneurs and the institutionalization of Brazilian democracy, or in other words, the democratic regime. Our analysis refers to the period between 1984 and 1994 and to the Commercial Association of São Paulo and the Federation of Commerce of State of São Paulo. We analyze the political action of entrepreneurs with regard to 1) the process of their political organization and representation and 2) its relationship to prevailing political-institutional arrangements. Therefore, we understand that the analysis of the political behavior of the entrepreneurs in relation to political institutions is important for our comprehension of the specific nature of the collective action of this group and its constitution as a political agent. Our conclusion is that, although some attempts were made, the entities in question were not able to overcome the obstacles that were inherent to the economic social and political situation of the social classes that acted through these entities, in such a way that would allow them to face the problem of the institutionalization of the democracy with more intensity and effectiveness and to intervene decisively in the constitution and the forms of functioning of the political institutions, within the process of return to democratic procedures. It is precisely this aspect that characterizes the relationship between the entrepreneurs under consideration here and the political regime, in other words, a certain type of presence and, primarily, of absence. 8 9 SUMÁRIO Introdução ..................................................................................................................................... 11 PARTE I A estratégia de análise da ação política do empresariado na democracia Capítulo I - Empresariado, política e democracia: a questão na literatura .................................... 17 Capítulo II - Metodologia e estratégia de análise ......................................................................... 37 PARTE II “Usina de espumas e fumaça”: a Associação Comercial de São Paulo e a democracia (1984-1994) Capítulo III - ACSP: a entidade e a empresa ................................................................................ 51 Capítulo IV - ACSP: os padrões de ação política ......................................................................... 113 PARTE III “Sindicalismo adulto”: a Federação do Comércio do Estado de São Paulo e a democracia (1984-1994) Capítulo V - FCESP: a federação sindical do comércio paulista .................................................. 215 Capítulo VI - FCESP: os padrões de ação política ........................................................................ 231 PARTE IV Notas sobre empresariado e regime político democrático Capítulo VII – Observações sobre o estudo do regime político brasileiro (1984-1994) .............. 281 Capítulo VIII - Empresariado e democracia: notas para uma discussão teórica .......................... 293 CONCLUSÕES Empresariado e democracia no Brasil (1984-1994) ................................................................... 331 Referências bibliográficas ............................................................................................................ 359 Lista de siglas ................................................................................................................................ 363 Anexo ............................................................................................................................................. 365 10 11 INTRODUÇÃO A questão que pretendemos tratar neste trabalho é a articulação entre os padrões de ação política do empresariado e o arranjo político-institucional, ou seja, o regime político, no contexto da democracia,
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