De Corixos E De Veredas a Alegada Similitude Entre As Poéticas De Manoel De Barros E De Guimarães Rosa

De Corixos E De Veredas a Alegada Similitude Entre As Poéticas De Manoel De Barros E De Guimarães Rosa

KELCILENE GRÁCIA–RODRIGUES DE CORIXOS E DE VEREDAS A ALEGADA SIMILITUDE ENTRE AS POÉTICAS DE MANOEL DE BARROS E DE GUIMARÃES ROSA ARARAQUARA - SP 2006 KELCILENE GRÁCIA–RODRIGUES DE CORIXOS E DE VEREDAS A ALEGADA SIMILITUDE ENTRE AS POÉTICAS DE MANOEL DE BARROS E DE GUIMARÃES ROSA Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Estudos Literários, da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara / UNESP, como requisito para a obtenção do título de Doutor. Orientador: Prof. Dr. Luiz Gonzaga Marchezan. ARARAQUARA - SP MARÇO/2006 Gracia-Rodrigues, Kelcilene De corixos e de veredas: a alegada similitude entre as poéticas de Manoel de Barros e de Guimarães Rosa / Kelcilene Gracia-Rodrigues – 2006 318 f. ; 30 cm Tese (Doutorado em Estudos Literários) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras, Campus de Araraquara Orientador: Luiz Gonzaga Marchezan l. Barros, Manoel de, 1916- . 2 .Rosa, João Guimarães, 1908-1967. 3. Análise do discurso. 4. Literatura brasileira. 5. Poesia brasileira – Séc.XX I. Título. Para Rauer, Que me faz “vê”, “revê” e “transvê” o amor, a vida e a literatura. Meus agradecimentos Aos meus pais, Alcides Ferreira da Silva e Maria Grácia da Silva, o meu eterno amor; Ao meu pai, em especial, que olha por mim – de “terras” tão distantes; Aos meus irmãos, Gisley e Gláucio, pelo carinho; Ao amigo José Sales, por me iniciar nas veredas e nos corixos da literatura; Ao Antônio Carlos Fargoni, pela amizade e pela acolhida quando cheguei à “Morada do Sol”; À Ana Maria Souza Lima Fargoni, pela amizade e pela leitura detida da tese; Ao Bibo e ao Kratos: o primeiro, deitado em meu colo, viu este trabalho desde os primeiros rabiscos do projeto; o segundo, sapeca que só, chegou para acompanhar o término da tese; Ao professores do Departamento de Letras da UFMS/Câmpus de Aquidauana – Rosalina Brites, Maria Regina Bertholini Aguilar, Eliana Mara Costa Roos, Waldomiro Vallezi, Vilma Begossi e Auri Frübel –, que me concederam afastamento das atividades acadêmicas para realizar esta tese; A minha querida amiga Neuza Aparecida Mota, pelas belas palavras de incentivo e por, ansiosa e feliz, aguardar o meu retorno a Aquidauana; Ao Prof. Luiz Gonzaga Marchezan, pela coragem em aceitar uma orientanda que se propõe estabelecer um diálogo entre um poeta vivo e em produção, como Manoel de Barros, cuja obra enfrenta restrições por parte de alguns estudiosos, e um dos maiores autores da literatura brasileira em todos os tempos, João Guimarães Rosa: à atitude do professor, orientando-me com bom-humor e lhaneza, espero corresponder com um trabalho que alie ousadia e coragem com profundidade de pesquisa e análise; À Walquíria Béda, por disponibilizar toda a fortuna crítica de Manoel de Barros; À Maria Adélia Menegazzo, pelo empréstimo das primeiras edições dos livros de Manoel de Barros; À Nazaré, bibliotecária da UFMS /Aquidauana, que, prestimosa, sempre me atendeu, mesmo eu estando tão longe; À Profª. Maria Célia Leonel, pelas conversas e trocas de informações sobre Guimarães Rosa; Ao Prof. Sérgio Vicente Motta, pelas sugestões no Exame de Qualificação; À UFMS/ PROPP, pelo apoio concedido; À CAPES, pela bolsa. O que esperar do meu verso? Que voe pelo universo. Rimbaud SUMÁRIO Introdução ..................................................................................................................... 10 1 – Do comparativismo, da afinidade e da invenção .................................................... 15 2 – A recepção poética................................................................................................... 26 2.1 – A glória instantânea de Guimarães Rosa ...................................................... 28 2.2 – O tardio reconhecimento de Manoel de Barros ............................................ 31 2.3 – O diálogo: diálogos ........................................................................................ 35 3 – O projeto poético .................................................................................................... 42 3.1 – O retrato do artista quando “Cabeludinho” .................................................... 44 3.2 – A construção da poesia em “São Marcos” ..................................................... 71 3.3 – Iguais, próximos, símiles? .............................................................................. 87 4 – A busca do poético .................................................................................................. 93 4.1 – A fotografia do “sobre” ................................................................................. 95 4.2 – A voz oracular do morro .............................................................................. 131 4.3 – Iguais, próximos, símiles ............................................................................... 154 5 – O discurso poético .................................................................................................. 159 5.1 – A poética e o estilo em Rosa e em Barros ..................................................... 164 5.2 – A metáfora ..................................................................................................... 182 5.2.1 – O conceito de metáfora ......................................................................... 185 5.2.2 – A metáfora complexa de Manoel de Barros ......................................... 200 5.2.3 – A metáfora sintático-lexical de Guimarães Rosa .................................. 238 5.3 – Iguais? Próximos? Símiles? .......................................................................... 264 Considerações Finais ..................................................................................................... 269 Referências bibliográficas ............................................................................................. 274 Bibliografia geral ........................................................................................................... 293 Anexos ........................................................................................................................... 298 Anexo 1 – Ilustração de Poty ............................................................................. 299 Anexo 2 – Poema XXIV de Concerto a céu aberto para solos de ave ............. 300 Anexo 3 – Fac-símile de Poemas concebidos sem pecado ................................ 301 RESUMO GRÁCIA-RODRIGUES, Kelcilene. De corixos e de veredas: a alegada similitude entre as poéticas de Manoel de Barros e de Guimarães Rosa. Araraquara, 2006. 318 f. Tese (Doutorado, Estudos Literários) – Faculdade de Ciências e Letras, UNESP. A tese mostra que é um equívoco considerar a ars poetica de Manoel de Barros cópia da poética de Guimarães Rosa. A poesia de Barros constitui projeto próprio, definido anteriormente ao de Rosa – não é, portanto, pastiche da ficção rosiana. A anterioridade de Barros prevalece mesmo se considerado o livro de poemas Magma, de Guimarães Rosa, premiado pela Academia Brasileira de Letras em 1937, por coincidência o ano em que Barros lançou sua primeira coletânea, Poemas concebidos sem pecado. Através de procedimento comparativo, o trabalho aborda aspectos metalingüísticos, discursivos e estilísticos. Assim, determina as reais convergências entre os dois escritores e a radical originalidade de suas poéticas. A pesquisa expõe a recepção às obras de Barros e de Rosa, busca a ars poetica que defendem em seus livros de estréia, estuda como tal poética foi desenvolvida em suas obras posteriores, e mostra o modo como cada um constrói a metáfora. A análise conclui que os dois autores têm semelhança na reflexão sobre o processo poético, na inventividade desnorteante, na criação neológica lexical e na subversão semântica, e que são personalidades literárias díspares, com visões de mundo quase antagônicas e projetos estéticos personalíssimos com relação ao sistema literário brasileiro, no qual cada um ao seu modo representa ruptura e avanço. PALAVRAS-CHAVE: Ars Poetica; Discurso Poético; Estilo; Metáfora; Metalinguagem; Recepção. ABSTRACT GRÁCIA-RODRIGUES, Kelcilene. De corixos e de veredas: a alegada similitude entre as poéticas de Manoel de Barros e de Guimarães Rosa. Araraquara, 2006. 318 f. Tese (Doutorado, Estudos Literários) – Faculdade de Ciências e Letras, UNESP. The thesis demonstrates that it is a mistake to consider the ars poetica of Manoel de Barros as a copy of the Guimarães Rosa’s poetics. Barros’ poetics constitutes his own project, defined before the Rosa’s one – it is not, in this way, pastiche of the rosiana fiction. The anteriority of Barros prevails even it is considered the poem book Magma, by Guimarães Rosa, which was given a prize by the Brazilian Academy of Letters in 1937, that coincides with the year that was published the first Barros’ collection, Poemas concebidos sem pecado. Through comparative procedures, the work deals with metalinguistic, discursive and stylistic aspects. Thus, it determinates the real convergences between both writers and the originality of their poetics. The research exposes the reception to the works of Barros and Rosa, it searches the ars poetica that they defend in their first books, it studies how the poetics was developed in their following works, and shows the way that each one elaborates the metaphor. After the analyses it was concluded that both authors think about the poetic process similarly, in the inventivity out of course, the lexical neological creation and in the semantic subversion, and that they are dissimilar literary personalities, with nearly antagonistic

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