Os Caminhos Do Samba E Os Traçados Do Plano De Avenidas Em São Paulo (1938-1945)

Os Caminhos Do Samba E Os Traçados Do Plano De Avenidas Em São Paulo (1938-1945)

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL BRUNO RIBEIRO DA SILVA PEREIRA Cartografias cruzadas: os caminhos do samba e os traçados do Plano de Avenidas em São Paulo (1938-1945) VERSÃO CORRIGIDA São Paulo 2018 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL Cartografias cruzadas: Os caminhos do samba e os traçados do Plano de Avenidas em São Paulo (1938-1945) VERSÃO CORRIGIDA Bruno Ribeiro da Silva Pereira Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Antropologia Social. De Acordo Orientadora: Profa. Dra. Fernanda Arêas Peixoto São Paulo 2018 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. BRUNO RIBEIRO DA SILVA PEREIRA Cartografias cruzadas: os caminhos do samba e os traçados do Plano de Avenidas em São Paulo (1938-1945) Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Antropologia Social. Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr.:___________________________________________________________________ Instituição: _________________________________________________________________ Julgamento: _______________________ Assinatura: _____________________________ Prof. Dr.:___________________________________________________________________ Instituição: _________________________________________________________________ Julgamento: _______________________ Assinatura: _____________________________ Prof. Dr.:___________________________________________________________________ Instituição: _________________________________________________________________ Julgamento: _______________________ Assinatura: _____________________________ À memória e ao engenho de Joaquim Pinto de Oliveira (1721-1811) AGRADECIMENTOS Essa pesquisa foi construída entre arquivos e memórias, portanto, me sinto primeiramente “obrigado” com os guardiões e guardiãs desses. Assim, agradeço ao trabalho e atendimento dos funcionários dos seguintes arquivos: Arquivo Público do estado de São Paulo, Arquivo histórico do município de São Paulo, Hemeroteca da biblioteca Mário de Andrade, Arquivo Miroel Silveira, Midiateca do Museu da Imagem e do Som de São Paulo, Instituto Moreira Salles, Discoteca Oneyda Alvarenga, Seção de obras raras da biblioteca Florestan Fernandes, Seção de obras raras da biblioteca da FAU-USP, Centro de Memória do Bexiga, Instituto Bixiga e Oficina Cultural Casa Mário de Andrade. Outros arquivos vivos e mananciais infinitos de saberes são os hoje mestres e mestras do samba em São Paulo, cujas vozes ecoam nos arquivos sonoros que constituem parte significativa das fontes dessa pesquisa. Seus cantos, falares e contos embalaram uma caminhada cheia de altos e baixos, ainda podendo ser ouvidos nas calçadas, violões, tambores e caixas de fósforo das ruas Lopes Chaves, Treze de Maio, Major Diogo, São Vicente, James Holland, Anhanguera e tantas outras. Aos que ainda sambam por aqui e aos que o fazem em outros planos, meu muito obrigado. À professora Olga Rodrigues de Moraes Von Simsom com quem tive a oportunidade de conversar ainda na iniciação científica e em breve visita ao laboratório de história oral (LAHU-UNICAMP). Seu trabalho de registro das “vozes” do carnaval paulistano perdura como referência a todos que se debruçam sobre o tema do samba em São Paulo. Aos ingressantes no mestrado em Antropologia Social do ano de 2015: Aline Aranha, Arthur Fontgaland, Carolina Mazzariello, Diogo Maciel, Gabriela Freire, Gustavo Berbel, Hélio Menezes, Henrique Pougy, Lucas Bulgarelli, Mariana Machini, Rafael Hupsel e Renata Cortez. Enfatizo o agradecimento ao Diogo, de rigor e companheirismo ímpares com o qual dividi muitas encruzilhadas desse caminho. Sou grato a todos pelos diálogos dentro e fora do espaço do PPGAS nos quais pude vislumbrar muito do que aqui figura e transborda. Aos integrantes do grupo de pesquisa Coletivo Artes, Saberes e Antropologia (ASA). Em especial com os quais pude dialogar de forma constante: Alexandre Bispo, Bruno Zorek, Lorena Avellar, Luísa Valentini, Maria Victória de Zorzi, Rodrigo Ramassote e Thaís Waldman. Tanto por meio das leituras e debates quanto por meio da convivência devo a vocês muito do meu desenvolvimento como pesquisador. Tenho a todos como meus professores nesse aprendizado. Um agradecimento de última hora aos colegas que participaram da comissão organizadora do Segundo Encontro de Música Popular Brasileira: o samba além dos 100 anos em um esforço bem-sucedido de reunir pesquisadores e personalidades dos sambas na FFLCH: Eduardo Moraes, Felipe Gabriel Oliveira, Filipe Amado, Lucas Marchezin, Marília Belmonte, Rafael Galante e Tiago Bosi. À Fernanda Arêas Peixoto, orientadora dedicada, incansável e rigorosa que acreditou no projeto desde o início. Agradeço pelo empenho, paciência e motivação. Aos membros da banca do processo seletivo de ingresso do mestrado em Antropologia Social: Laura Moutinho, Silvana Nascimento e Sylvia Caiuby. À professora Rose Satiko Gitirana Hikiji pelos comentários, indicações de leituras e sugestões no exame de qualificação. Aos membros da banca de defesa Carla Delgado de Souza, Eduardo Álvarez Pedrosían e Júlia Ruiz di Giovanni. A minha família, sobretudo meus pais, Rubens e Margarida, que me apoiaram durante toda trajetória e aos quais devo tanto. A minha companheira de tantos lugares e de tantos tempos, Patrícia Amparo. Nós, três vezes, sendo a última a melhor. Essa pesquisa foi realizada graças a uma bolsa de 24 meses da CAPES. [...] as maneiras de utilizar o espaço fogem à planificação urbanística: capaz de criar uma composição de lugares, de espaços ocupados e vazios, que permitem ou impedem a circulação, o urbanista é incapaz de articular essa racionalidade aos sistemas culturais, múltiplos e fluidos, que organizam a ocupação efetiva dos espaços internos (apartamentos, escadarias, etc.) ou externos (ruas, praças, etc.) que os debilitam com vias inumeráveis. Ele pensa em uma cidade vazia e a fabrica; retira-se quando vêm os habitantes, como diante de selvagens que perturbarão planos elaborados sem eles. Ocorre o mesmo com as maneiras de viver o tempo, de ler os textos ou de ver as imagens. Aquilo que uma prática faz com signos pré-fabricados, aquilo que estes se tornam para os usuários ou os receptores, eis algo essencial que, no entanto, permanece em grande parte ignorado [...] O mensurável encontra por toda a parte, nas bordas esse elemento móvel. O cálculo entra aí (fixando um preço à morte de um homem, de uma tradição, de uma paisagem), mas se perde. A gestão de uma sociedade deixa um enorme ‘resto’. Em nossos mapas isso se chama cultura, fluxo e refluxo de murmúrios nas regiões avançadas da planificação. Michel de Certeau. A Cultura no Plural. p.233-234 O samba ainda vai nascer O samba ainda não chegou O samba não vai morrer Veja o dia ainda não raiou O samba é o pai do prazer O samba é o filho da dor O grande poder transformador Caetano Veloso. Desde que o samba é samba (VELOSO, 1993, lado b- faixa 6). Tebas, negro escravo Profissão: Alvenaria Construiu a velha Sé Em troca pela carta de alforria Trinta mil ducados que lhe deu padre Justino Tornou seu sonho realidade Daí surgiu a velha Sé Que hoje é o marco zero da cidade Exalto no cantar de minha gente A sua lenda, seu passado, seu presente Geraldo Filme. Tebas (MARCOS, 2012, faixa 5). RESUMO PEREIRA, B. R. S. Cartografias cruzadas: os caminhos do samba e os traçados do Plano de Avenidas (1938-1945). 170 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. Esta pesquisa tem por objetivo mapear as “práticas de espaço” do samba em São Paulo entre os anos de 1938 e 1945. Tal período é marcado pela continuação da implantação do projeto urbanístico Plano de Avenidas, cujo foco recaía sobre a remodelação do sistema viário da cidade. O mapeamento do cruzamento dessas duas formas de práticas, o caminhar do samba e o traçado da remodelação urbana, nos permite vislumbrar uma certa paisagem cotidiana. Essa paisagem é também dotada de sons, informantes, à sua maneira, de modos de fazer a metrópole e de nela fazer-se presente. Assim, surge, entre os barulhos e ruídos característicos da cidade moderna, um samba interessado em constituir-se como moderno e participante de tal universo. No contexto do Estado Novo (1937-1945) e da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os praticantes do samba que nos relatam suas práticas, produzem, a seu modo, articulações políticas e incursões tático-estratégicas em territórios outros. Dessa forma, relatam uma paisagem cotidiana, produto e produtora de uma nova cidade, sob uma perspectiva bastante específica: a da circulação. Em busca de um lugar comum para a constituição de uma trajetória individual ou da participação no centro da cidade enquanto habitante de um bairro, as investidas do samba em direção às diferentes centralidades do período são formas de saberes próprios que são aqui tomados como ferramentas para a compreensão de uma modernização que caminha

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