Encontro Com O Povo Sateré-Mawé Para Um Diálogo Intercultural Sobre a Loucura

Encontro Com O Povo Sateré-Mawé Para Um Diálogo Intercultural Sobre a Loucura

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FFCLRP - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA Encontro com o povo Sateré-Mawé para um diálogo intercultural sobre a loucura Ermelinda do Nascimento Salem José Teseapresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Ciências, Área: Psicologia RIBEIRÃO PRETO - SP 2010 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FFCLRP - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA Encontro com o povo Sateré-Mawé para um diálogo intercultural sobre a loucura Ermelinda do Nascimento Salem José Regina Helena Lima Caldana Tese apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Ciências, Área: Psicologia. Ribeirão Preto - SP 2010 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. FICHA CATALOGRÁFICA Salem José, Ermelinda do Nascimento Encontro com o povo Sateré-Mawé para um diálogo intercultural sobre a loucura. Ribeirão Preto, 2010. 213 p. : il. ; 30cm Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Psicologia. Orientadora: Caldana, Regina Helena Lima. 1. Povo Sateré-Mawé. 2. diálogo intercultural. 3. hermenêutica diatópica. 4. loucura. 5. clínica médico-psicológica. SALEM JOSÉ, E. N. Encontro com o povo Sateré-Mawé para um diálogo intercultural sobre a loucura. Tese apresentada à Faculdade Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Psicologia. Aprovada em: Banca Examinadora Prof. Dr. __________________________________ Instituição: _______________________ Julgamento: _______________________________ Assinatura: ______________________ Prof. Dr. __________________________________ Instituição: _______________________ Julgamento: _______________________________ Assinatura: ______________________ Prof. Dr. __________________________________ Instituição: _______________________ Julgamento: _______________________________ Assinatura: ______________________ Prof. Dr. __________________________________ Instituição: _______________________ Julgamento: _______________________________ Assinatura: ______________________ Prof. Dr. __________________________________ Instituição: _______________________ Julgamento: _______________________________ Assinatura: ______________________ Dedico este trabalho àqueles que o tornaram possível: Aos Sateré-Mawé; A Cristina de Souza; A Antônio Chicre Neto; A Valéria Weigel; A Ranyse da Silva; E a duas mulheres fantásticas: minha mãe e minha prima Ermelinda AGRADECIMENTOS Este trabalho representa muito para mim, não por ser uma produção acadêmica. Em primeiro lugar, representa muito por ser a expressão do exercício de um compromisso que assumi com o Povo Satere Mawe. Em segundo, por ter me ensinado muitas coisas, especialmente a respeito de Deus e da possibilidade de conviver com ele bem de perto. Foi isso que aprendi ao ter acesso a um conhecimento como o mito: não preciso explicar Deus, só preciso senti-lo e viver nossa relação com toda a força da minha emoção. Fiquei muito tempo à minha própria sorte com o conhecimento científico como único instrumento de apreensão do mundo. Não bastou. Para muitas e muitas experiências não encontrei sentido. Só agora posso continuar com maior plenitude. E desejo a cada ser, que me acompanhou nesta jornada, compartilhar esta plenitude e agradecer: A Deus, pela criação e pelos seus imensos, infinitos, amor e cuidado com todos nós; Aos meus valorosos e admiráveis pais, por terem aberto as portas para que eu chegasse a este momento, em muitas ocasiões à custa de grandes renúncias e sacrifícios... minha querida mãe, quanto tenho aprendido com tua força! Aos meus amados filhos e minha netinha, fontes de padecimentos no paraíso, é verdade, mas de sempre renovadas possibilidades de me reeducar como ser humano e mãe; e, dentre eles, ressalva ao Junão, por ter sido, além do mais, um grande companheiro na administração dos custos materiais que este doutorado inevitavelmente representou para a família. Ao Toninho, incansável em me ajudar, mesmo quando as forças para si próprio pareciam faltar; foi com o desprendimento dele que cheguei até o fim do trabalho, sem dúvida! As minhas irmãs e irmãos, pela sua confiança em mim, especialmente minha mana Julia, sempre presente nos momentos decisivos. A minha querida família lá do Porto, em especial Manuel e Ermelinda, por todo o amor, acolhimento e incentivo que me deram. A minha orientadora, Regina Caldana, pelas suas observações precisas e por ter sido minha cúmplice nos momentos difíceis. A Elsa Lechner, minha supervisora durante o estágio doutoral em Coimbra, por ter sido mais um exemplo em minha vida de respeito e interesse genuíno pelos seres humanos. A Valéria Weigel e Lucíola Cavalcante, minhas grandes mestras. Aos meus pares no Programa Encontro e no Instituto Silvério de Almeida Tundis, uma das minhas maiores fontes de energia! A Eldinha, minha companheira de todas as horas, e a Jéssica, por terem me proporcionado tranquilidade e me proverem de cuidados. As amigas Céu e Raquel, que me protegeram e auxiliaram incondicionalmente... Céu bem sabe o grande presente que me concedeu! E a dois anjos e parceiros fundamentais na conclusão desta minha jornada, Ranyse e Ricardo, que não só me acalentaram nos momentos de maior angústia, mas trabalharam arduamente comigo na última etapa do trabalho. Meus agradecimentos e reconhecimento, ainda, às Instituições que financiaram o meu doutoramento: Universidade Federal do Amazonas. Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto. Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Estado do Amazonas. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Santander. A Universidade de Coimbra, Centro de Estudos Sociais, por ter me recebido no estágio Doutoral. E, é claro, aos meus parceiros neste diálogo, os Satere Mawe, com quem tenho aprendido muito! Meus agradecimentos especiais aos professores Euzébio, Edvaldo, Cristina, Bernardo, Deoclides e Henrique, por terem efetuado as traduções linguísticas; e ao pajé Caetano, também um grande mestre! A todos, enfim, que mesmo não citados, foram decisivos para a realização deste trabalho. O Conflito e a Psicologia Marido com mulher Filho com os pais Parente com parente Professor com os alunos É conflito que se vive É mente com a mente De repente vem outra mente Trazendo entendimento Isso é a Psicologia É a resposta aos conflitos Professora Ermelinda Agradeço lá do fundo Pelos conhecimentos Que trouxeste até nós O teu carinho e simpatia Conquistou nossa emoção Motivou imensamente Nosso gosto de estudar Professora que volte em paz As saudades vão ficar Mas uma coisa é real Que entre amigos não existe um adeus Euro Alves Maués/Brasil, 2005 O Outro Tem um DNA único e exclusivo. Cheio de sentimentos contraditórios ou não... Só ele saberá e eu dou-lhe esse espaço. Sempre pretendi atingi-lo, mas não encontro o caminho. A natureza é mais forte! Prende-me! Penso que onde vive está em Paz e Liberdade. Conhecer-te seria o céu! Maria Ermelinda de Carvalho Porto/Portugal, 2009 RESUMO SALEM JOSÉ, E. N. Encontro com o povo Sateré-Mawé para um diálogo Intercultural sobre a loucura. 2010. 213 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia Ciências e Letras, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2010. Esta pesquisa originou-se do encontro com o Povo Sateré-Mawé da Área Indígena do Marau e de um diálogo que iniciamos com os professores dessa etnia, que visitaram as pessoas internas no Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro (CPER), em Manaus/AM, junto às quais desenvolvemos um trabalho de extensão da Universidade Federal do Amazonas. Indagados sobre a loucura no contexto em que vivem, eles negaram sua existência. Decidimos registrar e ampliar, para outros Sateré-Mawé, o diálogo que havíamos iniciado com os professores. Tendo em vista os múltiplos sentidos com que a loucura é evocada na tradição cultural ocidental, definimos a mesma como a manifestação de experiências nomeadas, em um ponto de vista da prática clínica médico-psicológica, como alucinações, delírios, quadros de agitação psicomotora (muitas vezes acompanhados de atitudes agressivas sem um sentido aparente), e/ou outras, em que a pessoa parece ter perdido o contato com a realidade consensual – como se a sua mente estivesse sofrendo um mau funcionamento massivo. A definição proposta não foi atrelada à noção de doença ou anormalidade, mas delimitada à noção mais geral de sofrimento, infortúnio, aflição, mal-estar. Embora os professores Sateré- Mawé tenham negado a loucura em sua sociedade, no sentido com que a conheceram na visita aos internos no Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, eles não afirmaram a inexistência de experiências cuja manifestação definimos como loucura. Delimitamos como objetivo geral compreender dialogicamente experiências Satere Mawe da loucura; e, como objetivos específicos, conhecer explicações, classificações e respostas Satere Mawe para essas experiências; e identificar implicações do atendimento em serviços de saúde mental da tradição biomédica. Para um diálogo intercultural optamos pelo caminho da hermenêutica diatópica, através do desenvolvimento de argumentações com indígenas Sateré-Mawé que exercem diferentes papéis sociais em suas aldeias. Os diálogos foram realizados em duas

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