Narrativas Mínimas Nos Novos Discursos Audiovisuais Metodologias E Análises De Caso

Narrativas Mínimas Nos Novos Discursos Audiovisuais Metodologias E Análises De Caso

NARRATIVAS MÍNIMAS NOS NOVOS DISCURSOS AUDIOVISUAIS METODOLOGIAS E ANÁLISES DE CASO EDUARDO J. M. CAMILO FRANCISCO JAVIER GÓMEZ-TARÍN LUÍS NOGUEIRA (EDS) LABCOM.IFP Comunicação, Filosofia e Humanidades Unidade de Investigação Universidade da Beira Interior Ficha Técnica Título Narrativas Mínimas nos Novos Discursos Audiovisuais Metodologias e análises de caso Editores Eduardo J. M. Camilo, Francisco Javier Gómez-Tarín e Luís Nogueira Tradutores Eduardo J. M. Camilo, Luís Nogueira, Raquel Cabral e Josiane Gothardo Editora LabCom.IFP www.labcom-ifp.ubi.pt Colecção LabCom Série Comunicação Estratégica Direcção José Ricardo Carvalheiro Design Gráfico Cristina Lopes ISBN 978-989-654-331-0 (papel) 978-989-654-333-4 (pdf) 978-989-654-332-7 (epub) Depósito Legal 259021/07 Tiragem Print-on-demand Universidade da Beira Interior Rua Marquês D’Ávila e Bolama. 6201-001 Covilhã. Portugal www.ubi.pt Covilhã, 2016 © 2016, Eduardo J. M. Camilo, Francisco Javier Gómez-Tarín e Luís Nogueira. © 2016, Universidade da Beira Interior. O conteúdo desta obra está protegido por Lei. Qualquer forma de reprodução, distribuição, comunicação pública ou transformação da totalidade ou de parte desta obra carece de expressa autorização do editor e dos seus autores. Os artigos, bem como a autorização de publicação das imagens, são da exclusiva responsabilidade dos autores. Índice Prólogo - De sinédoques e metonímias 11 Eduardo J. M. Camilo y Francisco Javier Gómez-Tarín PARTE I - PUBLICIDADE Sobre a dissuasão como modalidade de manipulação. Alguns apontamentos a propósito de um filme de publicidade 21 Eduardo J. M: Camilo O target é definido pelo texto: contribuições da análise textual para a teoria da enunciação publicitária 43 José Antonio Palao Errando e Shaila García Catalán PARTE II - TELEVISÃO E PUBLICIDADE A continuidade televisiva como microrelato de coesão de conteúdo e de marca 65 Cristina González Oñate PARTE III - VIDEOCLIP Contributos para uma metodologia de estudo do vídeoclip: perspetivas e aplicação da teoria audiovisual à visualidade da música popular 93 Ana Sedeño Chris Cunningham: entre videoclip e curta-metragem, entre narrativa e alegoria 111 Luís Nogueira PARTE IV - CINEMA TRAILER O trailer cinematográfico e a construção de metáforas poéticas:Os sonhos de Akira Kurosawa 131 Raquel Cabral “Timber!”. O Average Shot Length como nova ferramenta de análise fílmica 153 Adrián Tomás Samit PARTE V - CINEMA: SEQUÊNCIAS-PARADIGMA Vida e destino na sociedade do espetáculo. Metatextualidade e Autorreferencialidade: uma estrutura em loop em 71 Fragmentos de uma cronologia do acaso (71 Fragmente einer Chronologie des zufalls, 1994), de Michael Haneke 183 Pablo Ferrando García O namoro com a morte. Eros, Tanatos e Keres no cinema espanhol contemporâneo (análise das “sequências-paradigma” de Camino, Mar adentro e 3 metros sobre el cielo) 207 Agustín Rubio Alcover PARTE VI - CINEMA: SEQUÊNCIAS-CRÉDITOS Escrever o que não se lerá ou os prolegómenos do striptease da bailarina de cabaret 241 Iván Bort Gual PARTE VII - CINEMA: ANIMAÇÃO A economia narrativa na era da modernidade líquida. Análise de alguns casos do cinema de animação espanhol contemporâneo 265 Maria Soler-Campillo e Javier Marzal-Felici PARTE VIII - VÍDEOJOGOS Gestão do ponto de vista nas cutscenes de videojogos 289 Francisco Javier Gómez-Tarín e Adrián Tomás Samit PARTE IX - REDE Derivações contemporâneas do cinema do real: O webdocumentário como espaço hipertextual participativo 325 Roberto Arnau Roselló PARTE X - TELEMÓVEIS E TABLETS Percorrendo o caminho da realidade aumentada. Discursos virtuais sobre o território 359 Emilio Sáez Soro Realidade aumentada e discurso narrativo 379 Francisco Javier Gómez-Tarin e Emílio Sáez Soro Histórias que se jogam. As narrativas interativas nos dispositivos móveis 389 Marta Martín Nuñez Prólogo DE SINÉDOQUES E METONÍMIAS O avanço do saber corre paralelamente ao da reflexão. Disto bem sabiam os gregos e a transmissão do seu sa- ber ao longo do tempo tem-se vindo a perverter até hoje, quando, com muito receio nosso, se utilizam mais as ‘matemáticas’ (do menor denominador comum) que a argumentação reflexiva. Porque – eis um facto – a base de toda a ciência está na formulação teórica de seu co- nhecimento, que pode ser mais ou menos abstrato, mas que exige um processo de narrativização como forma de comunicação, para conseguir vislumbrar, à luz de uma aplicação prática, a sua verdade. Todo este palavreado é para, em suma, sustentar que o saber pode acumular factos e números, mas que estes nada são, se não forem comunicados, previamente experimentados, para assim poderem ser considerados como factos comprovados. Dito isto, até pode parecer que nos colocamos à frente (‘em frente’) da ciência. Nada poderia estar mais lon- ge da verdade. Onde nós estamos – eis outro facto – é perante os usos humilhantes e de afronta à ciência, os que conduzem a esse menor denominador comum que já referimos. Porque a construção do conhecimento não pode ser uma sucessão de números ou uma acumulação de estatísticas; porque essa frieza dos dados empíricos conduz à demissão do sujeito, e o sujeito é, e deve ser, uma parte integrante do próprio conhecimento. E – vade retro, infiéis! – o sujeito produz subjectividade. Optamos, portanto, por uma nova opção, mais radical: não a de mera partilha de conhecimentos dispersos, mas a de enfoque das mais variadas contribuições para a resposta a uma questão concreta. Tendo em conta os tempos, esta opção só poderá incidir no trabalho teórico referentes aos mais variados discursos do audiovisual que têm vindo a surgir no âmbito do que designamos por novas tecnologias e que já não são tanto assim. O desafio: aplicar os conceitos e os métodos analíticos, que têm vindo a dar excelentes resultados na análise do texto fílmico, a microrelatos, novos formatos, etc., para verificar a sua viabilidade ou, sempre que for necessário, para os adap- tar e, se for o caso, para os substituir e, até, invalidar por outros. O livro que o leitor tem nas mãos (ou no ecrã da ‘tablet’ ou do computador) não progride de forma cronológica, mas rizomática. O seu sumário assinala claramente os temas abordados: da publicidade à televisão, do videoclip ao trailer, da curta-metragem às sequências-paradigma, da análise quantitativa aos genéricos dos filmes, da animação aos videojogos, e destes ao documen- tário na rede, às tablets e à realidade aumentada ou aos jogos móveis. São estes todos discursos plenos, mas mínimos, ou discursos incompletos, mas essenciais. O que nos conduz ao título desta introdução: de sinédoques e metonímias. Um texto mínimo atua como uma parte pelo todo (sinédoque) e, por isso, é suscetível de ser analisado como uma entidade discursiva plena. A este exercício, se quiserem, de reflexão teórica, nos dedicaremos nas páginas seguintes. Contudo, sejamos ambiciosos, o que pretendemos não é só ana- lisar e nos limitarmos a essa superfície teórica, mas também construir a própria teoria, que pode ser nova, de síntese ou de mudança... Neste caso, o processo é distinto porque agora o que nos propomos é colocar algo no lugar de outra coisa (a metonímia): análise aplicada como requisito essencial para a construção teórica que é, na essência, o propósito final destas páginas e que o leitor pode comprovar nas linhas e nas entrelinhas. Esta ambição, que pode pretender ser desmesurada, é tangível nos próprios textos e a partir deles deve ser julgada. Assim, numa abordagem, plena de vigor teórico, Eduardo J.M. Camilo propõe-se analisar milimetricamente, no seu texto Em torno da dissuasão como modalidade de manipulação. Alguns apontamentos a propósito de um filme de publicidade, um anúncio dos que, Narrativas mínimas nos novos discursos audiovisuais. 12 Metodologias e análises de caso atualmente, são rotulados de ‘publicidade institucional’ porque, aparente- mente, não representam qualquer traço “comercial” no seu registo. Se nos é lícito afirmar, mais do que “notas”, como reza o título, Camilo entra como “elefante em loja de porcelana”, na desmontagem de uma suposta mensa- gem “politicamente correta” e nas suas consequências ideológicas. Algo semelhante, continuando no âmbito da publicidade, é também desenvolvido por José Antonio García Palao Errando e Shaila Catalán em O target é defi- nido pelo texto: contribuições da análise textual para a teoria da enunciação publicitária, com a revelação dos segredos subjacentes do que temos vindo a designar por “autor implícito” e os seus mecanismos de persuasão. Já a meio caminho entre o registo da publicidade e da televisão, Cristina González Oñate aborda A continuidade televisiva como microrelato de coesão de conteúdo e marca. Como a estratégia de marca, neste caso, salpica a glo- balidade do ambiente do fluxo televisivo conduzindo-nos ao questionamento da sua validade ética. No domínio do vídeo, Ana Sedeño, com Contributos para uma metodologia de estudo do vídeoclip: perspetivas e aplicação da teoria audiovisual à visualidade da música popular e Luís Nogueira, com Chris Cunningham: entre videoclip e curta-metragem, entre narrativa e alegoria, conduzem-nos para um território ainda pouco definido do ponto de vista teórico. A primeira tenta caracteri- zar e classificar diversos conceitos e possibilidades e o segundo autor aplica a sua conceção sobre os textos Cunningham, tão propícios a serem lidos como videoclips ou como curtas-metragens, dicotomia que explora perfeita- mente no ensaio. Raquel Cabral propõe-se abordar um aspeto ainda pouco explorado: o trailer cinematográfico. Em O trailer cinematográfico e a construção de metáforas poéticas: os sonhos de Akira Kurosawa, a autora desenvolve diversas pers- petivas sobre esta partícula discursiva conectando-as com a experiência concreta do filme de Kurosawa, aplicando, por outro lado, uma conceção retórica que raramente (ou nunca) vimos aplicada à análise fílmica. Eduardo J. M. Camilo, Francisco Javier Gómez-Tarín e Luís Nogueira 13 A contribuição de Adrian Thomas Samit, em “Timber!” O Average Shot Length como nova ferramenta de análise fílmica, conjuga o enfoque usual da análise fílmica, tradicionalmente subjetivo, com uma matematização decor- rente da aplicação de programas de software especificamente desenvolvidos para gerir as découpages.

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