Amanda Farias Torcidas Organizadas e Sociabilidade Juvenil no Nordeste Amanda Farias Torcidas Organizadas e Sociabilidade Juvenil no Nordeste MACEIÓ-AL 2013 Projeto gráfico e diagramação: Fields Comunicação Impressão e acabamentos: Ministério do Esporte Ilustração: Nido Farias Santos, Amanda Farias. Torcidas Organizadas e Sociabilidade Juvenil no Nordeste /Amanda Farias dos Santos. -- Maceió, 2013. 170F. ISBN 978-85-60719-07-5 Ministério do Esporte – Brasília 1.Futebol no Brasil. 2 Aspectos sociais. 3. Violência nos esportes. 4.Torcidas Organizadas. 5. Sociabilidade. I. Título. Ilustração: Nido Farias AGRADECIMENTOS À minha querida orientadora, Professora Dra. Ruth Vasconcelos Lopes Ferreira, por sua paciência e dedicação, que tor- naram possível a realização da pesquisa. Ao Programa de Mestrado em Sociologia – PPGS-UFAL – por proporcionar-me a oportunidade de adquirir valorosos conhe- cimentos e uma formação humanística. DEDICATÓRIAS Ao Professor Dr. Paulo Décio de Arruda, Dedico este trabalho à minha tão querida pelo incentivo intelectual ao mostrar-me família, pelo incansável empenho e abne- os caminhos de um trabalho árduo, po- gação em cada passo de minha formação rém, tão gratificante. como pessoa e como profissional. À minha mãe, Arlete, minha sustenta- À Fundação de Amparo à Pesquisa do ção, sempre presente e acreditando em Estado de Alagoas – Fapeal –, pelo apoio meu potencial e meu sucesso. A meu pai, financeiro que concretizou o desenvolvi- Eronides, meus irmãos, Fabrício e Nido, mento deste estudo. minha avó, Audália, meu querido filho, David, e seu pai, Williams, que comple- Ao meu grande amigo, jornalista Jorge mentam a base de uma vida calcada na Henrique Martins de Castro, e ao Ministério generosidade, integridade e nos valores do Esporte, por acreditarem e investirem e respeito ao ser humano. E, por fim, ao no resultado da presente obra. futebol brasileiro que, por sua singular trajetória, inspirou-me a desenvolver um A Deus, por conceder-me a graça de vi- tema tão polêmico quanto o presente. venciar momento tão sublime. “O nosso futebol mulato é uma expressão de nossa formação social, democrática como nenhuma e rebelde a excessos de ordenação interna e externa ou a totalitarismos que façam desaparecer a variação individual ou espontaneidade pessoal” Gilberto Freyre SUMÁRIO PREFÁCIO ..................................................................................................... 13 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 19 CAPÍTULO I 1 Torcidas Organizadas como objeto sociológico ............................................... 35 1.1 A origem de uma sociabilidade complexa das TOFs ............................... 35 1.2 O contexto de formação das TOFs ....................................................... 39 1.3 O desenvolvimento do esporte como pano de fundo .............................. 43 1.4 A lógica de mercado e as TOFs no Brasil ............................................. 47 1.5 Violência urbana, conflitos e crise da modernidade ................................ 48 1.6 Atualidade das TOFs: novo cenário ...................................................... 52 1.7 Perfil e realidade das TOFs brasileiras .................................................. 55 CAPÍTULO II 2 As Torcidas Organizadas como um grupo social .............................................. 63 2.1 Clube de Regatas Brasil ...................................................................... 65 2.2 Comando Alvi Rubro ........................................................................... 69 2.3 Operacionalização da Torcida Organizada Comando Alvi Rubro ............... 71 2.4 Relações e alianças entre as TOFs ....................................................... 72 2.5 O predomínio juvenil nas TOFs ............................................................ 73 CAPÍTULO III 3 Juventude e os processos de identificação na contemporaneidade ................... 79 3.1 Identidade social e atualidade juvenil .................................................... 79 3.2 Perspectivas juvenis e conjuntura social ................................................ 86 3.3 A construção social da masculinidade ................................................... 89 3.4 Dúvidas e incertezas juvenis – um panorama ........................................ 94 3.5 Pertenças e conflitos grupais ................................................................ 99 3.6 TOFs e conflitos ................................................................................ 104 CAPÍTULO IV 4 Violência, conflitos e comportamento nas TOFs ............................................ 109 4.1 Um fato histórico: TOCV e violência .................................................... 112 4.2 Relações inter-grupos e imprensa ....................................................... 115 4.3 A lógica dos grupos ........................................................................... 120 4.4 Sociabilidade no grupo ...................................................................... 125 4.5 Indivíduo x grupo ............................................................................. 126 4.6 Heterogeneidade e coesão ................................................................. 131 CAPÍTULO V 5 Efeitos de sentido ..................................................................................... 137 5.1 Comando Vermelho: uma simbologia criminosa? .................................... 146 5.2 O discurso, os sentidos e a ideologia .................................................... 148 CONCLUSÃO ........................................................................................ 155 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................... 163 PREFÁCIO Já acumulei, nessas mais de duas décadas de vida acadêmica, algumas boas experiên- cias como educadora e pesquisadora no espaço universitário; e, com certeza, guardo num lugar muito especial de minhas lembranças, a relação de orientação que vivenciei com Aman- da no âmbito do Mestrado em Sociologia da UFAL. O livro que ora vem a público é o melhor testemunho da riqueza do nosso encontro e dos intensos diálogos que estabelecemos, nes- ses diferentes percursos de nossas formações. Tentamos colocar em prática nossa melhor imaginação sociológica, lançando mão dos movimentos teóricos que nos possibilitariam com- preender a dinâmica das torcidas organizadas de futebol (TOFs) e o complexo processo de socialização vivenciado pela juventude através de sua inserção nessas grupalidades. Conheci Amanda ao ministrar uma disciplina no Mestrado em Sociologia. Posteriormente, não hesitei em aceitar o convite para orientar sua dissertação. Tudo indicava que viveríamos uma experiência de crescimento mútuo, de trocas acadêmicas importantes e partilhas exis- tenciais comuns a esses espaços de formação educacional. Meu prognóstico se confirmou: caminhamos juntas, crescemos juntas, e juntas construímos sua dissertação, desbravando caminhos teóricos e metodológicos, em busca da melhor compreensão das lógicas subjetivas que presidem as relações juvenis nos espaços constituídos através das TOFs. Não escolhemos o caminho mais fácil para abordagem dessa temática. Recusamo-nos a fazer qualquer vinculação reducionista e/ou essencialista entre torcidas organizadas e violência na contemporaneidade. Adotar essa perspectiva seria tomar como verdade um conhecimento de senso comum que se apresenta como hegemônico nos espaços midiáti- cos e, também, no tecido social. Tínhamos a compreensão de que, se assim o fizéssemos, perderíamos a chance de problematizar a própria condição de ser jovem na sociabilidade contemporânea, bem como de compreender as dinâmicas grupais que se estabelecem em suas relações sociais e interpessoais. Torcidas Organizadas e Sociabilidade Juvenil no Nordeste 13 Para enfrentar os desafios impostos por sua investigação, Amanda se acompanhou de Concordando que os recortes de classe, gênero, raça, local de moradia, escolarida- autores de reconhecida envergadura intelectual. Assim, sua dissertação, que tinha como de, entre outros, produzem diferenciações importantes nas várias trajetórias juvenis, objetivo “adentrar no universo e nas ações dos membros da Torcida Organizada do Comando Amanda sugere que os episódios de violência, efetivamente presentes nas dinâmicas das Alvi Rubro”, terminou por abrir um leque de discussões sobre temas de grande valor socio- torcidas organizadas, têm relação direta com uma tendência e disposição juvenil de se lógico, cumprindo assim, o papel de lançar luz para a compreensão da complexidade do autoafirmar a partir da negação do outro, de se sentir honrado pelas demonstrações de significado de ser jovem em tempos de tantas incertezas e inseguranças, onde a sociedade força e virilidade, de se perceber prestigiado quando reconhecido através das expressões vivencia os efeitos do esgarçamento dos referenciais valorativos no tecido social, e onde os de sua masculinidade e bravura diante dos grupos a que pertencem, enfim, de viver com laços e vínculos sociais encontram-se gravemente encurtados e fragilizados. intensidade, no âmbito da lógica grupal, o “narcisismo das pequenas diferenças” que estabelece uma dinâmica onde o vínculo amoroso que faz o laço no interior do grupo, se Assim, para discutir as torcidas organizadas, Amanda terminou por nos brindar com mui- contrapõe ao sentimento de ódio em relação aos outros grupos que se posicionam como tas outras discussões originais, fato que só é possível
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