As Cidades Da Companhia Bata (1918-1940) E De Jan Antonin Bata (1940-1965) Relações Entre a Experiência Internacional E a Brasileira

As Cidades Da Companhia Bata (1918-1940) E De Jan Antonin Bata (1940-1965) Relações Entre a Experiência Internacional E a Brasileira

As cidades da Companhia Bata (1918-1940) e de Jan Antonin Bata (1940-1965) Relações entre a experiência internacional e a brasileira Georgia Carolina Capistrano da Costa [email protected] Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos Universidade de São Paulo Georgia Carolina Capistrano da Costa As cidades da Companhia Bata (1918-1940) e de Jan Antonin Bata (1940-1965) Relações entre a experiência internacional e a brasileira Dissertação apresentada ao programa de Pós- Graduação em Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos/ Universidade de São Paulo como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo, área de concentração em Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo Orientador: Prof. Dr. Miguel Antonio Buzzar São Carlos, São Paulo, Brasil 2012 AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. ______________________________________________________________ Costa, Georgia Carolina Capistrano da C837a As cidades da Companhia Bata (1918-1940) e de Jan Antonin Bata (1940-1965): relações entre a experiência internacional e a brasileira. / Georgia Carolina Capistrano da Costa; orientador Miguel Antonio Buzzar. São Carlos, 2012. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo e Área de Concentração em Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo -- Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2012. 1. Bata. 2. arquitetura e urbanismo modernos. 3. cidade ideal. 4. cidades novas. 5. cidade industrial. 6. cidade agroindustrial. 7. companhia de colonização. 8. relações de trabalho. I. Título. ______________________________________________________________ Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos Universidade de São Paulo Georgia Carolina Capistrano da Costa As cidades da Companhia Bata (1918-1940) e de Jan Antonin Bata (1940-1965) Relações entre a experiência internacional e a brasileira Dissertação apresentada ao programa de Pós- Graduação em Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos/ Universidade de São Paulo como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo, área de concentração em Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo Orientador: ___________________________________________ Prof. Dr. Miguel Antonio Buzzar _________________________________________________________ Prof. Dr. _________________________________________________________ Prof. Dr. AGRADECIMENTOS Ao Orientador: Prof. Dr. Miguel Antônio Buzzar A CAPES/ CNPQ Em Presidente Prudente (SP): Família Bata Oliveira, especialmente: Edita Batova de Oliveira e Nelson Verlangieri de Oliveira, Paulo Bata de Oliveira e Rodolfo Bata de Oliveira Ljubisav Mitrovich Junior Margarida e Ruth Kunzli Em Bataguassu (MS): Vladimir Kubik Em Batayporã (MS): Família Trachta, especialmente: Evandro Trachta, Dalibor Trachta e Dario Trachta Em Batatuba (SP): Débora Sanches Benedita Bueno e Ana Maria Kosour Em Nova Andradina (MS): Dolores Ljiljana Bata Arambasic Em Campo Grande (MS): José Carlos Ziliani Em São Paulo (SP): Marie Hlavnickova Hadzi Antic Em São Carlos (SP): Tereza Cordido Geraldo Donizetti Pereira e Marcelo Celestini Em Itajubá (MG): Zdenek Pracuch E aos familiares e amigos: Fabio Guimarães Rolim Sueli Patreze Antonia Menochelli Patreze e Paulo Patreze Giovana Paola, Janaina Alexandra e João Paulo Capistrano da Costa Luis Antonio Rolim Ana Leticia Tezolini Prado e Sirlene Cheriato RESUMO Idealizado como uma “cidade industrial ideal”, o antigo núcleo industrial de Batatuba, situado no município de Piracaia (SP, Brasil), é praticamente invisível na historiografia das realizações urbanísticas no Brasil, embora em seu projeto sobressaiam seu caráter social e sua filiação ao pensamento moderno. Batatuba integrara um programa internacional de cidades destinado a concretizar, arquitetônica e urbanisticamente, a expansão mundial da Companhia calçadista Bata, que se iniciara e florescera no entreguerras. Ainda que emissárias dos princípios da racionalidade e eficiência de Taylor e Ford, as ações dos dirigentes da Companhia - inicialmente as de seu fundador, Tomas Bata (1876-1932, chamado de “Henry Ford da Europa Central”) e depois as de Jan Antonin Bata (1898-1965) - contribuíram para inaugurar novas referências nos campos do planejamento urbano e territorial, da organização industrial e das relações de trabalho naquelas décadas. O núcleo industrial de Batatuba fora iniciado por Jan Antonin Bata por volta de 1940, sendo possível notar a permanência, tanto no desenho de sua planta urbana, quanto nos remanescentes atuais, do “vocabulário” urbanístico replicado nas “cidades-em-série” da Companhia. Assim, não seria gratuita a flagrante semelhança do plano de Batatuba com outros planos para uma “cidade industrial ideal”, como Batovany-Partizanske (atual Eslováquia). Durante a expansão internacional da empresa nos anos 1930 este vocabulário desenvolvera-se gradualmente em Zlín (atual República Tcheca), então a cidade-sede da Companhia Bata, e por meio de seu escritório de arquitetos, sendo a base desta linguagem a racionalidade no uso de materiais e técnicas construtivos e a padronização e reprodutibilidade. Esta orientação se expressou nos planos urbanos, onde os bairros residenciais revelavam a preferência pelo modelo da cidade-jardim e o lema de Tomas Bata “Trabalhar coletivamente e viver individualmente”. Aspecto fundamental desta evolução foi a aproximação da empresa com os arquitetos dos CIAM (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna) e alguns de seus expoentes, como Le Corbusier, atraídos pelo ideário social, arquitetônico e urbanístico da Companhia e pelas possibilidades projetuais proporcionadas pelo porte global desta. Elemento de ruptura desta evolução, a Segunda Guerra Mundial representou uma inflexão no modus operandi da Companhia. Por volta de 1940, Jan Antonin Bata iniciou nova etapa nos negócios, adquirindo no Brasil, onde passou a residir definitivamente, as empresas Companhia de Viação São Paulo - Mato Grosso e Companhia Comercial Alto-Paraná. Nesta fase as ações de Jan Bata adquiriram nova tonalidade. Com suas empresas, participa do desbravamento do oeste paulista e do sul do então Mato Grosso, planejando e fundando cidades e núcleos de caráter agroindustrial: Vila CIMA (Companhia Industrial, Mercantil e Agrícola), Mariápolis, Bataguassu, Batayporã, Kennedyba - intentando, afinal, contribuir para incorporar os “espaços vazios” de Vargas à economia brasileira. No que se refere às realizações arquitetônicas e urbanísticas, a fase brasileira de Jan Bata, por sua quase total ausência na historiografia, ainda carece de melhor conhecimento e análise. Este trabalho pretende distinguir esta fase - situada entre os anos de 1940 e 1965 - e relacioná- la com as cidades da Companhia Bata criadas durante os anos do entreguerras (1918-1940). Busca analisar, preliminarmente e à luz do Movimento Moderno e das questões locais, em que medida aquela constância programática exercida pela Companhia, no planejamento da vida coletiva, do trabalho e da produção industrial, de expressão urbanística e de cunho econômico, foi seguida no ambiente brasileiro – sendo preservada ou reinventada. PALAVRAS-CHAVE: Bata, arquitetura e urbanismo modernos, cidade ideal, cidades novas, cidade industrial, cidade agroindustrial, companhia de colonização, relações de trabalho ABSTRACT Idealized as an “ideal industrial city”, the old industrial core of Batatuba, located in Piracaia (SP, Brazil) is virtually invisible in historiography of urban achievements in Brazil - although its project manifests a social character and an ascendancy of modernist thinking. Batatuba had integrated an international cities’ program aimed to materialize in architectonic and urban ways the global expansion of Bata footwear’s company, which began and flourished during the 1920-1930 decades. Although reiterating Taylor’s and Ford’s rationality and efficiency principles, the actions of Bata Company’s directors (the first, Tomas Bata, 1876-1932, so-called "Henry Ford of Central Europe", and afterwards, Jan Antonin Bata, 1898-1965) added to inaugurate new references on urban and territorial planning, industrial organization and labor relations in those decades. The industrial core of Batatuba had been launched by Jan Antonin Bata by 1940, and it’s possible to notice the persistence of urban vocabulary replicated in the company’s serial-cities, even in its urban plan and in its remaining buildings. In this sense, it wouldn’t be a coincidence the clear similarity between Batatuba’s plan and others Bata’s “ideal industrial city”, such as Batovant-Partizanske (Slovakia). During the company's international expansion during the 1930s that vocabulary had been gradually developed by Bata’s architects in Zlín (Czech Republic nowadays, then the host city of the Company). Rationality in material’s use and construction techniques, standardization and reproducibility turned into the basis of that language. Those orientations were expressed in urban plans, where residential neighborhoods revealed the preference for a garden-city model and for Tomas Bata’s motto: "Working collectively and living individually." An important feature of that development was the company’s approach to CIAM’s (International Congresses of Modern Architecture) and some of its exponents - such as Le Corbusier, attracted by Bata’s social, urban and

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