DOMINGO.26.FEV 2017 WWW.DIARIODOMINHO.PT 0,85 € Diretor: DAMIÃO A. GONÇALVES PEREIRA | Ano XCVII | n.º 31322 Ana Marques Pinheiro PS candidata José Morais à Câmara de Vila Verde REGIÃO P.11 Ponte de Lima mostra qualidade do setor agroalimentar REGIÃO P.13 Futebol feminino Gastronomia atrai turistas do Sp. Braga GNR da Póvoa perde em Alvalade ao património de Amares com penálti de Lanhoso perto do final DESPORTO P.20 ganha quartel exemplar REGIÃO A ministra da Administração Interna considera que as obras de remodelação do quartel da GNR da Póvoa de Lanhoso, ontem inauguradas, são «um exemplo de como a colaboração entre os municípios e o Estado REGIÃO P.10 Central pode levar a soluções boas» para o Estado e para Avelino Lima Avelino os munícipes. p.08-09 02 DIÁRIO DO MINHO / DOMINGO / 26.02.17 www.diariodominho.pt Rui Rosas da Silva EDUARDO JORGE MADUREIRA LOPES Família, fonte natural OS DIAS DA SEMANA de amor Uma defesa de aulas de dez minutos á pouco escrevi um artigo so- lher. E assim, com encapotada finalida- bre a Eutanásia. Alguém ficou de, esquecem a “mercadoria” incómo- escandalizado com uma infor- da que tanto a afadigava, na esperança um amplo conjunto de técni- bro não é totalmente aplicável ao dia- mação que aí se dava, a respeito de a deixarem em boas mãos. cas de diagnóstico e investiga- -a-dia da sala de aula. Hda investigação feita pela uni- ção se tem ficado a dever, em Questionado sobre qual a principal versidade alemã de Gottingen, Felizmente, que este último caso po- grande medida, a possibilida- mudança que o sistema de ensino ac- sobre um estudo realizado a cerca de de e deve ser punido pela lei. Mas com Ade de conhecer com minúcia tual deve promover, Francisco Mora ex- 7.000 casos reais de eutanásia na Holan- a prática holandesa da eutanásia o que o modo como o cérebro fun- plicou que as neurociências estão a co- da. Em 41% destes, a iniciativa da con- se conclui é que a vida humana não é ciona. Os novos saberes têm fomenta- meçar a demonstrar que ninguém pode cretização da morte do idoso perten- um valor absoluto, mas relativo e que, do o surgimento de disciplinas como, aprender seja o que for sem estar mo- ceu à família e não aos eutanasiados. a partir de certo momento, a condena- por exemplo, a neuroeducação. Um dos tivado. É, portanto, imperioso desper- ção à morte, ainda que proibida legal- seus especialistas, o espanhol Francisco tar a curiosidade, “que é o mecanismo Ou seja, 2.870 pessoas foram mortas, mente, volta a ser uma prerrogativa de Mora, deu há dias uma estimulante en- cerebral capaz de detectar a diferença não por iniciativa sua, mas porque os certas pessoas que têm laços mais es- trevista ao diário espanhol El País, com na monotonia diária”. Francisco Mora seus familiares acharam melhor tirar- treitos com os que sofrem de velhice e reflexões e conselhos assaz pertinentes. refere a existência de estudos recentes -lhes a vida. Certamente, que é possível são um estorvo incómodo para quem Uma das recomendações de Francis- que mostram que a aquisição de conhe- pensar na existência de casos em que tem obrigação moral de os tratar. Neste co Mora encontra-se no título da con- cimentos partilha substratos neurais a situação de saúde do parente estaria aspecto, o nosso leitor manifesta uma versa: “É preciso acabar com o formato de com o que dá prazer. “Por isso é preci- muito perto do seu final. No entanto, certa razão ao falar sobre o futuro da aulas de 50 minutos”. As razões da suges- so despertar uma emoção no aluno, que esse mesmo estudo revela que 14% des- família, embora o que se passou rela- tão são apresentadas no corpo da en- é a base mais importante sobre a qual sas pessoas estavam numa situação de tivamente aos números tão tristes do trevista: “Estamos a perceber [ao es- se apoiam os processos de aprendiza- lucidez objectiva. Mesmo assim, a sua artigo referido, possa ser consequência tudar o cérebro], por exemplo, que a gem e memória”. Ou seja, “as emoções família achou por bem apressar-lhes de uma facilitação da lei e, sobretudo, atenção não pode ser mantida durante servem para armazenar e recordar de o fim. 14%, acrescente-se, são cerca de do modo como se pratica a eutanásia, 50 minutos”. O formato actual das au- uma forma mais eficaz”. 400 seres humanos que partiram des- se se fecha os olhos a alguns procedi- las (de 50 minutos em Espanha e, mui- As estratégias para despertar a curio- ta vida sem terem pedido para o fazer. mentos que deviam ser mais cuidadosos. tas vezes, de 90 minutos em Portugal) sidade podem motivar o professor a co- Por isso, foram verdadeiramente con- Mas para que servem as leis? Não é para está, por isso, errado, garante Francis- meçar a aula com algum elemento pro- denados à morte. serem cumpridas com rigor? E quan- co Mora, considerando que mais va- vocador, uma frase ou uma imagem do se verifica que não estão a ser bem le assistir a 50 aulas de 10 minutos do que seja chocante. É preciso “romper o Como é que isso é possível? Per- cumpridas? Ignora-se olimpicamente que a 10 aulas de 50 minutos. Como a esquema e sair da monotonia”. Corro- guntava, atónito, o “meu” leitor sobre o que elas determinam? Entre isto e a mudança não poderá ser empreendida borando o que vários professores bem esses números e o que eles significa- hipocrisia mais bronca que diferença a curto prazo, o especialista em neu- sabem por experiência própria, Francis- vam. Concluía que até parece que nos existe? A “morte assistida”, que os de- roeducação oferece uma sugestão prá- co Mora refere que “sabemos que para encontramos numa sociedade em que fensores da eutanásia tanto apregoam, tica: que os professores quebrem a aula, um aluno prestar atenção na aula não a família pode tornar-se uma institui- não se torna em “morte compulsiva”? a cada 15 minutos, com um elemento basta exigir que ele o faça”. A atenção, ção negativa, quando a lei permite – disruptor; com uma história engraça- acrescenta o neuroeducador, deve ser ou pelo menos, facilita de forma mais Lembremos que a família é a gran- da, uma pergunta ou um vídeo sobre evocada com mecanismos que a psi- ou menos sub-reptícia – que ela tenha de defensora dos valores que devem vi- um assunto diverso. cologia e a neurociência estão a come- um poder de decisão quase total sobre ver-se na sociedade humana. A famí- É, aliás, isso que Francisco Mora çar a desvendar. “Métodos associados à a vida ou a morte dos seus membros lia, instituição natural, não dá o direito diz procurar fazer. Um recente con- recompensa e não à punição”. Afirma mais idosos e, portanto, mais indefe- de condenar à morte um seu membro. vite da Universidade de Harvard pa- Francisco Mora que, “desde que somos sos. Comentava ainda, com amargura, Pelo contrário, o amor que nela se gera ra criar um MOOC (sigla inglesa de mamíferos, há mais de 200 milhões de que tais factos a levavam a compreen- leva naturalmente os que lhe perten- curso online aberto e massivo) sobre anos, a emoção é o que nos move. Os der melhor o que acontecia em alguns cem a tratar, da melhor maneira e de Neurociência obrigou-o a concentrar elementos desconhecidos, que nos sur- hospitais portugueses, não porque ti- um modo totalmente afectuoso, quem tudo em 10 minutos para que os alu- preendem, são aqueles que abrem a ja- vesse notícias sobre a existência de aí está mais necessitado até que a mor- nos pudessem absorver 100% do con- nela da atenção, imprescindível para a haver práticas eutanasianas legaliza- te aconteça. Um idoso ou um doente teúdo. “Nessa linha irão as coisas no aprendizagem”. das, mas por não ser “tão infrequen- grave não é, no seio de um agregado futuro”, sentencia o professor de Fi- A leitura desta entrevista muito be- te como isso”, o aparecimento de an- familiar verdadeiro e são, um empeci- siologia Humana na Faculdade de Me- neficiaria, desde logo, os que se insur- ciãos “gagás”, no meio dos corredores lho ou alguém incómodo e indesejável dicina da Universidade Complutense gem contra aquilo que designam pejo- imensos dessas instituições de saúde, de quem é preciso ver-se livre, mas um de Madrid e de Fisiologia Molecular rativamente por eduquês – gente que completamente indocumentados e sem elo de união do amor objectivo, ape- e Biofísica na Faculdade de Medici- ainda julga que o ensino tem decaído qualquer capacidade de comunicação. sar dos trabalhos a que pode obrigar. na da Universidade do Iowa, nos Es- mais por falta de pau do que de cenoura. Ora, como vão aí parar? E a resposta tados Unidos da América. A entrevis- dos que lá trabalham é praticamen- ta inclui conselhos, mas a prudência P.S.: Margarida Vilarinho deixa-nos te unânime: é a família que os despa- não falta, uma vez que, para Francis- como exemplo um admirável espírito cha e os larga, convicta de que haverá co Mora, é preciso tempo e continuar combativo, sempre corajoso e esclareci- alguém que se encarregue de os aco- a investigar porque o que hoje se co- do, que soube manifestar especialmente nhece em profundidade sobre o cére- em momentos de grande adversidade. 26.02.17 / DOMINGO / DIÁRIO DO MINHO 03 www.diariodominho.pt hoje Conjunto das 14 autarquias do Baixo Minho reduziu O Auditório Vita Braga número de funcionários em acolhe, às 18h00, um concerto pelos quase 12 por cento.
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