Representações Da Arte E Do Trabalho Em Verdades E Mentiras De Orson Welles

Representações Da Arte E Do Trabalho Em Verdades E Mentiras De Orson Welles

Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de Letras Modernas Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês NEYDE FIGUEIRA BRANCO Representações da arte e do trabalho em Verdades e Mentiras de Orson Welles Versão Corrigida São Paulo 2018 Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de Letras Modernas Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês Representações da arte e do trabalho em Verdades e Mentiras de Orson Welles Neyde Figueira Branco Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Doutora em Letras. Orientador: Prof. Marcos César de Paula Soares Versão Corrigida São Paulo 2018 2 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO POR MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. 3 4 FOLHA DE APROVAÇÃO Nome: Branco, Neyde Figueira Título: Representações da Arte e do Trabalho em Verdades e mentiras de Orson Welles Tese de Doutorado pelo Departamento de Letras Modernas, Área de Estudos Linguísticos e Literários em Inglês, da Universidade de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. Marcos César de Paula Soares. Aprovada em: ________________________________________ Banca Examinadora Prof. Dr. _______________________________________________ Instituição:__________________ Assinatura: __________________ Prof. Dr. _______________________________________________ Instituição:__________________ Assinatura: __________________ Prof. Dr. _______________________________________________ Instituição:_________________ Assinatura: __________________ 5 Agradecimentos Ao Professor Marcos Soares pela orientação e auxílio em vários momentos, por todos os filmes e livros emprestados e pelas oportunidades de apresentação e discussão sobre meu trabalho. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa concedida durante a maior parte do doutorado, que possibilitou dedicação integral à pesquisa. Aos funcionários do Departamento de Letras Modernas, em especial à Edite, por todo o suporte e auxílio dedicados durante esses anos. Aos professores Ana Paula Pacheco e Leandro Saraiva, pela leitura e discussão de minha pesquisa no exame de qualificação, e pelas preciosas sugestões para a continuidade de meu trabalho. A todos os amigos da pós-graduação, especialmente Carol Fiori, Elton Furlanetto, Fabiana Villaço, Gabriel Bordignon, Giuliana Gramani, Livia Mantovani, Maira Malosso, Marcio Deus, Sheila Saad e Vinícius Cherobino, pelo companheirismo nessa jornada e pelos muitos momentos de troca e aprendizado. Em especial, à Ingrid del Grego, pelo apoio e torcida sempre. 6 Aos queridos familiares e amigos, por todo carinho e por compreenderem minhas tantas ausências. Em especial à Alê, pelo apoio em todo o decorrer do processo, à Pri e à Karlinha. Ao meu pai, por seu exemplo e incentivo. Por me desafiar a ser o melhor que eu puder ser. À minha mãe, por despertar em mim a paixão pelos estudos desde a infância, e acreditar sempre na minha capacidade. Aos grandes amigos Elder, Cris e Roberta por compartilharem cada momento dessa trajetória, dentro e fora da universidade. Pela amizade, solidariedade, carinho e apoio em todos os momentos, serei eternamente grata. Ao Fabio, pelo companheirismo, apoio, incentivo, carinho e paciência em todos os momentos. 7 RESUMO BRANCO, N. F. Representações da arte e do trabalho em Verdades e mentiras de Orson Welles. 2018. 160 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. Verdades e mentiras (Verités et mensonges / F for fake, 1973), de Orson Welles, parte da história de Elmyr de Hory, um grande falsificador de obras de arte, para propor uma reflexão sobre o mercado de arte e sobre o trabalho do artista no contexto da Indústria Cultural. O filme organiza-se como uma argumentação, que disserta sobre seu contexto sócio-histórico e capta a estrutura de sentimento do período em que é produzido, podendo ser considerado um precursor do filme ensaio. Entretanto, os argumentos nem sempre confirmam as teses propostas inicialmente. Há constantes contradições entre os diferentes elementos que compõem uma mesma cena, ou entre diferentes cenas e sequências do filme, tornando necessário ao espectador realizar uma “leitura a contrapelo” da obra. Orson Welles incorpora aspectos da tradição cinematográfica e de sua obra e combina-os com a experimentação, que é característica de seu trabalho artístico, para investigar as relações de produção no contexto da indústria cultural e de que forma o trabalho se constitui enquanto horizonte para superação das determinantes históricas da sociedade. Ao mesmo tempo em que faz isso, o filme evidencia a si mesmo como representação, constituída a partir de um ponto de vista determinado, e assim permite que analisemos e interpretemos a verdade desse trabalho artístico, para a compreensão dos temas e aspectos da realidade que ele configura. Palavras-chave: Filme ensaio. Sociedade do espetáculo. Artistas como trabalhadores. Mercado de Arte. Trabalho. Orson Welles. 8 ABSTRACT BRANCO, N. F. Representations of art and labor in F for fake, by Orson Welles. 2018. 160 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. F for fake (Verités et mensonges, 1973), by Orson Welles, introduces the story of Elmyr de Hory, a great Art forger, in order to discuss the determinations associated to the Art Market and the work of the artist submitted to the Cultural Industry. The movie is structured as an argumentative essay, which discusses its background and captures the structure of feeling of the period. Because of the way it is organized, F for fake is sometimes referred as a predecessor of what is called nowadays “essay film”. However, the arguments included do not necessarily confirm the initial thesis of the film. There are numerous contradictions between different elements of a scene, and also between different scenes and sequences. It keeps the audience alert and suggests the need to interpret the story “against the grain”, as Walter Benjamin advocates. Orson Welles incorporates some aspects of film tradition and of his oeuvre, and associates them with the experimentation of new aesthetics, as it is characteristic of his artistic work, in order to examine the relations of production in the context of the Cultural Industry. He also analyses how labor can represent some perspective of overcoming the social and historical determinations of the society. Whilst structuring these debates, the film exposes itself as a representation of a certain point of view, and allows the audience to analyse and interpret the truth of this work of art, as well as to try to understand the association of themes and aspects of reality that it constitutes. Key words: Essay Film. Society of the spectacle. Artists as workers. Art Market. Labor. Orson Welles. 9 ÍNDICE Introdução ................................................................................... 11 Capítulo 1 - Estabelecendo o tom, definindo os termos ............. 26 Capítulo 2 - “Há um mercado, há uma demanda” ...................... 69 Capítulo 3 – Arte para sobreviver? ............................................. 111 Capítulo 4 – “A arte é uma mentira que nos faz perceber a verdade” .................................................................................................... 135 Considerações Finais ................................................................ 160 Referências Bibliográficas ......................................................... 164 10 Introdução Começamos a esboçar este projeto após a análise do filme “O poder vai dançar” (Cradle will Rock, 1999) no mestrado. A ação desse filme se passa na década de 1930 nos Estados Unidos, durante “A Grande Depressão”, momento marcado por uma grave crise econômica que teve sérias consequências para a vida do povo americano e também de outros países. O historiador Michael Denning1 afirma que o ano de 1929 tornou-se símbolo de desespero e ruína, emblema da queda da economia e do fim de uma forma de vida que se estabelecera até aquele momento. Em oposição, ele sugere que o momento seguinte (por volta de 1934) pode ser considerado como um emblema da insurgência, revolta e esperança. Tal perspectiva se deve ao que Denning vê como uma aliança entre representantes de diversos setores da classe trabalhadora, em que se estabeleceu um movimento de massa com preocupações sociais, no qual se uniram "socialistas não comunistas”, “esquerdistas independentes”, comunistas e liberais. Esse grupo desenvolveu ações em diversas frentes – inclusive cultural – independentemente das orientações do Partido ou do liberalismo do New Deal. A Frente Cultural é caracterizada por Denning como social democrata, antirracista e antifascista. Ela é produto tanto do movimento social baseado na massiva onda de sindicalização, que marcou a criação da CIO, quanto do desenvolvimento da indústria cultural, da rápida expansão da comunicação de massa e do desenvolvimento das instituições culturais do New Deal. Todos estes elementos contribuíram para a formação de uma nova classe 1 Denning, Michael. The cultural front: the laboring of American Culture in the twentieth century. New York: Verso, 1998 11

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