AS CARTAS DE CHICO XAVIER UMA ANÁLISE SEMIÓTICA CINTIA ALVES DA SILVA AS CARTAS DE CHICO XAVIER As_cartas_de_Chico_Xavier_MIOLO_Graf-01.indd 1 07/02/2013 20:41:31 Conselho Editorial Acadêmico Responsável pela publicação desta obra Alessandra del Ré Anise de Abreu Gonçalves D’Orange Ferreira Arnaldo Cortina Cristina Martins Fargetti Renata Maria Facuri Coelho Marchezan Rosane de Andrade Berlinck As_cartas_de_Chico_Xavier_MIOLO_Graf-01.indd 2 07/02/2013 20:41:31 CINTIA ALVES DA SILVA AS CARTAS DE CHICO XAVIER UMA ANÁLISE SEMIÓTICA As_cartas_de_Chico_Xavier_MIOLO_Graf-01.indd 3 07/02/2013 20:41:31 © 2012 Editora UNESP Cultura Acadêmica Praça da Sé, 108 01001-900 – São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3242-7171 Fax: (0xx11) 3242-7172 www.editoraunesp.com.br www.livraria.unesp.com.br [email protected] CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ S579c Silva, Cintia Alves da As cartas de Chico Xavier: uma análise semiótica / Cintia Alves da Silva. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-7983-365-6 1. Xavier, Francisco Cândido, 1910-2002. 2. Espiritismo. 3. Espíritas – Brasil – Correspondência. 4. Obras psicografadas. I. Título. 12-9315 CDD: 133.9 CDU: 133.7 Este livro é publicado pelo Programa de Publicações Digitais da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) Editora afiliada: TORIZ AU AD O A Ã É N C A R I I P M Ó E C ABDR ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DIREITOS REPROGRÁFICOS R E L S A P R Asociación de Editoriales Universitarias Associação Brasileira de E O IT T E AU de América Latina y el Caribe Editoras Universitárias O DIREITO As_cartas_de_Chico_Xavier_MIOLO_Graf-01.indd 4 07/02/2013 20:41:32 Ao homem Francisco Cândido Xavier. As_cartas_de_Chico_Xavier_MIOLO_Graf-01.indd 5 07/02/2013 20:41:32 As_cartas_de_Chico_Xavier_MIOLO_Graf-01.indd 6 07/02/2013 20:41:32 AGRADECIMENTOS Ao CNPq, pelo financiamento que tornou possível a minha dedicação integral à pesquisa, durante o mestrado. A meu orientador, professor Jean Cristtus Portela, que tão bem soube dosar o rigor e a compreensão, por me dar a autonomia neces- sária ao fazer científico, durante todo o período em que convivemos. À professora Renata Marchezan e à professora Elizabeth Harkot- de-La-Taille pelas contribuições e correções feitas por ocasião da defesa do mestrado. Ao Programa de Pós-Graduação em Linguística e Língua Portuguesa, que, sob a coordenação da professora Rosane de Andrade Berlinck, viabilizou a publicação deste livro. Ao professor Arnaldo Cortina, a quem agradeço por me apre- sentar a semiótica e ser, informalmente, meu primeiro orientador. Ao colega pesquisador, professor Alexandre Caroli Rocha, pela interação e colaboração constantes, que me permitiram refletir e conhecer um pouco mais sobre as cartas de Chico Xavier. A Caio Ramacciotti, que colaborou respondendo às questões acerca da edição das cartas de Chico Xavier. A Ricardo Trad, que me auxiliou na obtenção da cópia integral dos autos do processo de Gleide Maria Dutra de Deus, aos quais foram anexadas cartas do médium. As_cartas_de_Chico_Xavier_MIOLO_Graf-01.indd 7 07/02/2013 20:41:32 8 CINTIA ALVES DA SILVA A Paulo Bosco, divulgador espírita em Aquebogue (NY), EUA, cujo esforço em digitalizar a obra psicográfica de Chico Xavier me permitiu despender menos tempo no trabalho de composição do córpus de pesquisa. À editora IDE, de Araras, SP, pelos exemplares doados no ano de 2009, antes mesmo da institucionalização da pesquisa. Aos amigos unespianos, com os quais pude compartilhar as reflexões, as angústias e as alegrias do fazer acadêmico: Aline dos Santos, Amanda Raiz, Ana Cleide Guimbal, Henri Chevalier, Rubens Baquião e Silvia Nasser. Aos amigos Amelio Fabbro, Carla Roberta Pereira, Clarkson de Oliveira, David Liesenberg, Mireli de Oliveira, Roque Rodrigues, Sonia Liesenberg e Wanda Gesualdo, grandes incentivadores para o desafio de lidar com um tema tão polêmico quanto instigante. A minha mãe, pela educação e pelo estímulo que me permitiram trilhar o caminho acadêmico; a meu pai, pela presença amiga e cons- tante; e a meus irmãos queridos, Bruna e Salvatore, que sentiram minha ausência justificada, especialmente nos períodos de escrita da dissertação. E a Rodrigo, companheiro de todas as horas, pela compreensão e pelo amor generosamente dedicados e que tornam meu caminho sempre mais doce. As_cartas_de_Chico_Xavier_MIOLO_Graf-01.indd 8 07/02/2013 20:41:32 SUMÁRIO Prefácio 11 Introdução 17 1 As cartas de Chico Xavier: a psicograa epistolar como prática semiótica 29 2 A edição das cartas psicografadas 83 3 Identidade e veridicção 99 Epílogo 139 Referências bibliográcas 143 Apêndice 149 Anexos 155 As_cartas_de_Chico_Xavier_MIOLO_Graf-01.indd 9 07/02/2013 20:41:32 As_cartas_de_Chico_Xavier_MIOLO_Graf-01.indd 10 07/02/2013 20:41:32 PREFÁCIO “Falei mas não sei se disse.” Jair Presente Muitas décadas já se passaram desde que a Semiótica de A. J. Greimas e de seus colaboradores iniciou suas investigações pioneiras a partir da análise de textos literários e etnoliterários. Desde então, a Semiótica conheceu uma ampla gama de aplicações nos mais variados tipos de texto. Notadamente no domínio das semióticas-objeto verbais de caráter não literário, podemos encon- trar análises de textos publicitários, jornalísticos, institucionais, políticos, científicos e religiosos. Em relação a estes últimos, a Semiótica, desde meados dos anos 1970, vem dando contribuições importantes à hermenêutica bíblica, como se pode perceber, por exemplo, pela grande e constante produção científica do Centre pour l’Analyse du Discours Religieux (Cadir) [Centro para a Análise do Discurso Religioso], da Universidade Católica de Lyon (França), que edita, há quase 40 anos, a revista Sémiotique et Bible [Semiótica e Bíblia]. A julgar pela atuação do grupo de Lyon, podemos concluir que a Semiótica, em seu projeto de investigação, que é, em essência, um As_cartas_de_Chico_Xavier_MIOLO_Graf-01.indd 11 07/02/2013 20:41:32 12 CINTIA ALVES DA SILVA projeto rigoroso de intelecção, de compreensão objetiva do uni- verso da significação, tem sua contribuição a dar para o estudo dos textos e discursos que se relacionam com o sensível afiançado pela crença, em suma, com a fé, este “firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem”, de que nos fala Paulo em sua carta aos hebreus (Hebreus 11:1). Essa contribuição certamente está ligada à maneira como a Semiótica tira consequên- cias dos textos que analisa, por meio de critérios explícitos, regras do jogo bem determinadas, que procuram explicar como o homem age, avança, com suas crenças, aptidões e motivações, e como se apropria do mundo que o cerca, por operações de valoração que se inscrevem em percursos temáticos e figurativos passíveis de se manifestarem nos mais variados tempos e espaços. Como a Semiótica, teoria da linguagem na qual o conceito cético e iconoclasta de veridicção (o ardiloso dizer-verdadeiro que produz tão somente “efeitos de verdade”) é um preceito inviolável, pode contribuir para o estudo de textos e de discursos que se ocupam justamente da construção das “verdades” da crença, “verdades” que se revelam, de modo mais ou menos explícito, em qualquer texto que se fundamente puramente no “discurso de fé” (termo, aqui, preferível a “discurso religioso”)? A aproximação da Semiótica com a fé, que nos parece tão apropriada quanto temerária, encontra uma explicação muito simples, inocente até: ainda que a fé e seu objeto sejam de ordem transcendente, intangível pela razão, ambos neces- sitam de uma linguagem que os manifeste e de sujeitos, terrenos e semióticos sujeitos, que os assumam. É, portanto, o “corpo” da fé, a linguagem verbal e não verbal pela qual se expressa e se apregoa a fé, que interessa à Semiótica, que, desse ponto de vista, pelas ferra- mentas de análise de que dispõe, está autorizada a dizer algo sobre os discursos de fé, tanto do ponto de vista da linguagem, quanto do ponto de vista de seu modo de produção e circulação em uma dada cultura, já que, para a Semiótica, “produção”, “circulação” e “cul- tura” são operações e construções de linguagem. Este estudo das cartas de Francisco Cândido Xavier (1910-2002), que nos propõe Cintia Alves da Silva, atesta, com originalidade e As_cartas_de_Chico_Xavier_MIOLO_Graf-01.indd 12 07/02/2013 20:41:32 AS CARTAS DE CHICO XAVIER 13 rigor, a qualidade e a extensão da contribuição semiótica à análise dos “discursos de fé”. Vejamos como e por que. No âmbito teórico, o estudo conduzido por Cintia se destaca pelo modo seguro com que transita entre os conceitos clássicos da Semiótica-padrão (a Semiótica elaborada entre os anos 1960 e 1980) e os desdobramentos mais recentes da Semiótica, que são marcados pelo diálogo com a Retórica (de onde vem o conceito de éthos, por exemplo) e com a Estilística; e pela procura por uma teoria dos gêneros (como a proposta por J. Fontanille e utilizada pela autora) e pela abertura da abordagem puramente textual, de tipo interna- lista, para uma saudável extrapolação em direção à concretude dos objetos-suporte e ao universo sociocultural, ainda que isso impli- que sempre se manter nos limites da linguagem, sem avançar pelo arriscado “horizonte ôntico”, domínio em que reina o filósofo, mas sucumbe o semioticista. Valendo-se das ideias de Jacques Fontanille, ainda pouco explo- radas no Brasil, sobre os níveis de pertinência da análise semiótica, especialmente sobre o nível das práticas semióticas, que atuam como elemento regente das experiências “textual” e “objetal”, Cintia não se limita a analisar as cartas de Chico Xavier enquanto textos verbais acabados e fechados em si, pelo contrário, busca, de modo gradual e metodológico, nos mostrar como o texto das cartas decorre da mani- pulação de objetos (o papel, o lápis, a mesa) e de corpos-actantes (o médium e sua mão, seu auxiliador, a família, a audiência), que, por sua vez, estão inscritos em várias práticas de significação, todas inde- pendentes umas das outras, mas atuando em conjunto.
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