UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA TESE DE DOUTORADO Geopolítica antártica no limiar do século XXI: a definição de um projeto estratégico-científico para o Brasil na Antártida. ROGÉRIO MADRUGA GANDRA ORIENTADOR Prof. Dr. Jefferson Cardia Simões PORTO ALEGRE 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA Geopolítica antártica no limiar do século XXI: a definição de um projeto estratégico-científico para o Brasil na Antártida. ROGÉRIO MADRUGA GANDRA ORIENTADOR: Prof. Dr. Jefferson Cardia Simões BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. José William Vesentini (USP) Prof. Dr. Paulo G. Fagundes Vizentini (UFRGS) Prof. Dr. Ulisses Franz Bremer (UFRGS) Prof. Dr. Luís Alberto Basso (UFRGS) Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia como requisito para obtenção do título de Doutor em Geografia. PORTO ALEGRE 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Reitor: Carlos Alexandre Netto Vice-Reitor: Rui Vicente Oppermann INSTITUTO DE GEOCÊNCIAS Diretor: André Sampaio Mexias Vice-Diretor: Nelson Luiz Sambaqui Gruber Gandra, Rogério Madruga Geopolítica antártica no limiar do século XXI: a definição de um projeto estratégico-científico para o Brasil na Antártida. / Rogério Madruga Gandra. - Porto Alegre : IGEO/UFRGS, 2013. [200 f.] il. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Geociências. Programa de Pós-Graduação em Geografia, Porto Alegre, RS - BR, 2013. Orientador: Jefferson Cardia Simões 1. Sistema do Tratado Antártico. 2. Geopolítica. 3. PROANTAR. 4. Ciência antártica. I. Título. _____________________________ Catalogação na Publicação Biblioteca Geociências - UFRGS Miriam Alves CRB 10/1947 __________________________ Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Campus do Vale Av. Bento Gonçalves, 9500 - Porto Alegre - RS - Brasil CEP: 91501-970 / Caixa Postal: 15001 Fone: +55 51 3308-6329 Fax: +55 51 3308-6337 E-mail: [email protected] ii AGRADECIMENTOS A presente tese não estaria finalizada sem os devidos agradecimentos às pessoas e instituições, que, das mais distintas formas, dispensaram sua preciosa contribuição para que se atingisse o estágio final desta pesquisa. Chegar até este momento conduz a uma autorreflexão, que impõe a recapitulação de toda uma vida pessoal e acadêmica. Assim, primeiramente, agradeço a minha família pelo incondicional apoio. Extensivo agradecimento aos professores que, direta ou indiretamente, em algum momento da minha vida acadêmica, tornaram possível a concretização deste trabalho; aos quais incluo, especialmente, o corpo docente do curso de graduação em geografia da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG), responsável pelo meu direcionamento inicial no caminho da pesquisa, e o corpo docente do Programa de Pós- graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que possibilitou o aprofundamento da minha vida acadêmica, um processo em contínua formação. Agradecimento especial ao meu orientador Professor Dr. Jefferson Cardia Simões, que, devido ao seu protagonismo na pesquisa antártica brasileira, se tornou, em alguns momentos, relevante fonte de dados e uma das principais referências desta pesquisa. Agradecimento ao Professor Dr. Paulo Fagundes Vizentini, Professor Dr. Aldomar Rückert e Professor Dr. Ulisses Franz Bremer, por suas sugestões e comentários durante a qualificação do projeto desta tese. Não poderia deixar de expressar minha gratidão a todos que se mostraram solidários a esta pesquisa, por ocasião de coleta de dados na área de atuação do PROANTAR na região antártica (Operação Antártica XXIX), em especial: Dra. Rosemary Vieira, pesquisadora da Universidade Federal Fluminense (UFF), coordenadora do acampamento na geleira Wanda; Geógrafo Luis Fernando Reis (UFRGS); Capitão-de-Fragata Alexey Bobroff Daros, chefe da Estação Antártica Comandante Ferraz; Dr. Alberto Setzer, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); Dra. Terezinha Absher, pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Dra. Emília Correia, pesquisadora da Universidade Mackenzie-INPE. Por fim, agradecimentos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo essencial apoio financeiro durante o período de bolsista, e à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, conceituada instituição de ensino público e gratuito. iii RESUMO Esta tese aborda a definição de um projeto estratégico-científico brasileiro para a Antártida, a partir da análise da evolução da geopolítica do Sistema do Tratado Antártico (STA). A questão antártica, conforme esta tese, se fundamenta em dois pressupostos teóricos antagônicos das relações internacionais, o realismo e o liberalismo. As premissas de cooperação científica e de uso pacífico da região, estabelecidos no Tratado da Antártida (1959), determinaram a discussão do objeto de estudo a partir de uma epistemologia liberal. A geopolítica antártica, neste início do século XXI, pende para uma dialética científico- ambiental, em detrimento da dimensão econômico–territorialista que dominou o discurso para a região austral até o emblemático ano de 1991, quando ocorreu a ratificação do Protocolo sobre Proteção Ambiental do Tratado da Antártida (Protocolo de Madri). Se o século XX foi marcado pelo advento da ciência antártica, representado pelo Ano Geofísico Internacional (1957 - 1958), o presente século se caracteriza, até o momento, como aquele em que essa ciência antártica deverá construir sua própria agenda. Os Estados-signatários, cada vez mais, reconhecem o peso político de uma ciência antártica de excelência dentro do STA. Com a instituição do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), em 1982, o país passou a defender seus substanciais interesses naquela região, que, em um primeiro momento, estavam subordinados às contingências da Guerra Fria e ao Projeto do Brasil-potência. Todavia, a invocação subjetiva de tais interesses não permitiu que se delimitasse a sua real amplitude. Esse posicionamento geopolítico em relação à Antártida começou a ser referenciado a partir de 2011, quando a questão antártica, através da elaboração de um Planejamento Estratégico para o PROANTAR (2012 - 2022), passou a assumir uma relativa importância estratégica para o país; em outras palavras, o programa aproximou-se de um projeto de Estado. No referido planejamento encontram-se as diretrizes que deverão garantir ao Brasil um status político relevante dentro do STA, o que implica numa participação efetiva do país nas decisões sobre o destino daquela região. A diretriz principal desse processo é a inserção do país no seleto grupo de Estados-signatários que desenvolve pesquisas de ponta na Antártida. Ao Entender a importância estratégico-geopolítica da Antártida para o Brasil, e o protagonismo da ciência na política do STA, esta tese propõe novos desafios e paradigmas à ciência antártica brasileira, apoiando o atual Planejamento Estratégico para o PROANTAR (2012 - 2022) e o mais recente Plano de Ação para a Ciência Antártica (2013 - 2018). Assim, analisar o PROANTAR a partir da definição de um projeto estratégico-científico, e suas iv repercussões geopolíticas, é o objetivo maior desta tese, implicando nas seguintes metas: uma análise sobre a geopolítica antártica, o que determinou uma discussão preliminar sobre os pressupostos geopolíticos do Tratado e da ciência antártica, a partir de uma perspectiva histórica; uma análise sobre as dimensões da geopolítica da região no limiar do século XXI, identificando o ano de 1991 (ratificação do Protocolo de Madri) como o momento de inflexão do STA, no qual a dimensão científico-ambiental começou a adquirir maior relevância geopolítica; uma análise sobre a questão antártica no pensamento geopolítico brasileiro, que permitiu discorrer sobre a construção de um possível imaginário territorialista antártico, assim como a sua repercussão na dimensão científica do PROANTAR. Por fim, se analisa os novos desafios à ciência antártica brasileira no século XXI: a expansão geográfica das pesquisas do PROANTAR naquele continente, em especial as investigações no interior do manto de gelo antártico, que quebra o paradigma de uma ciência periférica, historicamente restrita à região da Península Antártica; e a instituição de uma política capaz de garantir a qualidade da produção científica, através de um adequado apoio logístico-financeiro. Vencer tais desafios é de importância fundamental para a inclusão da pesquisa antártica brasileira nas chamadas fronteiras emergentes da ciência. Todavia, à medida que se analisa as ações político- científicas, convergentes à definição de um projeto estratégico brasileiro para a Antártida, que vêm sendo implementadas desde o início deste século, mais nítida se tornam as contradições e os obstáculos à definição de tal projeto: os entraves burocráticos e a volatilidade das ações políticas, que, somados a falta de reconhecimento da importância (geo)política de uma ciência antártica de vanguarda, em particular por grande parte dos pesquisadores que atuam no PROANTAR, impedem a instituição de uma política científica e a definição de um projeto estratégico-científico para a região. Palavras-chave: Antártida. PROANTAR. Geopolítica. Sistema do Tratado Antártico. Projeto estratégico-científico. Ciência antártica. v ABSTRACT This thesis addresses the definition of a Brazilian strategic-scientific project for Antarctica from the analysis of the Antarctic Treaty System (ATS)
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