Richard Santiago Costa O corpo indígena ressignificado: Marabá e O último Tamoio de Rodolfo Amoedo e a retórica nacionalista do final do Segundo Império CAMPINAS 2013 1 2 Universidade Estadual de Campinas Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Richard Santiago Costa O corpo indígena ressignificado: Marabá e O último Tamoio de Rodolfo Amoedo e a retórica nacionalista do final do Segundo Império Orientadora: Profª. Drª. Claudia Valladão de Mattos Dissertação de Mestrado apresentada ao Pr o- grama de Pós-Graduação em História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, para obtenção do título de Mestre em História, na área de concentração História da Arte. ESTE EXEMPLAR COR RESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DE FEND I- DA PELO ALUNO RICHARD SANTIAGO COSTA, E ORIENTADA PELA PROF(A). DR(A) CLAUDIA VALLADÃO DE MATTOS. CAMPINAS 2013 3 4 6 Para Sueli e Geny. 7 8 Agradecimentos Concluir uma pesquisa de mestrado demanda dedicação exaustiva e uma rede de su- porte, material e afetivo, bastante ampla. Dessa forma, começo meus agradecimentos pela conclusão deste trabalho à minha mãe, Sueli, e a minha avó, Dona Geny, figuras imprescindíveis não só para o pesquisador Richard Santiago Costa, mas para o cida- dão sobremaneira. A elas dedico os louros da vitória, pela confiança em mim, por não duvidarem jamais de minha capacidade, por acreditarem que o saber vale a pena, mesmo que os percalços pareçam mais fortes. Meus mais sinceros agradecimentos à minha orientadora, Claudia Valladão, pela dis- ponibilidade de sempre, pela leitura atenta e crítica ao meu trabalho, pela troca de ideias fortuita e inspiradora. Aos meus professores Luciano Migliaccio, Luiz Marques, Jorge Coli, Marcos Tognon pela consolidação das bases do meu saber e por transmiti- rem uma parte importante de seus conhecimentos a mim. Agradeço especialmente à professora Iara Schiavinatto pela solicitude e auxílio pre- ciosos, sempre com indicações pertinentes e apontamentos esclarecedores. Agradeço aos membros da banca examinadora, Letícia Squeff e Paulo Kühl, pela presteza e leitu- ra cuidadosa de minha dissertação. Às professoras Sônia Gomes Pereira e Ana Caval- canti, da UFRJ, pelas conversas pontuais e pelas indicações, e à professora Maraliz C- hristo. Agradecimento especial aos funcionários do programa de pós-graduação do IFCH, aos bibliotecários da Unicamp, figuras essenciais para o andamento de qualquer pesquisa. Aos funcionários da Pinacoteca do Estado de São Paulo, do Masp, do AEL, da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, do Museu Nacional de Belas Artes, do Museu D. João VI, do Arquivo Nacional e do IPHAN. À Fapesp por me permitir a dedicação exclusiva à esta pesquisa por dois anos. Em seguida, agradeço aos amigos mais próximos pelo companheirismo apesar da dis- tância imposta pela pesquisa, um trabalho solitário por excelência. Gabriela Lodo, Lu- 9 na Lobão, Isabel Hargrave, Larissa Carvalho, Tameny Romão, Natália Salvador, Ana Flora, Giuliano Baroni, Talita Mendes, Lu Almeida e tantos outros amigos que prolon- gariam demais essas linhas: muito obrigado pelas discussões e pelas risadas que alivi- aram o estresse cotidiano. A Bruno Baldan, Marcelo Guireli e Wallyson Motta, pela crença em minha capacidade e pelo amor constante. 10 Resumo O presente projeto de pesquisa pretende estudar duas obras específicas do pintor brasileiro Rodolfo Amoedo intituladas O último Tamoio (1883) e Marabá (1882). Tais obras serão analisadas dentro do contexto de sua produção na segunda metade do século XIX buscando identificar aspectos formais e programáticos que as aproximam e ao mesmo tempo afastam da política de criação de uma identidade nacional implementada pela Academia Imperial de Belas Artes no decorrer do século XIX. Buscaremos associar essas pinturas, tão importantes no conjunto da obra de Amoedo, ao ambiente sócio-político e cultural do Brasil oitocentista, investigando suas intenções políticas e culturais no contexto artístico do período. Além disso, interrogaremos tais pinturas na tentativa de reconhecer traços do estilo de Amoedo que as ligassem à sua formação artística tanto no Brasil quanto na Europa, trazendo referências diversas nas áreas da literatura e pintura que contribuíram para sua feitura. Será fundamental investigar como Amoedo desmonta o aparato de exaltação do mito do “índio herói nacional”, identificando os traços de um indianismo tardio sem fôlego, esgotado às vésperas da proclamação da República. Para tanto, será importante confrontar literatura e artes plásticas dentro das premissas do ut pictura poesis , visto que naquela floresceu primeiro o que se convencionou chamar de “indianismo”. Propomos uma reflexão sobre a figura do índio melancólico e trágico das pinturas supracitadas de Amoedo em detrimento do índio heróico e guerreiro da produção literária do período anterior e seu papel na constituição de um imaginário nacional que tinha o índio como símbolo pátrio: através das diversas ressiginificações por que passou o corpo indígena, seja no campo da pintura e da escultura, seja no campo da ilustração e da literatura, analisaremos como Amoedo se insere como renovador do indianismo acadêmico, rearranjando os elementos próprios da retórica nacionalista no final do Segundo Império. Palavras-chave: Corpo – Indianismo – Academicismo – Retórica nacionalista 11 12 Abstract This research project aims to study two specific works of the Brazilian painter Rodolfo Amoedo titled The Last Tamoio (1883) and Maraba (1882). Such works will be ex- amined within the context of his production in the second half of the nineteenth cen- tury trying to identify formal and programmatic aspects which approach and at the same time move back them from the creation policy of a national identity imple- mented by the Imperial Academy of Fine Arts during the nineteenth century. Trying to associate these paintings, very important in Amoedo’s whole works, to the social, po- litical and cultural environment of nineteenth century on Brazil, looking for his politi- cal and cultural intentions in the artistic context of that period. Furthermore we will study such paintings trying to recognize aspects of Amoedo’s style that link them to his artistic development both in Brazil and in Europe, bringing different references in literature and painting areas which was a contribution to its conception. It will be es- sential to investigate how Amoedo disjoints the apparatus of exaltation of the “nation- al Indian hero” myth, identifying aspects of a late breathless “indianism”, exhausted on the eve of the Republic’s proclamation. Therefore, it will be important to confront lite- rature and fine arts within the premise of ut pictura poesis , since that first grew what is conventionally called “indianism”. We propose a reflection about the image of the melancholic and tragic indian of the Amoedo’s paintings above in detriment of the heroic and warrior indian of the literary production of the previous period and their role in the constitution of a national imaginary that used to have indian as a native symbol: through the different reinventions of its meaning which passed the indigen- ous body, whether in painting and sculpture, or in the field of illustration and litera- ture, we are going to analyze how Amoedo introduces himself as a re-newer of the academic indianism, rearranging the specific elements of the nationalist rhetoric at the end of the Second Empire. Key words: Body – Indianism – Academicism – Nationalist rhetoric 13 14 Lista de abreviaturas e siglas AEL: Arquivo Edgard Leuenroth AIBA: Academia Imperial de Belas Artes ENBA: Escola Nacional de Belas Artes FBN: Fundação Biblioteca Nacional HDB: Hemeroteca Digital Brasileira IHGB: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro IPHAN: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional MASP: Museu de Arte de São Paulo MNBA: Museu Nacional de Belas Artes 15 16 Sumário Introdução ......................................................................................................................................................... 19 1.0 – A questão indígena na segunda metade do século XIX: o Indianismo oficial, o mestiço e o corpo em transformação .................................................................................................... 31 1.1 – O Indianismo oficial na Academia Imperial de Belas Artes........................................ 31 1.2 – O indígena na imprensa brasileira: símbolo da nação e alguns aspectos do debate indigenista refletidos nas imagens dos periódicos da corte ................................. 42 1.3 – A questão mestiça e a nacionalidade..................................................................................... 62 Anexo de imagens I ........................................................................................................................................ 83 2.0 – Marabá (1882) e o canto triste dos mestiços ......................................................................113 2.1 – A matriz literária: o poema Marabá de Gonçalves Dias .............................................113 2.2 – A tela Marabá (1882): entre o nu e a pintura histórica ..............................................124 2.3 – A recepção crítica .........................................................................................................................127 2.4 – O Estudo para Marabá (1882) e outras conexões com a literatura e a arte .....145 Anexo de imagens II................................................................................................................................165
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