Revista Brasileira Fase VII Janeiro-Fevereiro-Março 2011 Ano XVII N.O 66

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Revista Brasileira Fase VII Janeiro-Fevereiro-Março 2011 Ano XVII N.o 66 Esta a glória que fica, eleva, honra e consola. Machado de Assis ACADEMIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE LETRAS 2011 Diretoria Diretor Presidente: Marcos Vinicios Vilaça João de Scantimburgo Secretária-Geral: Ana Maria Machado Primeiro-Secretário: Domício Proença Filho Conselho Editorial Segundo-Secretário: Murilo Melo Filho Arnaldo Niskier Tesoureiro: Geraldo Holanda Cavalcanti Lêdo Ivo Ivan Junqueira Membros efetivos Comissão de Publicações Affonso Arinos de Mello Franco, Antonio Carlos Secchin Alberto da Costa e Silva, Alberto Cleonice Serôa da Motta Berardinelli Venancio Filho, Alfredo Bosi, José Murilo de Carvalho Ana Maria Machado, Antonio Carlos Secchin, Ariano Suassuna, Arnaldo Niskier, Produção editorial Candido Mendes de Almeida, Carlos Monique Cordeiro Figueiredo Mendes Heitor Cony, Carlos Nejar, Celso Lafer, Revisão Cícero Sandroni, Cleonice Serôa da Motta Berardinelli, Domício Proença Filho, Gilberto Araújo Eduardo Portella, Evanildo Cavalcante Projeto gráfico Bechara, Evaristo de Moraes Filho, Victor Burton Geraldo Holanda Cavalcanti, Helio Jaguaribe, Ivan Junqueira, Ivo Pitanguy, Editoração eletrônica João de Scantimburgo, João Ubaldo Estúdio Castellani Ribeiro, José Murilo de Carvalho, José Sarney, Lêdo Ivo, Luiz Paulo Horta, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Lygia Fagundes Telles, Marco Lucchesi, Av. Presidente Wilson, 203 – 4.o andar Marco Maciel, Marcos Vinicios Vilaça, Rio de Janeiro – RJ – CEP 20030-021 Moacyr Scliar, Murilo Melo Filho, Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Nélida Piñon, Nelson Pereira dos Santos, Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 Paulo Coelho, Sábato Magaldi, Sergio Fax: (0xx21) 2220-6695 Paulo Rouanet, Tarcísio Padilha. E-mail: [email protected] site: http://www.academia.org.br As colaborações são solicitadas. Os artigos refl etem exclusivamente a opinião dos autores, sendo eles também responsáveis pelas exatidão das citações e referências bibliográfi cas de seus textos. Sumário CULTO DA IMORTALIDADE Murilo Melo Filho Evandro: uma falta muito sentida . 5 PROSA Presença de Joaquim Nabuco – Londres Ana Maria Machado Joaquim Nabuco: uma apresentação . 11 José Murilo de Carvalho Joaquim Nabuco, Walter Bagehot e a Monarquia . 17 Leslie Bethell As visões de Joaquim Nabuco sobre o Brasil nas Américas. 31 Presença de Joaquim Nabuco – Roma e Bolonha Sergio Paulo Rouanet A “moléstia de Nabuco” revisitada . 43 Presença de Joaquim Nabuco – Vozes na ABL Alfredo Bosi Joaquim Nabuco memorialista . 55 Roberto Cavalcanti de Albuquerque Nabuco e o Recife . 81 Evaldo Cabral de Mello Massangana: uma glosa . 105 Rubens Ricupero Joaquim Nabuco e as fronteiras do Brasil . 123 Polifonia Alberto Mussa Vozes indígenas e sua reverberação . 141 Nei Lopes O negro na literatura brasileira: autor e personagem . 157 Regina Zilberman Vozes da imigração europeia . 171 Os centenários Arnaldo Niskier Evocação de Rachel de Queiroz . 191 Evanildo Bechara Aurélio Buarque de Holanda . 207 Moacyr Scliar A memória reverenciada – Carlos Chagas Filho . 215 A vida alheia Mary del Priore Caçadores de almas: biógrafos, biografi as e história . 223 Alberto da Costa e Silva Autobiografi a, antibiografi a e história . 237 Evocações Cleonice Berardinelli Homenagem a José Saramago . 243 Antonio Carlos Secchin As Espanhas de João Cabral . 249 Flávia Amparo O percurso das amadas na obra de João Cabral de Melo Neto . 263 Roberto Cavalcanti de Albuquerque Camus ou o absurdo . 281 André Seffrin 2010: o segundo semestre literário. 293 POESIA Sergio Luiz Moreira . 303 Luiza Nóbrega . 309 POESIA ESTRANGEIRA Albano Martins As escarpas do dia . 323 GUARDADOS DA MEMÓRIA Constâncio Alves Discurso de Félix Pacheco . 333 João Ameal João do Rio . 335 Editorial A língua portuguesa na ABL hoje João de Scantimburgo epois das duas tentativas acadêmicas frustradas, de 1943 e D1945, pela Academia Brasileira de Letras e pela Academia das Ciências de Lisboa que propunham estabelecer para a língua portuguesa um sistema ortográfico unificado e simplificado, passou a nossa instituição por um largo período em que as preocupações de acordo ortográfico perderam um pouco de sua força, talvez na certe- za de se tratar de um tema que estaria a exigir mais tempo para refle- xão. Isto não impediu que linguistas, filólogos e professores brasilei- ros e portugueses continuassem a trabalhar por um sistema unifica- do, uma vez que para tal desideratum apenas o excesso dos acentos di- ferenciais – por parte do Brasil – e a escrita das consoantes inarticu- ladas – por parte de Portugal – eram os maiores obstáculos a uma proposta vencedora. Em 1991, nosso governo tomou a iniciativa, pela Lei n.º 5.765, de abolir o trema nos hiatos átonos (saüdade, vaï- dade), os acentos circunflexos diferenciais sobre e e o de sílabas tôni- cas das palavras homógrafas de outras em que tais vogais são abertas, 5 João de Scantimburgo exceção feita a forma pôde do pretérito perfeito do indicativo do verbo poder (mêdo, acôrdo; pôde (pret.) / pode (pres.), bem como os acentos grave e circunflexo com que se assinala a sílaba subtônica dos derivados com o sufixo -mente ou com sufixos iniciados por z- (sòmente, sòzinho; cafèzinho, cafèzal; avôzinho, avòzinha). Determinava a mesma Lei que a ABL promovesse, no prazo de dois anos, a atualização do Vocabulário Comum, a organização do Vocabulário Onomástico eare- publicação do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Recebida a incumbência legal, o Presidente da ABL à época, Austregésilo de Athayde, constituiu uma Comissão Acadêmica integrada pelos Acadêmicos Pe- dro Calmon, Barbosa Lima Sobrinho, Abgar Renault e Antônio Houaiss, este último na condição de relator, e em 1977, com atraso por motivos relevantes, entrega os originais a Bloch Editores, e em 1982 sai a 1.ª edição da nova versão do Vocabulário Ortográfico, logo com três sucessivas edições, e seguidos do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e Vocabulário Onomástico da Língua Portugue- sa, pelo decisivo apoio do Acadêmico Presidente Arnaldo Niskier, que contou com o Conselho de Lexicografia da ABL, composto em fases sucessivas, pelos Acadêmicos Antônio Houaiss, Eduardo Portela, Evaristo de Moraes Filho, Tarcísio Padilha, Lêdo Ivo e Antônio Olinto, e com a Comissão externa de Le- xicografia integrada pelos especialistas Antônio José Chediak (coordenador- -geral), Silvio Elia, Evanildo Bechara e Diógenes de Almeida Campos, este últi- mo representante da Academia Brasileira de Ciências. Estava assim a ABL em pleno cumprimento da sua responsabilidade legal de elaborar atualizado o Vocabulário Ortográfico, quando ocorreram, mais recen- temente, dois acontecimentos que vieram, na minha modesta opinião, pôr a nossa Academia no caminho mais amplo para cumprir o princípio estatutário de Instituição: o cultivo da Língua Portuguesa. O primeiro destes aconteci- mentos foi o sucesso alcançado pela redação do novo Acordo Ortográfico de 1990, elaborado e assinado pelas Delegações de sete países independentes que têm o português como idioma oficial, depois de uma longa jornada de debates começada no Rio de Janeiro, no seio da Academia Brasileira de Letras, por ini- ciativa do Acadêmico Antônio Houaiss, filólogo de notória competência, com 6 AlínguaportuguesanaABLhoje vista à elaboração de um sistema ortográfico unificado e simplificado a ser adotado na língua escrita portuguesa pelos países signatários do Acordo. Até então, para a elaboração do texto das reformas ortográficas, a ABL solicitava a colaboração de um técnico estranho à Instituição que vinha, junto aos nossos acadêmicos, dialogar com a Comissão portuguesa da Academia das Ciências. No Acordo de 1990, o técnico era um titular da Casa de Machado de Assis a discutir com os técnicos e representantes oficiais das Delegações. O segundo acontecimento foi a eleição do nosso novo confrade Evanildo Bechara, gramático e filólogo, catedrático e emérito de duas universidades pú- blicas. Logo passou o confrade a integrar a Comissão de Lexicografia que, por sugestão sua para ampliar-lhe as atividades, passou a designar-se Comissão de Lexicologia e Lexicografia, constituída pelos Acadêmicos Eduardo Portella (Presidente) e Sergio Corrêa da Costa, eruditos filólogos na concepção ampla de Ernst Robert Custius e Dámaso Alonso. Para coadjuvar a Comissão e tor- nar possíveis os produtos lexicográficas por ela elaborados, a nossa Instituição promoveu uma comissão permanente de experimentados lexicógrafos coordenados por Sérgio Pachá: Cláudio Mello Sobrinho, Débora Garcia Restom, Dylma Bezerra, Ronaldo Menegaz e Ângela Barros Montez. Esgotada a 4.ª edição do VOLP saída em 2004, viu-se a Comissão dividida entre republicá-lo no sistema ortográfico até então vigente, ou implantar o novo Acordo, uma vez que já pairava iminente a sua aprovação por alguns paí- ses signatários, especialmente o Brasil e Portugal. A decisão inclinou-se pela segunda solução, cabendo ao setor da ABL adaptar um universo lexical de mais de 350.000 vocábulos a um texto enxuto e às vezes omisso em suas dire- trizes. A qualidade e acerto de decisões sobre alguns pontos controversos do texto do Acordo se patenteiam na Nota Explicativa da Comissão Acadêmica in- tegrada por Eduardo Portella, Alfredo Bosi e Evanildo Bechara (relator), algu- mas das quais foram incorporadas em posteriores produções de especialistas brasileiros e pelo Prof. Doutor João Malaca Casteleiro, membro da delegação oficial portuguesa e orientador científico do Vocabulário Ortográfico, da Porto Editora, em 2009. 7 João de Scantimburgo

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