Segunda-feira 28 de Maio 2018 Valor Económico 17 96.1 fm 96.1 fm Proibida a venda! Este jornal é GRÁTIS Quinta-feira 21 de Março 2019 Semanário | Ano: 7|Edição Nº 343 Director-Geral: Evaristo Mulaza 35 Nova_Gazeta_NOVO_303_.indd 35 28/05/18 14:56 EDIÇÃO#111.indd 17 25/05/18 21:33 Entre “só quem passa quem sabe” e a “agressão” ao aluno CAPA & SOCIEDADE CS6.indd 6 21/05/18 19:02 Reprovação divide educadores Reprovar alunos que não sabem a matéria divide pais e professores. Há pedagogos que entendem que não se pode penalizar o aluno duas vezes: chumbando e não dando condições para estudar. E há os acérrimos: só deve passar quem sabe. O NG foi apalpar os pulsos de ambas as posições. Págs. 14 e 15 Ex-atleta queixa-se de dificuldades para viver Irina Vasconcelos: “A arte é um Sayovo serviço público” A ‘senhora rock’ identica- -se como uma “guerreira” sem- pre com o pensamento positivo. Lei à espera de actualização esquecido Quase a lançar mais um disco, confessa-se ao NG e assume ser uma batalhadora pela cultura. Posse Págs. 20 e 21 Retirado das pistas, o atleta, que mais Mortes às mãos de polícias de terras medalhas deu a Angola, sente-se abandonado MPLA e UNITA provoca e confessa até ter dificuldades para indignados conflitos comprar combustível. Cego por causa de Os vários casos de polí- Há lutas, mortes e vários con- uma mina, está quase cias a matar pessoas agita itos pela posse de terras, algu- a perder a audição o mundo político. Os dois mas maiores do que municípios. principais partidos defen- e precisa de ajuda Na disputa, aparecem políticos, dem mudanças na formação militares e empresários. A orga- para ser operado no da Polícia Nacional. nização Rede Terra denúncia o estrangeiro. E só pensa Págs.10 e 11 ‘far-west’ em que as comunida- em sobreviver. des rurais são as mais prejudica- Santos Samuesseca Págs. 20 e 21 Foto das. O Governo promete fazer a revisão da lei para estar conforme a Constituição. Págs. 2 e 3 2 Quinta-feira 21 de Março 2019 Sociedade A organização lamenta que a lei que define os preços de acesso à terra não tenha sido aprovada e que se mantenha a de 2007. Manuel Tomás Fotos: Rede Terra denuncia irregularidades na ocupação de terrenos Conflitos na luta pela terra Lagoas, rios, cursos de rios, terras de pastos, lavras e até cemitérios privatizados são disputados de forma violenta. A Rede Terra garante que há ocupações ilegais em que aparecem envolvidos empresários e políticos. O Governo promete uma nova lei, para breve, para estar mais de acordo com a Constituição. l André Kivuandinga dos pela Rede Terra. Nos cen- pios, como aconteceu, recen- que as ocupações “cresceram”, lei que dene os preços de acesso tros das polémicas e disputas, temente, na Huíla. nos últimos anos. “Os critérios à terra não tenha sido aprovada e cabem empresários, políticos e As províncias que mais de acesso não são transparen- que se mantenha a de 2007. Para agoas, rios, particulares que ocupam vas- registam estes casos são o tes, atentam contra o ambiente, a Rede, isso favorece a “corrup- cursos de rios, tas terras em proveito próprio, Cunene, Kwanza-sul, Namibe, a qualidade de vida e a orga- ção e a especulação dos preços, terras de pas- mesmo com pessoas a residirem Huíla e Bengo. A Rede Terra, nização dos espaços rurais e em que a população mais pobre tos, lavras e nelas ou a cultivarem para sub- que alberga Organizações Não- urbanos”, lê-se num manifesto é exposta a desigualdades e em L cemitérios pri- sistência. Uns chegam a ocu- -Governamentais (ONG) que elaborado pela organização, a áreas de risco”. vatizados estão na origem de par terrenos que ultrapassam trabalham na defesa e promo- que o NG teve acesso. Algumas lagoas, rios, cur- muitos conflitos, denuncia- a superfície total dos municí- ção do direito à terra, destaca A organização lamenta que a sos de rios são “desviados ou 3 Quinta-feira 21 de Março 2019 A falta de emprego, habitação, acessibilidade aos serviços públicos, cadeira de rodas, muletas e guia para cegos constituem as principais preocupações da Associação Nacional de Deficientes de Angola (Anda) no Uíge, queixou-se à Angop, o presidente da agremiação, Silva Lopes Etiambulo. A representante da orga- alguns casos, ocuparam espa- nização ‘Cooperação para ços superiores à extensão do Há muitos o Desenvolvimento para os município”, repete a acusação. Países Emergentes’ (Cospe), ‘Terra dos camponeses que Miriam Baquim, considera SEGURA, MAS “SEM trabalham de forma que as comunidades rurais se COMBATER CONFLITOS” encontram numa situação de milagres’ sem lei O director nacional da Ges- desprotegida “insegurança” por falta de títu- tão Fundiária do Ministério por falta de los de posse. O manifesto, ela- do Ordenamento do Território borado pelos membros, vai ser O director executivo da Asso- já no Cunene. As reservas e Habitação, Manuel de Car- documentos das entregue nos próximos dias ao ciação Construindo Comu- de água e de capim susten- valho, lembra que o título de terras que cultivam, Governo, através da comissão nidades (ACC), com sede na tam os animais. “Queremos Direito Consuetudinário só interministerial para a titula- Huíla, Domingos Fran- que o governo proteja garante a segurança, “mas não o que facilita a ção das terras, com o objec- cisco Fingo, des- o mesmo espaço combate os conflitos de terras”. invasão por parte de tivo que seja uma revisão das taca a seca como por ser impor- O responsável salienta que as fazendeiros. políticas de concessão de ter- “a grande difi- tante para sus- associações de camponeses e ras aos camponeses e comu- culdade que tentabilidade cooperativas poderão receber nidades rurais. as comunida- das comuni- estes títulos de “forma grátis, Bernardo Castro considera des pastoris dades devido à os que não estão em nenhuma existirem diversos constran- na província transumância”, organização poderão ficar de Manuel de Carvalho, gimentos no acesso às terras, enfrentam”. A afirma Domin- fora deste processo”. director em que o Governo tem dado organização solici- gos Fingo. Os documentos serão dados Nacional um tratamento “periférico” tou ao governo pro- Domingos Fingo, Desde 2011 que com base aos planos de desen- de Gestão director Executivo Fundiária às questões fundiárias. “Não vincial a legalização da associação a organização tem volvimento rural, que poderão tem prestado a devida aten- de um terreno de 17 Construindo tentado, junto do definir lotes para a agricul- ção”, critica o líder associativo. quilómetros, locali- Comunidades governo provincial tura, habitação, construção de “Desde 2004 que foi aprovada zado no vale da Huila, a infra-estruturas sociais, como a Lei de Terras e um regu- do Tchim- produção de escolas, hospitais, esquadras lamento complementar em bolelo. No O responsável um docu- policiais e postos de bombeiros. 2007, as terras rurais comu- tempo seco, destaca que a seca mento, con- Os planos serão aprovados nitárias não foram legali- este terreno siderando em três níveis. Primeiro, nos zadas, estão desprotegidas, contém água é uma das a superfície municípios, depois nas provín- qualquer pessoa ocupava e suficiente e “ grandes como zona de cias e destas para o Conselho vedava os espaços, mesmo uma vegeta- transumân- de Ministros para a aprova- com residentes dentro ção “apro- dificuldades” cia protegida, ção final. “Com estes planos, o das superfícies”, revela priada para que as comunidades para evitar Governo pretende acabar com Bernardo Castro, dando alimentar o a “invasão” os conflitos de terras”, garante como exemplos situa- gado”, pelo pastoris na por parte dos Manuel de Carvalho. ções que têm ocorrido no que ganhou província da Huíla fazendeiros O responsável reconhece Kwanza-Sul, Ben- o nome de comerciais, que há muitos camponeses que guela, Cunene, ‘ t e r r a d o s enfrentam. “mas infeliz- trabalham de forma “desprote- Huíla, Namibe milagres’, ser- mente não gida” por falta de documentos e Bengo. vindo como zona de pasto dos existe interesse por parte das terras que cultivam, o que As terras têm gados provenientes da Chi- do governo em proteger esse “facilita a invasão por parte proporcionado o surgi- bia, Gambos, Huíla, Virei, espaço”, lamenta Domin- de fazendeiros, que vedam e mento de muitos conflitos Namibe, Curoca e Cahama, gos Fingo. legalizam essas terras, como que “desembocam em mortes” os técnicos não se deslocam ao e muitas denúncias dos cam- terreno apenas passam docu- poneses que têm chegado à mentos, mesmo com pessoas vedados, impedindo a popu- Rede. Estas queixas são enca- denúncias de que há sobas a teme que Angola se venha a a produzir nas mesmas terras, lação de ter acesso à água, minhadas para os órgãos com- venderem as terras das comu- transformar num Estado de situação que poderemos ver caminhos tradicionais ou para petentes, mas “não deram em nidades, em “proveito próprio latifúndio como acontece no ultrapassada proximamente”, atravessar em outras margens. nada”, regista Bernardo Cas- com interesses inconfessos, Brasil, mesmo reconhecendo prometeu “As famílias nestes espaços per- tro, mas “os queixosos foram corrompidos por empresários, que existem, no país, “pessoas A Lei das Terras, 15 anos depois deram a propriedade sobre o silenciados. “Isso faz com que políticos, contribuindo para a com vastas áreas de terras, ocu- de ter sido aprovada, encontra-se seu património natural e cul- o sentimento de insegurança destruição do património his- padas de formal ilegal, sem em fase de revisão e actualização tural, as suas liberdades de das comunidades cresça cada tórico-cultural das comuni- registo. Por isso é preciso que e poderá ser aprovada uma nova decidir”, lamenta Bernardo vez mais.” dades, incluindo cemitérios” se regulamente o acesso a essas Lei com base na actual Constitui- Castro, líder da Rede.
Details
-
File Typepdf
-
Upload Time-
-
Content LanguagesEnglish
-
Upload UserAnonymous/Not logged-in
-
File Pages26 Page
-
File Size-