Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de História Reprodução e famílias escravas em Mariana 1850-1888 Heloísa Maria Teixeira Orientador: Professor Doutor José Flávio Motta Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Econômica da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre. São Paulo 2001 Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de História Reprodução e famílias escravas em Mariana 1850-1888 Heloísa Maria Teixeira Orientador: Professor Doutor José Flávio Motta Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Econômica da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre. São Paulo 2001 2 Heloísa Maria Teixeira Reprodução e famílias escravas em Mariana 1850-1888 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Econômica da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre. Banca Examinadora __________________________________________ Professor Dr. José Flávio Motta _________________________________________ Professor Dr. Nelson Hideiki Nozoe _________________________________________ Professor Dr. Renato Leite Marcondes São Paulo 2001 3 Ao André, pela paciência e dedicação 4 Resumo Muitos são os estudos que se têm dedicado à temática da reprodução e das famílias escravas no Brasil; poucos, porém, referem-se a regiões desprovidas de vínculos mais estreitos com a economia exportadora. Neste trabalho, que se insere no campo da demografia histórica, direcionamos nossa atenção para a aludida temática enfocando o caso de Mariana no decurso da segunda metade do século XIX. Esta localidade, situada na província de Minas Gerais, esteve, desde o declínio da produção aurífera, integrada à economia voltada para a produção de subsistência e o abastecimento do mercado interno. De início, esboçamos os principais traços definidores do perfil econômico de Mariana, bem como delineamos as características de sua população escrava, além de especular sobre as estratégias de manutenção da instituição escravista adotadas na localidade no período considerado. As informações por nós compulsadas, obtidas em especial a partir da leitura dos inventários post-mortem (nossa fonte principal), bem como mediante o recurso complementar a documentação variada (assentos de casamentos e de batismos de escravos, matrículas e registros de compra e venda de cativos), possibilitaram o exame da estrutura e das características demográficas das famílias escravas. Além disto, as fontes de que lançamos mão permitiram destacar a importância das famílias no processo de formação e ampliação dos plantéis de cativos de Mariana nas décadas derradeiras da escravidão brasileira, período marcado pela promulgação de uma série de leis condicionadas por aquele processo e que, ao mesmo tempo, nele produziram inequívocos efeitos. 5 Abstract Many are the studies dedicated to slave reproduction and slave families in Brazil. Only a few, though, focus on regions not engaged in export economy. This work, which belongs to the field of historical demography, studies slave reproduction and slave families in Mariana during the second half of the 19th century. Mariana, a locality in the province of Minas Gerais, turned to subsistence economy and internal market production since de decline of gold production. This work begins with a description of the main economic characteristics of Mariana and of its slave population, speculating on the strategies for maintaining slavery used in the region during that period. The structure and demographic characteristics of slave families were analyzed through information obtained in post-mortem inventories (our main source) and secondary sources such as wedding and baptism registries and records of slave purchases and sales. Additionally, those sources highlighted the importance of slave families in the process of development of slaveholdings in Mariana during the last decades of slavery in Brazil, a period marked by a legislation that was oriented to that process and has undeniably influenced it. 6 SUMÁRIO Agradecimentos ........................................................................................................................13 Considerações Iniciais...............................................................................................................15 Parte I– Aspectos econômicos de Mariana: produção de alimentos e artigos de consumo Introdução ................................................................................................................21 Cap.1 - A economia de Mariana com base nos inventários e na historiografia....... 28 1.1 - A riqueza dos proprietários..............................................................28 1.2 - A diversificação econômica .............................................................46 Parte II− A demografia escrava Introdução.................................................................................................................61 Cap. 2 - A população escrava de Mariana (1850/1888)...........................................63 2.1 - Origem da população escrava...........................................................64 2.2 - Preço dos escravos ...........................................................................66 2.3 - Atividades produtivas dos escravos..................................................71 2.4 - A estrutura de posse .........................................................................73 Cap. 3 - Estratégias de manutenção dos plantéis......................................................77 Parte III–A família escrava Introdução ................................................................................................................89 Cap. 4 - A família escrava na historiografia recente................................................91 Cap. 5 - Evidências da reprodução natural e formação de famílias escravas ........ 106 5.1- O perfil da família escrava marianense .......................................... 106 5.2 - Evidências da reprodução natural...................................................122 5.3 - Estabilidade familiar escrava..........................................................126 Considerações Finais..............................................................................................................136 Anexos.....................................................................................................................................142 Fontes e Referências Bibliográficas......................................................................................145 7 Tabelas Tabela 1: Distribuição do monte mor total entre os inventariados de Mariana segundo as diferentes faixas de riqueza (1850-1888). p.28 Tabela 2: Distribuição da riqueza entre escravistas e não escravistas segundo as faixas de tamanho de riqueza − Mariana (1850-1888). p.29 Tabela 3: Composição da riqueza segundo as diferentes faixas de fortunas – Mariana (1850- 1888). p.32 Tabela 4: Participação dos bens de raiz (terras e benfeitorias) e dos escravos na formação das fortunas – Mariana (1850-1888) - %. p.32 Tabela 5: Distribuição dos escravos segundo as diferentes faixas de fortunas – Mariana (1850- 1888). p.33 Tabela 6: Índice de Gini para a concentração de escravos – Mariana (1850-1888). p.34 Tabela 7: Índice de Gini ampliado para a concentração de escravos– Mariana (1850-1888). p.35 Tabela 8: Participação dos valores dos escravos no monte mor – Mariana (1850-1888). p.35 Tabela 9: Distribuição das dívidas ativas por inventariados segundo as diferentes faixas das fortunas – Mariana (1850-1888). p.36 Tabela 10: Distribuição das terras por proprietários segundo as diferentes faixas de fortunas – Mariana (1850-1888). p.39 Tabela 11: Extensão das propriedades agrícolas em alqueires – Mariana (1850-1888). p.39 Tabela 12: Preço médio do alqueire de terra por freguesia − Mariana (1850-1888). p.40 Tabela 13: Distribuição das benfeitorias por proprietários segundo as diferentes faixas das fortunas – Mariana (1850-1888). p.42 Tabela 14: Distribuição de metais e dinheiro segundo as diferentes faixas de fortunas – Mariana (1850-1888). p.43 Tabela 15: Distribuição dos animais segundo as diferentes faixas das fortunas – Mariana (1850- 1888). p. 44 Tabela 16: Distribuição dos bens móveis segundo as diferentes faixas de fortunas − Mariana (1850-1888). p.44 Tabela 17: Número de engenhos, alambiques e fábricas de açúcar existentes em Mariana (1850- 1888). p.51 Tabela 18: Pecuária em Mariana (1850-1888). p.52 Tabela 19: Tamanho dos rebanhos − Mariana (1850-1888). p.53 8 Tabela 20: Ofícios desenvolvidos em Mariana segundo as faixas de riqueza (1850-1888). p.54 Tabela 21: Escravos e ingênuos nos inventários de Mariana, segundo sexo e faixas etárias (1850-1888). p.63 Tabela 22: Origem da população escrava e ingênua de Mariana (1850-1888). p.65 Tabela 23: Distribuição da população escrava segundo origem e sexo − Mariana (1850-1888). p.65 Tabela 24: Preços médios (em libras) dos escravos segundo sexo e faixa etária com base nos inventários post-mortem − Mariana (1850-1888). p.67 Tabela 25: Distribuição dos escravos segundo atividade produtiva, sexo e faixas etárias −Mariana (1871-1888). p.71 Tabela 26: Preços médios (em libras) dos escravos de 15 a 44 anos, segundo sexo e atividade produtiva − Mariana (1871-1888). p.73 Tabela 27: Estrutura de posse de escravos
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